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quarta-feira, janeiro 31, 2024

TRE do Paraná marca o julgamento de Moro, que a imprensa já decidiu “cassar”

Publicado em 31 de janeiro de 2024 por Tribuna da Internet

Desembargador libera ações que podem levar à cassação de Sérgio Moro | Exame

“Cassar” Moro será uma decisão abjeta e antijurídica

Rafael Moraes Moura
O Globo

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) reservou para o dia 19 de fevereiro o julgamento das ações movidas pelo PT de Lula e pelo PL de Jair Bolsonaro que podem levar à cassação do senador Sergio Moro (União Brasil-PR). O julgamento foi agendado após o relator das ações, o desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza, liberar os casos para análise dos colegas na tarde desta terça-feira e pedir a inclusão dos processos “na primeira data possível”.

A data foi sugerida pelo próprio relator, mas ainda passará pelo crivo da presidência do TRE do Paraná, que não teria sido consultada por Falavinha.

PRIORIDADE TOTAL – O desembargador priorizou o caso Moro ao longo dos últimos dias e deixou para segundo plano os processos sob a sua responsabilidade que tramitam no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), corte onde também atua. Falavinha pediu uma licença de duas semanas do TJ do Paraná, entre 8 e 20 de janeiro, para a “prestação de serviços à Justiça Eleitoral”, informou a assessoria do tribunal ao blog.

Com o agendamento da sessão para depois do carnaval, deve dar tempo de o TRE do Paraná superar o “apagão” e ter quórum máximo de sete juízes para analisar o caso de Moro.

Isso porque, na semana passada, chegaram ao fim os mandatos do juiz Thiago Paiva e de seus dois substitutos, o que na prática provocou um “apagão” que impede a Corte Eleitoral de reunir os sete titulares para julgar a cassação de Moro.

QUORUM MÁXIMO – Para a análise de casos como a eventual cassação de Sergio Moro, a legislação eleitoral exige que o TRE tenha quórum máximo. “As decisões dos tribunais regionais sobre quaisquer ações que importem cassação de registro, anulação geral de eleições ou perda de diplomas (mandatos), somente poderão ser tomadas com a presença de todos os seus membros”, diz o Código Eleitoral.

Conforme informou o blog, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, decidiu acelerar o andamento da lista tríplice para preencher a vaga aberta no TRE do Paraná com a saída de Thiago Paiva e, assim, permitir que a Corte tenha sua composição completa em breve.

No despacho de 20 de janeiro, Moraes determinou a publicação “com urgência” do edital para a vaga do TRE do Paraná. Na prática, a medida destravou a tramitação da lista tríplice, permitindo que já se abra a contagem do prazo para que os nomes sejam alvos de impugnação – e, com isso, o TSE possa aprová-la com celeridade, em fevereiro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A grande imprensa está dando como certa a cassação de Sérgio Moro. Mas isso só acontecerá quando não existirem mais juízes em Curitiba. Cassar Moro significará a criação de uma lei que não existe, proibindo que um cidadão seja candidato a presidente da República, troque de partido no prazo legal e prefira se candidatar a senador. Em síntese, é isso que estão tentando fazer com Moro, mais ou menos a mesma coisa que fizeram com Deltan Dallagnol, cassado por “presunção de culpa”, algo inexistente no Direito Universal. Dallagnol foi inocentado por unanimidade no TRE e cassado por unanimidade no TSE. E ainda chamam isso de Justiça. Mas desta vez não teremos a participação do insigne ministro Benedito da Silva, aquele cujo filho gosta de exibir em público seu enriquecimento ilícito. E vida que segue, diria João Saldanha. (C.N.)

