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sexta-feira, dezembro 22, 2006

Travestis são "exportados" para Europa

Duas rotas de tráfico de seres humanos estão levando travestis brasileiros para países europeus. Uma delas já levou 50 pessoas aliciadas em Fortaleza e Brasília para cidades italianas. Outra, descoberta pelo escritório de prevenção ao tráfico de seres humanos no Estado e Polícia, já conduziu cinco travestis naturais de Juazeiro do Norte para Lisboa, em Portugal



22/12/2006 02:00

Redes internacionais especializadas no tráfico de seres humanos estão levando travestis do Brasil para a Europa. Duas rotas já confirmadas partem de Fortaleza com destino às cidades de Bérgamo e Milão, no norte da Itália, e à Lisboa, em Portugal. A primeira foi descoberta na operação "Brasília", como é chamada pela polícia italiana. No esquema, 50 travestis de Fortaleza e Brasília já teriam sido aliciados e enviados. Segundo informações da Agência Nacional Stampa Associada (Ansa), empresa de notícias, 15 pessoas foram presas na Itália.

A rede de tráfico seria chefiada pelo brasileiro Sérgio Ricardo Farias, 36, conhecido por "Joana", que encontra-se foragido. Segundo informações da polícia italiana passadas à agência Ansa, os travestis, com idades entre 18 e 20 anos, eram aliciados nas periferias de Brasília e Fortaleza e negociados no mercado internacional com preços que variavam de 10 mil (R$ 29 mil) a 15 mil euros (R$ 44 mil). Uma vez na Itália, os travestis eram vigiados para fazer pontos nas ruas da cidade

A quadrilha, composta por brasileiros, italianos e romenos começou a ser investigada depois da morte de um travesti brasileiro William dos Santos, 28, morto a pedradas em 1º de setembro do ano passado por um pedreiro, crime ocorrido na periferia de Bérgamo. Os presos, segundo a Ansa, deverão responder na Itália pelos crimes de extorsão, facilitação à entrada de estrangeiros e favorecimento e exploração da prostituição.

No Brasil, o escritório de prevenção ao tráfico de seres humanos do Ceará e a Polícia descobriram uma outra rede de aliciadores que leva travestis de Juazeiro do Norte (563 quilômetros de Fortaleza) para Lisboa, capital de Portugal. Segundo Eline Marques, coordenadora do escritório, já foram identificados cinco travestis que teriam partido nesta rota, há mais de um mês. A denúncia chegou ao escritório através do Conselho Tutelar da cidade, que resolveu intervir no caso.

Os brasileiros, segundo as investigações, são mantidos em cárcere privado em uma boate comandada por um travesti português. "Eles saem de Juazeiro do Norte, vêm para Fortaleza e ficam hospedados em um hotel até embarcarem. Daqui, seguem para Portugal. Sabemos quem são os agenciadores em Juazeiro, onde existe uma agência envolvida, e as pessoas que fazem o esquema em Portugal", explica Eline. "Na verdade, são duas rotas, uma doméstica, que vem para Fortaleza, e outra internacional", completa, lembrando que as investigações desta última competem à Polícia Federal e à Polícia Internacional (Interpol).


ROTA DO TRÁFICO HUMANO PARA EUROPA

50 travestis aliciados em Fortaleza e Brasília foram levados para a Itália. No esquema, jovens de 18 a 20 anos eram negociados por preços que variam de 10 mil (R$ 29 mil) a 15 mil euros (R$ 44 mil).

Uma segunda rota para a Europa levava jovens em Juazeiro do Norte, no Cariri, para Lisboa (Portugal). Até agora se sabe que cinco travestis foram aliciados e levados pelo esquema. De acordo com Escritório de Repressão ao Tráfico de Seres Humanos no Ceará, alguns deles chegaram a ficar em cárcere privado na boate portuguesa.

Fonte: Jornal O POVO

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