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sexta-feira, junho 08, 2007

PF: irmão de Lula vendia favores à gang do jogo

“Segundo a Polícia Federal, Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, recebia dinheiro -valores que variavam de R$ 2.000 a R$ 3.000- do empresário de jogos Nilton Cezar Servo, preso na Operação Xeque-Mate.
Ele pedia dinheiro prometendo benefícios e vantagens a Servo em órgãos governamentais. A PF, porém, não informou quais interesses Vavá defendia e em que órgãos. Segundo a polícia, Vavá fazia promessas, porém não conseguia atender os pedidos.
Mesmo sem alcançar os objetivos, o irmão do presidente foi indiciado sob suspeita de tráfico de influência no Poder Executivo e exploração de prestígio no Judiciário, dentro da Operação Xeque-Mate, na última segunda-feira. A PF, que fez busca e apreensão na casa de Vavá em São Bernardo do Campo, chegou a pedir a prisão dele, no que não foi atendida.
A Justiça entendeu que não estava comprovado o tráfico de influência do irmão de Lula no setor da máfia dos jogos, alvo da Operação Xeque-Mate e dos pedidos de prisão.Conforme a polícia, foi descoberto na operação que donos de caça-níqueis em Mato Grosso do Sul e São Paulo pagavam propina a policiais para manterem o jogo funcionando, além de importarem ilegalmente componentes eletrônicos para as máquinas.
Um delegado próximo às investigações afirmou que a PF, ao investigar Servo, que até abril deste ano operava máquinas de caça-níqueis, chegou a Vavá e passou a investigá-lo também.Para essa operação, foram 166 mil ligações gravadas nos últimos seis meses, das quais 5.600 foram selecionadas.Depoimento - Preso anteontem em Minas, Servo prestou depoimento ontem em Campo Grande. Candidato a deputado federal pelo PSB em 2006 em coligação com o PT, quando declarou patrimônio de R$ 500 mil dinheiro e a mesma quantia em jóias, Servo é considerado um dos líderes da máfia dos caça-níqueis.
Escutas telefônicas registram conversas de Servo com Vavá pelo menos até março deste ano, apontando que ele continuava com o tráfico de influência. Em 2005, no auge da crise do mensalão, a imprensa publicou que Vavá abriu escritório em São Bernardo para ajudar empresários a ter acesso ao governo federal. Ele, por exemplo, intermediou encontros de representantes da Federação Brasileira de Hospitais com assessores próximos a Lula.
Em outra frente, Vavá, apresentando-se como irmão do presidente, também intermediou audiências do empresário português Emídio Mendes, do Riviera Group, na Petrobras. A informação da PF sobre pagamento de dinheiro a Vavá confirma acusações de um ex-gerente de Servo, Andrei Cunha, em depoimento a PF. Também preso na Operação Xeque-Mate, Cunha aceitou o benefício da delação premiada.Até o início deste ano, Cunha era gerente de Servo. Os dois se desentenderam. Um policial contou que, segundo Cunha, Vavá pedia quantia acima de R$ 10 mil, mas o valor repassado por Servo era menor -de R$ 2.000 a R$ 3.000. No depoimento, porém, Cunha não informa por que motivo Servo pagaria Vavá”.
Escrito por Josias de Souza
Fonte: Folha online

A Hora É Essa!