Diplomacia pessoal de Lula atolou no jogo pesado de Emmanuel Macron


O presidente Lula (PT) junto do mandatário francês, Emmanuel Macron, após encontro no Palácio do Eliseu, em Paris

O ditado não mudou: “Amigos, amigos, negócios à parte”

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Até as pedras sabiam que o presidente francês Emmanuel Macron se opunha ao acordo de comércio da União Europeia com o Mercosul, mas ao anunciar que as negociações deveriam ser interrompidas ele jogou pesado. Uma coisa é divergir, o que vem acontecendo desde que as conversas começaram, há 25 anos, outra é fechar a porta. No século passado, americanos e vietnamitas negociavam em Paris, enquanto Hanói e Haiphong eram bombardeadas.

Macron falou grosso porque agricultores franceses sitiaram Paris. Bloqueada, a cidade tem três dias de comida. Sua atitude foi truculenta, porém compreensível. Na França, enfrentar os agricultores é suicídio. Eles defendem seus interesses.

FIM DE PAPO – O petardo partiu da assessoria de Macron: “Entendemos que a comissão instruiu seus negociadores a encerrar a sessão de negociação em andamento no Brasil e, em particular, a cancelar a visita do vice-presidente da comissão, que estava prevista para haver uma conclusão.”

Quem ficou pendurado na brocha foi Lula, com sua diplomacia palanqueira. Quando a França mostrou sua má vontade, ele disse: “Fiz um apelo ao Macron para deixar de ser tão protecionista”.

Não se pode saber se Lula acredita que, fazendo apelos ou metendo-se numa disputa como a da Ucrânia ou a de Gaza, sua presença altera o quadro. É possível que acredite, mas é provável que tenha começado a cair na real.

DIA DA VITÓRIA – Na noite de 30 de outubro de 2022, quando Lula derrotou Bolsonaro, ele foi festejado internacionalmente e pode ter visto no aplauso um reconhecimento pessoal. Um dos primeiros a felicitá-lo foi Macron. Enganou-se. Como ocorreu com uma parte dos seus 60 milhões de votos, aplaudia-se a ida de Bolsonaro para casa. De lá para cá, Lula desperdiçou um pedaço do seu patrimônio internacional.

Na agenda do comércio, falas do tipo “fiz um apelo ao Macron” iludem quem o apoia e fazem rir quem está do outro lado da controvérsia.

Um fabricante de automóveis brasileiro considera-se elogiado quando um concorrente o acusa de ser protecionista ao defender a taxação dos carros importados. O agricultor francês é protecionista, com muito orgulho, e se mexe quando o governo pensa em ferir seu negócio.

CALIBRAR A RETÓRICA – É no aspecto da ilusão interna que Lula deveria calibrar sua retórica e, noutro patamar, a turma do agronegócio brasileiro deveria redesenhar seu discurso.

No ano que vem, realiza-se em Belém a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP-30. Em um ano de governo, Lula mostrou que o Brasil abandonou a condição de pária orgulhoso e tem números para mostrar o efeito de seu trabalho.

Daqui até lá, estará fraca a pilha do antibolsonarismo, que tanta energia ainda dá ao governo.

IGUAL A MACRON – Há fortes sinais de que a turma que joga com as pretas pretende demonizar uma parte do agronegócio brasileiro.

Seria uma linha parecida com o joelhaço de Macron. Se os interessados do lado de cá se derem conta de que chamá-los de protecionistas é um elogio, o Brasil poderá sair bem da COP.

(Faça-se de conta que não interessam as dificuldades logísticas de Belém para receber uma reunião desse tamanho. Se o governo começar a trabalhar esse assunto hoje, elas poderão ser superadas.)

O recurso emergencial da Lei Paulo Gustavo foi transferido pelo Ministério da Cultura em julho de 2023, porém, encontra-se dormindo na conta corrente da prefeitura de Jeremoabo

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O descumprimento da Lei Paulo Gustavo em Jeremoabo é uma situação grave que tem gerado descrédito, desconfiança e indignação na classe artística. O governo Federal repassou os recursos para incentivar a cultura local, mas a secretária de educação com o aval do prefeito não pagam.

