Publicado em 29 de julho de 2024 por Tribuna da Internet
Sílvio Ribas
Gazeta do Povo
O governo brasileiro evitou se posicionar sobre as eleições na Venezuela: não reconheceu a vitória do ditador Nicolás Maduro, declarada pelo órgão eleitoral ligado ao chavismo, tampouco manifestou preocupação diante dos relatos de manipulações estatais do processo eleitoral do país vizinho. As hesitações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acabaram deixando o Brasil isolado em relação às cobranças mais contundentes de outros presidentes sobre a transparência no pleito deste domingo.
A oposição venezuelana, do candidato Edmundo González Urrutia, espera que Lula não reconheça a reeleição de Maduro, demonstrando assim que tem um real compromisso com a defesa da democracia. Porém, o histórico do petista não sugere que ele dará uma declaração nesse sentido.
REAPROXIMAÇÃO – Desde o início de seu atual mandato, Lula buscou a reaproximação com o regime chavista e vem apoiando a aceitação de Maduro em fóruns internacionais, além de negociar a retirada de sanções contra a Venezuela, sobretudo dos Estados Unidos, o que reduziu sua capacidade de exigir concessões democráticas do aliado.
De acordo com especialistas consultados pela Gazeta do Povo, a abordagem da política externa do país para a eleição venezuelana, traçada pelo assessor presidencial Celso Amorim, antes e depois da divulgação do resultado oficial no domingo (28), revela a dificuldade do Palácio do Planalto em se posicionar.
A cautela exagerada deve-se, segundo eles, ao receio do governo de agravar a sua já comprometida postura em relação à crise venezuelana, com grande repercussão internacional. A inação de Lula contrasta ainda com a reação de outros presidentes da América do Sul, como os da Argentina, Javier Milei, e do Chile, Gabriel Boric.
OPÇÃO CLARA – “Os venezuelanos optaram por acabar com a ditadura comunista de Maduro”, disse Milei em postagem no X, citando pesquisas de intenções de voto que apontavam o oposicionista González Urrutia como vencedor. “A Argentina não vai reconhecer mais uma fraude e espera que desta vez as Forças Armadas defendam a democracia e a vontade popular”, completou.
Também no X, Boric declarou que seu país não reconhecerá “nenhum resultado que não seja verificável”. E concluiu: “A comunidade internacional e especialmente o povo venezuelano, incluindo os milhões no exílio, exigem total transparência das atas e do processo, e que observadores internacionais não comprometidos com o governo prestem contas pela veracidade dos resultados”.
Uruguai, Peru, Equador e Costa Rica também evidenciaram que não reconhecem Maduro como presidente reeleito. Estados Unidos e União Europeia, por sua vez, cobraram transparência.
DITADURAS APOIAM – O posicionamento divergente e explícito vem dos ditadores da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, que prontamente felicitaram o parceiro Maduro pela suposta recondução para novo mandato de seis anos, endossa pelas urnas.
Numa direção no mínimo titubeante, o ex-chanceler Amorim procurou ainda contemporizar. “Não sou daqueles que reconhece tudo o que é dito, mas também não vou entrar numa de dizer que foi fraude. É uma situação complexa e queremos um regime democrático para a Venezuela de forma pacífica”, disse o assessor especial da Presidência em entrevista ao G1.
Oficialmente, o Ministério das Relações Exteriores disse em nota que aguarda a publicação dos dados desagregados por mesa de votação, antes de emitir um posicionamento sobre o resultado anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Por outro lado, o governo brasileiro saudou “o caráter pacífico da jornada eleitoral” na Venezuela neste domingo.
DESGASTE POLÍTICO – Lula amplia desgaste político com governos da região, dizem especialistas. Para o professor Daniel Afonso Silva, pesquisador de relações internacionais da USP, “a relação entre os líderes e os governos saíram claramente arranhadas neste episódio. O mandatário venezuelano desrespeitou e desautorizou as autoridades e instituições brasileiras e, mesmo assim, Lula enviou Celso Amorim como fiador do processo”, observou.
Natalia Fingermann, professora de Relações Internacionais da ESPM, acredita que o Brasil aguarda a divulgação dos relatórios completos das autoridades eleitorais da Venezuela para fazer um pronunciamento oficial, com o objetivo de fundamentar melhor sua posição. Ela também observa que, de toda forma, a relação entre Brasil e Venezuela tende a se distanciar, contrastando com o apoio incondicional dado anteriormente.
Em relação à perda de liderança do Brasil na região, Natalia aponta que este é um processo que já vem ocorrendo há algum tempo, especialmente após a eleição de Javier Milei na Argentina.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Excelente reportagem de Silvio Ribas, enviada por Mário Assis Causanilhas. Faltou dizer que a Venezuela está sendo apoiada pelos países que compram seu petróleo e dependem desse fornecimento, o que é politicamente compreensível. (C.N.)
Santa Claus veste vermelho.
Há quem diga que é comunista, porque distribui presentes de forma igualitária aos pobres.
Há quem perceba que é ilusionista, porque “meu Papai Noel não vem”, ou que utilize a religiosa justificativa fajuta de que: “se você não recebeu presentinho é porque não foi bonzinho neste ano”.
Afinal, ele anota tudo o que os meninos fazem de bom ou mau ao longo do ano e com base nisso escolhe a quem e como distribui os presentes.
Há quem saia desses delírios e saiba que Papai Noel é criação da Coca Cola e serve para vender, promover.
É incrível o fato de não sofrer com o etarismo.
O capacitismo, ao estilo Biden, diria que Papai Noel anda meio gagá há décadas e que, por isso, o presentinho não chega se papai, mamãe ou madrinha não comprarem.
O “comunismo do século XXI” prometido por Chavez e aprimorado por Maduro, não passa de totalitarismo com fachada de esquerda.
O aparelhamento do Estado feito aqui, com diferenças apenas no endereço ou no bigodinho, copia o que há de pior, se espelha nas ditaduras e faz algo ainda pior com Judiciário e Congresso envelhecidos na rampa da prostituição.
Aqui é o mesmo grupo no poder há décadas, diria até mesmo que há séculos.
Nossas comorbidades sociais e políticas estão em Brasília-Caracas, reflexos do mesmo esquema, só que em maior escala.
A Venezuela é grande e rica e está grave e cronicamente doente.
O que impressiona o mundo são as versões brasileiras.
Cópias pioradas do que há de mais grotesco no mundo, nos contos, no imaginário político e infantil, nas propagandas e na história.
Quem foi mesmo o marketeiro de Maduro?
Foi marketeiro de mais quem?
https://www.tribunadainternet.com.br/2024/07/30/maduro-gozou-lula-porque-a-urna-da-venezuela-e-mais-segura-do-que-a-nossa/#comments