Por Giulio SanmartiniQuanto mais se mexe na fossa negra do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) mais sobem os miasmas nauseabundos dos dejetos de sua corrupção.A confusão atingiu tal dimensão que valores começam a ser confundidos. Passou a considerar-se um fato normalíssimo que ele tenha uma filha fora do casamento, que isso faz parte de sua vida particular e que ninguém tem nada a ver com isso. Este é um grande engano, ou a banalização de uma conduta imoral. Ora, a um representante de seu estado junto ao poder Legislativa, exige-se no mínimo que seja ilibado, que tenha um conduta proba, duas qualidades que são incompatíveis com o adultério, que é uma violação, transgressão da regra de fidelidade conjugal imposta pelo contrato matrimonial. O senador mostra arrependimento com relação à sua mulher legítima, mas não demonstra vergonha junto aos seus eleitores pela imoralidade cometida. O tratamento que vem recebendo de seus pares é também de um machismo vergonhoso, é tratado como o “Garanhão das Alagoas”, tenho certeza que se fato idêntico acontecesse com uma senadora, ou seja que esta tivesse um filho fora do casamento, chamada e tratada por mundana.Fato é que o lobista Cláudio Gontijo, pagou em espécie a devida pensão alimentícia da amante e da filha do senador, com um dinheiro, cuja proveniência não está, por mais que tentem, esclarecida. A cada tentativa. como quem anda nas areias movediças, Calheiros afunda mais.Ontem Amaury Ribeiro Jr. do Correio Braziliense, publicou uma matéria :” Operação navalha: senador Renan Calheiros omitiu bens à Receita Federal”, relata o jornalista que uma investigação da Receita Federal, mostra que o senador somente declarou duas fazendas e parte dos rendimentos com lucros presumidos com atividade rural após a denúncia de supostas ligações com Gontijo.A retificação que foi descoberta agora pelos auditores da Receita Federal, mostra que a declaração de glebas rurais, que o senador mostrou como fonte de renda para sustentar a segunda família, foram anteriormente omitidas ao fisco e somente declaradas agora depois de ter estourado o escândalo.Essa declaração retificadora tem um prazo de até 5 anos para ser apresentada, portanto esse artifício usado pelo senador, apesar de imoral, não caracteriza sonegação fiscal, mas compromete mais ainda a defesa de Renan.A pergunta que se faz é a seguinte: por que esses bens foram declarados somente agora depois da confusão?Uma pesquisa de opinião mostra que 93,3% dos entrevistados não acreditam que Renan Calheiros tenho pago com seu dinheiro as despesas de sua ex amante Mônica Veloso. Isso faz ver que sua permanência no cargo é uma afronta à dignidade, um insulto à sociedade e um perigo para a democracia.Portanto, acordem senadores, peguem o que ainda lhes restar de hombridade e bradem junto com os brasileiros de bem:FORA RENAN CALHEIROS!
Fonte: prosa & politica

Que polícia é essa?