O recurso emergencial da Lei Paulo Gustavo foi transferido pelo Ministério da Cultura em julho de 2023, porém, encontra-se dormindo na conta corrente da prefeitura de Jeremoabo. Isso significa que os artistas e produtores que foram selecionados no edital da lei ainda não receberam os recursos que deveriam receber para realizar seus projetos culturais.

Essa situação é injustificável e precisa ser resolvida o quanto antes. Os artistas e produtores são os mais prejudicados, pois estão impedidos de realizar seus projetos e gerar renda para si e para suas famílias.

É importante ressaltar que os artistas e produtores também são responsáveis por cobrar o cumprimento da Lei Paulo Gustavo. Eles já deveriam ter protocolado representações no Ministério Público Federal (MPF) para pressionar a prefeitura de Jeremoabo a liberar os recursos.

A seguir, são apresentadas algumas ações que os artistas e produtores podem tomar para cobrar o cumprimento da Lei Paulo Gustavo em Jeremoabo:

  • Protocolar representações no MPF e na Controladoria Geral da União (CGU);
  • Realizar manifestações públicas, como protestos e passeatas;
  • Contatar a imprensa para divulgar o caso;
  • Entrar em contato com os vereadores e deputados da cidade para pressionar a prefeitura.

É importante que os artistas e produtores se unam e ajam juntos para cobrar o cumprimento da Lei Paulo Gustavo. Essa é uma luta importante para a cultura local e para a democracia brasileira.

Observe o extrato de pendência do município de Jeremoabo perante o Tesouro Nacional, os vereadores devem cobrar explicações e encaminhar denúncias ao TCM e Ministério Público

 

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Nota da redação deste Blog -  É lamentável que a Prefeitura Municipal de Jeremoabo continue agindo de forma irregular, colocando em risco a transparência e a lisura na gestão dos recursos públicos.

Prefeitura não encaminhou relatório de transparência com recursos públicos,  o não envio do relatório de transparência, conforme determina a lei, é uma grave irregularidade que impede a população de acompanhar a aplicação dos recursos públicos. Isso pode levar a desvios de verbas, desperdícios e ineficiência na gestão pública.

A falta de transparência na gestão pública é um problema que afeta todos os cidadãos. O Tesouro Nacional é o responsável por encaminhar os recursos financeiros para os entes federados, municípios e estados, oriundos de repasses como FPM, convênios e emendas. Para que o município possa firmar novos convênios para investir em obras, saúde, educação, esporte, cultura e outras áreas, é necessário estar regularizado com o Tesouro Nacional


  • O povo deve entrar em contato com os vereadores e representantes da prefeitura para cobrar explicações e ações para resolver o problema, inclusive protestar contra a falta de transparência;
  • Encaminhar denúncias ao TCM-BA e outros órgãos de controle;
  • Divulgar a situação da prefeitura nas redes sociais e outros meios de comunicação.

A participação da sociedade é fundamental para garantir que os gestores públicos cumpram a lei e atendam às demandas da população.

Judiciário fecha cerco a Bolsonaro e mantém protagonismo político




STF, que vem prorrogando inquéritos permanentemente, reembaralha as cartas todo o tempo

Por César Felício (foto)

A operação da Polícia Federal que teve como alvo o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) foi desencadeada horas depois do lance inaugural do clã para as eleições desse ano, uma "superlive" (expressão deles) de Carlos, do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do ex-presidente Jair Bolsonaro. Por coincidência, transmitida da mesma casa em Angra dos Reis (RJ) de onde o patriarca e Carlos foram encontrados durante o mandado de busca e apreensão.

Essa circunstância, em um primeiro momento, energiza a base eleitoral da extrema-direita no Brasil. Assim como acontece com a de Donald Trump nos Estados Unidos, também sob cerco judicial. Assim como aconteceu com a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando foi preso em 2018.

Como “Carluxo” sabe de cátedra, o eleitor capturado por uma liderança carismática seleciona os fatos nos quais acredita. Só ganha o selo de verdade aqueles acontecimentos que coincidem com suas vontades.

