O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), orientava o procurador da República Deltan Dallagnol, segundo o hacker Walter Delgatti Neto, responsável por invadir celulares de autoridades. A afirmação foi feita durante uma entrevista nesta terça-feira (16) ao jornalista Joaquim de Carvalho, do Brasil 247.
Segundo o hacker, Barroso era como se fosse um conselheiro do procurador integrante da Força Tarefa da Lava Jato. Dallagnol, conforme conta, pedia opiniões ao ministro do Supremo. “Ele perguntava o que fazer, o que pegar de jurisprudência, como convencer o juiz do Superior Tribunal de Justiça. Inclusive, na época eles [os procuradores] pesquisavam muito a vida do relator dos casos do STJ, o Felix Fischer. Eles faziam uma análise de todas as decisões, do perfil, montavam uma peça encurralando e enviavam para a PGR", afirmou Delgatti.
De acordo com Delgatti, Luiza Frischeisen, subprocuradora-Geral da República, contava aos integrantes do MPF no Paraná como estava o andamento dos processos da Lava Jato nas instâncias superiores. Os procuradores de Curitiba não atuam no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no STF. "Ela conseguia o que estava acontecendo e vazava para eles. Os processos disciplinares [de Dallagnol], ela enviava antes de chegar por meio oficial", contou.
Delgatti também disse que os membros da força-tarefa buscavam informações sobre magistrados do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), STJ e STF para acuar juízes, desembargadores e ministros. "O TRF-4, eles tinham conquistado já, o difícil estava sendo o STF. O STJ também. O Fachin ajudou bastante. Aquele vazamento do 'aha uhu, o Fachin é nosso'... Eles tinham medo de quem seria o relator. Com essa notícia, eles ficaram aliviados, porque sabiam que teriam o controle", disse em referência ao fato de Fachin ter se tornado relator da operação após a morte do ministro Teori Zavascki.
O hacker já havia falado sobre a proximidade entre Barroso e Dallagnol em entrevista à CNN em dezembro de 2020. "O Barroso e o Deltan conversavam bastante. Inclusive, o Barroso, em conversas, auxiliava o que colocar na peça, o que falar. Um juiz auxiliando, também, o que deveria fazer o procurador", disse na ocasião.
A assessoria do ministro negou as afirmações de Delgatti: "O ministro Luís Roberto Barroso integra a Primeira Turma, e não a Segunda, que é a competente para julgar os processos da Operação Lava-Jato. Ele jamais orientou qualquer procurador acerca de qualquer processo relacionado à operação. A afirmação é falsa".
Bahia Notícias