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domingo, outubro 08, 2006

Uma cidade doente no Vale do Mundaú

Sem passarela, garoto acaba tendo contato com água poluída


FÁTIMA ALMEIDA
Repórter
Em maio de 2005, a morte da pequena Tamires Ferreira dos Santos no município de Santana do Mundaú, vítima de esquistossomose aos dez anos de idade, fez ficar vermelho o sinal que há muito tempo estava amarelo: o alto índice apresentado pelos municípios alagoanos de infestação da doença causada pelo parasita Shistosoma mansoni, que se aloja nas veias do fígado e do intestino, provocando obstruções que podem levar à morte.
Em julho do mesmo ano, o Ministério da Integração Nacional reconheceu, por meio de decreto, o estado de emergência em Santana do Mundaú ao ter confirmado em exames de laboratório que o índice de prevalência da doença era altíssimo.
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Com nome sujo, Santana do Mundaú não obtém salvação
O discurso da administração pública municipal é um grito de socorro. Endividado e com uma arrecadação mensal de aproximadamente R$ 350 mil, o município não consegue limpar o nome no Cadastro de Inadimplentes (Cadin) e está impedido de receber recursos federais. “Herança de governos passados”, diz o secretário de Administração, José Élcio da Silva.
Só com o INSS, o débito é em torno de R$ 2 milhões. “Tentamos parcelar, mas tínhamos que dar uma entrada de R$ 80 mil. Não dispomos desse dinheiro”, diz ele, apelando para a bancada federal e para o Ministério da Saúde.
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Incidência em crianças é superior a 30%
Na última quarta-feira, o grupo de estudo da Universidade Federal de Alagoas, liderado pela professora Janira Lúcia, teve um encontro importante com pais, alunos e professores das Escolas Monsenhor Clóvis Duarte e Pequeno Príncipe, no município de Santana do Mundaú.
Era dia de levar o resultado de exames realizados em 295 crianças das duas escolas situadas na zona urbana, e passar informações sobre o combate à doença.
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Obra de saneamento está abandonada
Na entrada da cidade de Santana do Mundaú, uma estrutura de concreto, ladeada por um poço de águas turvas, chama a atenção. O aspecto é de abandono. Uma cerca de arame farpado delimita e protege a área. Ainda bem, porque provavelmente o poço já se transformou em mais um criadouro do Schistosoma mansoni. No local, duas placas com as assinaturas dos governos estadual e federal dão as explicações: “Sistema de Esgotamento Sanitário de Santana do Mundaú”.
De acordo com as informações, a obra foi iniciada em 27 de janeiro de 2003.


Fonte: Gazetaweb

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