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sexta-feira, junho 06, 2008

Prefeito de Nova Viçosa não cede chantagens do Legislativo

Nova Viçosa (Por Pedro Oliveira do Extremo Sul) – “O Extremo Sul é uma região que tem sobrevivido e crescido devido à iniciativa privada. Os empresários acreditam e têm investido na região. Por isso o Extremo Sul é a região mais independente da Bahia. Ela tem crescido e progredido sem apoio político”. A declaração é do prefeito de Nova Viçosa, Carlos Robson Rodrigues - Robinho, forte candidato á reeleição, como ele mesmo afirma, atribuindo uma aprovação popular do seu governo da ordem de 85%. Destacando que a região precisa é de apoio dos governos federal e estadual ele diz que o governador Jaques Wagner tem dado atenção à Associação dos Prefeitos do Extremo Sul, o diálogo tem sido muito bom, mas as ações estão deixando a desejar. Robinho diz que torce pelo governo de Wagner para não ver repetido o que ocorreu no governo de Waldir Pires. “Nós acreditávamos na mudança e por não ter ações ele deixou o poder voltar para o carlismo”. Para o prefeito de Nova Viçosa o que está faltado ao Extremo Sul é dedicação e atenção, com investimentos dos governos da União e do estado. Falando sobre a sua administração ele disse que em três anos e cinco meses de governo tem conseguido melhorar em 90% o setor da saúde, colocando-a em situação próxima do ideal para um município do porte de Nova Viçosa, tendo implantados nesse período: clínicas, PSF, farmácia popular, farmácia básica, garantindo ainda às famílias de baixa renda remédio e transporte grátis, tendo como meta a implantação de um Posto de Auto Atendimento em Posto da Mata . A educação, também vem se destacando bastante, devido o investimento feito valorizando o profissional do magistério que “recebe um dos melhor salário da Bahia. Um professor de 20 horas aula ganha R$ 900,00”. O respeito ao dinheiro público, diz, tem propiciando a realização de obras de calçamento, urbanização e saneamento básico, dentre outros, melhorando o aspecto da cidade. Garante Robinho que a prefeitura municipal tem, hoje, mais de R$ 2 milhões em caixa e nunca atrasou um só dia os salários de funcionários, tampouco deve a fornecedores. A Câmara engessou o orçamento de 2008 e não voto remanejamento e suplementação do orçamento. Recorrendo a Justiça, foi ganho uma liminar e o município vem sendo administrado com 12 avios, que na opinião do prefeito Robinho é uma tarefa quase impossível. “ Sou até suspeito para falar, mas em três anos e cinco meses fui o prefeito mais perseguido do Extremo Sul da Bahia. Fui afastado do cargo por quatro vezes e mesmo assim consegui realizar uma administração que nenhum ex-gestor conseguiu até hoje”, garante Carlos Robson. Com minoria na Câmara Municipal ele diz enfático que seu governo tem 85% de aprovação popular. “Isso é o que nos impulsiona a ser candidato a reeleição. Se meu governo não estivesse bem eu não seria candidato. Pelas dificuldades e forma como cheguei ao cargo, sinto-me um político realizado. Primeiro porque não me prostitui politicamente e não cedi às chantagens e negociatas do Legislativo, que é o maior problema de um prefeito hoje’ . O prefeito de Nova Viçosa, diz que a Justiça Federal tem que verificar essa situação porque; “muitos prefeitos têm sofrido chantagem por parte do Legislativo e são poucos que têm coragem de peitar o Legislativo. Eu tive coragem porque imaginei se cedesse a primeira vez , amanha teria de ceder um pouco mais e no decorrer do governo teria que ceder a cadeira do Executivo”. Robinho assegura que o dinheiro dos munícipes tem sido investido no município, enquanto “alguns prefeitos têm que tirar grande parte dos recursos da prefeitura e investir em negociatas com vereadores” E explica como isso acontece: “O gestor tem que roubar o dinheiro da prefeitura e entregar nas mãos dos vereadores ficando refém. Se um dia ele não quiser mais dar dinheiro (fazer a negociata), os vereadores abrem uma CPI e cassam o prefeito ou ele fica definitivamente refém do Legislativo, por causa de dinheiro”. Concluindo o prefeito de Nova Viçosa, município com quase 40 mil habitantes e 25 mil eleitores, economia diversificada - eucalipto, cana de açúcar, pecuária, agricultura (mamão e maracujá), pesca e turismo.
São Francisco do Conde inaugura o Cras
A comunidade de São Francisco do Conde município localizado no Recôncavo baiano irá contar com mais uma iniciativa contra o preconceito social, foi inalgurado nesta última quinta feira pelo prefeito Antônio Calmom o Cras, também conhecido como Casa das Famílias segundo Calmom o objetivo é prevenir situações de risco, por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento dos vinculos familiares e comunitários. É um serviço público municipal, co-financiado pelo Governo federal e coordenado pela secretaria municipal de desenvolvimento social de São Francisco do Conde. Segundo o chefe de gabinete da prefeitura José Peralva o público alvo preferencialmente consiste em familias que em decorrência da pobreza, estão vulneráveis, privadas de renda e do acesso a serviços públicos com vínculos afetivos frágeis, discriminadas por questões de gênero, etnia , deficiência , idade , entre outras. Diante disso o Cras irá contar com acompanhamento assistencialístico de famílias em um determinado território, potencializando famílias como unidade de referência, fortalecendo vínculos internos e externos de solidariedade; contribuir para o processo de autonomia e emancipação social das famílias, fomentando seu protagonismo; desenvolver ações que envolvam diversos setores,com o objetivo de romper o ciclo de reprodução da pobreza entre gerações; e atuar de forma preventiva, evitando que essas famílias tenham seus direitos violados, recaindo em situações de risco. Os principais serviços que o Cras ira o oferecer a comunidade de São Francisco do Conde são, entrevista familiar, visitas domiciliares, palestras voltadas á comunidade ou á família, seus membros e indivíduos, oficinas em grupo para convivência, ações de capacitação e de inserção produtiva, campanhas socioeducativas, encaminhamento e acompanhamento das famílias para o trabalho, reuniões comunitária, articulação e fortalecimento de grupos sociais.
Fonte"Tribuna da Bahia

Aliados ainda discutem cabeça de chapa

Mesmo com a definição do deputado federal petista Walter Pinheiro como pré-candidato à prefeitura de Salvador e sabendo que o PT dificilmente abriria mão da candidatura para vaga majoritária, os partidos da esquerda que defendem uma campanha unificada (PSB, PCdoB e PV), continuam realizando reuniões para decidir quem seria o cabeça da chapa. Os dirigentes das legendas batem o pé afirmando que ainda não há um nome que melhor represente a esquerda e que os quatro pré-candidatos estariam dispostos a abrir mão da candidatura em prol da unidade. Os representantes dos partidos já se encontraram diversas vezes e até se reuniram com o governador Jaques Wagner (PT). E não é novidade para ninguém que o candidato do governador é Walter Pinheiro, o que já havia sido revelado antes mesmo das prévias que oficializaram o nome do deputado como pré-candidato. Especula-se que a vereadora Olívia Santana componha a chapa como vice de Pinheiro. A informação não foi confirmada pela vereadora, nem pelo presidente estadual do partido, mas também não foi descartada. “Meu nome como vice da chapa é pura especulação. Muitas coisas foram publicadas na imprensa, mas eu nem fui procurada para falar sobre o assunto. A verdade é que não houve nenhum convite, não há nada formalizado e nós ainda estamos avaliando o perfil do candidato que tem maior potencial para a prefeitura de Salvador”, ponderou. “A nossa primeira decisão é de quem será o candidato da esquerda. Só quando tivermos essa definição é que começaremos a discutir outras coisas, como a composição da chapa”, disse o presidente estadual do PCdoB, Péricles Souza, ao ser questionado sobre a possibilidade de Olívia Santana ser vice de Pinheiro. Há também quem defenda a remota hipótese de que o nome para vice da chapa seria o da deputada federal Lídice da Mata (PSB). A informação também não foi comentada por dirigentes do PSB, que utilizam o mesmo discurso dos outros envolvidos. “Estamos apenas nos reunindo para realizar discussões. Não tem nada definido. Somos uma frente com quatro partidos e todos ofereceram nomes de candidatos. Portanto, estamos analisando quem tem o melhor perfil eleitoral, político e ideológico para representar a esquerda”, declarou. Os representantes dos partidos deverão se reunir novamente nesse final de semana, quando a posição oficial da candidatura deverá ser definida. “Nosso prazo legal é até o final de junho, mas nós estamos trabalhando com prazo político e pretendemos resolver essa questão o quanto antes, para termos tempo de trabalhar e fortalecer a campanha”, disse o presidente estadual do PCdoB. (Por Carolina Parada)
Eliana Boaventura anuncia apoio a Tarcízio Pimenta
A ex-deputada Eliana Boaventura (PP) oficializou anteontem à noite o apoio do seu partido à pré-candidatura do deputado estadual Tarcízio Pimenta (Democratas) à prefeitura de Feira de Santana. O evento aconteceu no Feira Palace Hotel e foi comandado pelo prefeito José Ronaldo, o principal responsável pela volta de Boaventura ao antigo ninho. Além da ex-deputada, aderiram também os vereadores Getúlio Barbosa, Antônio Joel e Eremita Mota. Com a decisão do PP, agora são oito os partidos que vão compor a coligação para a campanha do democrata Tarcizio Pimenta: DEM-PP-PR-PPN-PRT-PTdoB-PSC e PHS. Esta coligação de partidos proporciona à campanha de Pimenta o maior tempo de televisão e rádio no Horário Eleitoral Gratuito. O vereador Getúlio Barbosa fez um discurso antecedido de expectativa, já que o mesmo vinha tendo divergências com o deputado Tarcízio Pimenta. Contudo, Barbosa foi prudente, e ratificou o seu apoio e lealdade. Representando a executiva estadual do Partido Progressista, o deputado Roberto Muniz falou da importância do apoio dado a Pimenta, e brincou com o prefeito José Ronaldo ao fazer um trocadilho sobre a sua administração. “Política é a arte de fazer pontes, e de pontes e viadutos o prefeito José Ronaldo entende muito bem”, disse, numa alusão aos viadutos que Ronaldo vem construindo, que melhorarão o trânsito da cidade. A ex-deputada Eliana Boaventura, que vinha sendo cortejada tanto pelo PMDB quanto pelo Democratas, fez um discurso de reconciliação, desfazendo imagens do passado, já que sequer compareceu ao evento de anúncio da pré-candidatura do deputado Tarcizio Pimenta como o nome do grupo liderado pelo prefeito José Ronaldo. “Eu quero que essas diferenças acabem aqui, hoje, agora”, disse a ex-deputada. O deputado Tarcizio Pimenta atendeu prontamente ao pedido e falou no mesmo tom da progressista. “Ela (Eliana) nunca saiu daqui, ela nunca foi, ela sempre esteve no grupo do prefeito José Ronaldo”, disse. O prefeito José Ronaldo, responsável pelas conversas com o PP da ex-deputada Eliana Boaventura, esteve à vontade durante o evento. Ele citou frases do ex-governador Luiz Viana Filho, lembrou os conselhos de monsenhor Galvão para conter os impulsos e não dar ouvidos a fuxicos, e as lições da sua mãe para torná-lo mais calmo.”Eu era agoniadinho, queria falar tudo logo”, brincou. Depois de afirmar que “pedir voto é uma missão gostosa”, Ronaldo alertou que “a vitória só existe quando as urnas abrem”. O ex-vereador Messias Gonzaga (PCdoB) deverá compor a chapa como vice-prefeito do pré-candidato do PT à prefeitura de Feira de Santana, o deputado federal Sérgio Carneiro. Tentando justificar as duras críticas que fazia a Sérgio Carneiro à época em que ele presidiu a Interurb, no governo João Durval, o comunista argumentou em entrevistas para emissoras de rádio da cidade que “o deputado Sérgio Carneiro mudou cem por cento”. Gonzaga destacou também algumas qualidades do deputado Sérgio Carneiro para reforçar a sua decisão. Disse, por exemplo, que “ele sempre votou a favor dos trabalhadores brasileiros e que, depois que mudou radicalmente, nunca mais retornou àquele ninho anterior”, referindo-se ao grupo do falecido senador Antônio Carlos Magalhães. “Ele reciclou-se consideravelmente. Há pessoas que mudam para pior, ele não”, elogiou. Por outro lado, no PMDB, o deputado federal Colbert Martins finalmente recebeu o apoio da direção estadual do PPS à sua pré-candidatura à prefeitura de Feira de Santana. O peemedebista integrou os quadros deste partido até o ano passado, mas se transferiu para o PMDB durante um processo de adesão comandado pelo ministro Geddel Vieira Lima. (Por Evandro Matos)
TJ condena Duda e Pitta a devolverem R$ 1,3 milhão
O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou o ex-prefeito Celso Pitta (PTB), o publicitário Duda Mendonça — com parte de sua equipe de publicidade— e o então secretário da Comunicação Social da prefeitura Antenor Braido a devolverem R$ 1,3 milhão aos cofres públicos. Eles são acusados de cometer irregularidades em uma propaganda da prefeitura de São Paulo. De acordo com a acusação, a prefeitura anunciou que o atendimento no PAS —um programa de saúde criado pelo ex-prefeito Paulo Maluf (PP)— seria estendido das 19h às 22h a partir do dia 8 de agosto de 1998, durante campanha para governador de Maluf, padrinho político de Pitta. A medida foi suspensa cinco meses depois, em janeiro do ano seguinte. Segundo o ex-prefeito, a programa do PAS durante o período eleitoral não passou de coincidência. “Essa é uma associação indevida”, afirmou Pitta à Folha Online. Como a decisão cabe recurso, o ex-prefeito já recorreu. “Essa ação é objeto de um recurso”, disse. “Colocamos a nossa posição inconformada contra a decisão da primeira instância.” Segundo o ex-prefeito, “não houve nenhum ato em improbidade na divulgação de um fato que a opinião pública precisava ter conhecimento.” Procurado pela reportagem, Duda Mendonça ainda não retornou contato.
Senado descarta CPI para investigar Dilma
O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), descartou ontem a instalação de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as denúncias reveladas pela ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu contra a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). O senador também se mostrou contrário à convocação de Dilma no Senado para explicar a acusação de que teria pressionado a ex-diretora da Anac a tomar decisões favoráveis à venda da VarigLog e da Varig ao fundo norte-americano Matlin Patterson e três sócios brasileiros. “É uma palavra contra a outra, prevalece a da ministra. Não acho necessário nesse primeiro momento que ela seja convocada. Não acredito que seja caso de CPI. Tem que se ter cuidado porque tudo aqui está virando caso de CPI, estamos vendo CPIs frustradas terminando de maneira melancólica”, enfatizou. Garibaldi disse não acreditar que a ministra tenha pressionado a ex-diretora da Anac para autorizar a venda da Varig a um fundo estrangeiro de forma irregular. “Eu não acredito que a ministra fosse capaz disso, não acredito em denúncias que não sejam fundamentadas, tem que acusar, mas mostrar realmente as provas.”
Fonte: Tribuna da Bahia