O problema são as consequências objetivas que podem surgir depois de vencido o curto prazo. Lula não pôde concorrer em 2018 e Bolsonaro está inelegível. Uma condenação judicial ou mesmo prisão de Trump nos Estados Unidos tende a inviabilizar sua eleição. O vereador Carlos Bolsonaro não dispõe de foro privilegiado e uma condenação tende a interromper sua carreira política ao menos por um tempo, dentro de médio ou longo prazo. Além do caso Abin ser potencialmente muito mais letal para o grupo político do que outros escândalos.

Bolsonaro, seus aliados e seus familiares são suspeitos de aparelhar o Estado para perseguir inimigos políticos, fazer proselitismo e obstruir a Justiça. É difícil imaginar algo mais grave. Perto disso a venda de relógios recebidos de presente torna-se um episódio minúsculo. No caso dos dados que teriam sido obtidos ilicitamente da Abin, é possível que estejamos diante de um “smoking gun”, algo que não se tem na outra grave suspeita que envolve o ex-presidente, que é a de ter tentado um golpe de Estado para não passar o poder para seu adversário.

A ação dessa segunda-feira contra Carlos também demonstra que a Lava-Jato pode ter terminado, mas o Judiciário continua caindo como uma lâmina no cenário político. O Supremo Tribunal Federal, com os inquéritos que toca sendo permanentemente prorrogados, reembaralha as cartas todo o tempo.

Por isso mesmo entre aliados de Lula a ofensiva do Judiciário contra seus opositores é vista com uma ponta de apreensão há algum tempo. “Pau que dá em Chico dá em Francisco”, comentou recentemente um veterano dirigente do PT.

Valor Econômico

  

Ramagem, Carlos Bolsonaro e a arapongagem institucionalizada




Alexandre Ramagem, Carlos Bolsonaro

Não se trata de “perseguição à oposição”, “vingança” ou qualquer classificação vitimizadora que a narrativa bolsonarista busque impingir. 

Por Guilherme Macalossi 

Ninguém pode se surpreender com as recentes operações da Polícia Federal, primeiro contra o deputado Alexandre Ramagem e, mais recentemente, contra Carlos Bolsonaro, o filho 02 do ex-presidente. Não se trata de “perseguição à oposição”, “vingança” ou qualquer classificação vitimizadora que a narrativa bolsonarista busque impingir para deslegitimar a necessária investigação sobre o suposto uso indevido do aparato tecnológico e dos serviços de inteligência que deveria servir apenas o Estado.

O próprio termo “Abin paralela” não é novo. As buscas e apreensões, bem como o conteúdo da investigação contra Ramagem, que foi diretor da agência entre 2019 e 2022, apenas materializam as declarações dadas por Gustavo Bebbiano ao programa Roda Viva em 2020, quando cunhou a expressão ao relatar a ocasião em que Carlos Bolsonaro apareceu “com o nome de um delegado federal e três agentes, que seria uma Abin paralela”. Segundo o ex-ministro, que morreu pouco tempo depois, essa ideia surgiu da “paranoia familiar de não confiar em ninguém”.

O que se evidencia, entretanto, é que a simples “paranoia” não limitou as atribuições dessa organização secreta incrustada na estrutura pública. Mais do que apenas municiar o clã com informações ilegais, as investigações apontam para uma rede de monitoramento que vigiou cerca de 30 mil pessoas, dentre elas autoridades que os Bolsonaro tomavam como “inimigos”, caso de Alexandre de Moraes, Rodrigo Maia e Gilmar Mendes.

“Sistemas de informações: o meu funciona. O meu particular funciona. Os ofi… que tem oficialmente, desinforma. E voltando ao … ao tema: prefiro não ter informação do que ser desinformado por sistema de informações que eu tenho”, chegou a dizer o ex-presidente durante a malfadada reunião ministerial de abril de 2020. Aquela mesmo que foi usada por Sergio Moro como prova de que Bolsonaro queria intervir na Polícia Federal.

