Lúcio Vaz
A distribuição de benefícios sociais à população em atos políticos, feita pelo senador Tião Viana (PT-AC) e revelada pelo Correio na edição de ontem, é uma prática antiga no Acre. Em março de 1998, o então governador Orleir Cameli (PFL) entregava cestas básicas, máquinas de costura e motores de popa em praça pública durante a pré-campanha pela reeleição. Pressionado por representação do Ministério Público, Cameli desistiu da reeleição. O adversário Jorge Viana (PT) foi eleito governador. Hoje, os Viana dominam a política do Acre, com a adesão dos antigos adversários, que são elogiados nos palanques. Entre eles, Cameli.
Na pré-campanha para o governo, em 1998, Jorge Viana temia pela própria vida, mas fazia duros ataques ao então governador. "Nós não temos um governo, temos um desmonte. É o fantasma do descaso, da humilhação, do cartel. São grupelhos de pessoas que se organizaram e atuam como bandos. Tudo isso coordenado por um governador que não tem um currículo, mas uma folha corrida. Só não vou ser candidato se me matarem", afirmou Jorge, em abril daquele ano.
No ano passado, no lançamento da pavimentação da estrada entre Feijó e Sena Madureira, na BR-364, ao lado de Cameli, Jorge Viana saudou o novo aliado: "Durante décadas, muitos políticos usaram a estrada como palanque, mas o Orleir foi o primeiro a sair dele e a dar início à pavimentação da BR-364". Tião Viana completou: "Quero dizer da minha alegria de estar ao lado do ex-governador Orleir Cameli e do seu irmão Eládio, nesse momento de desafio. Um desafio que é do tamanho da nossa história".
Jorge Viana nega que exista hoje uma aliança com Cameli. "O governo não tem nenhuma aliança. O que tem é que ele se manifestou favorável a um candidato do PR, que nós apoiamos em Cruzeiro do Sul. E tem um sobrinho dele que é deputado federal pelo PR, e o PR está na aliança do governo federal e do Acre." O ex-governador petista diz que houve uma adesão: "Houve um processo de pacificação. A aliança se ampliou, mas não a partir de concessões. O que houve é adesão a um projeto que está dando certo".
O adversário mais radical do governo Jorge Viana, o ex-deputado federal Narciso Mendes, diz ter abandonado a política. "A gente cansa. No Acre, não tem mais eleição. Aqui tem compra de voto. Aqui, uma eleição é feita na base de mercado eleitoral. Eu fui a única pessoa que teve a coragem de enfrentar o governo de Jorge Viana. O resto era um bando de calça frouxa, como continua sendo. Daqui a dois anos, a eleição do Tião Viana não é eleição, é uma nomeação."
Narciso poupa o governador Binho Marques (PT). "Quando vêm trazer denúncia contra o governo, eu digo que deixei de ser delegacia de polícia. Agora, o que eu posso dizer é que ele é um cidadão absolutamente decente." O jornal de Narciso, O Rio Branco, agora divulga os releases produzidos pelo governo petista. Questionado se o seu jornal e a sua televisão têm recebido publicidades do governo, responde: "Eu não sou hipócrita. Aqui duas coisas têm que ser respeitadas. Primeiro, a notícia. Depois, isso é uma empresa. No final do mês, ninguém quer saber se o jornal foi democrático. Eu não tenho relacionamento com esse povo. Agora, sou obrigado a dizer que o governo é decente".
Jorge Viana afirma que Narciso não tem nenhuma relação com o governador ou com qualquer dirigente do PT. "O que acontece é que o senhor Narciso, contra quem eu tenho mais de 50 processo na Justiça, resolveu mudar de posição e dizer que não é mais um militante político do partido dele. Mas não é aliado nosso nem será, porque nem ele quer nem a gente quer", diz. "O Acre mudou, mas as situações emblemáticas permanecem as mesmas. Eu vou pagar pelo resto da vida por ter tomado algumas atitudes naquela época, porque algumas pessoas estão presas, outras estão com muita raiva de mim."
Em março de 1998, Orleir Cameli foi flagrado entregando os produtos dos programas O Pão Nosso e Novo Horizonte em Sena Madureira, distante 150km de Rio Branco. O primeiro programa foi criado no ano eleitoral. O então governador pretendia entregar 5 milhões de quilos de alimentos de março a dezembro. Seriam 30 mil cestas básicas por mês. A distribuição seria controlada por uma cartela. Em Sena Madureira seriam 1,2 mil sacolões. Em Rio Branco, mais 15 mil. O Novo Horizonte previa a entrega de 2 mil máquinas de costura, mil máquinas de farinha, 2,2 mil motores de popa, beneficiadoras de arroz e kits para agricultores. Com base na representação feita pelo procurador eleitoral do Acre, Ricardo Nakahira, o Tribunal Regional Eleitoral suspendeu os programas em 21 de abril daquele ano.
O Correio tentou contato por telefone e por e-mail com o governador Binho Marques, mas não houve resposta. A assessoria de imprensa do senador Tião Viana afirmou que ele estava no interior do estado, sem contato por telefone.
Fonte: Correio Braziliense (DF)
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