Perna vive seu inferno astral em cela da DTE

Por Hieros Vascncelos
As mordomias do traficante Genilson Lino da Silva, o Perna, acabaram de uma hora para a outra, e a mudança de “moradia” foi radical. De geladeira duplex às marmitas de alumínio, de uma televisão de plasma à escuridão da custódia, de uma bicicleta ergométrica a um minúsculo espaço em metros quadrados. O traficante Perna sente na pele as mudanças em sua rotina. Além dessas mordomias, ele também perdeu aquilo que rodeia o imaginário de muitos homens: ter as mulheres para favores sexuais a qualquer hora. A operação Big Bang, desencadeada na última segunda-feira pela Secretaria de Segurança Pública e Ministério Público, desmontou todo o esquema de tráfico do condenado, além de descobrir que ele guardava R$280 mil debaixo do colchão. Agora Perna dorme sozinho, algemado às grades da cela da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE), no Complexo Policial dos Barris, e sob seu corpo encontra o chão duro, sujo e frio. Retirado do paraíso e colocado no inferno, Perna está sofrendo na pele tudo aquilo que outros detentos já passaram, muitos deles com acusações de crimes de menor proporção do que os cometidos por ele. Sente na pele a dor que ele mesmo impõe a colegas de prisão que não têm dinheiro para pagar por um colchão, um dos produtos vendidos por ele na Penitenciária Lemos Brito. No xadrez da DTE ele não encontra mordomias. Dorme e faz as necessidades fisiológicas no chão, e até ontem, sem papel higiênico. Ele sequer tem o direito de tomar banho de sol, além de ter passado os últimos três dias sem escovar os dentes. A advogada do traficante, Raidalva Simões de Freitas, esteve ontem na custódia da DTE para entregar ao cliente materiais de limpeza pessoal. Papel higiênico, sabonete, escova de dente, toalhas limpas e um desodorante foram levados pela criminalista até a cela de Perna, depois de passar por minuciosa e cuidadosa revista. O desodorante, entretanto, não entrou na custódia. O delegado titular José Carlos Habib explicou a proibição. “Existem presos que utilizam o desodorante rollon para fazer uma espécie de arma. Assim como a escova de dente. Essas são medidas que tomamos em relação a todos os presos”, informou Habib. As celas da DTE estão vazias, exceto a que Perna ocupa, desde a última tentativa de resgate de presos comandada por Perna, quando ele ainda estava na penitenciária. Só existem presos na custódia da Delegacia de Homicídios, também no Complexo. Habib acrescentou ainda que as visitas de familiares não acontecerão até que ocorra a transferência do traficante, considerado de alta periculosidade. A criminalista Raidalva Simões de Freitas, advogada de Perna, considerou absurda a medida do Ministério Público de transferir o traficante para uma penitenciária de outro Estado. Segundo ela, essa medida serve para evidenciar a deficiência do sistema prisional da Bahia. “O Estado tem que melhorar o sistema, ao invés de divulgar a deficiência pelo qual passa para o Brasil inteiro”, reclamou. Ela questiona a transferência e pergunta para que serve a Unidade de Regime Disciplinar (UED), onde presos de alta periculosidade cumprem pena. A advogada informou ainda que vai intervir no pedido de transferência feito pelo MP e pelo Gaeco. “Não fui comunicada dessa transferência. Vou tentar impedir a transferência na Justiça”, alegou. Em entrevistas ao programa de rádio semanal “Conversa com o governador”, Jaques Wagner fez uma avaliação positiva da Operação Big Bang, que cumpriu mandados de prisão e apreensão e em seguida comentou sobre a transferência do preso baiano para uma unidade de outro Estado. “E tudo isso feito dentro da lei, com acompanhamento do Ministério Público e do Poder Judiciário. É claro que é um passo no sentido de nós desbaratarmos o tráfico de drogas aqui em Salvador” declarou o governador. Sobre a transferência, Wagner afirmou esperar a decisão da Justiça.
Presidiários ameaçam greve de fome
; A informação chegou às redações de uma maneira aparentemente normal. Por telefone. Do outro lado do fio, a voz do homem que se identificou como “Caveirinha”, dizia que os internos de todos os pavilhões da Penitenciária Lemos Brito e dos presídios de Feira de Santana, Lauro de Freitas, Ilhéus, Itabuna e Simões Filho iriam entrar em greve de fome em solidariedade a Genilson Lino da Silva, o Perna. O detalhe é que o informante estava ligando de dentro do presídio, através de um celular. Para confirmar a notícia, mais tarde enviou um fax, de um telefone fixo da PLB. No fax, repleto de erros, “Caveirinha” afirma que “a comunidade carcerária do Estado da Bahia encontra-se inconformada com a invasão da polícia no corpo 4 da PLB, armação constituída em provas montadas contra o companheiro Perna e entramos em greve de fome”. Ele diz que o movimento “é pacífico e ordeiro”, e tem o objetivo de ouvir a juíza da Vara de Execução Penal e um representante do Ministério Público, quando pretendem apresentar reivindicações. Em entrevista concedida ontem a uma emissora de TV, o secretário da Segurança Pública, César Nunes, delegado federal de carreira, deixou claro que o sucesso da Operação Big Bang foi o segredo, confirmando que a Secretaria da Justiça não foi informada, ao comentar a declaração de que teria havido falta de diplomacia. “Sou policial de carreira e sei que uma ação como esta precisa de segredo total”, disse. O temor do secretário era de que se divulgada antes, a operação fracassasse por causa de vazamento de informações. Segundo ele disse, todos os policiais que participaram da ação ficaram sabendo da missão que iam executar minutos antes. Questionado sobre as mordomias dadas ao presidiário Genilson Lino da Silva, o Perna, o secretário afirmou que “isso é problema da Secretaria da Justiça. Nunes afirmou que não há estremecimento entre as duas pastas de governo, mas enfatizou que “peço desculpas se machuquei a secretária Marília Muricy”. E terminou dizendo que a SSP fez o que devia fazer..(Por Josalto Alves)
Transferência é questão de horas
; É iminente a transferência do traficante Genilson Lino da Silva, “Perna”, para uma penitenciária de segurança máxima de outro Estado. Ontem durante toda a tarde, a movimentação foi intensa na Secretaria de Segurança Pública e Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, no Centro Administrativo da Bahia. Apenas a autorização da Justiça Federal emperra a viagem do traficante. A Corregedoria do Tribunal de Justiça e da Vara de Execuções Penais deram o aval. No Complexo Policial dos Barris até o final da noite de ontem, era grande a movimentação de policiais, imprensa e curiosos, mas nenhuma saída foi confirmada. Com faixas de isolamento o ambiente era tenso , principalmente após o anúncio de uma prisão de falso policial que tentava contato com o traficante. Os indícios são fortes de que a transferência se dará para o presídio de segurança pública de Catanduvas, no interior do Paraná, aproximadamente 450 km de Curitiba. Numa concepção praticamente inexistente no Brasil, com presos trancafiados em celas individuais, vigilância eletrônica 24 horas e toda a tecnologia para controlar a entrada e o uso de celulares, armas e drogas, a Penitenciária Federal de Catanduvas, no Sudoeste do Paraná, recebe os bandidos mais perigosos do País. Eles são isolados, em regime diferenciado e não têm contato com a massa carcerária, exceto no banho de sol diário, em grupos de no máximo dez pessoas. O projeto arrojado da unidade, com capacidade para 200 detentos, lembra o panóptico (uma espécie de observatório central que alcança a todos) da obra clássica moderna “Vigiar e punir”, do filósofo Michel Foucault, que mostra como funciona uma sociedade que vive na base da disciplina. A concepção da Penitenciária Federal de Catanduvas foge do modelo tradicional do sistema penitenciário brasileiro, sendo considerada uma réplica das unidades norte-americanas de segurança máxima, conhecidas como Supermax. E tem semelhanças com a penitenciária de Presidente Bernardes, no interior de São Paulo, onde os cubículos são individuais, há vigilância eletrônica e isolamento de presos. Traficantes como Juan Carlos Abadía, Luiz Fernando da Costa (Fernandinho Beira-Mar), Márcio dos Santos Nepomuceno (Marcinho VP) e Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco (condenado pela morte do jornalista Tim Lopes) estão internos naquele presídio, inaugurado em junho de 2006. (Por Maria Celia Vieira)
Fonte: Tribuna da Bahia

Marcelo Nilo acusado de nepotismo

O presidente da Assembléia Legislativa, deputado Marcelo Nilo (PSDB), foi acusado ontem pelo apresentador Mário Kertész, da rádio Metrópole, de praticar nepotismo ao manter os namorados das suas duas filhas trabalhando no Legislativo estadual. Apesar de o caso não ser legalmente enquadrado como nepotismo, já que Rômulo Almeida e Marcos Athaíde não são oficialmente casados com as herdeiras do tucano, o assunto incomodou bastante o presidente. Rômulo é chefe da Secretaria Geral das Comissões da Casa. Já Athaíde trabalha na Procuradoria Jurídica da Assembléia.
Questionado se as contratações se enquadrariam em prática de nepotismo – já que os parlamentares votaram no ano passado uma lei do deputado Euclides Fernandes (PDT) que proíbe a prática até terceiro grau –, Marcelo Nilo rechaçou. Ele afirmou que não interferiu na indicação dos quase genros e disse que tudo era “apenas coincidência”. “A indicação não foi minha, foi do superintendente parlamentar Geraldo Mascarenhas, fruto de uns currículos que ele recebeu. Eu nomeei e não poderia vetar uma pessoa por ter um vínculo pessoal com um familiar meu. Isso é um ato de perseguição e não seria justo, já que eles estão no cargo pelos méritos deles”.
Marcos Athaíde trabalha na Assembléia e foi contratado recentemente para atuar na Procuradoria Jurídica da Casa, “cargo que deveria ser ocupado por um funcionário concursado, já que possui salário de R$15 mil e não por um profissional recém- formado”, como ironizou Kertész. O outro quase genro de Nilo é o responsável pela Secretaria Geral das Comissões. Rômulo Almeida trabalha no Legislativo desde a posse do tucano
O radialista fez questão de lembrar ontem que Nilo, que também emprega correligionários e parentes de aliados na Assembléia, a exemplo de uma filha do ex-prefeito Antonio Imbassahy (PSDB), foi o mesmo a nomear Luís Henrique, filho do prefeito João Henrique (PMDB), em 2005, para um cargo de confiança em seu gabinete, “apesar de o herdeiro do prefeito não ter formação acadêmica suficiente para ocupar o posto”. (Da redação)
Fonte: Correio da Bahia