Em entrevista para a rádio Jovem Pan, o ex-presidente, disse que o objetivo da operação deflagrada contra Ramagem e seu filho era “esculachar”, e tentou justificar o que seria a sua “inteligência particular”: “Eu tinha minha inteligência particular. O que é a minha inteligência? Não é um braço da Abin. Não é um braço da PF. Ninguém. A minha inteligência particular são as pessoas que eu conheço não só no Brasil como ao redor do mundo. Sempre que algo acontece, eu ligo para essas pessoas”, falou.

Nas últimas duas semanas, em que se seguiram as buscas e apreensões no âmbito da operação “Vigilância Aproximada”, sedizentes liberais condenaram as investigações e as ações tendo parlamentares da oposição bolsonarista como alvo. Mas isso é desviar a atenção com falsa polêmica para o que é realmente alarmante, e, em certa medida, até inédito na história recente do Brasil: uma agência de inteligência posta para arapongar todo e qualquer indivíduo que seja identificado como alvo de um grupo político. Um aparato que, se comprovado, será digno de regime policial.

Gazeta do Povo (PR)

7 motivos que fizeram Brasil piorar em ranking de corrupção em 2023




Brasil retrocedeu 10 posições no Índice de Percepção de Corrupção da Transparência Internacional e está em 104º lugar entre 180 países

Transparência Internacional aponta ações tomadas durante o governo de Jair Bolsonaro e no primeiro ano de mandato de Luiz Inácio Lula da Silva como causadoras da queda

Por Julia Braun, em Londres

O Brasil caiu dez posições e ficou em 104º lugar entre 180 países no Índice de Percepção da Corrupção de 2023, divulgado pela ONG Transparência Internacional nesta terça-feira (30/1).

O índice classifica as nações de acordo com uma pontuação que vai de 0, no pior cenário de corrupção, a 100, no melhor. Enquanto a média mundial ficou estagnada em 43 pontos pelo 12º ano consecutivo, a pontuação brasileira caiu de 38 para 36 pontos em 2023.

Essa é a pior queda do Brasil desde 2017, quando o país perdeu 17 posições no ranking em relação a 2016 (foi de 79º para 96º lugar).

Segundo a Transparência Internacional, o declínio está ligado à dedicação à neutralização do sistema de freios e contrapesos da democracia durante os anos de governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ao mesmo tempo, a organização aponta a falta de compromisso da administração de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em reconstruir esse sistema e os mecanismos de controle da corrupção em seu primeiro ano de mandato.

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, respondeu à divulgação do relatório afirmando que a ONG tem "longa trajetória de desinformação" contra o partido.

"Acusar de retrocesso a indicação dos ministros Cristiano Zanin e Flavio Dino ao STF, além da escolha de Paulo Gonet para a PGR, revela apenas a má vontade e a oposição política da ONG a @LulaOficial e ao PT. Queriam que Lula indicasse procurador-geral e ministros lavajatistas? Expliquem antes quem financia vocês, abram suas contas", disse Gleisi no X (antigo Twitter).

A Controladoria-Geral da União (CGU) também reagiu ao relatório. Em nota oficial, o órgão afirmou que "reverteu quase duas centenas de sigilos abusivos e, mais importante, estabeleceu regras para prevenir novas violações da Lei de Acesso à Informação".

"O governo Lula vem restabelecendo a estrutura dos conselhos de políticas públicas, espaços essenciais – como reconhece o relatório da TI – para a prevenção e o controle da corrupção. Há de ressaltar, no entanto, que estudos internacionais discutem as limitações metodológicas de índices baseados em percepção, por isso seus resultados devem ser vistos com cautela."

"Diversos organismos internacionais - entre eles ONU, G20 e OCDE - têm discutido a elaboração de novas medidas sobre o tema. A corrupção é um fenômeno complexo e nenhum indicador consegue medir todos os seus aspectos", acrescentou o texto.