Por Caros Amigos 07/06/2007 às 17:35
As matérias que o leitor encontra daqui em diante procuram traçar um perfil da atual Polícia Federal, instituição que tem empolgado o país. Quase todo dia um espetáculo inédito na televisão: gente da alta roda algemada e levada para a cadeia. Melhor que novela, cenas inimagináveis há não muito tempo atrás.
Máscara Negra põe o Brasil às claras Esse é o nome do edifício do Departamento de Polícia Federal, em Brasília, coração e cérebro da instituição. Vamos ver o que há lá dentro que tanto ajuda a prender tanta gente, principalmente os colarinhos brancos. por João de Barros Máscara Negra é o apelido do edifício de dez andares localizado no setor de autarquias que é sede da Polícia Federal em Brasília. Ganhou o apelido logo após a inauguração no governo do general Ernesto Geisel, em 1977, por causa dos vidros escuros que recobrem a fachada. Fazia sentido. No regime militar, a Polícia Federal era um órgão de repressão política usado pelo sistema para caçar subversivos, infiltrar-se nas organizações populares e censurar livros e filmes, entre outras atribuições. Uma "caixa preta", onde trabalhavam homens conhecidos por "chuta-portas" - como diz a nova geração de policiais federais - por causa dos métodos hostis de abordagem que costumavam aplicar. O Máscara Negra não mudou. Ainda exibe hoje as mesmas salas do subsolo onde os policiais assistiam aos filmes que seriam censurados, assim como não foram trocadas as placas que identificavam a turma da tortura - está lá a do execrado DOPS - Departamento de Ordem Política e Social, que funcionava no sexto andar. O que mudou foi a atuação da Polícia Federal. O orçamento aumentou. Passou de 1,848 bilhão de reais no último ano do governo FHC para 3,458 bilhões este ano. O número de policiais saltou de 7.000 para pouco mais de 13.000. "No governo Fernando Henrique Cardoso, a idéia do Estado mínimo repercutia na polícia mínima. Nossos carros não eram mais abastecidos pelos postos de gasolina; hoje têm ar condicionado. A idéia era: a polícia tem de cuidar do que cai na mão dela, não tem de correr atrás. Os policiais, além de não terem um centavo de aumento, ficaram oito meses sem receber diária: viajavam, faziam a investigação com o próprio dinheiro e não recebiam de volta. Com a chegada do advogado criminalista Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça do primeiro mandato do governo Lula, é que a Polícia Federal começou a mudar. Ele sentiu que havia um grupo de policiais com boa condição pessoal, com potencial para investigar e decidiu investir", diz Marcos Wink, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef). Operações especiais A eficiência das investigações aumentou. A cocaína apreendida pulou de 9,1 toneladas em 2002 para 15,7 toneladas em 2005. O número de pessoas libertadas do trabalho escravo subiu de 1.741 em 2002 para 3.993 no ano retrasado. O número de inquéritos policiais foi de 1.027 em 2002 para 18.641 em 2005. Houve 119.000 operações de rotina no governo Lula. Porém, o que chama a atenção - pelos nomes que ganham e pela quantidade de policiais destacados para cada diligência ? são as operações especiais, que saltaram de nove em 2003 para 42 em 2004, 67 em 2005 e 178 no ano passado. A maior delas foi a Operação Dilúvio*, em agosto de 2006, deflagrada em oito Estados brasileiros e nos Estados Unidos. Após investigação de quase dois anos, a ação desarticulou um esquema de fraudes no comércio exterior, arquitetado por um punhado de empresários, onde havia de tudo: fraudes, sonegação, falsidade ideológica e documental, evasão de divisas, cooptação de servidores públicos. Contou com a participação de 950 policiais federais e 350 servidores da Receita Federal, que prenderam 102 pessoas e cumpriram mais de duzentos mandados de busca e apreensão, no Brasil e nos EUA. (...) *após o fechamento da edição, a PF deflagrou a Operação Navalha, que em 17/5 prendeu 46 suspeitos em 9 Estados, entre eles um ex-governador (José Reinaldo Tavares, PSB-MA), dois prefeitos (Luiz Carlos Caetano, PT-BA e Nilson Aparecido Leitão, PSDB-MT) um deputado (Pedro Passos Júnior - PMDB-DF), assessores e funcionários públicos. Segundo a PF, também está envolvido no esquema o atual governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT). As investigações da operação, que tiveram início em novembro do ano passado, revelaram um megaesquema de desvio de recursos públicos por meio de fraudes em obras de eletrificação rural, saneamento básico e manutenção de rodovias. ______________________________________________________ Parceiros na lei por Marina Amaral A evolução da Polícia Federal evidencia-se aos olhos da população e do Ministério Público, que depende da eficiência de suas investigações para mover ações e processar criminosos. Não é uma parceria fácil: entre as atribuições constitucionais de procuradores e promotores está o controle externo da atividade policial, ou seja, a fiscalização da polícia Em 29 anos de polícia, Marcos Wink, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, nunca viu coisa igual: durante as operações-padrão da PF nos aeroportos para exigir o cumprimento de um acordo salarial, os policiais foram aplaudidos por passageiros que aguardavam em longas filas a minuciosa inspeção. A imagem dos homens de preto derrubando uma parede falsa na casa do sobrinho do bicheiro Capitão Guimarães e a exclamação do jovem agente - "muita grana, moleque!" -, quando aparece o dinheiro camuflado, ainda estavam frescas. Converso com Wink no dia 18 de abril, três dias depois de o Fantástico, da TV Globo, exibir esse vídeo, gravado pelos policiais durante a Operação Furacão, no Rio de Janeiro. Mais do que os bens apreendidos com a máfia dos caça-níqueis e bingos (20 milhões de reais em dinheiro e jóias, além de 51 carros de luxo), reluzem as prisões dos figurões: entre os 25 detidos havia dois desembargadores e um juiz - este, o único dos três a confessar participação no esquema de venda de informações privilegiadas e liminares favoráveis à máfia -, um procurador regional da República e três delegados da PF. O sobrenome de um dos quatro advogados presos, Virgílio Medina, também chamou a atenção: ele é irmão do ministro do Superior Tribunal de Justiça, Paulo Medina (hoje afastado do cargo), e negociava liminares milionárias - suspeita-se que com ajuda do irmão ministro - com os prepostos dos três grandes bicheiros cariocas presos (pela segunda vez) nessa operação: Aílton Guimarães Jorge, o "Capitão Guimarães"; Antônio Petrus Kalil, o "Turcão", e Aniz Abraão Davi, o "Anísio". "Nunca antes no Brasil tantos poderosos caíram juntos", anunciava a apresentadora Glória Maria antes de exibir o vídeo gravado pela PF. (...)
URL:: http://carosamigos.terra.com.br/

