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quinta-feira, fevereiro 01, 2024

" Não me calarei, nem vou recuar" ( Junior de Santinha)

 


Fui informado por uma fonte confiável que o motivo da demissão do radialista Júnior de Santinha não partiu de um pedido do prefeito Deri do Paloma, e que os fogos de artifício foram patrocinados pelo proprietário da Empresa do Lixo, que mais uma vez foi beneficiado pela impunidade.

Espero que, em qualquer outra emissora de rádio, Instagram ou YouTube, o radialista Júnior de Santinha continue dando voz aos sem voz, com imparcialidade e responsabilidade, não permitindo ser abatido pelos improbos.

A Rádio Jeremoabo FM merece todo respeito, só lamento que esteja sendo omissa ao permitir que a emissora seja maculada por um programa pago com o dinheiro do povo para fazer promoção pessoal do prefeito e seu conluio.

Comentários:

A notícia de que a demissão do radialista Júnior de Santinha não partiu de um pedido do prefeito Deri do Paloma é importante, pois indica que o prefeito não está diretamente envolvido na censura ao radialista. No entanto, o fato de que os fogos de artifício foram patrocinados pelo proprietário da Empresa do Lixo sugere que o prefeito pode estar envolvido indiretamente na demissão, pois o proprietário da empresa é um aliado político do prefeito.

A esperança de que o radialista Júnior de Santinha continue dando voz aos sem voz é compreensível. Ele é um radialista conhecido por sua postura crítica ao governo municipal, e sua demissão foi vista por muitos como uma tentativa de silenciar a voz da oposição.

A crítica à Rádio Jeremoabo FM é justa. A emissora sempre foi um espaço de liberdade de expressão, mas está sendo usada pelo chefe do municipio de Jeremoabo para promover o prefeito e seu conluio.

Nota da redação deste Blog - A imprensa é a vista da nação’

" ‘A imprensa é a vista da Nação. Por ela é que a Nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alvejam, ou nodoam, mede o que lhe cerceiam, ou destroem, vela pelo que lhe interessa, e se acautela do que a ameaça’. (Rui Barbosa).


Como já se disse, somente as crianças e os loucos dizem a verdade. Por isso, às primeiras se educa; aos segundos, interna-se…


Verdadeiro, queria Platão, é o discurso que diz as coisas como são; falso é aquele que as diz como não são. Ou seja, e com licença filosófica, verdade é a exata correspondência entre o conhecimento e a coisa.


Operadora dessa ligação entre a coisa e a correspondente ciência, a imprensa tem o dever de fazer com que a coletividade conheça as coisas como elas efetivamente são, e nunca como os jornais e os jornalistas – nesse ponto nada importando se de boa ou má-fé – gostariam que fossem. É o fato, não a interpretação dele, que os noticiários estão obrigados a transmitir. O fato é neutro, inodoro e insípido. A interpretação é subjetiva, odorante e sápida. Naquele, a tônica da isenção, a marca do relato factual; nesta, a paixão, o aplauso entusiasmado ou a enérgica reprovação, ainda que ambos descabidos e injustos.


No conhecido ensaio O Jornalismo como Gênero Literário, Alceu Amoroso Lima foi ao ponto: ‘O importante é manter contato com o fato. Tudo mais deriva daí: a informação do fato; a formação pelo fato; a atualidade do fato; o estilo determinado pelo fato. O fato, o acontecimento, é a medida do jornalista’ [LIMA, Alceu Amoroso. O Jornalismo como Gênero Literário.São Paulo, Edusp, 1981. p.65]. Tristão de Athayde, pseudônimo de Alceu Amoroso Lima, acrescentou: ‘O jornalista que divaga em torno do fato ou o deturpa, toma-o apenas como pretexto, generaliza facilmente, ou está mal-informado, não é um bom jornalista’ [idem, ibidem, p.66]. Concluiu meu saudoso avô: ‘O jornalismo é uma arte da inteligência, antes de ser da emoção’ [idem, ibidem, p.69], razão por que ‘o jornalista autêntico tem o dever de não fornecer ao público o ópio que ele possa pedir, mas a verdade de que ele sempre precisa’ [idem, ibidem, p.70].