Opinião - Relatório do atestado de óbito

Villas-Bôas Corrêa
O ilustre desconhecido deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) decidiu arrombar a porta da notoriedade na sua estréia como parlamentar. Brindado pela criteriosa escolha dos líderes da bancada governista, para relator da CPI dos Cartões, o representante da população do Estado do Rio de Janeiro, cumpriu as ordens recebidas não apenas ao pé da letra, mas com os adornos da sua ansiosa vontade de agradar ao governo, paparicar os líderes das legendas que aprovaram a sua escolha.
Marcou o seu gol com a bola murcha. E a peça abrilhantará os anais da Câmara como alentado documento deste negro transe de decadência moral do Legislativo. Um apressado não teria gastado mais do uma lauda para dar o seu recado e cobrar a gratidão. Não o relator descoberto pelo faro de quem o pinçou nas águas turvas do anonimato. O deputado Luiz Sérgio logrou a proeza de encher 936 páginas do calhamaço, sendo 666 para esmiuçar com a lupa de grossas lentes os saques milionários com os cartões corporativos que caracterizam os crimes e delitos cometidos por cinco ex-ministros do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Para o conhecimento da opinião pública e improváveis cautelas em futuras transações com os denunciados, segue-se à lista dos que se locupletaram com o dinheiro público nos últimos meses do segundo mandato do antecessor do ilibado presidente Lula: Paulo Renato de Souza, da Educação; Pimenta da Veiga, das Comunicações; Francisco Welfort, da Cultura e Raul Jungmann, do Desenvolvimento Agrário.
Cuidadoso e detalhista, o relator catou no volumoso papelório da CPI, os muitos exemplos de roubalheira da quadrilha do governo do adversário. Desde notas fiscais em série suspeita para o pagamento de serviço de transporte; gastos de ricaço em viagens em fins de semana, com notas de refeições de sibarita, como a de R$ 686 paga pelo ex-ministro Martus Tavares no restaurante Massimo, qualificado como um dos mais caros de São Paulo.
No reverso da medalha, com o contraste da diferença de educação, compostura, moralidade entre o governo da esbórnia de FHC e a severidade de convento dos dois mandatos do presidente Lula, o relator capricha em desmontar denúncias de miúdas irregularidades apuradas contra os atuais detentores do poder.
Para cadenciar as marteladas no cravo e na ferradura, o relator ignorou o badalado dossiê sobre gastos do ex-presidente. Bastou-lhe a sova nos ex-ministros do governo tucano.
E na mesma toada do coração doce como o favo de mel, passou como gato sobre brasa sobre "simples erros ou enganos" nos gastos com o cartão corporativo da distraída ex-ministra Matilde Ribeiro, da Igualdade Racial, pilhada pagando uma insignificante despesa de R$ 416 num free shop. Ou o pitoresco descuido do ministro Orlando Silva, do Esporte, que pagou com o cartão R$ 8,30 por uma tapioca.
Claro que a oposição não pode engolir em seco o relatório do fecundo deputado Luiz Sérgio. Anuncia que reagirá com as armas da minoria: o voto em separado tentará desmontar a arapuca do relator. E o pedido de indiciamento da ministra-candidata Dilma Rousseff e de todos os envolvidos com o dossiê.
Novos escândalos e denúncias rolam a pedra do esquecimento morro abaixo. A ministra-candidata Dilma Rousseff ocupa-se com a denúncia do dia da ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) do seu envolvimento na negociação da Varig e da VarigLog, suspeita de fraude e tráfico de influência.
Até quando o governo e o Congresso suportarão a enxurrada de escândalos que parece não ter fim?
Fonte: JB Online

O lixo de dona Condoleezza

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA - Imagine qual seria o impacto, em Washington, caso o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, assinasse e divulgasse um documento oficial denunciando a exploração sexual de crianças no Harlen, em Nova York, o trabalho escravo de mexicanos nas plantações de algodão da Geórgia e, de quebra, a prática de torturas a prisioneiros árabes na base militar de Guantanamo, em Cuba.
No mínimo o embaixador americano em Brasília seria chamado para consultas, enquanto o embaixador brasileiro nos Estados Unidos receberia imediata reprimenda no Departamento de Estado. Para não falar na mobilização de toda a imprensa para monumental campanha contra o Brasil, a devastação da Amazônia, o massacre dos índios e a violência policial nas favelas. É possível que, senão de prontidão, a Quarta Frota da Marinha dos EUA, encarregada de patrulhar o Atlântico Sul, se aproximasse um pouco mais do nosso litoral.
Pois é. A secretária de Estado, Condoleezza Rice, acaba de endossar e liberar um texto com o timbre do Departamento de Estado, sob o título "Relatório sobre o tráfico de pessoas", onde se lê que o rápido crescimento de países como o Brasil, Índia e China vem sendo conseguido à custa da exploração do trabalho escravo. No caso brasileiro, acrescenta o documento, os trabalhadores escravos são utilizados em usinas de produção de etanol.
Outras bobagens fazem parte desse lixo divulgado quarta-feira na capital americana, mas o que chama a atenção, ao menos por enquanto, é a inércia do governo brasileiro, começando pelo Itamaraty e chegando ao Palácio do Planalto. Afinal, dona Condoleezza é ministra das Relações Exteriores. Não tem o direito de afirmar que o desenvolvimento brasileiro é fruto de trabalho escravo.
Muito menos de aproveitar para mais um ato de sabotagem contra o etanol tirado da cana-de-açúcar, já que o deles, saído do milho custa muito mais caro. Felizmente o governo George W. Bush vai chegando ao fim, mas tudo pode acontecer até novembro. É bom tomar cuidado.
Mesmo assim...
Na última semana de maio o governo liberou 98 milhões de reais para emendas ao orçamento propostas por deputados. Naquele mês, foram 236 milhões, e este ano, 500 milhões. Não se cometerá a injustiça de supor que toda essa riqueza vá para o bolso de Suas Excelências, ainda que algum percentual sempre possa seguir nesse rumo. As emendas, de modo geral, servem para a construção de escolas, a ampliação de hospitais, o asfaltamento de estradas e a implantação de pontes, nos municípios de influência política de seus autores.
Aqui e ali alguma ONG fajuta se vê beneficiada, mas a maioria das liberações de verbas contribui para a melhoria de diversas regiões. É claro que os deputados lucram politicamente, ganham votos para as próximas eleições, conseqüência do sistema democrático que vivemos.
O que faz aumentar a curiosidade geral, porém, é saber o porquê dessa súbita caridade praticada pelo governo com dinheiro público. E a resposta surge clara: para garantir o voto favorável dos deputados ao projeto que cria o novo imposto sobre o cheque. Mais uma rodada da Oração de São Francisco, aquela do "é dando que se recebe". Toda vez que assinar um cheque ou realizar uma operação financeira estará sendo descontado o cidadão que atravessar a ponte recém-inaugurada, transitar pela rodovia asfaltada, recorrer ao hospital remodelado ou mandar os filhos para a nova escola.
Salta aos olhos, porém, o governo flagrado em delito de opinião. Ou o presidente Lula não declarou, mais de uma vez, que não tinha nada a ver com o novo imposto, que a questão era dos líderes e do Congresso, e que sua administração não se intrometeria? Por que, então, essa nova cascata de emendas autorizadas?
Ajuda atrasada
Uma azeitona na empada da mais nova denúncia de escândalo no governo, agora envolvendo suposta ajuda da chefe da Casa Civil na operação de venda da Varig-Log a um grupo americano: por que demoraram tanto? Se era para salvar a empresa, um dos símbolos do progresso brasileiro até os anos noventa, deveriam ter agido antes. Cruzaram os braços vendo a Varig em frangalhos, sob a alegação de tratar-se de uma companhia privada mal administrada, e só depois tentaram ressuscitar o seu cadáver?
Se era para não deixar morrer a empresa, levando ao desemprego milhares de funcionários, assim como entregando a sorte dos passageiros a duas alternativas sofríveis, que pelo menos se antecipassem.
Cabe à ministra Dilma Rousseff defender-se, aliás, como já vem fazendo, mas uma evidência sobrepõe-se às demais: a lei não permite a entrega do controle de empresas aeronáuticas nacionais a estrangeiros...
Fonte: Tribuna da Imprensa

Oposição pede ação contra quatro ministros

BRASÍLIA - Cinco horas depois de encerrada a CPI Mista dos Cartões Corporativos, três partidos de oposição - PSDB, DEM e PPS - protocolaram ontem ação na Procuradoria Geral da República (PGR) pedindo a abertura de inquérito policial contra quatro ministros e funcionários do Palácio do Planalto, supostamente envolvidos com a montagem de dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Estamos pedindo o indiciamento dessas pessoas e explicando ao Ministério Público como foi a participação de cada uma na confecção do dossiê", disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).
Na representação, a oposição solicita a investigação e eventual indiciamento de quatro ministros: Dilma Rousseff (Casa Civil), Jorge Hage (Controladoria Geral da União), Tarso Genro (Justiça), e Paulo Bernardo (Planejamento). Os oposicionistas também pedem a investigação de cinco funcionários do Palácio do Planalto e da ex-ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial), que deixou o governo após a divulgação de que ela fez gastos irregulares com cartão corporativo.
A oposição quer a apuração da participação na montagem do dossiê de quatro funcionários da Casa Civil: a secretária-executiva, Erenice Guerra, braço direito da ministra Dilma; o secretário de Administração, Norberto Temóteo Queiroz; a diretora de Recursos Logísticos, Maria de la Soledad Bajo Castillo; e o assessor da diretoria de Orçamento e Finanças, Gilton Saback Maltez.
Na semana passada, a oposição apresentou seu sub-relatório onde não pedia o indiciamento de ninguém e responsabilizava apenas o ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil da Presidência da República José Aparecido Nunes Pires pela confecção e vazamento do conteúdo do dossiê sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Ontem, porém, na representação protocolada na Procuradoria, a oposição defendeu investigações mais detalhadas sobre o ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil. Foi José Aparecido, único indiciado pela Polícia Federal (PF) até agora, que enviou o dossiê contra FHC para André Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Na ação, a oposição avaliou que o ministro Jorge Hage "demonstrou ter conhecimento do conteúdo do dossiê" contra FHC quando, em depoimento à CPI Mista dos Cartões Corporativos, em 19 de março, referiu-se a despesas do governo passado. Para a oposição, o ministro Tarso Genro "prevaricou" quando não determinou à Polícia Federal a instalação imediata de inquérito para apurar a confecção do dossiê contra FHC.
Fonte: Tribuna da Imprensa

Deputado José Pimentel é novo ministro da Previdência

BRASÍLIA - O Palácio do Planalto confirmou ontem que o deputado José Pimentel (PT-CE) deve assumir na próxima semana o Ministério da Previdência. Ele substitui Luiz Marinho, que pediu exoneração do cargo para disputar a prefeitura de São Bernardo.
De acordo com a assessoria de imprensa do Planalto, Lula conversou com Luiz Pimentel no início da tarde de ontem e impôs uma condição para que o deputado possa assumir o Ministério da Previdência: que fique no cargo até o final do mandato, o que significa que ele não deverá sair do governo para disputar as próximas eleições proporcionais.
Ainda não há definição, no entanto, para o substituto de Marta Suplicy no Ministério do Turismo. Ela deixou o cargo na terça-feira para disputar a prefeitura de São Paulo. O secretário-executivo do Ministério do Turismo, Luiz Eduardo Barreto, vem respondendo pelo Ministério interinamente. De acordo com o Palácio do Planalto, ainda não há uma definição sobre o titular para o cargo. Também neste caso, a orientação do presidente Lula é de que o novo ministro terá que permanecer no cargo até o final do mandato.
Fonte: Tribuna da Imprensa

