Carlos Newton
Ainda bem que a sessão da Segunda Turma do Supremo, nesta terça-feira, será virtual, via internet. Mesmo assim, está sob ameaça de os computadores pegarem fogo, porque o clima é de temperatura máxima, por causa da armação dos advogados de Lula da Silva, que encaminharam uma petição ao ministro Ricardo Lewandowski, relator do processo das gravações divulgadas pelo site The Intercept, pedindo que retirasse o sigilo das informações e foram atendidos.
A malandragem jurídica é chamada de “atravessar petição”. No caso, funcionou ao ser endereçada a um ministro (Levandowski), que é amigo pessoal do réu (Lula), e prontamente aceitou, revogando a decisão anterior de Edson Fachin, o verdadeiro relator do outro processo que interessava aos advogados, que estão desesperados porque não têm como provar a “parcialidade” do então juiz Sérgio Moro no caso do tríplex do Guarujá.
JOGADA HÁBIL – O mesmo pedido já tinha sido feito pelos advogados de Lula a Fachin, que recusara idêntico requerimento, que visa ao uso de provas ilegais para declarar a “parcialidade” de Moro, anular as condenações que tiveram participação do juiz federal e possibilitar que Lula seja “inocentado” e possa disputar a eleição em 2022.
Na véspera, os advogados de Lula desistiram do pedido anterior feito a Fachin, para evitar que ele o coloque em votação.
Mesmo assim, na sessão de hoje Fachin deve interpelar Lewandowski pela interferência em seu processo, e os ânimos podem se exaltar, porque Gilmar Mendes também estará participando dos videotapas, cerrando fileiras a favor de Lula.
EMPATE DE 2 A 2 – A questão da “parcialidade” de Moro é um dos processos mais importantes da atualidade, simultaneamente às decisões que a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça também está tomando sobre recursos dos advogados de Lula. Na semana passada, por unanimidade, rejeitaram o mesmo pedido que agora os advogados de Lula fazem ao Supremo, para levar em conta as provas ilegais das gravações.
Na segunda Turma do STF, o placar dá um empate de 2 a 2, com Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes a favor da destruição da Lava Jato e da anulação das condenações de Lula, enquanto o relator Edson Fachin e a ministra Cármen Lúcia estão contra.
NUNES MARQUES DECIDIRÁ – Quem vai decidir a votação é o neoministro Nunes Marques, aquele fraudador de currículos. Circulam em Brasília três hipóteses para o voto dele: 1) votaria 100% a favor de Lula; 2) anularia a condenação do tríplex, mas manteria a do sítio de Atibaia, com Lula permanecendo inelegível e fora da campanha de 2022; 3) ou pediria vista para ganhar tempo.
A única pessoa que sabe o voto de Nunes Marques (ele quer ser chamado assim) é o presidente Jair Bolsonaro, porque o neoministro ainda é meio infantil e gosta daquela brincadeira de fazer tudo o que seu mestre mandar…