Charge do Thyagão (Diário do Nordeste)
Merval Pereira
O Globo
Os militares, de maneira geral, como organização, estão muito lenientes com as manifestações no país todo, deixando que ocorram em frente aos quartéis, áreas que sempre foram limitadas, consideradas de segurança nacional. Não há nenhuma explicação para permitirem os acampamentos. E quando eles não agem e não afirmam seu predomínio nessas áreas sensíveis, é entendido como uma autorização para que aconteçam.
O mutismo do presidente Bolsonaro também faz com que as pessoas tenham a impressão de apoio; e frases soltas do general Braga Netto, vice-presidente derrotado, dizendo para terem fé só mantêm essa esperança dos manifestantes de que alguma coisa acontecerá.
Tudo isso junto facilita que as coisas continuem como estão. Institucionalmente, as Forças Armadas e o Ministério da Defesa deveriam se posicionar claramente contra e desmobilizar essas manifestações.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Neste comentário em poucas linhas, o jornalista Merval Pereira conseguiu demonstrar a imensa perplexidade da opinião pública brasileira, que não consegue entender a complacência das Forças Armadas, que consideram normais as manifestações diante de seus quarteis, inclusive o famoso Forte Apache, em Brasília, que é uma espécie de mini-Pentágono brasileiro.
Será que os comandantes das Forças Armadas consideram normal que os caminhoneiros bolsonaristas incendeiem três carretas, cujos motoristas se recusaram a aderir à manifestação? Será normal atear fogo também numa concessionária à beira da estrada? E certamente consideram normal que manifestantes atirem nos agentes federais que tentam interromper o bloqueio ilegal e antidemocrático?
Com toda certeza, meus amigos e amigas, esses militares não me representam. Esse novo normal deles é uma mancha que vai demorar a sair de seus uniformes encardidos. (C.N.)
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