STF abre ação penal contra Russomanno

BRASÍLIA - O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu ontem uma ação penal contra o deputado Celso Russomanno (PP-SP), denunciado pelo Ministério Público por falsidade ideológica e crime eleitoral. Já havia no STF um inquérito contra o deputado. Durante a investigação, o MP encontrou provas suficientes para oferecer denúncia contra o parlamentar e pedir que ele se tornasse réu de uma ação penal.
Por unanimidade, os ministros aceitaram a denúncia. A irregularidade data de 1999, quando o deputado teria apresentado à Justiça Eleitoral declaração falsa de pedido de transferência do domicílio eleitoral. Celso Russomanno queria disputar a eleição para a prefeitura de Santo André (SP) e para cumprir as exigências eleitorais, como provar que morava na cidade, alugou um apartamento.
O problema é que o deputado não chegou a ocupar o imóvel. A Justiça Eleitoral comprovou a fraude ao analisar as contas de energia do apartamento. Por dois meses, não houve qualquer consumo de energia no imóvel, o que comprovaria que Celso Russomanno não morava na cidade. A pena, de acordo com os ministros, pode chegar a 5 anos de prisão e multa.
Fonte: TRibuna da Imprensa

Ministros com rédeas curtas

Lula, preocupado em evitar rachas na base, quer controlar ação de assessores nas eleições
BRASÍLIA - O comportamento dos ministros nas próximas eleições, com objetivo de evitar ações na Justiça por conta de violações às leis eleitorais e impedir novos rachas na base aliada, por causa das disputas locais, será um dos principais temas da segunda reunião ministerial do ano, na manhã de segunda-feira, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.Lula já avisou que não subirá no palanque de candidatos, no primeiro turno das eleições, em cidades nas quais a base aliada estiver dividida, já que o presidente quer se manter o mais afastado possível das disputais municipais, para que elas não afetem as relações federais.
Com a popularidade em alta, no entanto, o presidente tem recebido insistentes pedidos para rever sua posição. "O presidente Lula quer combinar com os ministros a forma de atuar nas eleições, já que a base aliada tem 14 partidos", afirmou o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro.
Questionado se o Planalto está preocupado em evitar rachas na base, Múcio disse que é preciso ter cautela "para não atrapalhar parceiros" que ajudam a governar o País. Ao ser lembrado de que este é o primeiro teste para a sucessão presidencial de 2010, o ministro desconversou: "o problema não está em 2010. O problema está em outubro de 2008".
Além de mandar recado para os ministros para sejam acertadas as regras de comportamento durante as eleições a fim de que se evitem atitudes que representem violação às leis eleitorais, Lula vai pedir moderação nos discursos na defesa dos seus respectivos candidatos, quando os ministros subirem nos palanques dos seus correligionários.
O presidente quer evitar que nas cidades onde a base aliada tiver mais de um candidato, que a disputa local se transforme em nacional, atingindo o governo federal, levando problemas para o Planalto ou o Congresso. Lula pretende, ainda, discutir com os ministros, medidas que poderão ser adotadas pelo governo para aumentar a produção de alimentos, com objetivo de aumentar a oferta e, com isso, ajudar na redução da inflação.
Nesta reunião pelo menos três novos ministros estarão estreando em suas áreas: Carlos Minc, no Meio Ambiente, que substituiu Marina Silva, e os sucessores de Marta Suplicy, no Turismo, e Luiz Marinho, no Trabalho. Marta e Marinho são os únicos ministros que estão deixando suas pastas para concorrerem às eleições municipais em São Paulo e São Bernardo, respectivamente.
Fonte: Tribuna da Imprensa

País ganha três novas reservas

Pressões das Minas e Energia e desentendimentos com a Bahia impedem o anúncio de cinco previstas
BRASÍLIA - A pressão do Ministério de Minas e Energia e o desentendimento legal com o governo da Bahia levaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a criar apenas três novas unidades de conservação no País - duas no Amazonas e uma no Pará -, e não as cinco que deveriam ser anunciadas no Dia do Meio Ambiente.
A área que integraria a Reserva Extrativista Renascer, na margem esquerda do Baixo Amazonas, no Pará, é rica em bauxita, a matéria-prima do alumínio. O Ministério de Minas e Energia argumentou que antes de transformá-la em unidade de conservação, o governo federal deve observar questões legais que, no futuro, possam permitir a extração do minério. A área de Cuçurubá, no sul da Bahia, também não foi transformada em reserva porque não houve consenso se sua administração deve ser da União ou do Estado da Bahia.
As outras três reservas somam cerca de 2,6 milhões de hectares de zonas ambientais protegidas. São elas a Reserva Extrativista do Médio Xingu, no Pará, com 303,8 mil hectares; a de Ituxi, no Amazonas, com 776,9 mil hectares, e o Parque Nacional de Mapinguari, também no Amazonas, com 1,6 milhão de hectares, de forma a fazer um "paredão verde" nas proximidades de Lábrea, para impedir o avanço do desmate.
Na mesma cerimônia, o presidente Lula anunciou o envio ao Congresso de projeto de lei sobre mudanças climáticas. Ele afirmou ainda que apóia a criação de uma Guarda Nacional Ambiental, que deverá cuidar das florestas, e pediu "compreensão" ao Congresso para que aprove o projeto. A proposta terá de criar novos cargos no governo federal, com previsão de fonte de recursos para a manutenção da guarda. Ela deverá se inspirar na Força Nacional de Segurança, do Ministério da Justiça, já em atividade.
Fonte: Tribuna da Imprensa

Estudo prevê que favelas devem acabar até o ano de 2030

O Brasil poderá, em 22 anos, acabar com as favelas e o déficit habitacional de 7,9 milhões de moradias caso mantenha os índices atuais de investimentos no setor. Estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pela consultoria Ernest & Young projeta investimentos de R$ 446,7 bilhões na área até 2030.
Para zerar o déficit, composto por moradias inadequadas e coabitação (mais de uma família na mesma casa) e atender a demanda que surgirá com o aumento da população, o estudo projeta a construção de 37 milhões de novas residências. O crédito para financiamentos chegará a R$ 290,4 bilhões no período.
"O déficit por inadequação de moradia seria extinto e restariam algumas coabitações, mas por opção", diz Ana Maria Castelo, consultora da FGV. Segundo ela, as projeções do estudo levam em conta o crescimento anual de mais de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), a queda dos juros para financiamentos e o crescimento populacional, entre outras variáveis. A maior parte das moradias será destinada a famílias com renda mensal de R$ 2 mil a R$ 4 mil.
Ana Maria ressalta que a renda dos trabalhadores também deve aumentar nos próximos anos, por isso haverá menor necessidade de habitações para faixas salariais de até R$ 1 mil. O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e diversas outras entidades ligadas à questão habitacional não confiam nessas projeções. Acreditam que apenas com subsídios governamentais será possível reduzir o déficit de moradias.No dia 18, o grupo apresentará ao Congresso Nacional proposta de emenda constitucional para garantir recursos ao financiamento de casas populares, para famílias com renda entre um e quatro salários mínimos (R$ 415 a R$ 1.660). "Mais da metade do déficit habitacional está nessa faixa e o boom de construções verificado atualmente não engloba essas famílias", diz Miguel Sastre, membro do Núcleo de Habitação Popular do Sinduscon.
O grupo, formado por movimentos pró moradia, associações de empresas do setor e centrais sindicais, entre outros, propõe que sejam destinados ao subsídio da compra da casa própria 2% de toda a arrecadação da União e 1% das arrecadações do Estados e municípios. As famílias beneficiadas também entrariam com uma parte do financiamento.
Fonte: Tribuna da Imprensa

quinta-feira, junho 05, 2008

Um quarto do Congresso sob investigação

Camisinha natural evita contaminação por HIV

Creme de estrogênio aplicado no pênis preveniria o vírus da Aids
Cecilia Minner
Pesquisadores australianos estão desenvolvendo um processo para a produção de uma "camisinha natural", que poderá evitar que o vírus da Aids se espalhe. Por meio da aplicação do hormônio feminino estrogênio no pênis uma vez por mês, acreditam que o homem possa reduzir os riscos de contrair o vírus HIV.
O professor Roger Short, da Universidade de Melbourne, disse que o uso do creme de estrogênio pode quadruplicar a camada fina de queratina da pele e, através disso, fornecer uma camada de proteção natural.
– Você cria o que podemos chamar de camisinha natural, uma membrana biológica em que o vírus não pode passar – diz Short.
O professor Short afirmou, porém, que ainda não terminou os testes que comprovariam a defesa do vírus feita pelo creme. Mas adianta que o método, que não protege contra outras doenças sexualmente transmissíveis ou gravidez, pode ser uma forma barata e simples de se defender contra o HIV.
Já o especialista em litotripsia extracorpórea, Carlos Marcos Conceição, do Hospital Memorial, no Rio de Janeiro, levantou uma série de fatores que podem comprometer a eficácia da pomada. Ele ressalta que esta nova forma de proteção ainda não possui nenhuma credibilidade.
– Essa pomada pode realmente proteger contra o vírus HIV, uma vez que o estrogênio deixa a mucosa mais grossa, diminuindo, assim, o risco de feridas, o que dificulta a entrada do vírus. Mas e as outras doenças sexualmente transmissíveis, como a hepatite B, que mata mais rápido que a Aids?
Além da proteção não ser eficaz, uma vez ela só protege do vírus HIV, Carlos adverte para uma série de efeitos colaterais que o produto pode gerar para o homem:
– O uso do estrogênio, em grande quantidade e a longo prazo, pode causar feminilização do corpo: diminuição do pênis, aumento dos peitos, queda dos peles pubianos.
Até hoje, nada é mais seguro que a camisinha. Não se deve abrir mão dela em hipótese alguma.
Fonte: JB Online

Exército prende sargento gay e vai processá-lo por deserção

Militares cercaram emissora de TV para fazer a operação na madrugada
Raphael Bruno
Brasília
O sargento do Exército Laci Marinho de Araújo foi preso, ontem, de madrugada após conceder entrevista ao vivo para o programa SuperPop, da Rede TV!, assumindo ser homossexual e manter uma relação amorosa há mais de dez anos com outro sargento do Exército, Fernando de Alcântara Figueiredo. O comando militar acusa Araújo de deserção e nega que agiu motivado por preconceito.
Os sargentos já haviam sido objeto de matéria de capa da revista Época e estavam juntos na noite de terça-feira no programa da apresentadora Luciana Gimenez. Na entrevista, falavam sobre a relação entre os dois quando, por volta das 23h30m, a Polícia do Exército cercou os arredores da emissora. A cena foi mostrada ao vivo pelo programa.
Araújo, visivelmente amendrontado, revelou temer pela sua segurança.
– Eu vim em rede nacional para resguardar minha vida, porque a televisão atinge mais pessoas do que a revista – disse o sargento ainda diante das câmeras. – Se eu for preso eu vou morrer, será queima de arquivo.
A apresentadora tentou se esquivar e disse que nada podia fazer, tendo em vista que os sargentos haviam comparecido ao programa por livre e espontânea vontade.
Negociações
Com o final do SuperPop, um longo período de negociações se iniciou até que por volta das 4h Araújo finalmente deixou o local, preso, sob a acusação de deserção. Fernando não foi detido, mas acompanhou o parceiro até o Hospital Geral do Exército. A presença de Figueiredo e a ida ao centro hospitalar ao invés de uma prisão comum do Exército haviam sido condições de Araújo para se entregar. Antes de seguir para o hospital, o sargento passou por exame de corpo e delito no Instituto-Médico Legal.
Segundo informações do Exército, um mandado de prisão em nome de Araújo havia sido emitido desde maio do ano passado. A prisão foi determinada pela Justiça Militar de Brasília. O sargento afirma que se afastou da corporação devido a problemas de saúde. O Exército contesta essa informação e garante que o sargento nunca apresentou laudos médicos que comprovassem condições físicas inadequadas para o serviço militar.
A prisão gerou polvorosa. A Ordem dos Advogados do Brasil enxergou excessos na ação do Exército e prometeu pedir a Defensoria Pública da União que assumisse a defesa de Araújo. Membros da Comissão de Direitos Humanos da entidade estiverem ontem a tarde no Hospital visitando o militar.
Transferência
O Exército pretende transferir Araújo para presídio em Brasília. A equipe médica do hospital deu parecer favorável à transferência, mas os representantes da OAB prometeram solicitar ao Conselho Federal de Medicina perícia independente. Araújo faz tratamento psiquiátrico com medicação controlada.
- Achamos que não é o caso de prisão porque ele está em tratamento. Está deprimido pela situação. Não tem condições de ser transferido - explicou o advogado Francisco Lúcio França.
O Exército confirmou que Figueiredo estava autorizado a acompanhar Araújo na viagem. A pena prevista para deserção é de seis meses a dois anos. Pelo Código Penal Militar, é considerada deserção toda ausência não-justificada do militar por mais de oito dias, sem licença, da unidade em que serve ou da localidade para a qual foi designado. A Rede TV! não quis comentar o caso.
Fonte: JB Online