A BBC News Brasil selecionou alguns dos pontos principais que levaram a Transparência Internacional a fazer tais críticas e que ajudam a explicar a queda do Brasil no ranking de 2023, segundo o próprio relatório da organização.

1. Ingerência e autonomia das instituições

Um dos pontos apontados pelo relatório da instituição como parte dos esforços do governo Bolsonaro para o "desmanche do pilar de controle jurídico" é a ingerência em organismos como a Procuradoria-Geral da República (PGR), a Polícia Federal (PF), a Controladoria-Geral da União (CGU), o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), a Advocacia-Geral da União (AGU), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Receita Federal, entre outros.

Segundo a Transparência Internacional, a "peça central" desse esforço foi a nomeação do agora procurador-geral da República, Augusto Aras, que "desarticulou o enfrentamento à macrocorrupção" e foi "responsável por uma retração histórica nas funções de controle constitucional dos atos do governo".

"Se os ataques dos fanáticos golpistas destruíram fisicamente as sedes dos Três Poderes, a omissão da PGR contribuiu para sua destruição institucional", diz o relatório sobre os ataques de 8 de janeiro de 2023 em Brasília - estes também apontados como pontos negativos do último ano pelo ranking de percepção da corrupção.

Aras foi substituído em dezembro por Paulo Gonet.

'Aras, foi 'responsável por uma retração histórica', segundo a Transparência Internacional'

O estudo também indica um neglicenciamento do governo Lula em reerguer alguns dos pilares jurídicos ameaçados pelo seu antecessor, em especial no âmbito da autonomia do sistema de Justiça.

Entre as principais ações que justificam tal conclusão estão a nomeação de Cristiano Zanin, ex-advogado particular de Lula, e de Flávio Dino, seu ministro da Justiça e Segurança Pública e aliado, para o Supremo Tribunal Federal (STF).

A Transparência também aponta a nomeação do novo procurador-geral da República como "um forte indicativo de não haver compromisso real com a recuperação da independência deste órgão, cuja cooptação por Bolsonaro foi tão desastrosa para o país".

Lula nomeou o ex-subprocurador Paulo Gonet para comandar a PGR, ignorando as escolhas apontadas pela lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e rompendo com uma tradição que ele mesmo havia inaugurado.

Bolsonaro também indicou Aras sem seguir a lista tríplice.

Segundo a Transparência Internacional, "nunca o Judiciário brasileiro esteve tão permeado, até suas mais altas esferas, por interesses e transações políticas e econômicas – ou pelo menos nunca tão explicitamente".

O relatório diz que as relações impróprias entre Executivo e Judiciário poderiam ter sido mitigadas com duas tentativas regulatórias que fracassaram em 2023.

A primeira foi barrada pelo plenário do STF, que julgou inconstitucional uma reforma aprovada em 2014 no Congresso para proibir que juízes atuem em processos em que alguma das partes for cliente de escritório de advocacia de parente do(a) magistrado(a).

A segunda foi descartada no plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e previa dar mais transparência e controle à participação de juízes em eventos patrocinados ou organizados por pessoas jurídicas ou físicas que tenham alguma demanda judicial sob sua jurisdição.

2. 'Orçamento secreto' e mecanismos de barganha

A organização aponta um desmanche do pilar de controle político durante o governo Bolsonaro por meio do chamado 'orçamento secreto', apelido dado a uma modalidade de emendas ao Orçamento da União.

"Sob um verniz de legalidade e um teatro de institucionalidade, o 'orçamento secreto' representou o maior esquema de apropriação orçamentária para fins escusos de que se tem registro no país", diz o relatório.

Entre os efeitos das novas regras aprovadas durante o governo Bolsonaro, a organização aponta a "perversão de parâmetros técnicos na formulação de políticas públicas e na alocação orçamentária" , "a pulverização da corrupção com municípios recebendo bilhões sem capacidade de gestão e controle" e a "manipulação eleitoral, favorecendo a reeleição e a ampliação do 'Centrão'".

