Altamir Tojal
Uma guerra global pode estar começando aqui do lado do Brasil. Russos, americanos, cubanos, turcos, iranianos… estão em cena na Venezuela. Onde estão os amigos da paz e da democracia? Ao acompanhar a escalada da crise na Venezuela fica inevitável ao observador atento fazer correlação com a Guerra Civil Espanhola, considerada o ensaio geral para a Segunda Guerra Mundial e depois para a Guerra Fria, acontecimentos determinantes no Século 20, que pareciam se distanciar na história e agora voltam a assombrar o nosso presente e o futuro.
Fica cada vez mais evidente que a crise política e humanitária se agrava, o estado chefiado por Maduro se enfraquece e a disputa pelo poder se transforma em uma guerra indireta entre potências estrangeiras e ideologias em conflito no mundo.
LABORATÓRIO DE GUERRA – O regime bolivariano depende cada vez mais de Rússia, Cuba, Irã e Turquia e talvez da China, enquanto a oposição conta com EUA, Colômbia e Brasil. E as ideologias mais fundamentalistas de esquerda e direita apoiam um e outro lados.
Não deve ser desconsiderado, portanto, o risco de diferentes potências e tendências globalizadas usarem o conflito como laboratório de uma guerra ampliada, talvez de um novo tipo que hoje é difícil imaginar o que possa ser e que limites poderá ultrapassar, da mesma forma que provavelmente os observadores e os próprios atores da Guerra Civil Espanhola dificilmente imaginariam onde se chegaria em termos de barbárie alguns anos depois.
GUERRA CIVIL – Enquanto o governo Maduro não cai e mesmo que caia configura-se a ameaça de guerra civil com intervenção internacional, num ambiente de fome e ruína econômica. Qualquer que seja a força que assuma o comando, a expectativa é de que terá de enfrentar facções criminosas dentro das forças armadas, grupos paramilitares, guerrilheiros colombianos, gangues armadas e provavelmente também militares de outros países.
O cenário parece mais complexo e aterrorizador que o da Espanha em 1936. Talvez nem mesmo a mais tenebrosa distopia anterior à Guerra Civil Espanhola tenha imaginado os limites ultrapassados pelo holocausto e a bomba atômica. Alguém consegue imaginar aonde pode chegar uma guerra global no século 21?
Ela pode estar começando aqui do nosso lado. Os amigos da paz e da democracia devem agir depressa.