Deu no Correio BrazilienseAgência Estado
O presidente Jair Bolsonaro comentou em entrevista à revista Veja publicada, nesta sexta-feira (31/5), os desdobramentos das investigações envolvendo Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho Flávio, que teve movimentações atípicas em sua conta apontadas pelo Coaf em relatório revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
“Estou chateado porque houve depósitos na conta dele, ninguém sabia disso, e ele tem de explicar isso daí”, disse, em referência à movimentação de R$,1,2 milhão. “Pode ter coisa errada? Pode, não estou dizendo que tem”, disse Bolsonaro, que mantinha uma relação de amizade com o ex-assessor do filho. “Mas tem o superdimensionamento porque sou eu, porque é meu filho. Ninguém mais do que eu quer a solução desse caso o mais rápido possível.”
DEFESA DO ZERO UM – O presidente também saiu em defesa do filho Flávio, senador pelo PSL do Rio, sobre os 48 depósitos fracionados em sua conta. “São os tais R$ 96 mil em depósitos de R$ 2 mil. O valor de R$ 2 mil é o máximo permitido para depósitos em envelope no terminal de autoatendimento da Assembleia Legislativa do Rio. Falaram que os depósitos fracionados eram para fugir do Coaf. R$ 2 mil é o limite que você pode botar no envelope. O que tem de errado nisso?”
Sobre a quebra do sigilo bancário de Flávio, Bolsonaro respondeu: “Se alguém mexe com um filho teu, não interessa se ele está certo ou está errado, você se preocupa.
Questionado se há casos de sabotagem dentro do governo, o presidente respondeu: “Claro. É uma luta pelo poder. Há sabotagem às vezes de onde você nem imagina”. Para ele, culpa do “aparelhamento”.
APARELHAMENTO – “No Ministério da Defesa, por exemplo, colocamos militares nos postos de comando. Antes, o ministério estava aparelhado por civis. Havia lá uma mulher em cargo de comando que era esposa do 02 do MST. Tinha ex-deputada do PT, gente de esquerda… Pode isso? Mas o aparelhamento mais forte é mesmo no Ministério da Educação.”
Bolsonaro admite que errou ao ter nomeado Ricardo Vélez Rodriguez para o Ministério da Educação e “dividiu” a culpa com o escritor Olavo de Carvalho, que havia indicado o agora ex-ministro, que foi substituído por Abraham Weintraub.
“Errei no começo quando indiquei o Ricardo Vélez como ministro. Foi uma indicação do Olavo de Carvalho? Foi, não vou negar. Ele teve interesse, é boa pessoa. Depois liguei para ele: “Olavo, você conhecia o Vélez de onde?”. “Ah, de publicações.” “Pô, Olavo, você namorou pela internet?”, disse a ele.
QUALQUER UM… – O presidente também falou de seu partido, o PSL. Bolsonaro disse que a formação da bancada da sigla foi resultado de um “trabalho hercúleo”. Para ele, o partido foi “criado” em março do ano passado (quando ele se filiou), apesar da sigla existir desde 1994. “Fomos pegando qualquer um”, disse.
“E tem muita gente que entrou e acabou se elegendo com a estratégia que eu adotei na internet”, disse o presidente. “Eu falava: ‘Clica aqui. Vote em um desses colegas nossos’. Teve muita gente que falou para mim: “Nossa, eu não esperava me eleger”.
INEXPERIÊNCIA – Para Bolsonaro, esta formação explica a inexperiência de seus colegas de partido. “O pessoal chegou aqui completamente inexperiente, alguns achando que vou resolver o problema no peito e na raça. Não é assim.”
Questionado sobre a possibilidade de mudar de partido, Bolsonaro respondeu: “Quando a gente se casa, a gente jura amor eterno. Está respondido?”