quinta-feira, junho 07, 2007

Raio Laser

Tribuna da Bahia e equipe
O presidente
A Polícia Federal dá uma batida na casa do irmão de Lula em mais uma de suas operações de nome retórico. Não o leva preso, porque a Justiça não autorizou, mas o indicia por exploração de prestígio e tráfico de influência. No exterior, o presidente diz que os policiais estão certos, mas acredita que Vavá, o irmão lá dele, também esteja.
O irmão
Para completar, Tarso Genro sobe no palco e bem defronte aos holofotes, com o ar cada vez maior de superministro da Justiça, diz que a ação contra o irmão de Lula é uma demonstração de que a PF “neste governo” age de forma republicana, sem poupar sequer familiares do chefe da República.
O ministro
Pode ser que o ministro não queira aparecer como o super-xerife que as pesquisas apontam que a população quer ver na Presidência em 2010 e que Lula esteja falando a mais pura verdade sobre a PF e seu irmão, cujas pretensas peripécias no mundo da ilegalidade desconheceria, como aparentemente desconhecia outras maldades feitas em gabinetes contíguos ao seu.
E a cena toda
Pode ser que tudo seja verdade. Pode ser que Lula e seu ministro estejam cobertos de razão. Ainda assim, o xeque-mate na casa humilde do irmão do presidente da República, com a pirotecnia de que a PF se faz acompanhar nestas horas, parece mais um jogo de cena friamente armado para impressionar incautos. Mesmo para incautos petistas desde criancinha.
Indignado
Se também foi pensada para servir de consolo a petistas que se sentiram agredidos pela ação recente da Polícia Federal, a batida da PF na casa do irmão do presidente Lula não atingiu seu objetivo. O prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, que chegou a ser preso sob a acusação até agora não provada de envolvimento com a Gautama, está convencido de que as ações da PF demonstram fragilidade do governo, motivo pelo qual pretende procurar pessoalmente o presidente Lula e o ministro Tarso Genro para protestar e mostrar que não pode ser responsabilizado do que o acusam.
Confiança
Se depender do prefeito Luiz Caetano (PT), Marlúcio Palmeira, um dos secretários grampeados pela PF em conversa com representantes da Gautama, permanece na pasta da Administração em Camaçari, assim como os demais membros do governo citados pela Polícia Federal. “Todos gozam da inteira confiança do prefeito”, afirma Luiz Caetano.
Em processo
Apesar de o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), ter dito ontem que João Henrique já assinou a ficha de filiação ao PMDB, o prefeito ainda não se desligou formalmente do PDT. O presidente pedetista, Severiano Alves, continua esperando dele um pedido oficial de desfiliação para encaminhar ao TRE baiano e liberá-lo. Tudo na mais absoluta paz.
Ciumeira
Depois que o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) roubou ontem a cena nos jornais ao aparecer como o grande responsável pela liberação de vultosos recursos federais para obras em Salvador e no interior, os petistas baianos combinaram (entre eles) que só aceitam vê-lo fazendo novos anúncios na Bahia na companhia do presidente Lula.
Lei do silêncio
A maior demonstração de que o PT baiano gostaria que os recursos destinados a obras de infra-estrutura na capital baiana e de irrigação em outras regiões do Estado fossem anunciados por um petista em vez de um peemedebista aconteceu na Assembléia Legislativa, onde apenas um governista repercutiu os anúncios. Foi Leur Jr., líder do PMDB na Casa.
CURTAS
* Esclarecido - Depois de apontar em diversas ocasiões que o contrato entre a empresa de segurança Protector e a Prefeitura de Salvador foi celebrado na gestão passada, a secretária municipal de Administração, Liziane Reis, foi obrigada a admitir ontem, em audiência pública na Câmara Municipal, que fez pessoalmente uma auditoria jurídica e financeira no documento e não encontrou nenhuma irregularidade. * Terra arada - Presente ontem à comissão de Orçamento na Assembléia Legislativa para falar sobre as metas do governo para 2007, o secretário estadual da Fazenda, Carlos Martins, deu munição farta à oposição para cobrar um reajuste maior do governo aos professores em greve. Entre outras informações, disse que a receita foi 12% superior com relação ao primeiro quadrimestre de 2006. . * No barco - De namorico com o PMDB, o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), já confirmou presença no trecho mineiro - de Bambuí a Pirapora - da viagem que o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) faz pelo leito do Rio São Francisco a partir do próximo dia 11. * Revanche - Apesar de ser praticamente o único nome do DEM para a disputa pela Prefeitura de Salvador em 2008, o deputado federal José Carlos Aleluia não vai levar com facilidade a posição de candidato oficial do partido. Ainda com memória fresca das dificuldades que ele criou para a definição do novo presidente da sigla na Bahia, carlistas vão exigir discussão ampla antes de se tomar qualquer decisão sobre o assunto. * Estratégia - A designação pelo Thomé de Souza de um procurador do município especialmente para acompanhar as denúncias do MP com relação à Secretaria Municipal de Saúde é o primeiro indício de que, se for possível, farta munição pretende ser levantada sobre a pasta nos próximos dias. * Convocado - Secretário estadual de Cultura, Márcio Meirelles tentou dar o zignal na Comissão de Cultura da Assembléia, alegando compromissos anteriormente assumidos para não comparecer a convocação ontem para falar sobre a mirabolante proposta de extinção do Balé TCA.