As emendas de relator, que estavam por trás do "orçamento secreto", foram consideradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, mas segundo a Transparência "governo e Congresso encontraram rapidamente um arranjo para preservar o mecanismo espúrio de barganha".

"Durante a campanha, Lula criticou duramente o orçamento secreto e chegou a prometer substitui-lo por um mecanismo de orçamento participativo. Fez o oposto, criou o 'orçamento secreto 2.0'."

Segundo o relatório, o modelo adotado no governo Lula segue essencialmente o mesmo padrão da administração de Bolsonaro, com o Centrão fortalecido e ampliado no Congresso

"Tudo indica que as verbas disponíveis serão ainda maiores, com a reedição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), um banquete para o 'Centrão'", nas eleições municipais de 2024, diz a organização.

O ranking ainda aponta a reintrodução, no atual governo, de outra grande moeda de troca no Congresso: o loteamento das estatais.

De acordo com o documento, a administração Lula pressiona pela fragilização da Lei das Estatais "e, portanto, da governança dessas empresas, com o objetivo de ampliar o loteamento político".

"No front judicial já obteve uma grande vitória, com uma decisão liminar do então ministro Lewandowski (hoje indicado ministro da Justiça e Segurança Pública), que derrubou este ponto central da lei, de freio a nomeações políticas, com o argumento de que se tratava de prática discriminatória."

3. Redução da transparência

Outra crítica feita pela Transparência Internacional tem relação com a redução da transparência e do acesso à informação pública durante o governo de Jair Bolsonaro.

Segundo a organização, houve um "apagão de dados governamentais, "emprego de sigilos abusivos e restrições de acesso e "extinção dos espaços institucionalizados de participação social".

Por outro lado, o relatório aponta uma melhora nesse setor em 2023, com a identificação da volta da participação social à agenda do país, além da implementação de mais mecanismos de transparência.

"No entanto, a representatividade nos principais cargos do poder político ficou em segundo plano, apesar das cobranças da sociedade pela nomeação, por exemplo, de uma ministra mulher e, pela primeira vez na história do país, negra para o STF. O governo Lula ignorou estas demandas, usando uma das nomeações para indicar o advogado pessoal do presidente para o cargo."

4. Fake news e discurso de ódio

Juntamente com a redução do acesso à informação pública, o ranking aponta a disseminação sistemática de fake news e discurso de ódio como fatores que desestabilizaram o controle social no governo Bolsonaro.

Segundo o relatório, essa disseminação aconteceu por meio de canais oficiais e de manifestações de autoridades públicas, da varticulação e do financiamento oculto de milícias digitais e da alocação de verbas de publicidade oficial para veículos de desinformação e mídia oficialista.

A organização também lista os "ataques permanentes, inclusive violentos, a ativistas, acadêmicos, artistas e jornalistas" e "a estruturação de aparatos clandestinos de espionagem" como parte desse fenômeno.

5. Lobby advocatício

A Transparência Internacional também lista o poder alcançado pelo que chama de "lobby advocatício" como uma das razões para a queda do Brasil no ranking de 2023.

O relatório relaciona diretamente esse ponto com a perda de autonomia das instituições e as relações impróprias entre Executivo e Judiciário.

"Se no primeiro mandato de Lula, no início dos anos 2000, um grupo de jovens advogados constitucionalistas, especialistas em direito público e direitos humanos foi convocado a fazer parte do governo e esteve por trás de avanços significativos nas políticas de transparência e anticorrupção, hoje os advogados que compõem o entourage presidencial e ocupam cargos influentes são criminalistas de elite que ajudaram no desmonte desses marcos."

Segundo a organização, esse lobby conquistou influência política e explorou "o rico negócio da revogação de prisões e anulações em massa das condenações criminais da Lava Jato".

