Documentos revelam que a maioria dos 172 prisioneiros remanescentes foram classificados como tendo "alto risco" de representar uma ameaça aos EUA e seus aliados
25/04/2011 | 10:43 | Reuters- Comunicar erros
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Arquivos de documentos militares confidenciais dos Estados Unidos fornecem avaliações de inteligência de quase todas as 779 pessoas que já estiveram detidas na prisão da baía de Guantánamo, em Cuba.
Os documentos secretos, colocados à disposição do jornal The New York Times e outras empresas noticiosas, revelam que a maioria dos 172 prisioneiros remanescentes foram classificados como tendo 'alto risco' de representar uma ameaça aos EUA e seus aliados se liberados sem reabilitação e supervisão adequadas, relatou o diário.
Os documentos, fornecidos pelo WikiLeaks, também mostram que cerca de um terço dos 600 detidos já enviados para outros países também foram considerados de 'alto risco' antes de serem libertados e entregues à custódia de outros governos, afirmou a reportagem do Times no final do domingo.
Os dossiês, preparados durante o governo Bush, ainda revelam a coleta de inteligência amadorística em zonas de guerra que levou ao encarceramento de inocentes durante anos em casos de identidade trocada ou simples azar, disse o jornal norte-americano.
Em sua maior parte, os documentos silenciam a respeito do uso de táticas duras de interrogatório em Guantánamo, que atraíram a condenação mundial.
Dois anos atrás o presidente Barack Obama prometeu fechar a prisão na base naval em Cuba, que permanece aberta e em um limbo legal.
Autoridades do governo Obama criticaram o vazamento dos documentos, mas disseram que o material está defasado.
Geoff Morrell, porta-voz do Pentágono, e Dan Fried, enviado do Departamento de Estado, disseram em um comunicado conjunto que o comitê de avaliação de Guantánamo, criado em janeiro de 2009, fez suas próprias avaliações.
"As avaliações da Força Tarefa de Avaliação de Guantánamo não foram comprometidas pelo Wikileaks. Ademais, qualquer DAB (Relatórios de Avaliação de Detentos na sigla em inglês) obtido ilegalmente e divulgado pelo Wikileaks pode ou não representar a visão atual de um determinado detido", afirmou a declaração.
Esta é a mais recente leva de documentos secretos dos EUA vazada pelo Wikileaks, que já havia liberado relatos confidenciais do Pentágono sobre as guerras no Afeganistão e no Iraque e 250 mil despachos do Departamento de Estado.
Bradley Manning, soldado de 23 anos acusado de ser a fonte dos documentos vazados pelo WikiLeaks, está detido desde maio do ano passado.
O campo de detenção de Guantánamo foi aberto para abrigar prisioneiros capturados na guerra que o governo do presidente George W. Bush desencadeou no Afeganistão pouco após os ataques de 11 de setembro de 2001.