Coisas da Política - Barack Obama e oretorno à realidade

Mauro Santayana
As instituições políticas envelhecem: as sociedades, para o bem e para o mal, são dinâmicas. Ao se alterarem as relações econômicas e os costumes, sob o impulso da tecnologia, a realidade exige o ajustamento das leis e dos instrumentos de governo, a fim de que as comunidades não se desagreguem. No processo dialético da história política, a permanência das nações depende desse reajustamento. Em certas épocas, não bastam as ações pontuais dos legisladores: reclamam-se revoluções, que podem ser ou não pacíficas. Victor Hugo tem uma frase emblemática em Les miserables: a revolução é o retorno do fictício ao real. Isso ocorre quando as leis passam a ser peças de ficção, intenções teleológicas, desligadas da vida cotidiana. A vida real, em seu dinamismo, aposenta-as, e aposenta as instituições, reclamando as revoluções de que fala o escritor francês. O real é a ditadura da circumstantia, que constringe e limita a vontade, submetendo-a à força do necessário. Tudo o que foge à necessidade, em termos políticos, é ato inútil. Até mesmo a esperança é uma resposta àquilo que consideramos necessário.
É assim que pode ser explicada a irrupção na política americana do outsider Barack Obama. Desde Kennedy, os Estados Unidos têm sofrido continuada crise de liderança. Os donos do poder – o famoso complexo industrial militar denunciado por Eisenhower – caíram na armadilha do confronto externo com a União Soviética. Não perceberam, talvez, que o grande inimigo era o seu próprio way of life. Seus legisladores não conseguiram dar prosseguimento ao ideal dos peregrinos do Mayflower. O american dream da sociedade jeffersoniana não contemplava os pobres sem terra, a não ser à distância das casas senhoriais da Nova Inglaterra. Assim, com o tempo, o american dream deixou o campo da liberdade com dignidade, pretendida por William Bradford, o líder dos passageiros do Mayflower e dos primeiros colonos de Plymouth, para o do dinheiro e do poder. Essa corrida exacerbada em busca da supremacia individual e nacional, perdeu o ímpeto com a implosão do sistema socialista. Não podendo justificar-se sem inimigos, o cambaleante império buscou, no islã, outro inimigo instrumental.
A provável eleição de Obama (é sempre bom ter cautela com as probabilidades) ocorrerá em momento difícil do mundo. O modelo de desenvolvimento econômico, fundado no uso desmesurado de energia, a partir de combustíveis fósseis, foi seguido pelo mundo inteiro, porque o american dream passou a ser o sonho de todos, mesmo daqueles que nunca poderiam emigrar. Se não podiam buscar o sonho, não lhes era difícil importá-lo – com as multinacionais, as patentes, a gasolina e o querosene da Esso. Em conseqüência, temos hoje a explosão de consumo de energia na China e na Índia, e o susto da ONU: quem não comeu o que lhe pedia a vida, está chegando à mesa. Não para apanhar as migalhas que caiam, mas, sim, para sentar-se e servir-se como convivas do repasto comum.
Há mais de 40 anos, os ricos quiseram congelar o desenvolvimento econômico, com o Clube de Roma. Como pretendiam deixar as coisas como estavam então – e isso contrariava também os interesses do capitalismo – a proposta não foi adiante. O discurso retorna agora, em nome da preservação do ambiente (o nosso, do Hemisfério Sul, é claro). Não há como fazê-lo. Aqueles que só agora começam a comer, não irão voltar para a sua fome. Se os ricos querem que o mundo consuma menos, terão, eles mesmos, de apertar os cintos. A História, como já sabiam os antigos, é astuta. Servidora da transcendência, ela dá rasteiras naqueles que a querem subjugar. Os Estados Unidos e a Europa dominaram os outros povos mediante a conquista bélica, os ardis econômicos e a difusão da cultura. Entre outras coisas, divulgaram os prazeres do conforto, que têm sido a cenoura do capitalismo. Agora são chamados a iniciar o caminho do retorno, da ficção à realidade.
Obama não será o salvador do mundo, nem mesmo dos Estados Unidos. A aceitação de sua candidatura pelo establishment já é nítido sinal de que o mundo se encontra maduro para retornar ao real, ou seja, às dimensões impostas pela natureza e exigidas para o singelo e milagroso ato de viver em relativa paz.
Fonte; JB Online

Reciclagem de lixo requer boa vontade dos cidadãos

Maiza de Andrade, do A TARDE
Leia também:>> Confira os endereços das cooperativas de catadores de recicláveis>> Confira a programação para o Dia do Meio AmbienteContribuir para a reciclagem de lixo é tão simples quanto trocar de roupa, basta começar separando os recicláveis dos não-recicláveis. Não é preciso ter um vasilhame para cada tipo de resíduo. Todos os recicláveis podem ficar juntos, desde que limpos, no caso de embalagens de alimentos e bebidas.
A situação só começa a se complicar na hora de descartar os resíduos. Isso porque, em Salvador, o sistema de limpeza pública não faz coleta seletiva, e, para dar a destinação certa ao material, o cidadão tem que estar suficientemente motivado para levá-lo até uma lixeira adequada, que nem sempre fica perto.
A prefeitura instalou os chamados pontos de entrega voluntária (PEVs) em locais aleatórios e que não atendem a todos os bairros. Nem todos os supermercados têm postos de coleta. As cooperativas de recicláveis somente coletam em locais conveniados de acordo com a quantidade de resíduos, por causa dos custos na hora de transportar o material. A saída para quem mora em edifícios seria o envolvimento de todos os moradores para que a quantidade atraísse as cooperativas.
Além de impor dificuldades para a prática de uma “boa ação” ambiental, a falta de estrutura para a destinação dos recicláveis faz com que mais dinheiro, desembolsado pelo cidadão em impostos, seja gasto para pagar os serviços de coleta, transporte e aterro, que têm custo diretamente proporcional à quantidade de lixo. Ou seja, quanto mais resíduos vão para o aterro, mais será pago pela prefeitura. Hoje, o custo é de cerca de R$ 70 por tonelada para uma produção diária de 2,5 mil toneladas.
Além dos recursos gastos a mais, que poderiam ser investidos em outras necessidades públicas, gasta-se também mais recursos naturais para a produção de mais embalagens. Assim, os aterros sanitários durarão menos tempo, gerando mais custos ambientais e financeiros para a implantação de novos espaços para o destino do lixo.
Lentidão – A sanitarista e professora do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal da Bahia Maria de Fátima Nunes Maia, doutora em resíduos sólidos, desabafa sua decepção com o ritmo das mudanças que espera há mais de 20 anos. “As coisas caminham lento demais. Falamos as mesmas coisas há mais de 20 anos. Os orgânicos são desperdiçados, não há apelo para as pessoas se engajarem na idéia da reciclagem. Falta a prefeitura se comprometer mais e o cidadão ter mais responsabilidade com o consumo”, desabafa.
Maria de Fátima completa: “podíamos ter avançado muito, com tantos estudos já realizados, tantas experiências de ONGs. A gente espera mais atitudes”. A seis meses do final de mais uma gestão municipal, ainda se discutem os rumos da coleta seletiva na cidade. Até então, as medidas mais visíveis da prefeitura, os chamados PEVs provaram ser de pouca produtividade. A coordenadora técnica da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), Fátima Sampaio, reconhece o problema e diz que os PEVs estão sendo reavaliados.
Ela conta que a política do município é a de potencializar a coleta seletiva através das cooperativas. “Só que as cooperativas não têm estrutura, nem a população está estimulada”, diz. Ela conta que já iniciou as discussões com os grupos sobre como ampliar esta ação.
Na cozinha – A estudante Maria José Villares Barral Villas Boas, 23 anos, começou a dar os primeiros passos para a reciclagem do lixo de casa há dois anos. Hoje, exibe, com orgulho, as duas lixeiras da cozinha, uma para plásticos, outra para papel. “No começo, foi difícil, mas, agora, todos já estão participando”, conta. Se antes, somente ela se encarregava de levar os recicláveis para os coletores, que ficam a pelo menos um quilômetro de distância, agora os pais também colaboram, conta Maria.
O próximo passo dela será o de convencer os outros moradores do edifício, localizado no Corredor da Vitória, a fazerem o mesmo. Cautelosa, ela optou por, primeiro, se fazer ouvir na comissão do condomínio, candidatando-se e elegendo-se membro do conselho fiscal.
Única jovem entre os integrantes do condomínio, ela conta que está “tomando coragem para fazer a proposta”. É que, como se trata de um prédio de mais de 40 anos, predominam moradores mais velhos e que, segundo ela, podem estranhar a idéia. “Se a gente se juntar, vai ficar mais fácil trazer uma cooperativa para pegar os recicláveis”, acredita.
Fonte: A TARDE

