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domingo, janeiro 02, 2022

Roberto Carlos deve desculpas a seu biógrafo e mandar tudo mais para o inferno…

Publicado em 2 de janeiro de 2022 por Tribuna da Internet

Roberto Carlos outra vez: 1941-1970 (Vol. 1) | Amazon.com.br

O novo livro explica os motivos da inspiração do compositor

Alvaro Costa e Silva
Folha

Você sabe quando e onde Roberto Carlos teve a ideia de mandar tudo mais para o inferno? Foi numa noite gelada em junho de 1965 na cidade de Osasco. Ele aguardava sua vez nos bastidores do Cine Glamour, onde participaria de um show com outros artistas da Jovem Guarda, e, com saudade da namorada que o pai mandara a Nova York para ficar longe dele, começou a marcar o ritmo com a mão na parede e a cantarolar: “Quero que você me aqueça neste inverno…”.

Uma das inspirações de “Namoradinha de um Amigo Meu” foi a manequim Maria Stella Splendore, casada com o estilista Dener, precursor da alta costura brasileira nos anos 60.

NUM CADILLAC – O cantor e a modelo se encontravam às escondidas no amplo apartamento do cantor no bairro de Santa Cecília, em São Paulo. Na época, ele desfilava dentro de um Cadillac Fleetwood 1962 comprado à embaixada de Gana e fumava cachimbo (“Isso aqui é só um charme, bicho”).

E “As Curvas da Estrada de Santos” nasceram —surpresa!—​ nas curvas da estrada de Santos. Roberto costumava ficar até as quatro da manhã na boate Cave e, muito bem acompanhado, descia a serra para esticar a farra no Guarujá.

Essas histórias e mais um chorrilho interminável de informações estão no livro “Roberto Carlos Outra Vez: (1941-1970)”. Um segundo volume está previsto para sair no fim deste ano.

UM BELO LIVRO – São 928 páginas que não cansam e, tirante a dor no braço, dão vontade de saber mais. Paulo Cesar de Araújo fez um relato de vida desmontável, com cada capítulo referindo-se a uma canção, que podem ser lidos separadamente. Um trabalho ainda mais abrangente que “Roberto Carlos em Detalhes”, de 2006, que lhe valeu um processo e a retirada dos exemplares das livrarias. Mas também a histórica decisão do STF, em 2015, sobre a liberação das chamadas biografias não autorizadas.

Num gesto de realeza, Roberto Carlos deveria se desculpar e publicamente agradecer a Paulo Cesar de Araújo pela devoção de súdito.


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