23 de outubro de 2006 - 16:14
Ministro usa carro oficial em campanha política pró-Lula
Luís Carlos Guedes Pinto, ministro da Agricultura, fez diversas críticas ao candidato tucano, Geraldo Alckmin, em encontro com lideranças do interior de São Paulo
Gustavo Porto
CATANDUVA - O ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, participou na manhã desta segunda-feira, 23, de seu primeiro ato político pró-reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Catanduva (SP). No encontro, além das duras críticas feitas ao governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, correligionário do adversário de Lula, Geraldo Alckmin (PSDB), Guedes utilizou como transporte um veículo oficial de sua Pasta.
O ministro se locomoveu para o evento em um Chevrolet Omega de Brasília (DF), utilizado pela Superintendência da Agricultura do Ministério em São Paulo.
A prática pode ferir a Lei 9504/97, que rege a atual eleição. Segundo o inciso I do artigo 73 da lei, "são proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais: ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, ressalvada a realização de convenção partidária".
Indagado se temia algum tipo de questionamento sobre o fato de usar uma estrutura oficial para participar de um ato eleitoral, Guedes minimizou as questões políticas e disse que o encontro tinha caráter técnico, por ter sido realizado com lideranças da região, representantes do setor produtivo e de transformação agrícola.
"Eu acho que faz parte um diálogo com representantes destes setores." Em seguida, reafirmou que, por orientação do presidente Lula, o encontro era um diálogo com os vários segmentos da produção brasileira. "E eu já recebi aqui dezenas de demandas por escrito dos mais variados municípios e acho que o encontro tem um caráter técnico", afirmou.
Além do carro que conduziu Guedes, ao menos cinco outros veículos com representantes dos poderes Executivos das cidades paulistas de Dourado, Mirassolândia, Tanabi, Novaes e Bocaina estavam no estacionamento do local do encontro, que durou cerca de três horas.
Guedes não pediu votos diretamente ao presidente Lula, como fez, por exemplo, o prefeito de São José do Rio Preto, Edinho Araújo (PPS). "Lula 13 no dia 29 será bom para a nossa região e para o Brasil", disse Araújo, que já enfrenta problemas com seu partido, de oposição ao presidente. Mas em um discurso exaltado, Guedes criticou o governo tucano e o comparou com as realizações feitas no atual governo. "As exportações agrícolas dobraram de US$ 20 bilhões no governo anterior, para US$ 40 bilhões no atual governo. Nós reabrimos mais de 60 unidades armazenadoras que estavam fechadas e criamos 28 câmaras setoriais", afirmou o ministro.
As críticas de Guedes extrapolaram até as questões agrícolas e o ministro da Agricultura lembrou que o governo FHC "aumentou a carga tributária, vendeu o patrimônio público e triplicou a dívida como herança (para o atual governo). Além disso, manteve o dólar equilibrado e quebrou o Brasil, precisando ir três vezes ao FMI (Fundo Monetário Internacional), uma delas às vésperas das eleições de 1998", afirmou.
Guedes retrucou ainda o slogan "Lula, a pior praga da agricultura", presente em adesivos de veículos de cidades com base produtiva agrícola no interior do País. "Isso é um engano, fruto de uma divulgação equivocada do que ocorreu nos últimos anos. Nunca houve na história um apoio tão grande à Agricultura quanto o ocorrido no governo Lula. Todos os indicadores mostram isso", explicou, antes de fazer novas comparações.
"O crédito Rural é 150% maior, o apoio à comercialização agrícola multiplicou por cinco, os armazéns são três vezes mais que o do início do governo. Os números são claros, o que evidencia o acerto da política agrícola do governo Lula", explicou o ministro, que atribuiu à seca do ano passado o maior problema do agronegócio. "A seca acarretou enorme queda na produção e na renda do produtor agropecuário. Vincularam o fenômeno climatológico ao governo", concluiu.
Além de Guedes, que estava acompanhado pelo secretário de Produção e Agronergia do Ministério da Agricultura, Linneu Carlos da Costa Lima, cerca de 250 pessoas, estiveram no ato político, um café da manhã organizado pelo Partido dos Trabalhadores de Catanduva, conforme afirmou a deputada estadual Beth Sahão (PT), anfitriã do encontro.
Entre os presentes estavam políticos, prefeitos e empresários, como o presidente da Copersucar, Hermelindo Ruete de Oliveira, cujas usinas associadas formam o maior grupo produtor e exportador de açúcar e álcool do Brasil, além do presidente do Grupo Cerradinho, o também usineiro Luciano Fernandes.
Ambos elogiaram abertamente a política de Lula para o setor sucrocoalcooleiro e aproveitaram para pedir o aumento de 20% para 25% na mistura do álcool anidro à gasolina. Fernandes questionou ainda os estudos feitos pelo governo que criam índices de produtividade como padrão para desapropriação de terras, pediu a extensão do futuro alcoolduto até a região de Catanduva e o término do Rodoanel em São Paulo.
Juntamente com críticas pelo aumento dos custos de produção rurais, esses foram os pleitos do setor agrícola apresentados pelos presentes no encontro. No restante, políticos se incumbiram de elogiar o presidente Lula e criticar Alckmin.
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