Pedro do Coutto
O espaço de dois anos na política é uma longa estrada cheia de surpresas e alterações inesperadas e imprevisíveis com mudanças repentinas de tendências e obstáculos. Carolina Linhares, Folha desta sexta-feira, analisou as vitórias e Bolsonaro nas eleições de Rodrigo Pacheco e Arthur Lira como uma dificuldade para que a oposição se articule no rumo das urnas.
Minha experiência, porém, me faz pensar que nesses dois anos podem acontecer mudanças nos rumos das eleições. As vitórias de Pacheco e Lira não têm maior influência na campanha presidencial.
SITUAÇÕES DIVERSAS – Uma coisa é a escolha de dirigentes do Congresso, outra, muito diferente, a seleção dos candidatos e o desempenho deles. Isso porque um conjunto não é apenas a soma das partes, traz consigo sempre reflexos diversos passando por uma série de situações políticas.
O presidente Bolsonaro empenhou-se a fundo no apoio aos novos presidentes da Câmara e do Senado. Isso não tem vinculação com a campanha voltada para o eleitorado de 140 milhões de homens e mulheres. Não tem cabimento também dar-se muita ênfase ao peso das legendas partidárias, muito mais importante é o desempenho dos rivais em confronto.
Se o peso partidário fosse algo inexpugnável, o general Teixeira Lott teria sido eleito em 1960, pois era apoiado pela coligação PSD-PTB que cinco anos antes levou JK a vitória nas urnas de 1955.
EXEMPLO DE JANGO – Se a soma das legendas fosse um atestado de força política o presidente João Goulart não teria sido deposto. Jango foi sustentado pelo governador Brizola e formou seu governo com apoio do PSD, PTB e também da UDN. Vejam só; Virgílio Távora no Ministério dos Transportes, Gabriel Passos em Minas e Energia, Afonso Arinos embaixador do Brasil junto a ONU. Moreira Sales na Fazenda, Ulisses Guimarães na Indústria e Comércio. A UDN rompeu em 1962. O resto pertence à história moderna do país.