Em 1920, quando da presidência do paraibano Epitácio Pessoa, e para favorecer uma instituição beneficente de Salvador, o Abrigo dos Filhos do Povo, editou-se A Imprensa e o Dever da Verdade, conferência cuja leitura, porque adoentado, o Conselheiro Rui Barbosa confiaria ao advogado João Mangabeira, o qual se iniciara nas artes da política censurando o degolamento de sertanejos fiéis a Antônio Conselheiro, e que, em 1947, se tornaria o primeiro presidente do recém-fundado Partido Socialista Brasileiro.


No mesmo ano da conferência, a Liga das Nações, precursora da ONU, realizava a sua primeira reunião. Uma emissora de Pittsburgh, nos Estados Unidos, ineditamente cobria a eleição que conduziria Harding à Casa Branca. Em Berlim, no que mais tarde seria imitado pelos hippies e pelos punks modernos, inaugurou-se a escandalosa Feira Internacional do Dadaísmo, onde os visitantes adentravam através de um banheiro, sendo recepcionados por uma menina que, trajada para a primeira comunhão, recitava poesias obscenas… Agatha Christie, ex-enfermeira do Exército Britânico, publicava o primeiro romance, introduzindo como herói Hercules Poirot, um detestável mas infalível detetive belga. Na Rússia, o aborto era legalizado, enquanto em Roma, para compensar, canonizava-se Joana D´Arc…


Entre nós, nasciam Celso Furtado, João Cabral de Melo Neto e Anselmo Duarte. A época era de prosperidade da cultura brasileira, passando os autores nacionais a liderar a vendagem de livros, desbancando os imbatíveis franceses. Uma escultura modernista, a Cabeça de Cristo, de Victor Brecheret, ocasionava acesa polêmica. No movimento sindical, que engatinhava, os anarquistas eram perseguidos, e expulsos do país vários trabalhadores estrangeiros. Na Bahia, depois de derrotado pela segunda vez para a Presidência da República, o nosso Rui Barbosa contestava a lisura da eleição, e os seus liderados, chefiados pelo célebre ‘coronel’ Horácio de Matos, lutavam nas ruas e assumiam o controle de várias cidades baianas, provocando a intervenção federal.


Critério jornalístico


Diante dessas circunstâncias subjacentes e, notadamente, da fraude eleitoral contra a qual tão bravamente se insurgiu, não é difícil entender a insistência de Rui em que ‘o mais inviolável dos deveres do homem público é o dever da verdade: verdade nos conselhos, verdade nos debates, verdades nos atos; verdade no governo, verdade na tribuna, na imprensa e em tudo verdade; verdade e mais verdades’; ao mesmo tempo, alertado para a corrupção governamental dos jornais, no habitual estilo castiço, Rui denunciava ‘os desonradores da mais nobre das profissões, os mercadeiros da mais ignóbil das mercaturas: os vendedores da imprensa ao poder.’ Em suma, ‘verdade e mais verdades’ cobradas a ‘essas casas de prostituição intelectual’ em que muitos órgãos de comunicação haviam se transformado era o protesto que, ditado pela retidão de caráter, formulava o grande brasileiro.


Dir-se-ão distantes esses tempos e, portanto, que as preocupações do Conselheiro não guardam utilidade contemporânea alguma, tão-só valendo como registro historiográfico, mero saudosismo ou ufania retórica, porque cuidaram de realidades decrépitas, totalmente sepultadas pelo tempo, sem nenhuma valia no Brasil do século XXI, onde a imprensa não ostentaria tais vícios e seria imune aos obséquios governamentais, sendo impossível a sua peita pelos ocupantes do poder.


