Flávio José Bortolotto
Até 1930, o Brasil na Economia seguia o modelo liberal “laissez-faire”, o que nos eternizou como agroexportadores de produtos primários (café, açúcar, borracha natural, madeiras, couros etc.) e importadores de produtos industriais. Para baratear o custo de nossas exportações primárias, o salário era baixíssimo, quanto mais baixo melhor, e, consequentemente, nosso mercado interno muito pequeno, com padrão de vida baixíssimo, analfabetismo de aproximadamente 65% em 1930.
A partir da Revolução de 1930, o estadista (político que se antecipa ao futuro), presidente Vargas (1930- 1945) e (1951-1954), começa a implantar o modelo nacional desenvolvimentista semiestatal, que através da intervenção direta do Estado (planificação, regulação e criação de infraestrutura etc), visava a industrializar o Brasil via protecionismo, criando um grande mercado interno integrado.
PADRÃO DE VIDA – Para isto era necessário haver salários altos, e quanto mais alto melhor. A estratégia deu certo e houve sensível melhoria no padrão de vida do povo.
O modelo nacional desenvolvimentista semiestatal atingiu um auge na Revolução civil-militar de 1964, e após avanços e retrocessos (governo FHC), sofreu um inchaço nos governos do PT-Base Aliada, em que o Estado estava consumindo cerca de 43% do Produto Interno Bruto (PIB), com 36% de carga tributária + 7% de deficit nominal (o que leva em conta o custo da dívida pública).
Quando chega nesse ponto, a economia vai se asfixiando. Portanto, é necessário reduzir o tamanho do Estado em relação ao PIB.
FEBRE E DOENÇA – A dívida pública é a febre, a verdadeira doença é o inchaço do Estado e seu déficit fiscal. Há dois caminhos para reduzir o inchaço do Estado.
1- Manter o modelo nacional desenvolvimentista semi-estatal expurgando-o dos seus excessos.
2- Mudar o modelo para o velho liberalismo laissez-faire, o que é uma guinada de 180 graus.
O governo Bolsonaro/Mourão foi eleito com apoio das Forças Armadas que em maioria são nacional desenvolvimentistas semiestatais e que querem expurgar esse modelo de seus excessos, desinchando o Estado. Mas o presidente Bolsonaro e o Mercado, em sua maioria, defendem o liberalismo laissez-faire como pretendido pelo ministro da Fazenda (Economia), Paulo Guedes, comredução radical do Estado.
TUDO PARADO – O Congresso, integrado por 28 partidos políticos deve votar essa difícil questão, e enquanto isto não se decide, fica tudo parado em termos de investimento.
A nosso ver, a melhor solução é manter o modelo nacional desenvolvimentista semiestatal, expurgando-o de todos os seus excessos, e quanto mais rápido o Congresso votar isso, melhor, para reduzir o tamanho do Estado até 30% do PIB.
Enquanto não se fizer isso, não se destrava o Investimento e consequentemente não temos o forte crescimento econômico de que tanto necessitamos.