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terça-feira, dezembro 22, 2020

Escândalo da Abin aumenta a necessidade de Jair Bolsonaro controlar Câmara e Senado


TRIBUNA DA INTERNET | Category | Geral | Page 5

Charge do Duke (dukechargista.com.br)

Ingrid Soares e Augusto Fernandes
Correio Braziliense

Pressionado pelo escândalo da Agência Brasileira de Informações (Abin) e por questionamentos sobre a atuação do governo na pandemia, o presidente Jair Bolsonaro tem, na eleição para a Presidência da Câmara, marcada para fevereiro, um teste decisivo para o seu futuro político. Fazer o sucessor do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) no cargo, mais do que favorecer projetos de interesse do governo, seria, para o presidente, uma forma de navegar em águas menos agitadas, ante uma avalanche de complicações que estão por vir.

A corrida pela sucessão na Câmara transformou-se em um campo de batalha, com o enfrentamento entre as forças políticas que já começaram a se organizar para as eleições de 2022. A recente troca de acusações entre Bolsonaro e Maia a respeito do não pagamento do 13º do Bolsa Família expôs o acirramento da disputa.

CASO ABIN – A revelação de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) produziu relatórios para orientar advogados do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) é a mais nova dor de cabeça do presidente. Seu filho mais velho é investigado por suspeitas de desvio de salários de funcionários do gabinete à época em que era deputado estadual no Rio de Janeiro.

Ao mesmo tempo em que a oposição acusa o chefe do governo de ter cometido crimes passíveis de um processo de impeachment, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) abra uma investigação para confirmar se a agência de inteligência do governo foi utilizada pelo presidente para fins pessoais. O caso, revelado pela revista Época.

FUTURO PARTIDÁRIO –  A disputa pelas presidências da Câmara e do Senado tem importância também na decisão de Bolsonaro sobre o partido ao qual irá se filiar. Aliados têm orientado o presidente sobre a importância de ele contar com uma forte  estrutura partidária para tentar a reeleição em 2022.

Como ainda não obteve as assinaturas suficientes para criar o partido Aliança pelo Brasil, o presidente tem mantido conversas com lideranças de diferentes legendas, principalmente, do Centrão.

Na semana passada, ele voltou a dizer que anunciará o nome de sua nova sigla em março, ou seja, após o resultado da eleição da Câmara. Conforme afirmou, um dos partidos com os quais tem conversado é o PP, do deputado Arthur Lira (AL), líder do Centrão e candidato do Planalto para suceder Maia no comando da Casa. Bolsonaro foi filiado ao PP até 2016. Entre outros partidos do bloco parlamentar, o presidente também tem na mira o PTB, do ex-deputado Roberto Jefferson (RJ), o PL e o Republicanos.

CONTROLE DA LEGENDA – Um deputado filiado a um desses partidos, ouvido pelo Correio, afirmou que o presidente seria recebido de braços abertos, desde que não pretenda assumir o controle da legenda. Nessas discussões, Bolsonaro tem insistido que só formalizará uma filiação se puder assumir o comando de sua nova sigla, com autonomia, principalmente, para acessar os recursos dos fundos partidário e eleitoral.

O deputado Marcos Pereira (SP), presidente do Republicanos, já deixou claro, em diferentes ocasiões, que não abriria mão do comando da legenda para Bolsonaro.

“Não abro mão do Republicanos, nem para o presidente”, tem repetido o parlamentar, que retirou a candidatura à Presidência da Câmara e passou a apoiar Arthur Lira.

MIGRAÇÃO CONSTANTE – Desde que ingressou na política, em 1988, o presidente Jair Bolsonaro passou por oito partidos. A legenda à qual se filiou por mais tempo foi o antigo PP (hoje, Progressistas), que à época era controlado por Paulo Maluf.

Configura suas filiações: de 1988 a 1993, PDC, de 1993 a 1995, PPR; de 1995 a 2003, PPB; de 2003 a 2005, PTB; em 2005, PFL; de 2005 a 2016, PP; em 2016, PSC; em 2017, firmou compromisso com o Patriotas, mas não assinou a filiação; de 2018 a 2019, PSL; de 2019 a 2020, sem partido.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Bolsonaro já provou que não precisa de partido para se eleger. Desde que entrou na política, sua base eleitoral (militares e forças auxiliares) era mais do que suficiente para a conquista de sucessivos mandatos de deputado federal. Agora, a situação se modificou bastante, Bolsonaro se desgastou muito e passou a precisar de uma legenda forte para ajudá-lo na reeleição à Presidência. Não acredito, porém. que entre no PTB de Roberto Jefferson, seria por demais desmoralizante. (C.N.)

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