Publicado em 3 de novembro de 2023 por Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
A decisão do presidente Lula de escalar forças militares para reforçar a segurança do Rio e de São Paulo foi a mais lógica, racional e também a única possível para uma situação que se complicou profundamente, tanto com o incêndio de 35 ônibus no Rio quanto com o roubo de metralhadoras do Exército em São Paulo.
No caso das metralhadoras, inclusive, o mais espantoso é que elas foram negociadas com o crime organizado da capital fluminense. Em São Paulo, o desvio das metralhadoras e a sua negociação com o tráfico passou do inconcebível à realidade. É possível aguardar uma melhora na Segurança Pública no Rio de Janeiro porque os fatos mostraram o comprometimento de setores encarregados da ordem pública e que se transformaram em agentes da desordem.
INSEGURANÇA – Setores que deveriam exercer um papel decisivo na segurança pública transformaram-se num fator de insegurança, aliando-se a bandos criminosos que atuam nas ruas, avenidas e praças das duas cidades. Realmente, o incêndio de 35 ônibus sem que se registrasse uma ação policial para impedir a sua continuidade destaca com nitidez a face e a verdadeira profundidade do problema.
São múltiplos fatores, mas é preciso que sejam adotadas soluções de emergência, pois a integridade e vidas humanas estão colocadas em perigo com o avanço das ações do crime organizado.
As Forças Armadas atuarão também nos portos e aeroportos. É um meio de tentar deter as importações ilegais de armas, de tóxicos e a exportação de produtos entorpecentes manipulados. O crime avançou a passos largos e atingiu uma situação limite, não podendo-se prever sequer qual a próxima etapa que estaria pela frente caso não fossem adotadas medidas como as pretendidas.
ABSURDO – É óbvio a exigência de uma ação urgentíssima, pois os fatos atingiram um nível de descalabro. Na edição de quarta-feira da Folha de S. Paulo, reportagem de Bruna Fantti, publicada com grande destaque, revelou que em regiões do Rio de Janeiro, milícias chegaram ao ponto de tomar casas e expulsar moradores sob o pretexto de que não pagavam as contribuições exigidas. A propriedade passou a entrar em situação de risco.
No Rio também, conforme acentuou Camila Zarur, Folha de S. Paulo desta quinta-feira, um líder miliciano foi solto em Benfica sob o pretexto de um erro de comunicação. A segurança está ameaçada por todos os lados. No O Globo de ontem, reportagem de Bruno Góes, Dimitrius Dantas, Geralda Doca e Felipe Grimberg focaliza amplamente o panorama crítico.
SELIC – No O Globo, reportagem de Alvaro Gribel e João Sorima Neto, na Folha de S. Paulo, de Natália Garcia focalizam nas edições de ontem, a decisão do Banco Central sobre os juros da taxa Selic de 12,75% para 12,25%.
A decisão foi unânime e o próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, aparece abraçado em uma fotografia com diretores do Bacen. Campos Neto revelou que alterou a sua posição política contestatória sobre os rumos monetários e afirmou que está tentando um entrosamento com a nova Direção do Banco Central.
GAZA – Não houve ainda sinais de um cessar-fogo humanitário na luta que as forças israelenses desenvolvem na Faixa de Gaza. Os bombardeios continuam e muitas vidas humanas continuam ameaçadas.
A ONU não conseguiu ainda equacionar uma solução cabível a ser aceita para o quadro dramático. E, talvez, se chegar a um consenso, a sua resolução cairá no vazio da tragédia.