Pois estão errados esses cegos e surdos que, atores de um ‘polianismo’ próximo à ridicularia, preferem ignorar as mazelas do mundo da comunicação social, imaginando que, assim agindo, os deuses encarregar-se-ão de sepultá-las. Ora, sabemos nós, esses vícios permanecem. Certamente não com a antiga desfaçatez, mas maquiados. Não são mais só as verbas publicitárias distribuídas às escâncaras, nem principalmente elas. Providenciou-se a substituição pelos financiamentos estatais quitados com o apoio político, pelas anistias tributárias que pagam o noticiário laudatório, pelos incentivos concentradores da atividade jornalística a grupos monopolistas; enfim, pelas mil e uma artimanhas de que é capaz a engenhosidade dessa eficiente parceria entre alguns maus jornalistas e agentes políticos.


Avançou-se, todavia, é pacífico. Rui, hoje, poderia ser menos cáustico, mais resignado e menos pessimista. Afinal, ao contrário da Constituição de seu tempo (a de 1891), a Lei Maior Republicana de 1988, além de repetir, como direito individual, a tutela à liberdade de informação e de opinião, dedicou todo um capítulo à comunicação social, nele inclusive inserindo o sempre esquecido preceito que garante ‘à pessoa e à família’ defenderem-se de programações da radiodifusão que negligenciem as finalidades educativas, culturais e informativas, ou aquelas que não promovam a cultura nacional. Esquecimento, por sinal, que parece representar fenômeno de amnésia coletiva, ou já estariam riscados das televisões vários programas de auditório e reality shows nos quais um outro valor acolhido na Constituição – ‘a dignidade da pessoa humana’ –, em monotonia monocórdica, é sistematicamente lançado às urtigas, sem piedade, sem rubores e sem constrangimentos.


O desejo dominante de descobrir a verdade é o mandamento maior da imprensa, ensinou Paul Johnson. E porque essa é a regra máxima, segundo o famoso ensaísta e historiador inglês, o mais grave dos pecados capitais da imprensa é o da ‘distorção’, proposital ou inadvertida. O editor não pode ser, como definia Adlai Stevenson, alguém que separa o joio do trigo, mas só publica o joio… Aos jornais não se reclamará a informação trêfega, superficial e risonha, como se o mundo se cingisse à Disneylândia, ao nascimento da simpática prole de ursinhos ou ao mundo das ‘Xuxetes’. Contudo, nem por isso será admissível transformá-los em cebolas impressas ou eletrônicas, que somente se prestem a extrair as lágrimas nascidas dos espetáculos atrozes, das negociatas públicas, das melancolias e angústias humanas.


Se a imprensa tem o dever de comunicar a verdade, tem, por conseguinte, o encargo de comunicá-la por inteiro, no que ostente de bom e naquilo que encerre de ruim. O homem não vive só de pão, mas, também, não apenas de circo. A realidade engloba o bem e o mal. Não somente as guerras, os assassinatos e os assaques ao Erário, mas por igual, com o equilíbrio que o honesto critério jornalístico afirmará, aquilo que de elogiável fizerem governos e pessoas. A verdade é tudo isso, não apenas aquela parte desse todo que possa agradar à calejada amargura de autores, leitores, ouvintes ou telespectadores.


Dever da verdade


A verdade tem compromissos constitucionais com a honra, com a imagem e com a privacidade. A verdade deve emanar da pesquisa isenta do fato a ser noticiado, para que, quando divulgada, a notícia efetivamente expresse o que aconteceu, ou está para acontecer, isto é, o ‘fato’, não a sua ilícita manipulação. Na imprensa, o pior inimigo da verdade é a vaidade do ‘furo’; é a urgência do ‘fechamento’; é a convicção da infalibilidade da única fonte ouvida; é a sensação de que, em se divulgando amanhã a versão do acusado de hoje, estará autorizada toda e qualquer imputação; é a ignorância, lamentavelmente tantas vezes assistida, da presunção de inocência, a transformar o repórter, a um só tempo, em investigador, promotor e juiz dos seus semelhantes.