Receita Federal prende 850 mil na malha fina do IR

TRIBUNA DA BAHIA Notícias
A malha fina da Receita Federal pegou 850 mil contribuintes com problemas nas declarações de ajuste do Imposto de Renda apresentadas neste ano. Segundo levantamento obtido pela Folha, entre os principais motivos para reter as declarações estão a omissão de renda (própria ou de dependentes) e divergências nos dados de despesas médicas. No ano passado, cerca de 1 milhão de contribuintes ficaram na malha fina, de um total de 22 milhões de declarações entregues à Receita. Neste ano, foram entregues 23,27 milhões de declarações. Apesar desse aumento, houve queda no número de contribuintes presos na malha fina. De acordo com o secretário-adjunto Paulo Ricardo de Souza, o aumento na quantidade de declarações retificadoras pode explicar a redução nas retenções em malha. No ano passado, 230 mil contribuintes enviaram declarações revendo seus dados iniciais. “Ainda não temos o número deste ano, mas é crescente o volume”, disse Souza. A partir do dia 15, a Receita começará a depurar os dados dos contribuintes presos na malha, e a tendência é que uma parcela das declarações retidas comece a ser liberada. “Há casos em que houve erro involuntário de soma, troca de uma informação de uma linha para outra. É possível sanar esses problemas sem chamar o contribuinte à Receita e liberar a declaração”, disse Souza. Na maior parte dos casos, no entanto, a Receita não tem como identificar a divergência de dados. O secretário-adjunto adiantou que, antes de intimar os contribuintes, a Receita tentará checar os dados com as fontes pagadoras. Ou seja, se a renda apresentada pelo trabalhador não bater com a declaração apresentada pela empresa, a Receita buscará explicações primeiro com o estabelecimento para resolver o problema. Em muitas situações, porém, a origem do problema está em um “erro” ou “esquecimento” do contribuinte na hora de declarar sua renda. Isso ocorre com freqüência, relata Souza, com pessoas físicas que têm mais de uma fonte pagadora. Por um “lapso”, uma delas não é declarada.
Gastos do PAC terão atraso, diz ministro Paulo Bernardo
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, admitiu que o governo federal não deve cumprir o cronograma de gasto de R$ 15,7 bilhões previstos para o primeiro ano do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). A falta de projetos deve impedir o desembolso do dinheiro que está disponível no Orçamento e não pode ser contingenciado. A situação não preocupa Bernardo, que compara o PAC a uma corrida e diz que o governo vai tomar fôlego no início. Ontem, Bernardo informou que a elaboração dos projetos tem sido um dos obstáculos dos primeiros meses do PAC. Conforme dados do Tesouro, só 3,5% dos R$ 15,7 bilhões previstos foram liquidados de janeiro a abril. Bernardo também disse que o governo espera implantar dois novos sistemas de controle de obras públicas até julho. Uma quer incluir empreendimentos de mais de R$ 10,4 milhões no Siafi (sistema que publica a execução de recursos federais).
Fonte: Tribuna da Bahia