ACM Neto dá nova cara à sucessão de Salvador

O comunicador Raimundo Varela não é mais candidato à prefeitura de Salvador e apoiará ACM Neto na disputa pelo Palácio Thomé de Souza. A notícia explodiu como uma bomba na política baiana, especialmente pelo impacto que ela causará no processo sucessório. Depois de uma semana de reuniões, ontem pela manhã finalmente o martelo foi batido no Fiesta Hotel, no Itaigara. No pacote de adesões anunciado, além do apoio de Varela e do seu PRB, Neto recebeu o apoio também do PR do senador Cézar Borges, que indicou o Bispo Márcio Marinho para compor a chapa como vice-prefeito. Com o auditório do Fiesta Hotel completamente lotado, o deputado federal ACM Neto fez um discurso cauteloso, e logo tratou de agradecer os apoios recebidos, especialmente o de Varela. “Recolho o seu apoio, Varela, e tenho certeza que a política lhe aguarda de braços abertos e que você vai brilhar na política da Bahia”, disse, deixando margem para imaginações de que Varela vai continuar na vida pública, assumindo um papel importante agora e em 2010. Também em tom de agradecimento, Neto se dirigiu ao senador Cezar Borges. “Fico feliz, Cézar, com a sua decisão de nos apoiar. Você se fortaleceu ainda mais neste processo”, elogiou. Além de criticar com sutileza o atual momento vivido pela administração municipal, Neto também apontou caminhos para a cidade, anunciando algumas prioridades de um possível governo seu. “Vamos procurar o governador e o presidente da República, e buscaremos os dois partidos da base que estão nos apoiando (PR e PRB) para reforçar este diálogo”, disse. “Aqui está o novo, vamos buscar soluções novas para Salvador”, projetou. “Nós não estamos fazendo uma aliança para chegar ao poder. Estamos fazendo uma aliança para fazer uma transformação de Salvador”, prometeu. Neto disse ainda que vai fazer uma oposição “sem ódio e sem rancor. O que é bom para o país, nós apoiamos”, disse o democrata, num claro recado de como deverá conduzir a sua campanha. O ex-governador Paulo Souto, um dos artífices da aliança, mostrou-se contento com o desfecho das conversas, admitindo que ela poderá ter desdobramentos para 2010. “Houve apenas uma consolidação de uma aliança, mas é evidente que traz desdobramentos lá na frente”, admitiu. “Buscar a vitória numa eleição é uma contingência de todo mundo que vai para a luta política. Mas é pensar pequeno quando admitimos que queremos derrotar quem quer que seja. O que queremos é fazer uma boa campanha, consolidar o processo de aliança, e fazer uma boa administração”, completou Souto. Sobre a aliança anunciada, o ex-governador disse que “Varela tem sido um verdadeiro estuário das demandas das populações mais carentes, por isso ele encarna muito bem os problemas desta população”, explicou. “Em 1990 e 1996 o governo do estado foi chamado para recuperar a prefeitura e isso foi feito”, declarou Souto, referindo-se às ações feitas em parceria com os prefeitos de Salvador nestes períodos. Políticos de vários partidos se fizeram presentes ontem no Fiesta Hotel, no Itaigara, para prestigiar o ato de adesão do PR e do PRB à pré-candidatura do deputado federal ACM Neto. Alem do senador ACM Júnior (DEM) e Cézar Borges (PR), do ex-governador Paulo Souto, dos deputados federais Paulo Magalhães, José Carlos Aleluia, Jorge Koure e Luiz Carreira (DEM), e de José Rocha e Mauricio Trindade (PR), dos estaduais Paulo Azi, Rogério Andrade, Gildásio Penedo (DEM), e Sandro Régis e Eliedson Ferreira (PR), vários vereadores e lideranças também se fizeram presentes. (Por Evandro Matos)
Aliança muda quadro pré-eleitoral
A aliança do Democratas com o PR e o PRB muda o panorama pré-eleitoral de Salvador. Além de já contar com o apoio dos partidos pequenos como o PTC, PTN, PTdoB e PSDC, e do ex-governador Paulo Souto, o deputado ACM Neto passa a contar agora também com os votos da Igreja Universal e do comunicador Raimundo Varela. O arco de aliança formado ontem praticamente garante uma vaga no segundo turno para o democrata. Considerado como o principal trunfo de ACM Neto nas adesões de ontem, Raimundo Varela admitiu que “se for preciso eu vou para o palanque”. Líder de várias pesquisas eleitorais realizadas até aqui, o comunicador pode trazer um novo cabedal político ao pré-candidato democrata. Não só da Igreja Universal, como do Subúrbio e periferia da cidade, onde está a maior parcela do eleitoral do comunicador. “Vou votar agora em Neto porque ele tem as mesmas propostas de Varela. Foi uma decisão ótima para o povo de Salvador”, disse Silvana Silva, moradora do Subúrbio. Almiro Cristóvão, pré-candidato a vereador pelo PR, também do Subúrbio, foi outro que disse que iria votar em Varela “mas agora é Neto”. Estes e outros exemplos foram observados ontem durante o ato de adesão, mostrando a capacidade de Varela transferir o seu voto. Sobre o seu futuro político, Varela disse que “Deus é quem sabe”. Ele alegou falta de estrutura partidária para disputar a eleição e disse que tinha um papel importante a desempenhar também na comunicação. “Nós temos um papel muito grande na comunicação e a maior parte do povo queria que eu continuasse. O nosso grande líder (o vice-presidente José Alencar, do PRB) entendeu que o Márcio Marinho veio para nos representar”, justificou. O senador César Borges, presidente estadual do PR, muito procurado por vários partidos para fechar apoio para a sucessão municipal, disse que a sua decisão “foi muito pensada e refletida”, e passou por muitas horas de conversas. “Se fosse uma decisão baseada no coração, eu já estaria aqui no meio de vocês, porque é aqui onde estão os meus amigos. Mas a minha decisão é pela razão. Salvador vive momentos difíceis, com crises em todos os sentidos, e ACM Neto tem a capacidade e a visão de futuro, por isso tomamos esta decisão”, justificou. Borges falou também da sua passagem pelo governo e disse que “em nenhum momento vou sentir vergonha”. Ele citou a vinda da Ford como uma das grandes conquistas para a Bahia, que aconteceu durante o seu governo, “e que teve a participação decisiva do presidente do Senado, o querido e saudoso senador Antonio Carlos Magalhães”, disse. “Quebramos um paradigma no Norte/Nordeste e conseguimos trazer uma fábrica de automóveis da Ford”, lembrou. (Por Evandro Matos)
Bispo Marinho: “Estamos juntos e misturados”
Escolhido com muito critério para compor a chapa de vice com o deputado ACM Neto, o Bispo Marcio Marinho disse que a sua decisão foi muito pensada. “Sou um homem de fé e reconheço que não cai uma folha de uma árvore se não for da vontade de Deus. Entendi que a cidade precisa de jovens visionistas, com vontade de levantar a sua auto-estima”, disse, justificando a sua decisão. O Bispo Marinho, porém, fez questão de atrelar a sua decisão à vontade de Varela. “Jamais tomaria uma decisão que não fosse da sua vontade, porque somos amigos e você sabe que pode contar comigo”, jurou. Marinho voltou a pronunciar uma frase citada na semana passada, quando disse numa entrevista a uma emissora de rádio que a sua posição sobre a sucessão municipal seria a mesma de Varela. “Estamos juntos e misturados”, disse, espantando qualquer especulação sobre uma posição diferente dos dois. Com esta definição, o deputado ACM Neto anunciou ontem mesmo a escolha do nome do deputado federal Luiz Carreira para coordenar a sua campanha, o que abre uma vaga para o Bispo Marcio Marinho assumir na Câmara Federal, já que ele é o primeiro suplente da coligação que lhe deu sustentação na última eleição. O Bispo Marinho justificou ainda o seu apoio a ACM Neto ao dizer que ele tinha semelhança com Varela. “Salvador precisa de uma pessoa com estilo combativo como você tem, e por isso escolheu o Neto”, disse. “Salvador não tem ninguém que grite por ela, como você faz”, completou, referindo-se a Varela. Marinho alertou que todos precisam ir à luta “porque aqui é tudo bonito, mas lá fora existe uma guerra. Eles têm a máquina do estado, mas nós temos os guerreiros”, argumentou. E num tom religioso, ele citou passagens bíblicas para ilustrar a luta que vem pela frente. “Um homem de Saul valia por cem, mas um homem de Davi valia por mil. E os homens de Davi estão aqui”, profetizou. “Vamos trabalhar, mas Deus já entregou a vitória em nossas mãos”, completou. (Por Evandro Matos)
Pinheiro rebate críticas por alianças perdidas para a prefeitura da cidade
As críticas dirigidas ao PT por ter deixado de fazer alianças em Salvador com diversas legendas que acabaram procurando outros caminhos não têm maior significado para o candidato do partido a prefeito da capital, o deputado federal Walter Pinheiro. O caso mais recente, do PR, que indicou o vice na chapa de ACM Neto (DEM), foi classificado por Pinheiro como “uma volta às origens do senador César Borges, reconstruindo o mesmo desenho de 2004, um projeto que a cidade rejeitou”. O deputado, que ontem almoçou na Assembléia Legislativa com a bancada estadual do PT, encarou a aliança PR-DEM como uma manobra definida pelo “ideário” de seus protagonistas, “um movimento que era natural que se processasse”, diante das “afinidades ideológicas e afetivas” entre o senador e o herdeiro genético do carlismo. Para ele, somente se tivessem chegado a bom termo os entendimentos para apoio do PR ao governo Wagner na Assembléia é que poderia se pensar em estender esse entendimento ao plano municipal. Com relação ao PTB e ao PPS, aliados respectivamente ao PMDB e PSDB, Pinheiro disse apenas que “fizeram suas opções”, sendo importante, para ele, é que “se consolidou a frente de esquerda, com a participação de PT, PSB, PCdoB, PV e PHS”. As próximas etapas, completou, “serão a ampliação da frente, a discussão da formação da chapa, a construção de uma unidade programática e o diálogo com a cidade, em sintonia com a realidade nacional, que se destaca pela nova linha de gestão e de investimento implementada pelo governo do presidente Lula”. Com os últimos movimentos na sucessão municipal, incluindo a desistência do radialista Raimundo Varela (PRB) de candidatar-se, Walter Pinheiro entende que “quatro papéis se cristalizaram”. Ele vê semelhanças entre as candidaturas de ACM Neto e de Antonio Imbassahy (PSDB), considerando que o neotucano representa apenas uma “reformulação” do antigo carlismo, “pois foi prefeito oito anos nesse sistema”. Quanto ao prefeito João Henrique (PMDB), que tenta a reeleição, “animou a cidade, mas no exercício do cargo não deu uma resposta substancial”. O almoço com os parlamentares petistas na Assembléia, segundo Pinheiro, teve o objetivo de “socializar os passos dados até aqui e construir a caminhada”. Ele disse que o PT tem “primazia” na condução da candidatura, mas que “a bancada tem a vantagem de expressar a publicização das teses partidárias, capacidade de diálogo e potencial de referência pública”, sendo, por isso, uma instância indispensável. Por outro lado, é de seu interesse ouvir o que pensam os deputados, pois “vários deles atuam na capital e podem traduzir o sentimento das ruas e das bases”. Darão também sua contribuição na construção de um programa de governo e na ação eleitoral efetiva, já que a frente está definida e, qualquer que seja a chapa, há o compromisso de que não haverá defecções. Participaram do almoço os deputados Paulo Rangel, líder na Assembléia, Yulo Oiticica, J. Carlos, Neusa Cadore, Bira Coroa, Zé Neto, Waldenor Pereira e Isaac Cunha. Os deputados Zé das Virgens e Fátima Nunes se encontravam no interior, acompanhando viagem do governador. (Por Luis Augusto Gomes)
Fonte: Tribuna da Bahia

Perna vendia até colchão e cobrava com sexo

Por Silvana Blesa
“Perna estuprou duas primas minhas, porque meu irmão não tinha dinheiro para pagar pela cela, como se fosse um aluguel cobrado por ele. Ele manda até nos agentes carcereiros”, revelou ontem uma mulher de preso, gritando junto a outros parentes dos internos do Presídio Estadual de Lauro de Freitas que se reuniram em frente à Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes para denunciar outras atrocidades atribuídas a ele. Perna é acusado de vender até colchões, e os presos que não tinham dinheiro eram obrigados a pagar entregando a mulher ou uma parenta para fazer sexo com o traficante. Os parentes também acusam o traficante de tortura, estupro e várias execuções de parentes de presos que não têm condições de pagar para ter um colchão nas celas. Sem dinheiro, o pagamento segundo os familiares era feito com sexo ou assassinato com alguma pessoa ligado a família do detento. Evitando mostrar os rostos as mulheres acusaram o traficante de torturas e de comandar os detentos do Presídio de Lauro de Freitas. Há dois meses, segundo os familiares dos custodiados, houve um princípio de rebelião no presídio e “Perna” teria mandado duas armas por agentes penitenciários para aos detentos do Raio B, para que eles invadissem o Raio A e atacar presos rivais.
Traficante permanece na DTE
O maior traficante de drogas considerado pela polícia na Bahia, Genilson Lino da Silva, 36 anos, conhecido como “Perna”, se encontra detido no Complexo Policial, no Vale dos Barris, depois que foi preso com R$ 280 mil em dinheiro e duas armas 9 mm dentro da cela que se encontrava na Penitencia Lemos Brito, PLB. Até que se apure todas as acusações contra ele, de homicídios, tentativa de resgate, assaltos a banco, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, “Perna” ficará detido na Delegacia de Tóxico e Entorpecente, DTE. A presença do traficante no local provoca pânico entre os policiaIs que trabalham no complexo. Mesmo com duas viaturas das Rondas Especiais da Polícia Militar com alguns agentes e do Comando das Operações Especiais (COE) dando segurança 24 horas, os agentes alegam correr risco de morte. Temem uma invasão. “Tememos que uma tentativa de resgate possa acontecer a qualquer momento. Estamos todos temerosos, não saímos para os trabalhos externos como investigações temendo que algo de ruim possa acontecer”, revelaram policiais do Complexo. O coordenador da DTE, Hélio Jorge ressaltou que “Perna”, está custodiado em uma cela separada dos demais presos. E ainda explicou que o traficante permanecerá no local até que seja ouvido pelos crimes que é acusado. Ontem pela manhã, o delegado titular da DTE, José Carlos Habib interrogou “Perna”, acusado da posse de um quilo e 100 gramas de maconha encontrado em janeiro deste ano dentro de sua cela e de ordenar a tentativa de resgate no dia 8 do mês passado, no Complexo dos Barris. Habib também ressaltou que na época que a droga foi encontrada, uma juíza assinou uma autorização para que “Perna” fosse prestar esclarecimento na DTE. “Uma guarnição do COE, se dirigiu até o presídio para trazê-lo até o Complexo, mas para nossa surpresa o traficante resistiu e disse que não viria. Assim fez, e nenhuma medida foi tomada por parte do Estado”, revelou o delegado. Conforme ainda Habib, durante o depoimento “Perna”, negou as acusações e disse que a droga não lhe pertencia e não sabia dizer quem teria facilitado a entrada do entorpecente na cela. Sobre o dinheiro encontrado na sua cela, o traficante disse que emprestava dinheiro a juros e por isso tinha aquele montante de dinheiro. No entanto, “Perna” negou que gerenciava o tráfico, execuções e ditava leis na cidade, e não disse quem facilitava a entrada de drogas, armas e dinheiro. Sobre as regalias que gozava dentro da custódia, inclusive TVs, bicicleta ergométrica, geladeira e entrada de garota de programa, ele nada explicou. Ontem pela manhã ele também foi ouvido pelo delegado Nilton Tomes, do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP), que colheu depoimento do traficante a respeito do assalto ao carro-forte da Brinks, atacado por 10 homens que roubaram R$ 435 mil dos malotes do Unibanco, assim como o assalto ao Banco do Brasil de Nazaré das Farinhas que “Perna” era acusado de comandar. O depoimento do traficante não foi divulgado para a imprensa. Conforme o diretor Hélio Jorge, a delegada titular da DH, Inalda Cavalcante deverá ouvir o acusado sobre os vários homicídios e execuções imputadas a ele. O secretário da Segurança Pública, César Nunes, determinou abertura de inquérito para investigar o esquema montado pelo traficante Genílson Lino da Silva, o “Perna”, desmontado pela megaoperação batizada de Big Bang, que comandava o crime organizado do interior no Corpo 4 da Penitenciária Lemos Brito. Será apurado com rigor se existe envolvimento de policiais militares no fornecimento de armas e dinheiro para o traficante. (Por Silvana Blesa)
Regalia, sim. Mordomia, não
A juíza titular da Vara de Execuções Penais, Andremara dos Santos, difere a regalia da mordomia. A Lei de Execuções Penais em seu artigo 56, versa sobre a concessão de regalias a presos de boa conduta. Porém, não a ponto de diferenciar um preso do outro. “As regalias devem ser iguais para todos. A Lei dá direito às recompensas, mas não a mordomias. O que foi identificado na Penitenciária Lemos Brito é um arbítrio, um desvio de execução penal", afirma. Desde que a Vara de Execuções Penais possui a responsabilidade de evitar desvios, foi elaborado um plano de ação desde fevereiro, que visa a realizar inspeção cela por cela. “Sabemos que existe mais de 300 presos sem cadastro na Vara de Execuções Penais, mas temos um plano para realizar inspeção na Penitenciária Lemos Brito”, aponta, ao justificar que a corrupção é tão séria que para realizar a intervenção, é necessário cautela e aparato, a exemplo do empreendido na “Operação Big Bang”. A Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública da Assembléia Legislativa da Bahia desconhece as mordomias na PLB. O presidente da comissão, deputado Fernando Torres, responsabiliza a administração do presídio pela fiscalização de celas. “Nossa comissão não chega fazendo visitas para saber se os presos têm celulares, dinheiro ou armas. Nunca entrei numa cela e nem pretendo entrar. O que está acontecendo na Bahia é um problema administrativo. Em nossas visitas, verificamos se os direitos humanos dos presos estão prevalecendo”, afirma Torres, que aponta a superlotação como responsável pela condição dos presídios.
Fonte: Tribuna da Bahia