"Esgotado este mercado, agora exploram outro nicho, talvez ainda mais rentável: a anulação das multas dos acordos de leniência das empresas."

Esse esforço, segundo a Transparência, levou a ações inéditas em 2023, tal como o ajuizamento de uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no STF, para pedir a suspensão generalizada de todas as multas aplicadas às grandes empresas que confessaram corrupção em acordos de leniência assinados nos últimos anos no Brasil (não apenas na Lava Jato).

6. Exacerbação dos poderes do STF e TSE

Outro ponto apontado pelo relatório é "a exacerbação dos poderes do STF e do TSE e a resistência em retornarem a um estado de normalidade constitucional".

Segundo o documento, diante de graves ameaças, de ataques efetivos aos tribunais e à democracia e do vácuo constitucional da PGR durante o governo de Jair Bolsonaro, os ministros exacerbaram seus papéis.

"Mas se a subversão do regime acusatório serviu como uma traqueostomia no resgate de um sistema sufocado, a violação continuada de garantias processuais e direitos individuais traz consequências nefastas para o estado de direito e minam, progressivamente, a reserva de autoridade da Justiça", diz a ONG.

O ranking aponta como um dos mais graves exemplos dessa tendência algumas decisões feitas pelo ministro Dias Toffoli.

Segundo a instituição, nessas ações "o magistrado decidiu, monocraticamente e com fortes evidências de conflitos de interesses e outras heterodoxias processuais, sobre demandas que tiveram imenso impacto sobre a impunidade de casos de corrupção que figuram entre os maiores da história mundial".

"No intervalo de pouco mais de dois meses, ele anulou todas as provas do acordo de leniência da Odebrecht (rebatizada de "Novonor") e suspendeu multa de mais de R$ 10 bilhões aplicada ao grupo J&F, proprietário da JBS."

Ainda segundo a organização, "a busca obstinada do maior grupo empresarial brasileiro, a J&F, por reverter decisões judiciais e alcançar impunidade total pelos crimes que confessou, evidencia os problemas estruturais de conflitos de interesses no sistema de Justiça brasileiro."

Para a Transparência, a anulação generalizada de condenações e sanções aplicadas a políticos e empresários levou a um agravamento da percepção de impunidade nos casos de grande corrupção.

Na decisão, Toffoli argumentou que as ações judiciais que culminaram com a prisão de Lula foram uma "armação fruto de um projeto de poder de determinados agentes públicos em seu objetivo de conquista do Estado, por meios aparentemente legais, mas com métodos e ações ilegais".

7. Fundo Eleitoral e flexibilização de mecanismos de transparência

Outro caso específico apontado pela Transparência Internacional foi o aumento do Fundo Eleitoral para as eleições municipais de 2024.

O Fundão, como é conhecido popularmente, foi aprovado pelo Congresso em 2017, e para 2024 teve seu valor definido em R$ 4,96 bilhões. A quantia foi aprovada pelo Congresso em dezembro do ano passado.

A organização ressalta que esse total é mais que o dobro do disponibilizado para as eleições municipais de 2020 e que, juntamente com a redução de controles, pode ser prejudicial para o país e para os mecanismos de controle à corrupção.

Os valores destinados a cada partido não são divididos igualmente, mas calculados de forma proporcional à quantidade de cadeiras de determinado partido no Congresso.

Sobre isso, o relatório aconselha ao governo "aprimorar os mecanismos de transparência e prestação de contas dos partidos políticos considerando os riscos oriundos da ampliação do Fundo Eleitoral destinado às candidaturas municipais em 2024, especialmente de fraude às cotas para mulheres e pessoas negras".

Como ponto negativo, a Transparência Internacional ainda aponta a aprovação às pressas, pela Câmara dos Deputados, de projeto de reforma eleitoral, que flexibilizaria, já para as eleições de 2024, mecanismos de transparência e democratização de acesso à política. 

BBC Brasil

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