PF indicia irmão de Lula por tráfico de influência

Tribuna da Bahia Notícias-----------------------
A Polícia Federal confirmou ontem que indiciou, pelos crimes de tráfico de influência e exploração de prestígio, Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A operação Xeque-Mate cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Genival, onde foram levados documentos, embora não haja detalhes do que foi apreendido. A investigação está sob segredo de Justiça. Em viagem a nova Nova Delhi (Índia), Lula comentou o caso e disse que não acredita no envolvimento de seu irmão. “Conheço o meu irmão há 61 anos, sou capaz de duvidar que ele tem algum problema, mas de qualquer forma, se a PF fez a investigação, está feita e isso vale para qualquer um dos 190 milhões de brasileiros”, afirmou. A operação investiga o contrabando de componentes eletrônicos para a utilização em máquinas caça-níqueis e tráfico de drogas. Os detidos são acusados de praticarem crimes como corrupção, falsidade ideológica, formação de quadrilha, tráfico de influência e exploração de prestígio. Os 77 presos começaram ser ouvidos ontem pela manhã. A expectativa é de que já na manhã desta quarta-feira todos tenham prestado depoimento, de acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Federal.
Vavá teria recebido ligação de preso
Benedicto de Tolosa Filho, advogado de Genival Inácio da Silva, o Vavá, disse que seu cliente foi envolvido na Operação Xeque-Mate da Polícia Federal por conta de um telefonema que recebeu do empresário Nilton Cézar Servo — preso anteontem. Cézar Servo —apontado como suposto chefe da máfia dos jogos— é investigado pela PF por ser dono de máquinas de caça-níqueis em vários Estados. Segundo Tolosa Filho, a conversa entre Vavá e Servo teve “caráter pessoal”. “Eles se conhecem há muito tempo. Servo gostava muito do meu cliente, que é uma pessoa muito simpática.” Tolosa afirmou ainda que Vavá nunca usou o nome do presidente Lula para fazer negócios ou obter vantagens profissionais. “Ele nunca usou o nome do irmão.” Vavá foi indiciado por tráfico de influência no Executivo e exploração de prestígio no Judiciário. A PF pediu a prisão de Vavá, mas a Justiça indeferiu o pedido alegando que o tráfico de influência e a exploração de prestígio não beneficiaram a máfia dos caça-níqueis e que ele não faria parte da quadrilha.
"Sinal de democracia", afirma OAB
O presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Cezar Britto, afirmou ontem que a investigação da Operação Xeque-Mate, da Polícia Federal, que envolve o irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Genival Inácio da Silva, o Vavá, é um bom sinal para a democracia. “Isso é muito bom para a democracia; é bom saber que o irmão da mais alta autoridade da República teve sua casa vistoriada por ordem judicial”, disse. Para Britto, o fato demonstra ainda que não está havendo interferência do presidente nas investigações da PF. “O lado ruim também nessas investigações é a sensação de que a corrupção tomou conta de todos, ao atingir diversos setores como a magistratura, a advocacia e vários outros segmentos que merecem credibilidade. Esse é um lado ruim, mas há o lado bom de saber que as coisas estão funcionando; é importante passar para a República a idéia de que todos podem ser investigados.” Vavá foi indiciado por tráfico de influência no Executivo e exploração de prestígio no Judiciário, segundo reportagem publicada nesta terça-feira pela Folha. A Polícia Federal realizou ontem busca e apreensão na casa do irmão de Lula, em São Bernardo, no ABC Paulista. A reportagem informa ainda que a PF pediu a prisão de Vavá, mas a Justiça indeferiu o pedido alegando que o tráfico de influência e a exploração de prestígio não beneficiaram a máfia dos caça-níqueis e que ele não faria parte da quadrilha. O presidente Lula elogiou o trabalho da Polícia Federal realizado na Operação Xeque-Mate, mas disse não acreditar no envolvimento de seu irmão com o esquema. “Não acredito que ele tenha envolvimento com qualquer coisa. Agora, como presidente da República, se a Polícia Federal tinha uma autorização judicial e o nome dele aparecia, paciência”, disse na Índia. Lula afirmou ainda não ter conversado com o irmão sobre o caso. “Eu sei poucos detalhes, as pessoas ainda não foram ouvidas. O que peço é que a polícia tenha serenidade nas investigações para que a gente não condene inocentes e não venha a absolver culpados”, afirmou. A Polícia Federal de Mato Grosso do Sul espera tomar os depoimentos dos 77 presos pela Operação Xeque-Mate, da Polícia Federal, até esta quarta-feira, por vota das 12h. A operação, deflagrada nos Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo, Paraná, Rondônia e Minas Gerais, prendeu acusados de envolvimento em crimes como contrabando de peças para máquinas caça-níqueis, corrupção e tráfico de drogas.
Ação foi golpe publicitário, acusa Pannunzio
Em entrevista no Salão Verde da Câmara dos Deputados, o líder do PSDB, Antonio Carlos Pannunzio, disse que o envolvimento de Vavá, irmão de Lula, na Operação Xeque-Mate tem todo o jeito de “um tremendo golpe publicitário”. Pannunzio lembra que, em 2005, durante a crise do mensalão, Vavá foi acusado de tráfico de influência, mas a Polícia Federal não aprofun-dou as investigações. - Agora, o simples aparecimento do nome do irmão do presidente em escuta telefônica resulta numa operação de busca e apreensão na casa dele e numa entrevista do presidente dizendo que a Polícia Federal tem que investigar todo mundo. Essa recomendação é absolutamente dispensável. Afinal, a investigação de crimes e de denúncias de crimes é função da polícia, sejam quem forem os denunciados. Tem que investigar, em profundidade, as atividades do compadre do presidente, Dario Morelli que, segundo a Polícia Federal, é dono de máquinas caça-níquel. O envolvimento do irmão do presidente tem jeito de um tremendo golpe publicitário.
Fonte: Tribuna da Bahia

