Antonio Rocha
O conceituado professor Simon Blackburn, autor do Dicionário Oxford de Filosofia, em um dos seus mais de 3 mil verbetes, nos fala de Nagarjuna, filósofo budista indiano que viveu no século II de nossa era. Simon afirma que os ensinamentos do sábio asiático assemelham-se ao gregoParmênides de Eléia (515 antes de Cristo) e ao britânico Francis Herbert Bradley (1846-1924).
É muito bonito esse campo da Filosofia Comparada, quando estudamos os pensamentos de mestres da antiguidade e recente. Pena que o atual governo federal não reconheça a importância de tais pesquisas para as ciências humanas.
UMA CARTA AO REI – Pois bem, “Carta a um Amigo” tem 202 páginas e foi publicado pela Editora Palas Athena. O autor Nagarjuna resolveu escrever ao rei de sua localidade a longa missiva em forma de 127 estrofes rimadas – além de filósofo, era poeta. Claro que ao verter para a nossa língua, a edição brasileira transcreve os versos como prosa.
O pensador Nagarjuna vai, aos poucos, transmitindo ao monarca os princípios básicos da Doutrina Budista. Cada estrofe é comentada pelo Lama Tibetano Rendawa, que viveu entre os séculos XIV e XV. Ou seja, o texto original ficou aproximadamente 11 séculos sem ser analisado, em seu inteiro teor, até receber a interpretação de Rendawa, que não resta dúvida é muito importante.
NOS DIAS ATUAIS – Imagine você hoje, receber a Carta de um Amigo, onde ele lhe explica por que se converteu ao Budismo, e a originalidade é que a correspondência veio na forma de versos rimados. Mais adiante, um comentarista da TI, resolve divulgar o texto para o grande público, acrescentando explicações e questionamentos, para tornar a leitura mais agradável. O resultado é um documento literário que atravessa os séculos e veio da longínqua Ásia até às terras do Novo Mundo.
Aproveito a oportunidade e parabenizo o CN, pelos 10 anos de vida do blog. Verdadeiramente um marco no jornalismo brasileiro, pois ele aceita publicações as mais diversas, de todas as áreas. E este pequeno artigo de hoje, soa como uma Carta de Bons Fluidos para o amigo Carlos Newton e demais leitores, comentaristas, escritores, autores, chargistas, lembrando que mais 10 anos aproximam-se…
Como ninguém é perfeito, é bem possível que alguns tenham algumas queixas contra o editor ou este que vos escreve. Mas lembremos que nem Buda, nem Jesus agradaram a todos. Nessas ocasiões tanto Nagarjuna quanto o Lama Rendawa sugeriam paciência… a maior de todas as virtudes, segundo a Doutrina Budista.
Boas Sortes!