EX-DIRETOR DENUNCIA:

Secretaria sabia de tudo que acontecia na PLB
Por Silvana Blesa
Cansado das irregularidades detectadas durante um ano em que comandou a Penitenciário Lemos Brito, o ex-diretor Luciano Patrício, exonerado ontem, abre o jogo e revela que enviou relatório à Secretaria da Justiça, pedindo providências. Sem ter resposta, solicitou a secretaria Marília Muricy sua demissão do cargo, uma vez que não concordava com os desmando que ocorriam na PLB e nada podia fazer para solucionar os problemas. Mais uma vez não foi atendido. A secretária não aceitou sua demissão e pediu que permanecesse no cargo por mais algum tempo, alegando que não tinha outra pessoa para lhe substituir. Patrício confirma que o traficante é responsável por 40% do trafico na Bahia, movimentando cerca de R$ 4 milhões por mês. Patrício revelou ainda que solicitou ao promotor Edmundo Reis, do Ministério Público, a transferência de Genilson Lino da Silva, o “Perna” para um presídio de segurança máxima, até mesmo em outro Estado, por considerar que um elemento com perfil como o de “Perna”, e considerado de alta periculosidade, não poderia jamais estar na PLB. “Eu estava cansado. É muito desgastante esse trabalho, que tem muitos problemas e grandes dificuldades para resolver”, disse Patrício. Conforme ainda o ex-diretor, o problema que se encontra o presídio não é uma realidade apenas em Salvador e sim do Brasil. “O tráfico de drogas é como um câncer, que se espalha por todas as partes e gera lucro aos traficantes”, revelou. O ex-diretor confessou que não tinha conhecimento do dinheiro e nem das armas dentro da cela do traficante, mas revelou que já tinha apreendido desde sua posse 200 aparelhos celulares, mais de 100 pedras de crack, 1,100kg de maconha. Patrício analisou que drogas e aparelhos celulares só poderiam entrar no presídio através dos funcionários da cozinha, de soldados da PM ou por agente penitenciário. “Há um mês prendemos em flagrante um agente penitenciário com pedras de crack para entregar ao traficante. Ele foi detido e entregue a Polícia Civil”, reforçou o ex-diretor. Sobre as regalias de que o traficante era beneficiado, Patrício disse que a Lei de Execução Penal permite a entrada de televisão, geladeira e as comidas segundo o ex-diretor eram levadas pela família do preso. “Inclusive a lei permite que em datas comemorativas os presos recebam seus parentes na sexta-feira e saia no domingo. Para ser mais claro, “Perna” está preso aqui há oito anos, eu estava na direção há um ano, isso evidencia que ele sempre comandou o tráfico daqui de dentro e a culpa não é minha”, desabafou. Patrício ainda disse que “Perna”, é tido na Penitenciária Lemos Brito como um líder. “Acredito que ele obteve hierarquia sobre os demais presos, por pagar advogados de presos e compra de caixão quando um parente de um detento morre, entre outros favores”, disse. “Eu sempre ajudei o Estado. Achei necessária a operação que aconteceu, mas me senti como um “boi de piranha”. Agora irei me apresentar à SSP e voltar às minhas atividades como delegado”, explicou
MP investigará todo o sistema
; As mordomias do traficante “Perna” foram cessadas. Mas, existem denúncias de “paraíso prisional” também para marginais de outras facções, como no caso do conhecido “Cabeção”. Sem querer adiantar novos procedimentos e presos a serem investigados, a promotora Ana Rita Nascimento, do Ministério Público, assegura que a partir de agora aumentará o leque de investigações. “Com o trabalho de investigação e apuração de denúncias se conseguiu provar que irregularidades existem na Penitenciária Lemos Brito, mas os próximos passos serão dados para se enxergar o sistema prisional como um todo”. A promotora assegura que o momento é para responsabilizar quem facilitou as irregularidades. Admite que tem muito trabalho pela frente, mas entende que é preciso se chegar a exaustão e conseguir o ideal. Ana Rita Nascimento tomou conhecimento que pela manhã, mulheres de presos se mobilizaram defronte ao Complexo dos Barris. Uma delas utilizou um celular para falar com o marido, preso na Penitenciária Lemos Brito, sem qualquer entrave, “Isso somente aconteceu para provar que o MP está certo, que existem outras regalias que deverão ser corrigidas”. Sobre a lista encontrada com o traficante e possíveis nomes de jornalistas, delegados e policiais, a promotora pede retificação. “Foram apreendidos cadernos e agendas com valores apenas”. E a ausência de representantes da Secretaria de Justiça na Operação, ela justifica alegando que foi um trabalho do Ministério Público, Secretaria de Segurança Pública, Policia Militar e Superintendência de Inteligência. “Um processo de políticas públicas e de segurança em razão de denúncias dentro da penitenciária”, qualificou, dizendo que “foram investigações para medidas judiciais e procedimentos que não eram inerentes a pasta da Secretaria de Justiça”. A operação da polícia baiana que conseguiu desarticular uma das maiores organizações criminosas do Estado, envolvida em tráfico de drogas, homicídios, assaltos a bancos e seqüestros foi elogiada pelo governador Jaques Wagner em seu programa de rádio semanal. Foram presos, em diversos bairros de Salvador, 26 integrantes da quadrilha, 13 em flagrante. “Foi uma operação preparada há meses e aquele que chefiava, dentro do presídio, as operações do tráfico, possivelmente será transferido”, afirmou Wagner ao ressaltar que tudo foi feito dentro do que exige a legislação e com acompanhamento do Ministério Público. “Creio que é uma resposta à cobrança da sociedade”, frisou ao elogiar e parabenizar a atuação dos policiais civis e militares. Reuniões a porta fechada e isolamento foi o que se viu ontem nas dependências da Secretaria de Justiça da Bahia. Durante toda a tarde, a titular da pasta, Marília Muricy, não quis falar com a imprensa. De acordo com sua assessoria, uma comissão foi formada para apurar todas as irregularidades constatadas e punir os culpados. Para justificar as mordomias do traficante “Perna”, ressaltou que a Lei de Execuções Penais não proíbe alguns aparelhos em cela e prevê a ressocialização. Sobre as demais exonerações ventiladas durante toda a manhã, a secretária disse que ninguém será dispensado até que seja finalizada apuração. A saída de Luciano Patrício, publicada ontem no Diário Oficial, era tida como certa na noite de segunda-feira. Apesar de aprovar a operação Big Bang , admitiu que não foi chamada a participar, mas reafirmando o que havia dito na véspera: “faltou diplomacia da Secretaria de Segurança”. Ao assumir a pasta Muricy apontou o problema do crime organizado nos presídios e diz que, por este motivo tem conversado muito com o Ministério Público. Garante, inclusive, que tem investido no que chamou de moeda de troca, dando saúde , educação e trabalho para evitar que o crime organizado e o tráfico domine a massa carcerária. Mas pelo que se viu, a tática não está funcionando. (Por Maricelia Vieira)
Perplexidade
; Paulo Roberto Sampaio - Diretor de Redação Confesso que ainda estou, assim como muitos baianos, perplexo. Não sei se o que mais me surpreende nesta história é a descoberta feita pela polícia na Penitenciária Lemos Brito, onde um megatraficante tinha até as chaves da própria cela, montou uma suíte equipada com TV de plasma, equipamentos de musculação, geladeira, bem abastecida, telefones celulares, arma e dinheiro, muito dinheiro, ou o fato de todo este absurdo acontecer há tanto tempo e ninguém fazer nada. Não sei se o que mais me surpreende é a certeza da impunidade do traficante, recomendando com autoridade a um agente que tomasse conta de sua cela enquanto seguia com os policiais ou toda a operação montada para “prender” um preso que dormia candidamente em sua cela. Ação documentada em seus mínimos detalhes, com flagrantes de um realismo espantoso, como a surpresa do responsável pela área, uma espécie de carcereiro, que parecia não saber o que dizer quando lhe perguntaram onde estava a chave da cela, afinal ela estava com o próprio preso, ou do policial que descobriu a fortuna guardada na cabeceira da cama do traficante, disparando um bem baiano:”Vixe Maria!”. Ação digna dos maiores elogios, não tivesse acontecido dentro de uma penitenciária, pasmem, em área restrita onde o Estado é soberano e dela devia cuidar e jamais compactuar e por tanto tempo com mazelas desse porte. Ação que não se encerra com o cinematográfico flagrante nem a demissão do diretor da instituição, até porque ele já havia denunciado às esferas superiores tudo que de absurdo ocorria no presídio havia oito meses e nada foi feito. Muitas perguntas estão sem resposta e é dever do Estado, junto com o Ministério Público, esclarecer direitinho essa história. Por qualquer das óticas que use, um fato é inquestionável: a segurança pública na Bahia está de cara nova. Pode não ter ainda a eficiência que se espera para um combate que se revela, dia após dia, mais desigual e sangrento, contra o tráfico e o crime organizado que avançam no Estado, mas caminha em busca da moralidade, no combate a promiscuidade que parece contagiar parte do organismo da polícia e da Justiça baiana. Uma exigência do governador Jaques Wagner. “Perna” está atrás das grades há mais de cinco anos e passou os últimos 17 meses gozando das mesmas regalias que tinha no governo passado. Ou até mais. E ninguém fez nada para mudar essa situação. Ao desnudar tão bisonha epopéia acaba a própria polícia revelando o quanto de absurdo há no submundo do crime, salpicando sobre muitos que estão em volta resquícios da podridão que ali impera. Mas isso é transparência, algo que o atual governo tanto persegue e defende. Se ficou mal para a secretária de Justiça Marilia Muricy uma ação deste porte ser desencadeada em sua pasta, sem sua participação direta ou sequer seu conhecimento, o sucesso da operação comandada pela SSP e MP deveu-se, exatamente, ao sigilo imposto. Menos por comprometimento direto da titular da pasta, figura ímpar e reconhecida pela sua história, mas pelo risco que o vazamento da operação poderia representar para todo o processo. E dar margem, quem sabe, a “Perna” esvaziar sua cela, depositar os milhares e milhares de reais que ali guardava num banco, se livrar dos bagulhos que lá estavam e, pelo menos, devolver a chave ao atrapalhado carcereiro, além de acordar com uma cara menos amassada para aparecer na TV.
Fonte: Tribuna da Bahia