Palocci sofre duas condenações

Ex-ministro do PT é condenado por desvio de verba na prefeitura de Ribeirão Preto


RIBEIRÃO PRETO (SP) - O ex-ministro da Fazenda e atual deputado federal Antônio Palocci (PT) foi condenado em dois processos de ação popular, em Ribeirão Preto, pela época em que foi prefeito, entre 2001 e 2002. As condenações são em primeira instância, pela 1ª Vara da Fazenda Pública, e cabem recursos. A assessoria de Palocci alegou que as condenações não são definitivas e que irá recorrer assim que as decisões forem publicadas no Diário Oficial.
Os advogados não se manifestarão antes que isso ocorra. O próprio Palocci estava retornando de viagem de Berlim e também não falaria sobre os casos. As condenações referem-se ao polêmico projeto Vale dos Rios e à doação de materiais de construção para a Associação dos Funcionários da Universidade de São Paulo (Arfusp).
O Vale dos Rios é um projeto de revitalização do centro que previa até uma ponte suspensa, no valor de R$8 milhões. Foram gastos R$4,68 milhões entre desapropriações da área e “obras”, mas somente R$323,4 mil foram explicados, segundo o levantamento da Câmara. A dispensa da licitação, o contrato e todas as despesas foram considerados irregulares pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).
O juiz auxiliar da Fazenda Pública, Luís Eduardo Scarabelli, determinou a imediata e definitiva interrupção das obras e a condenação de Palocci à perda de eventual função pública e a suspensão dos direitos políticos por cinco anos, além de pagar multa civil de cem vezes o valor da remuneração recebido naquele período.
No caso da Arfusp, o juiz condenou Palocci à perda de função pública, pagamento de multa civil de cem vezes o valor da remuneração recebida e ampliou para dez anos a suspensão dos direitos políticos. Nesse processo, vários vereadores da época também foram condenados, com perdas de funções públicas e suspensão de direitos políticos por cinco anos.
Quatro antigos secretários de Palocci foram condenados a restituir ao erário os valores correspondentes às doações de materiais, acrescida de 1% de multa ao mês, suspensão de direitos políticos por cinco anos e multa em dobro do valor do dano. Entre os secretários estão Donizeti Rosa e o falecido Ralf Barquete Santos (este último envolvido no caso do lixo do município).
Rosa é diretor-superintendente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), ligado ao Ministério da Fazenda. “Não me lembro disso, não fui ouvido e nem participei da autorização para essa doação”, disse Rosa. “É estranho o nome ter sido citado, mas vou esperar a sentença e recorrer, com certeza”, emendou Rosa.
Fonte: Correio da Bahia

