Carlos Newton
Até agora, às 16h30m, nenhum portal, site ou blog divulgou o resultado do almoço no Quartel-General do Exército, o “Forte Apache”, com a participação do presidente Jair Bolsonaro, que foi questionado sobre seu posicionamento favorável ao escritor Olavo de Carvalho, que tem feito ataques despropositados e insultuosos a militares que integram o primeiro escalão do governo.
O Planalto tentou minimizar a importância da reunião, para a qual o presidente Bolsonaro foi convocado às pressas, na manhã de hoje, depois de ter postado nota das redes sociais em que fazia novos elogios a Olavo de Carvalho e pedia que os militares ofendidos dessem o assunto como encerrado.
DIZ O ANTAGONISTA – Para desmentir o fato de o presidente ter sido “convocado” pelos militares, o Planalto plantou uma nota no site “O Antagonista”, nos seguintes termos:
“Almoço no QG do Exército reúne comandantes das Forças Armadas
“Ao se reunir no QG do Exército para fazer ajustes finais no decreto para importação de armas, o presidente Jair Bolsonaro quis prestigiar a primeira reunião de comando das Forças Armadas.
“O encontro estava marcado há 30 dias. Trata-se de uma reunião de integração das três Forças, com cada representante apresentando um balanço de suas atividades e planos futuros.”
DIZ A AGENDA – Mas a amistosa nota de “O Antagonista” está inteiramente equivocada. Primeiro, não existem esses “ajustes finais no decreto para importação de armas”, um assunto que mal começou a ser debatido.
Além disso, alega “O Antagonista” que “o encontro estava marcado há 30 dias”, mas isso não corresponde à realidade. Na agenda do presidente Bolsonaro, os eventos militares têm prioridade máxima, mas o importantíssimo almoço no Forte Apache sequer estava previsto:
08h10 – Augusto Heleno, Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; e Deputado Major Vitor Hugo (PSL/GO), Líder do Governo na Câmara dos Deputados – Palácio do Planalto
09h30 – Davi Alcolumbre, Presidente do Senado Federal; Rodrigo Maia, Presidente da Câmara dos Deputados; Onyx Lorenzoni, Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República; e Senador Fernando Bezerra Coelho (MDB/PE), Líder do Governo no Senado Federal – Palácio do Planalto
10h20 – Deputado Reinhold Stephanes Junior (PSD/PR) – Palácio do Planalto
10h45 – Clifford Sobel, Ex-Embaixador dos Estados Unidos no Brasil – Palácio do Planalto
11h15 – Santos Cruz, Ministro-Chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República – Palácio do Planalto
11h50 – Sérgio Moro, Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública; Fernando Azevedo, Ministro de Estado da Defesa; e Augusto Heleno, Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República
14h30 – 11ª Reunião do Conselho de Governo – Palácio do Planalto
16h00 – Solenidade de Assinatura do Decreto da Nova Regulamentação do Uso de Armas e Munições – Palácio do Planalto
17h00 – Floriano Peixoto, Ministro-Chefe da Secretaria Geral da Presidência da República – Palácio do Planalto
18h30 – Raquel Dodge, Procuradora-Geral da República – Palácio do Planalto
SIGILO ABSOLUTO – O que se passou no Forte Apache, como diria Amália Rodrigues, “nem às paredes confesso”. O fato concreto é que o momento revela ser grave, porque não é cabível que honrados brasileiros que prestam grandes serviços ao país – sejam militares ou civis – continuem a ser ofendidos gratuitamente por um cidadão que é apontado pelo presidente da República como “ícone” e seu orientador político-ideológico.
Na vida, tudo precisa ter limites, mas o presidente Jair Bolsonaro não consegue impor limites nem mesmo aos próprios filhos e também não demonstra interesse em evitar crises institucionais. Por isso, a crise se chama Jair Bolsonaro.