Publicado em 18 de fevereiro de 2021 por Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
Num encontro no final da semana passada com o senador Rodrigo Pacheco e com o deputado Arthur Lira, dirigentes de Senado e Câmara, o ministro Paulo Guedes afirmou que uma das alternativas para prosseguir o pagamento do auxílio de emergência é congelar os salários dos funcionários públicos pelo prazo de três anos. Entretanto, o que ele deseja mesmo é reduzir os vencimentos ao longo do mesmo prazo.
A reportagem é de Flávio Pupo, na Folha desta quarta-feira.
PROPOSTA SINISTRA – Explico. Na realidade, congelam-se salários quando são reajustados pela inflação do IBGE. O ministro da Economia sabe muito bem disso. Quando se promove a estagnação dos vencimentos pelo valor nominal, isso significa reduzi-los no mesmo ritmo do índice de inflação.
Exemplo: o índice inflacionário de 2020 foi de 4,3%. Assim essa é também a perda que atinge 450 mil funcionários federais, exceto o dos magistrados e integrantes do Ministério Público.
E parece que o congelamento não é para atingir o Exército, Marinha e Aeronáutica. Isso porque, nesse caso Guedes e sua equipe temem a reação das Forças Armadas.
IMPACTO SOCIAL – O ministro da Economia espera receber o apoio do Congresso Nacional para mais essa perversidade, que punirá inclusive funcionários públicos que recebem salários baixíssimos.
É uma perversidade que causará impacto social inevitável, como consequência da diminuição do valor real dos salários dos servidores. Essa redução vai se refletir também no consumo, que, no final das contas é a base insubstituível da receita tributário. Menor salário, menor consumo.
Isso já aconteceu no ano passado com a redução do lucro das empresas, matéria de Eduardo Cucolo, também na Folha. A pesquisa foi realizada pela FGV. A previsão para o primeiro trimestre de 2021, de acordo com a FGV, é permanecer a retração, porque as pessoas estão com medo de perder o emprego. Portanto, como digo sempre, qualquer corte salarial reflete na arrecadação. Por isso os economistas, segundo matéria de Vinicius Neder no Estadão, apontando risco de recessão.
CANDIDATOS DO PSDB – O presidente do PSDB, Bruno Araujo, numa entrevista a Carolina Linhares, da Folha, afirmou que o candidato tucano à sucessão presidencial de 2022 será definido até o final deste ano.
Bruno Araujo disse que os nomes são João Dória, governador de São Paulo, Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, e o senador cearense Tasso Jereissati.