Flávio José Bortolotto
A impressão que temos é que houve dois governadores Leonel Brizola, um menos maduro, impetuoso, violento, revolucionário, até o fim do Exílio (1979) com a Lei de Anistia do grande presidente Figueiredo, e outro mais maduro, pragmático, social-democrata reformista até sua morte.
O presidente João Goulart (PTB–RS) sabia dos movimentos da 4° Frota dos EUA, mas sabia mais do resultado de suas medidas de agitação política-militar.
MUITA AGITAÇÃO – Um presidente tem que ser tudo, menos agitador, e principalmente houve o apoio explícito que deu à quebra da disciplina militar (Rebelião de Sargentos, Rebelião dos Sargentos, Cabos e Soldados Fuzileiros Navais do RJ, demissão do ministro da Marinha e ninguém querendo assumir etc., etc. – esses fatos é que foram decisivos.
Qual unidade militar comandada por oficiais, iria combater seus colegas rebelados, quando o presidente da República e seu cunhado, deputado federal Leonel Brizola (PTB-GB) incitava os sargentos a prenderem seus oficiais e assumirem o comando, e muitos tentaram isso, e de maneira geral incentivavam a quebra da disciplina militar.
A própria reunião em Porto Alegre, no dia 1º de abril de 1964, j[a mostrava a inutilidade de haver resistência.
SEM CONDIÇÕES – A reunião foi entre o leal general Ladário Telles, comandante do III Exército (RS-SC-PR), o presidente Jango e o deputado Leonel Brizola etc.
O governador Ildo Meneguetti (PSD-RS) tinha se retirado para Passo Fundo, 95% das unidades militares do III Exército, via rádio, já tinham se desligado do general Ladário Telles e se colocado à disposição do general Adalberto Pereira dos Santos, comandante rebelde de Cruz Alta/RS, ex-comandante da 6° DI.
Se a situação no Rio Grande do Sul era essa, imagine-se no resto do País. Todos os governadores dos grandes Estados, com exceção de Pernambuco, e suas Policias Militares estava contra o governo Goulart, como resistir?
FROTA DOS EUA – Depois, o Exército brasileiro, com sua longa folha de serviços políticos no Brasil, desde a Proclamação da República, Campanha Civilista, Tenentismo, Revolução de 30, pioneiro na industrialização do país (Eletrobras, Siderúrgica Nacional, Petrobras, Petroquímica, Embraer etc., etc., jamais necessitaria dos EUA para derrubar um governo que ele mesmo no fim “forçou sua queda”.
O apoio da 4° Frota norte-americana existiu, mas era e foi completamente desnecessário. Menos mal que no fim da vida o governador Leonel Brizola reconheceu a verdade.