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sexta-feira, maio 10, 2019

Ministro Moro foi levado a assinar o decreto de armas sem conhecer seu texto final


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A verdade é que o ministro Moro foi desrespeitado pela Casa Civil
Breno PiresEstadão
O presidente da República Jair Bolsonaro não aguardou os pareceres jurídicos da equipe do ministro Sergio Moro, da Justiça e Segurança Pública, antes de assinar o decreto que ampliou significativamente as permissões para porte de armas e uso de equipamento até então restrito às Forças Armadas. Faltava apenas uma hora para a solenidade no Palácio do Planalto quando a consultoria jurídica do ministério enfim ecebeu o texto elaborado pela Casa Civil. O prazo, segundo pareceres a que o Estadão teve acesso, era insuficiente para realizar uma análise aprofundada.
O decreto teve a sua legalidade questionada por pareceres de técnicos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. No outro lado da Praça dos Três poderes, a ministra Rosa Weber, do Supremo, pediu informações ao governo para poder decidir sobre um pedido do partido Rede Sustentabilidade que quer a anulação do decreto. Juristas, entidades do terceiro setor e partidos políticos de oposição apontam também inconstitucionalidade no decreto.
EXTREMA URGÊNCIA – “Com solicitação de extrema urgência, os autos foram remetidos a esta Consultoria, na data de 07/05/2019, às 15h”, disse a Consultoria Jurídica do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Conforme o presidente Jair Bolsonaro havia anunciado publicamente no domingo, DIA 5, a solenidade de assinatura do decreto ocorreu às 16h da terça-feira, dia 7. Ou seja, uma hora depois.
“Diante do requerimento de urgência e considerando a complexidade do tema e o exíguo (curto) prazo concedido para análise, este órgão consultivo fica impedido de proceder a uma análise mais acurada do texto da proposta, limitando-se às alterações de maior relevo promovidas no Decreto 5.123, de 2004”, frisou o parecer, indicando que alguns trechos sequer foram analisados.
APÓS O ATO – O sinal verde do responsável pela consultoria jurídica do Ministério da Justiça, João Bosco Teixeira, só veio depois da própria assinatura do decreto pelo presidente Bolsonaro, às 16h30 daquele dia.
O parecer foi assinado eletronicamente às 18h27. “Em síntese, esta Consultoria Jurídica manifesta-se no sentido da inexistência de óbice legal (inconstitucionalidade ou ilegalidade) à edição do decreto proposto, com os ajustes formais sugeridos na minuta anexa ao parecer ora aprovado”, disse Teixeira.
O Estadão solicitou ao Ministério da Justiça o documento citado pelo consultor jurídico, com propostas de alterações no decreto, para verificar se elas foram incorporadas ou não no decreto. Mas a pasta não forneceu a minuta. Contudo, o fato de o parecer ter sido assinado depois da publicação do decreto é um indicativo de que as mudanças podem não ter sido realizadas.
HOUVE REUNIÕES – Um dia depois da assinatura do decreto, o consultor jurídico de Moro fez um complemento no parecer para registrar que “foram realizadas reuniões” na Casa Civil com a presença de setores do Ministério da Justiça.
O complemento salientou, ainda, que a minuta da Casa Civil só foi “enviada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública no final do dia 06/05/2019”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Em tradução simultânea, o ministro Moro assinou a versão final do decreto das armas sem ter acesso prévio ao texto. É um fato espantoso, que revela o elevado grau de irresponsabilidade com que atua o governo. E o ministro-chefe da Casa Civil, responsável por essa lambança, ainda tem a ousadia de vir a público para dizer que não há inconstitucionalidades no decreto, cujos dispositivos serão confirmados pela Câmara, segundo Onyx, mas isso é “menas verdade”, como diria Lula da Silva. O decreto é inaceitável e será derrubado. (C.N.)  

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