Helio Fernandes
Não entendo algumas coisas que acontecem no Brasil. Uma delas é essa repulsa indiscriminada ao ex-presidente do PT, e ex-deputado. Recebeu a Medalha da Vitória, que além de outros objetivos, tem esse de premiar vitoriosos, ou não se chamaria assim.
Vejamos, além dessa presidência do PT, da qual aliás foi alijado, que palavra. 1 – Membro destacado do Mensalão. Continua em liberdade. 2 – Por causa da formação de quadrilha, responde perante o Supremo. Em liberdade.
3 – Também por corrupção, é um dos 40 cujo destino será decidido pelo Supremo. Em liberdade. 4 – Foi candidato a deputado em 2010, ficou como suplente. Estava em liberdade. 5 – Só não foi eleito. É verdade o que dizem: “O povo não sabe votar”.
6 – Não tendo o que fazer, foi morar com o irmão, aquele que “guardava” dólar na cueca. Os dois em liberdade. 7 – O irmão, que conhece “todo mundo”, perguntou: “Você não é muito amigo do Ministro Jobim? Recebendo a resposta afirmativa, sugeriu ser assessor dele no Ministéria da Defesa. Em liberdade.
8 – Falou sobre o assunto com Jobim, que achou “ótima a ideia”, pediu 72 horas. Ninguém desconhece o que o Ministro precisava fazer. Conseguiu. Todos em liberdade.
9 – Com alvará de liberdade para decidir, eis Genoino no gabinete de Jobim, onde civis só aparecem “de vez em quando”. Mas Genoino era fixo. Estava em liberdade.
10 – Aí ganhou a medalha, concedida também a outros, não tão vitoriosos quanto ele. E não será absurdo que, absolvido pelo Supremo ou prescrito o processo, venha a se Ministro da Defesa.
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PS – Só conhece os militares, sabe distinguir as diferentes patentes. Absolvido, estará em liberdade para sempre. Só “perseguidores” tinham dúvidas sobre Genoino.
PS2 – Se não tivessem morrido, Castelo, Costa e Silva, Médici, Ernesto Geisel, João Figueiredo, todos vitoriosos, teriam condecorado Genoino, pessoalmente.
Fonte: Tribuna da Imprensa