Helio Fernandes
Não admite o ostracismo. Faz qualquer coisa para voltar à ribalta, essa palavra é invenção ou obrigação do próprio ex-presidente, que afirmou: “Sou um ator como todos os políticos”. Reconhece que é ator, ribalta é natural.
Depois de dois jantares com Gilberto Kassab (que pagou os dois, mesmo sendo em Higienópolis, território de FHC), aceitou a “sugestão” do prefeito, e passou a defender a fusão PSDB, DEM, PSD.
Essa fusão-coalizão-participação, é a mais “compreensível e imaginável”. O PSDB fingia de “esquerda”, na verdade foi criado em 1986, depois da derrota para Orestes Quércia, Consideravam que não podiam continuar no mesmo partido.
Agora, esse PSDB, decide que o mundo não tem mais ideologia (digo isso há tanto tempo), devem ter aprendido alguma coisa fora da sociologia-de-parceria. E a subserviência dos “Encontros de Washington”.
O DEM, quase sem representação, vem em linha reta da Frente Liberal, um dos braços da ditadura. Para se manter no chamado período de transição. Ninguém desse PFL, agora DEM, foi perseguido ou cassado pela ditadura. Cassação que também não aconteceu com FHC. Melhor prova: foi o único que se intitulou “cassado”, mas disputou eleição em plena ditadura, 1978,
Perdeu mas ficou como suplente do senador Montoro, das grandes figuras do PMDB. Que colocou como vice-governador, precisamente Orestes Quércia.
Essa união de contrários que nunca se encontraram, é a coisa mais hilariante. Pela idade, o único que pode ter pretensões é o próprio Kassab. No início ninguém acreditava, nem este repórter. Agora, se conseguir juntar todos esses agregados, pode ter pretensões, é o mais pretensioso de todos.
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PS – E sempre poderá contar com a “simpatia”, desculpem, de José Serra. É preciso esperar, o candidato derrotado duas vezes a presidente, já trabalha para 2014.
PS2 – Afirmei isso, no dia em que perdeu o segundo turno e fez o discurso, “isto não é uma despedida e sim um simples até logo”.
PS3 – De qualquer maneira, o PSD, o mais antigo e poderoso partido do Brasil (de 1945 a 1964), pode ganhar espaço. Nem que seja para usar a verba partidária, e aparecer na televisão.
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ROBERTO FREIRE E O PPS
O PPS, sucessor do “Partidão”, é aliado de FHC e da antiga direita. Seu fundador, Roberto Freire, único destaque, tinha como objetivo se manter no jogo político, precisava apregoar as convicções de “esquerda”. Ficou surpreendidissimo, ao se eleger senador por Pernambuco. Acabados os 8 anos, voltou a se deputado, depois de uma interrupção, e mudança de domicilio eleitoral. (Chegou a ser candidato a presidente, com boa campanha. Muita gente dizia: “Se não fosse comunista, votaria nele”).
Apesar de tantas mudanças, é um nome que manteve a respeitabilidade política, as restrições são apenas eleitorais. Em matéria de dinheiros públicos, está acima de todos os outros.
Fonte: Tribuna da Imprensa