Pedro do Coutto
Há uma tendência no governo Lula no sentido de que Simone Tebet assuma o ministério que terá a responsabilidade de executar o programa Bolsa Família com a distribuição de recursos prevista de R$ 600 por família e mais R$ 150 por filho ou filha de até seis anos de idade.
Na edição de O Globo desta segunda-feira, reportagem de Bianca Gomes e Sérgio Roxo, destaca que setores do PT resistem à indicação da senadora para a responsabilidade de modernização e execução do programa.
COMPETÊNCIA – Não tem razão para isso, pois antes de ser uma questão partidária, o setor social do país exige competência, firmeza, visão clara dos fatos, capacidade de estabelecer os limites indispensáveis em cada passo para o desenvolvimento social. O compromisso, no fundo, volta-se para o desenvolvimento social.
O programa não deve tratar, penso, apenas da distribuição de recursos financeiros, mas deve também convergir para programas que incluam o setor de emprego, da educação, projetos de saúde e registro civil. A abrangência é enorme e o essencial é a competência de quem vai dirigir a área social, de modo geral, incluindo o Bolsa Família. É preciso uma pessoa, a exemplo de Tebet, que tem habilitação para isso.
ILLAN GOLDFAJN – Alcançando 80% dos votos, Ilan Goldfajn, ex-presidente do Banco Central, foi eleito domingo para a Presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento. A sua vitória foi esmagadora, vencendo no primeiro turno. Aliás, como se esperava, sobretudo após o terrível erro praticado por Guido Mantega que, na realidade, foi afastado da equipe de transição do governo que assumirá em janeiro.
Ilan Goldfajn afirmou que atuará em harmonia com o governo de Lula da Silva. A afirmação é importante pois o BID é realmente o maior agente financeiro internacional voltado para o desenvolvimento econômico e social dos países americanos.
IMPORTÂNCIA – No O Globo, Eliane Oliveira, Fernanda Trisoto, Geralda Doca e Henrique Gomes Batista publicam reportagem com grande destaque focalizando a vitória e a importância para o nosso país. Na Folha de S. Paulo, escrevem Thiago Amâncio e Alexa Salomão. O BID bem administrado é uma fonte de grande importância para o desenvolvimento latino-americano, portanto também do Brasil. Ilan Goldfajn assume no dia 19 de dezembro.
A criação do Banco Interamericano de Desenvolvimento tem uma forte relação com o Brasil. Em 1959, Juscelino Kubitschek lançou o que chamou de Operação Pan-Americana; uma ação conjunta com financiamento dos Estados Unidos para o desenvolvimento das nações centro-americanas e sul-americanas. Em 1960, foi eleito nos EUA o presidente John Kennedy, que transformou a Operação Pan-Americana em Aliança para o Progresso, nomeando, em 1961, o ex-presidente Juscelino Kubitschek e Lleras Camargo, ex-presidente da Colômbia, para presidentes executivos.
Os Estados Unidos apresentaram em 1961 uma supersafra de trigo. Então a base de financiamentos da Aliança para o Progresso estava no fundo do trigo. Os países que adquirissem trigo americano teriam direito a financiamentos para água, esgoto, habitação, entre outros. O Brasil assim vinculou-se à criação do banco, podendo-se assim dizer que o BID foi inspirado na ação conjunta.
SILÊNCIO DO GOVERNO – O Globo revela na edição de ontem que os pedidos de intervenção militar na porta de quartéis continuam e encontram no silêncio do governo uma forma indireta de apoio. Em Mato Grosso do Sul, no final de semana, até caminhões foram incendiados. Se alguém propuser corrupção a outro estará se tornando agente de um crime.
Como pode ser, portanto, que grupos insatisfeitos de direitistas inflamados possam propor aos quartéis, unidades do Exército, a prática de subversão e desrespeito às urnas ? Trata-se de uma agressão à democracia e à propria sociedade brasileira. Não é possivel aceitar esse tipo de manifestação e permanecer em silêncio. E esse silêncio compromte o governo Bosloanro.