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terça-feira, maio 11, 2021

Depoimentos de Wajngarten e Araújo à CPI ameaçam blindagem do governo


Araújo e Wajngarten serão os centros das atenções dos senadores

Pedro do Coutto

Na próxima quarta-feira, o depoimento de Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secom, e de Ernesto Araújo, na quinta-feira, são ameaças políticas muito fortes que terão como alvo o governo Jair Bolsonaro, cujos integrantes tentam mudar o foco da CPI da Pandemia. Mudar o foco não conseguirão, sobretudo porque está também na alça de mira da CPI a questão das fake news e da usina produtora delas no Planalto.

Julia Lindner e Natália Portinari, O Globo desta segunda-feira, focalizaram a extensão dos trabalhos da CPI para tornar pública a realidade da usina das notícias falsas nas redes sociais e nas ações do gabinete que opera na Casa Civil de contestação às críticas desfechadas contra o governo.

BASE LÓGICA – Nesse gabinete, na minha impressão, não se consegue transformar a falsificação de fatos em realidades. Sobretudo porque não existe a menor possibilidade de alguém, ou no caso de uma fonte, mudar o processo de compreensão se este processo não incluir uma base lógica.

Hoje em dia, inclusive, com os meios de comunicação funcionando em tempo real, no caso das edições online, a mentira logo é exposta ao conhecimento público que identifica nela a falta de suporte necessário. As fake news, é preciso que se esclareça, só alimentam a vontade dos bolsonaristas ou outras correntes que recorram a este universo sombrio de comunicação.

Atualmente, o sistema de informação e confirmação funciona praticamente em conjunto. Pois se uma pessoa recebe uma notícia que julga de importância acentuada irá procurar a sua confirmação. Isso reduz o tempo em que vive a notícia falsa.

CLOROQUINA – Na Folha de São Paulo, Patrícia Campos Mello publica extensa reportagem revelando que o ex-chanceler Ernesto Araújo foi capaz de mobilizar o Ministério das Relações exteriores para assegurar o fornecimento de cloroquina ao país, mesmo após a Organização Mundial de Saúde ter divulgado que o remédio não servia para o combate ao coronavírus.

O ex-chanceler comparecerá na próxima quinta-feira à CPI da Pandemia quando será , como é lógico, objeto de intensa massa de indagações centradas em sua atuação à frente do Ministério das Relações Exteriores. Como todos sabem, a sua passagem pelo Itamaraty foi efetivamente uma catástrofe.

Ele, no momento, tenta manter influência na Casa de Rio Branco e desfocar a atuação do seu sucessor, Carlos França, que está desenvolvendo um trabalho infinitamente superior. Aliás, o que não é difícil, uma vez que Araújo transformou o Itamaraty em um centro de confusão e contradições, umas após a outra.

TELEGRAMAS –  Patrícia Campos Mello destaca também a série de telegramas que o ex-chanceler enviou a outros diplomatas brasileiros no exterior, não respeitando a lógica dos fatos. A confusão foi generalizada.

Araújo e Wajngarten serão os centros das atenções dos senadores que compõem a CPI e também de outros parlamentares. A semana, como se vê, não oferece ao governo perspectivas favoráveis. Os depoimentos vão representar um sério abalo no sistema defensivo do Planalto.

PASSEIO DE MOTO – O presidente Bolsonaro participou, no domingo, de um passeio de moto pelas ruas da capital e em meio a cerca de 100 motociclistas, não usando máscaras e nem assegurando o distanciamento entre as pessoas, recomendado pela OMS e pela consciência nacional e internacional.

Para mim, o presidente Jair Bolsonaro rompeu com a lógica e as suas atitudes sucessivas são de contestação ao combate à pandemia que inclusive está exigindo do ministro Marcelo Queiroga um freio à sequência de mortes e contaminações.

FAKE NEWS –  A respeito das fake news acentuo que a melhor forma de combatê-las é a exigência imediata do direito de resposta previsto na Lei de Imprensa. O direito de resposta forçará as redes sociais a observarem com mais atenção a origem do noticiário injetado nas redes da internet.

A liberdade de expressão é um fato intocável. Mas isso não quer dizer que aqueles que usam a  liberdade de expressão estejam fora das medidas legais que se aplicam aos casos de calúnia, injúria e difamação. Qualquer pessoa pode falar à vontade, mas sob a responsabilidade do que afirma. As nuvens da internet não foram feitas para legitimar os irresponsáveis. Os danos causados pela irresponsabilidade são sempre dramáticos, quando não, trágicos.

INVESTIGAÇÃO – Vivemos em um mundo que impulsiona as pessoas pelo conhecimento real dos fatos, exatamente o contrário do que agem os que ascendem à usina da fantasia. Agora mesmo, matéria de Paulo Saldaña, Folha de São Paulo, o ministro da Educação Milton Ribeiro está sendo investigado por ter atuado para retardar investigação numa universidade presbiteriana de Londrina.

Pode ser que Milton Ribeiro faça alguma coisa, uma vez que a sua atenção não surgiu ainda no noticiário dos jornais e nas emissoras de televisão. O mesmo acontece com a falta de iniciativa do ministro Marcelo Queiroga em frear a contaminação da Covid-19. A população agradecerá aos dois ministros se resolverem finalmente atuarem nesses dois pontos.

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