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sexta-feira, janeiro 07, 2022

Auxilio Brasil não reduz a miséria no país de maneira alguma, mas agrada eleitores

Publicado em 7 de janeiro de 2022 por Tribuna da Internet

Charge do Jota..A (portalodia.com)

Pedro do Coutto

O tema entrou em debate no final da tarde de quarta-feira na GloboNews com o governo comparando números de antes e depois do auxílio emergencial, agora transformado em Auxílio Brasil, e concluindo que tinha funcionado para reduzir a extrema pobreza.

Um absurdo completo, pois o auxílio hoje de R$ 400 por família não leva em consideração que a média de pessoas por unidade familiar passa de cinco. Assim, o auxílio mensal reduz-se logicamente para R$ 80 por pessoa.

CONTESTAÇÃO – Os números do governo, em programa conduzido por César Tralli, foram contestados parcialmente por Marcelo Neri, da FGV, e de forma mais acentuada por Fernando Gabeira. Acrescento a minha opinião; se auxílios assistenciais pudessem resolver problemas múltiplos que envolvem a pobreza extrema, ela já teria acabado no mundo. Entretanto, a situação se agrava cada vez mais.

Só uma política de pleno emprego e de salários não perdendo para a inflação poderá enfrentar até mesmo  a fome que ronda milhões de pessoas no Brasil e no mundo. O impasse entre o capital e o trabalho não foi resolvido até hoje, dois mil anos depois de Jesus Cristo.

CONCENTRAÇÃO DE RENDA –  Os conservadores se mantêm firmes na ideologia de assegurar a concentração de renda. Um grupo dessa corrente, na verdade, não deve ser chamado sequer de conservador, um engano. Querem, de fato, ampliar a concentração de renda e não conservar. Essa é a grande contradição. O problema se eterniza.

Não será o Auxilio Brasil uma ação de emergência que poderá nem equacionar a questão. Fora do emprego e do salário não há caminho social livre para a grande maioria da população. Inclusive, a questão do Auxilio Brasil não é apenas dinheiro. É a falta de seguro social adequado, capaz de pelo menos assegurar a aposentadoria às pessoas marginalizadas pelo destino e pela ação das políticas super conservadoras e reacionárias.  

IMPREVISTOS –  A política, conforme digo sempre, é marcada por imprevistos. Agora mesmo, anteontem, aconteceu mais um. As Polícias Federal e também Estadual de São Paulo desencadearam uma investigação sobre o ex-governador Márcio França, que foi vice de Geraldo Alckmin, perdeu a eleição de prefeito para João Doria e agora candidata-se novamente ao voto,  no rumo do Palácio Bandeirantes.

O escândalo e a sequência das investigações abalam frontalmente a sua candidatura ao governo paulista, pelo PSB, partido ao qual Geraldo Alckmin deve se filiar. O afastamento de Márcio França, consequência natural do escândalo, resolve um problema que Lula tinha pela frente em São Paulo: o PSB pensou em lançar Márcio França e Lula pretende apoiar Fernando Haddad.

Agora, o campo parece livre para Fernando Haddad. Mais uma vez, impõe-se a bela frase de Magalhães Pinto: “Política é como a nuvem, muda de forma e direção a todo instante”. A reportagem sobre as investigações contra Márcio França, Folha de S. Paulo desta quinta-feira, é de Rogério Pagnan e Klaus Richmond.

FALTA DE UNIDADE –  Reunião da Saúde comprova falta de unidade dos setores. O ministro Marcelo Queiroga marcou uma entrevista à imprensa na tarde de quarta-feira aparentemente para anunciar o início da vacinação infantil. Acabou fazendo isso, mas depois de idas e vindas de sua equipe. Uma das diretoras voltou ao tema das receitas médicas e da obrigação dos pais levarem as crianças para serem vacinadas.

Ela própria não tomou conhecimento de que o Ministério da Saúde havia recuado sobre a exigência. Além disso, a diretora desconhecia também a decisão da consulta pública que rejeitou a necessidade da receita. Como é possível que uma diretora do Ministério da Saúde senta-se à mesa da equipe, presidida por Queiroga, e defenda caminhos diversos dos que já haviam sido traçados?


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