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quinta-feira, novembro 10, 2022

Trump sai enfraquecido das eleições de meio de mandato




Donald Trump em Palm Beach, Flórida, em 8 de novembro de 2022 

Donald Trump esperava surfar uma "onda vermelha" - cor dos republicanos -, de olho em uma nova candidatura presidencial em 2024 após as eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, mas com conquistas limitadas e um resultado de destaque de seu principal adversário dentro do partido, o ex-presidente parece ter morrido na praia.

O ex-inquilino da Casa Branca (2017-2021), que insinuou que anunciará sua nova candidatura presidencial em 15 de novembro, atuou nas primárias republicanas e realizou comícios em todo o país, nos quais repetiu suas declarações infundadas de fraude nas eleições de 2020, que perdeu para o democrata Joe Biden.

Mas vários dos candidatos que escolheu a dedo não se saíram bem nas urnas na terça-feira. Alguns inclusive perderam para os democratas assentos antes ocupados por republicanos. Analistas e alguns membros de seu partido o culpam pelo resultado, apesar da chance de recuperar por uma estreita margem a Câmara dos Representantes. O controle do Senado é incerto.

"Embora de certa forma as eleições de ontem tenham sido um pouco decepcionantes, da minha perspectiva pessoal foram uma grande vitória", disse Trump nesta quarta em sua rede social, a Truth Social.

Mas sem dúvida, a vitória de maior destaque do lado conservador foi a de Ron DeSantis, que foi reeleito governador da Flórida e se consolidou uma estrela republicana em ascensão e o mais forte oponente de Donald Trump para a nomeação presidencial republicana de 2024.

Um editorial da emissora Fox News, de viés conservador, proclamou DeSantis como "o novo líder do Partido Republicano".

Questionado nesta quarta-feira sobre a rivalidade Trump-DeSantis, o presidente Biden afirmou que "seria divertido vê-los duelar".

Embora ainda não haja resultados finais completos, o mapa político que se desenhou na manhã desta quarta-feira (9) claramente não se parece com o que tinha sido projetado.

"Não deveria ter sido tão difícil para os republicanos" recuperar o controle da Câmara dos Representantes e do Senado, disse à AFP Jon Rogowski, professor de Ciência Política na Universidade de Chicago. Sobretudo, se somados os contextos de alta inflação e baixa popularidade do presidente Joe Biden.

"Muitos candidatos (que Donald Trump apoiou) tiveram um desempenho inferior e custaram ao seu partido a oportunidade de conquistar assentos que deveriam ser alcançáveis" para os republicanos, destacou Rogowski.

"Enquanto isso, outros candidatos republicanos com os quais brigou publicamente conquistaram facilmente seus assentos", acrescentou. Um exemplo foi Brian Kemp, abertamente contrário a Trump, que manteve o cargo de governador da Geórgia.

- "Qualidade" dos candidatos -

Os resultados mostram que "você pode ser conservador, ter princípios, se opor a Trump e vencer", declarou à AFP Peter Loge, professor da Universidade George Washington.

"É realmente um ponto de inflexão para o Partido Republicano", disse à emissora CNN nesta quarta-feira de manhã Geoff Duncan, vice-governador republicano da Geórgia, que durante muito tempo foi abertamente crítico ao ex-presidente. "É hora de seguir adiante", acrescentou.

Antes das eleições, o líder da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell, já se preocupava com a "qualidade" dos candidatos apoiados por Trump.

Em vista dos resultados, o ex-presidente poderia ter perdido sua aura de "fazedor de reis". O célebre cirurgião Mehmet Oz, apoiado por Donald Trump, não levou o assento-chave de senador no disputado estado da Pensilvânia.

Também neste estado, o candidato ultraconservador e antiaborto Doug Mastriano, que esteve na ocupação do Capitólio, foi derrotado em sua candidatura ao governo.

Uma exceção notável foi a do trumpista J.D. Vance, eleito senador por Ohio. Segundo projeções da mídia, mais de cem candidatos republicanos que não reconhecem o resultado das eleições presidenciais de 2020 foram eleitos na terça-feira a cargos locais e nacionais.

- Caminho para a Presidência -

Na manhã de quarta-feira, o ex-presidente estava "furioso" e "gritando com todo mundo", admitiu um de seus assessores, citado sob anonimato pelo renomado jornalista da CNN Jim Acosta.

Trump rejeitou essas afirmações em entrevista à Fox News e reafirmou que o discurso marcado para 15 de novembro em sua residência na Flórida continua de pé. "Por que mudaria?", respondeu o ex-presidente ao ser questionado sobre uma possível mudança de planos.

Nesse dia, se os republicanos conseguirem a maioria na Câmara, Trump não se importará em "tomar o crédito", prevê Rogowski.

Segundo o especialista, com uma candidatura presidencial anunciada dois anos antes do prazo, o ex-inquilino da Casa Branca buscaria, sobretudo, pegar seus adversários de surpresa.

"Se ele sentisse que estava em uma posição melhor, não precisaria aparecer tão cedo."

Nesse mesmo 15 de novembro, outro rival de Trump, seu ex-vice-presidente Mike Pence, publicará suas memórias, cujos melhores trechos foram publicados oportunamente nesta quarta-feira no Wall Street Journal. No texto, Pence relata as pressões sofridas para anular os resultados das eleições presidenciais de 2020.

AFP / SWI

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