Como tudo na vida, a verdade também tem a sua hora. Tenho assistido estarrecido àqueles que, sem a mínima inquietação com a segurança e a integridade de seqüestrados, e desrespeitando os aflitos pedidos de familiares e autoridades, correm a noticiar os crimes em curso. Há nisso, mais do que simples deformação de caráter ou impiedade repulsiva. Aqueles que assim agem – felizmente, a cada dia mais escassos – são inimigos da imprensa e de sua liberdade, porque desdenham os objetivos maiores do jornalismo e esquecem-se das responsabilidades inerentes a um serviço que, embora exercido por particulares, na essência e na imanência, é público e de relevantíssimo interesse social.


Em 2003 uma rede de televisão apresentou, urbi et orbi, a tentativa de suicídio de um policial, adicionando à dramaticidade natural o patético artificial que somente os sacrossantos intervalos comerciais conseguiam quebrar. Passava-se da cena pungente ao anúncio do sabonete, e àquela logo após tranqüilamente se retornava. Era verdadeiro o planejado suicídio? Sim. Mas, por isso, jornalisticamente legítima a sua divulgação em tempo real? Não, absolutamente, não. Na notável crítica logo após estampada em O Globo, em 1o de junho de 2003, Glaucio Dillon Soares verberou a prática, anotando que ‘detalhar, na mídia, um suicídio, não é apenas uma questão de mau gosto, de falta de respeito com o suicida e a sua família, num momento de muita dor; é também um estímulo a outros suicídios’, nesse sentido revelando impressionantes pesquisas da Academia de Ciências de Nova York e da Organização Mundial da Saúde. ‘Jornais, rádios e televisão selecionam e têm que selecionar. Publicam uma parcela ínfima do que acontece. Ninguém parece achar que não publicar os risos e as alegrias é uma forma de censura; mas eles raramente são notícia’, advertiu com lucidez e acerto o professor universitário.


A objetividade do noticiário, ponderava Danton Jobim, está na razão direta do processo educacional: ‘Educação do jornalista, sem dúvida, mas, sobretudo, educação do leitor’ [ JOBIM, Danton. Espírito do Jornalismo. São Paulo, Edusp, 1992. p.127]. Hoje, o juízo crítico médio é mais apurado. Em conseqüência, os destinatários das mensagens jornalísticas são mais cuidadosos e exigentes. Não lhes basta qualquer relato. O seu direito é à informação correta e veraz, desprovida de sensacionalismos ou apelos emocionais, mas nem por isso enfadonha ou maçante. A graça e a atratividade do fato noticiável residem nele próprio, dispensando acréscimos subjetivos e, por certo, recusando omissões graves ou deturpações dolosas. É dessa forma que a imprensa atenderá, como queria o nosso eminentíssimo prefaciado, ao dever da verdade.


Republicando a conferência do jurista Rui Barbosa, a Editora Papagaio presta ao Direito e ao Jornalismo excelente contribuição. Aliás, de nível e qualidade idênticas a um anterior relançamento do mesmo autor, a Oração aos Moços, que o meu querido amigo Miguel Reale Júnior prefaciou munido do costumeiro talento. Agora, equivocou-se apenas a editora na escolha do apagado prefaciador, cujo único pertinente mérito está na lembrança da ironia que, faz muito, leu no pára-choque de um caminhão: ‘Não conte a verdade a uma criança, ela envelheceria…’.

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Advogado, ex-secretário de Justiça do Estado de São Paulo e ex-conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil.

https://www.observatoriodaimprensa.com.br/armazem-literario/a-imprensa-eacute-a-vista-da-naccedilatildeo/

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