Justiça pode reduzir juros do cartão de crédito

TRIBUNA DA BAHIA Notícias
Num país com uma alta carga tributária e taxa de juros bastante elevada, quem sempre sai na desvantagem é o consumidor. Considerado grande vilão, o cartão de crédito, que tem taxas praticadas em muitos casos acima dos 14% ao mês, além da composição incluir juros compostos – cálculo baseado em juros sobre juros –, tem deixado muitas pessoas de cabelo em pé na hora de conciliar os pagamentos com o salário. Um dado que reforça isso são as 20.214 mil reclamações em curso hoje na Justiça baiana referentes aos abusos de administradoras de cartão de crédito. Segundo a coordenadora dos juizados Especiais da Capital, Mariana Teixeira Lopes, o número pode ser maior. “Não podemos mensurar no momento, mas acreditamos que eles sejam maiores em razão de instituições bancárias que agregam cartões entre no seu pacote de produtos. Eles não entram no sistema somente como cartões”, alerta. Outra situação envolve o Procon que não pode mais se encarregar das reclamações envolvendo cartões de crédito. As queixas são direcionadas aos juizados do consumidor, já que o órgão não pode mais realizar sanções aos infratores. A questão envolvendo os juros de cartões de crédito, segundo a Coordenadora do Procon, Carmem Dantas, não é mais da competência do órgão em razão da revogação dos incisos do artigo 192 da Constituição Federal, através da emenda constitucional de número 40. “A questão da abusividade é complicada. É preciso nos reportarmos às taxas que estão sendo praticadas no mercado. Mas com a saída dos incisos que previam a taxa de juros a ser praticada de 12% ao ano, o Procon não tem mais competência sobre este assunto. Então o cidadão é encaminhado aos juizados do consumidor”, revela. Para o juiz de Defesa do consumidor, Paulo Chenad, na maioria dos juizados há um entendimento que passa pela análise da clausula abusiva. “Se um determinado banco faz um empréstimo a uma taxa de 2% , ele não pode cobrar 14% do consumidor. O Código de Defesa do Consumidor permite que essas cláusulas sejam discutidas. Muitas vezes o consumidor recebe um cartão em sua casa com anuidade grátis e depois seguem os encargos de 17%. Além da cobrança de juros sobre juros”, reclama. Chenad lembra que o contrato é revisado. “Há os artigos 6º, inciso 8 do Código do Consumidor que prevê o direito básico do consumidor e o artigo 51 que trata especificamente das cláusulas abusivas. Nós declaramos a nulidade da clausula que coloca o consumidor em desvantagem, e via análise podemos reduzir para 1% ao mês a carga de juros, além de aplicar juros simples e multa de apenas 2%. O que está sendo praticado no mercado muitas vezes penaliza o consumidor de forma cruel e é preciso que ele fique atento e recorra aos seus direitos”, diz. O Juiz lembra que cada caso é analisado de modo singular e as sanções aplicadas também. “As multas podem variar entre R$ 50 a R$ 500, sendo aplicadas diária ou mensalmente , a depender de cada caso e do descumprimento da ordem pela empresa”, cita. (Por Alessandra Nascimento)
Consumidores reclamam
A arquiteta Márcia Ramos, 38 anos, se considera vítima por ter visto sua dívida aumentar em quase 200% com o cartão. “O maior pesadelo de minha vida foi enfrentado quando minha mãe adoeceu. Minhas dívidas com o cartão de crédito só faziam aumentar e quando tentei negociar tive que me submeter a eles para poder ficar com meu nome limpo de novo”, desabafa a arquiteta. A reclamação de Márcia sobre a abusividade dos juros dos cartões é uma das muitas queixas registradas nos juizados especiais da Bahia recebe todos os dias envolvendo problemas com cartões de crédito. Para a arquiteta, a falta de uma maior sensibilidade por parte da administradora foi fator decisivo para que ela remetesse a queixa a apreciação do Juizado. “Quando solicitei que a administradora revisse meu caso fui informada pelo atendente do call center que esse era o juro de mercado e que quem devia cabia apenas pagar. Nunca vi tanta falta de respeito junta”, desabafa. Situação parecida viveu a pedagoga Fabianne Santos, 33 anos. Ela teve de recorrer a Justiça para fechar um acordo de pagamento com o cartão de crédito. “O problema é que os juros vão aumentando e nós acabamos envolvidos numa bola de neve sem saber como sair. As dívidas se tornam muito altas e a carga de juros embutida é muito grande. Infelizmente nos tornamos refém de situações como esta”, critica.(Por Alessandra Nascimento)
Fonte: Tribuna da Bahia

Corrupção de agentes públicos na mira da Operação Big Bang

Investigação prossegue para identificar servidores incluídos no esquema de ‘Perna’


Alan Rodrigues
Agentes do estado envolvidos em corrupção são o próximo alvo da Operação Big Bang, deflagrada segunda-feira e responsável pela prisão de Genilson Lino dos Santos, o “Perna”, apontado como maior traficante do estado. O delegado Arthur Gallas, que preside o inquérito policial, anunciou ontem que as investigações continuam com o objetivo de identificar agentes penitenciários e policiais que fariam parte do esquema montado pelo traficante na Penitenciária Lemos Brito (PLB), permitindo a entrada de drogas, armas e dinheiro.
As declarações foram feitas na abertura do seminário internacional Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro em Debate na Capital Baiana, organizado pela associação dos delegados da Bahia, que coincidiu exatamente com a megaoperação de desarticulação da maior quadrilha de tráfico de drogas no estado. Arthur Gallas afirmou que várias prisões ocorridas no primeiro semestre foram fruto das investigações, inclusive com escutas telefônicas do grupo comandado por “Perna”.
O delegado também revelou que “Perna” planejava infiltrar alguém no Ministério Público Estadual. A ex-advogada dele, com quem tinha um relacionamento e encontros íntimos na própria cela, teve um curso de preparação para o concurso do MP pago pelo traficante. Os dois se separaram quando “Perna” descobriu que ela tinha traído ele com outro detento e, por pouco, a advogada não foi assassinada.
Servidores - O secretário de Segurança Pública do Estado, César Nunes, também comentou a possibilidade de envolvimento de servidores públicos na rede de corrupção do traficante. “É óbvio que, se o sujeito tinha todas as facilidades, os servidores têm que estar envolvidos”, concluiu. Durante o seminário, o delegado de Crimes Contra o Patrimônio, Arthur Gallas, sugeriu a criação de um departamento de inteligência exclusivo da Polícia Civil, além de um departamento de combate ao crime organizado e uma vara especializada para julgar os inquéritos originados no departamento junto ao Tribunal de Justiça. “Hoje só o Ministério Público, com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e de Investigações Criminais), tem um grupo voltado exclusivamente para o crime organizado”.
O coordenador geral de Defesa Institucional da Polícia Federal, Fernando Segovia, que veio de Brasília para o seminário, falou também sobre a necessidade de integrar as ações no combate ao crime organizado e da dificuldade de administrar vaidades. “Só o trabalho integrado da União, polícias Civil e Militar pode enfrentar o tráfico. Temos que acabar com o orgulho que ainda existe por parte de algumas pessoas. É preciso ter espírito público de compartilhar informações e deixar de lado as disparidades salariais. É preciso valorizar e capacitar todas as categorias, mas cada um dos atores tem que reconhecer seu papel enquanto estrutura estatal”.
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Racha entre secretarias
Alexandre Lyrio
Desde que se deu a Operação Big Bang, as antigas discordâncias entre as secretarias de Segurança Pública (SSP) e de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH) se transformaram num verdadeiro racha. Prova do conflito estabelecido entre as duas pastas foram algumas das declarações feitas ontem pelo delegado responsável pela operação, Arthur Gallas, e pelo próprio secretário de Segurança Pública, César Nunes. Ambos criticaram duramente o posicionamento da secretária de Justiça, Marília Muricy, diante das regalias concedidas ao traficante Genílson Lino dos Santos, o “Perna”.
As declarações foram feitas ontem na abertura do seminário internacional sobre crime organizado. “É muito cômodo para a Secretaria de Justiça ter uma pessoa como “Perna” no comando do presídio, porque ele mantém a ordem, evita rebeliões. Em contrapartida, a gente não pode atacar ele dentro do presídio”, afirmou Arthur Gallas. O secretário César Nunes não só complementou as palavras do delegado como insinuou que os presídios baianos poderiam suportar muito mais gente se fossem bem administrados. “Tanto é assim que tem preso ocupando uma única cela, como nós vimos no caso de “Perna”.
Procurada pela reportagem do Correio da Bahia para que repercutisse tais declarações, a secretária Marília Muricy informou, por meio da sua assessoria de comunicação, que não atenderia a imprensa no dia de ontem, tendo proibido que fosse agendada qualquer entrevista com jornalistas. A assessoria se limitou a responder a declaração do secretário César Nunes. Explicou que “Perna” utilizava a sela sozinho porque o Pavilhão 4 do presídio está sendo desocupado e, provavelmente, será demolido em breve.
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Destino do dinheiro apreendido
Flávio Costa e Alan Rodrigues
O montante R$280 mil apreendido na cela do traficante “Perna” na Penitenciária Lemos Brito (PLB) pode ser depositado no Fundo Nacional Antidrogas (Funad). É o que determina a legislação. O titular da Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio, Arthur Gallas, disse ao Correio da Bahia que informações que chegaram à polícia davam conta de que, em determinado momento, o criminoso chegou a ter em mãos R$1 milhão, dentro da unidade prisional.
Porém, a palavra final caberá ao juiz da 12a Vara Criminal, Almir Pereira de Jesus, ao término do processo judicial desencadeado pela Operação Big Bang. O certo é que o dinheiro terá como destino os cofres públicos.
Ligada à Presidência da República, a Secretaria Nacional Antidrogas controla o Funad. Por lei, transforma-se em recurso do fundo todo e qualquer bem de valor econômico, apreendido em decorrência do tráfico de drogas, de abuso ou utilizado de qualquer forma em atividades ilícitas de produção ou comercialização de drogas abusivas, ou, ainda, que haja sido adquirido com recursos provenientes do referido tráfico.
A transferência apenas ocorre após decisão judicial ou administrativa tomada em caráter definitivo. Entre diversas atribuições, os recursos do Funad devem ser usados em “programas de formação profissional sobre educação, prevenção, tratamento, recuperação, repressão, controle e fiscalização do uso e tráfico de drogas”. Dados do Portal da Transparência do governo federal informam que o Funad teve despesas de pouco mais de R$685 mil no ano passado e de R$379,5 mil nos primeiros quatro meses do ano.
Rastreamento - A Justiça já determinou o bloqueio e liberou a quebra de sigilo bancário de todas as contas de “Perna”, inclusive em São Paulo e Mato Grosso. A informação é do secretário estadual de Segurança Pública, César Nunes. Ele afirma que está sendo feito o rastreamento dos R$280 mil que estão depositados numa conta judicial.
A tese defendida é de que os valores seriam oriundos da coleta do tráfico e de agiotagem realizada dentro do presídio. Mas Nunes diz não acreditar que o montante contenha cédulas provenientes de alguns dos assaltos a banco que teriam sido ordenados pelo traficante “Perna”.
Preso na carceragem do Complexo Policial dos Barris, o bandido cumpria pena de 39 anos. “Perna” trocava o dinheiro por cédulas de maior valor para reduzir o volume”, acrescenta Nunes. Ele não soube dizer como as quantias entravam na PLB. Mesmo com informações recebidas sobre vultuosas quantias que o traficante mantinha, Gallas disse que os agentes envolvidos na operação não esperavam encontrar essa quantidade. “Achamos que iríamos encontrar drogas na cela dele”, revela.
Fonte: Correio da Bahia

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