Irmão de Lula cobrava propina de donos de bingos

Genival Inácio da Silva, Vavá, foi indiciado pela PF porque cobrava até R$3 mil para traficar influência


CAMPO GRANDE - Investigações da Polícia Federal revelam que o irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Genival Inácio da Silva, o Vavá, 66 anos, pedia propinas para empresários de bingos e caça-níqueis envolvidos em crimes, a pretexto de influir politicamente no Executivo nacional e ainda explorar seu prestígio junto ao poder Judiciário. Segundo a PF, Vavá pedia pequenas quantias, de R$2 mil, a R$3 mil, para favorecer pessoas envolvidas com formação de quadrilha, contrabando e corrupção, presos na Operação Xeque-Mate, mas não cumpria suas promessas.
Cópias das gravações telefônicas e do inquérito foram entregues ontem à noite à Justiça – cerca de 40 CDs – pelos delegados da PF que comandam a investigação. “Ele (Vavá) não chegava a efetivar os pedidos, sequer os encaminhava, mas de qualquer modo, como irmão do presidente da República, ele pedia dinheiro a pretexto de influir politicamente nas ações criminosas. E isso é crime”, afirmou um delegado da PF.
Além de gravações de telefonemas envolvendo Vavá, obtidos pela PF com autorização do juiz Dalton Conrado, de Campo Grande, um dos presos na Operação Xeque-Mate, Andrei Cunha, aceitou o sistema de delação premiada e contou que Vavá pedia dinheiro. Cunha é ex-gerente de uma casa de caça-níqueis de Nilton Cezar Servo, o principal chefe das quadrilhas investigadas na operação e de quem se tornou desafeto. Nilton, que também está preso com a mulher, os três filhos e alguns funcionários das casas de caça-níqueis espalhadas no Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, é amigo de Vavá e fazia festas em Caraguatatuba, na casa de praia de Dario Morelli Filho, compadre do presidente Lula.
“Na verdade, o Vavá é um cara simples, quase analfabeto, que enrolava as pessoas, porque não conseguia passar da porta do Palácio do Planalto, não tinha relações para isso”, disse outro delegado da PF que também atua no caso. O ex-gerente Andrei Cunha contou à PF que Servo costumava ficar irritado com Vavá, que lhe pedia sempre pequenas quantias (entre R$2 mil e R$3 mil). Todas as vezes que Servo ia a Caraguatatuba, Vavá lhe pedia dinheiro, segundo Cunha.
O advogado de Cunha, Marcelo Dib, confirmou ontem que seu cliente aceitou a delação premiada. Outro delegado da PF informou que o ex-deputado Nilton Cezar Servo (PSB) era apenas uma das pontes de Vavá para o tráfico de influências e exploração de prestígio, crimes nos quais Vavá foi indiciado pela PF no inquérito que investiga a máfia dos caça-níqueis que atuam em seis estados. Na realidade, Vavá só foi descoberto por causa da amizade com Servo, ao ser identificado em uma das conversas monitoradas do deputado, segundo o delegado.
A PF não esclareceu se há outros focos de investigação sobre Vavá, alegando que somente o Ministério Público Federal (MPF) poderá orientar futuras ações e mesmo se Vavá será ou não denunciado à Justiça Federal pelos crimes que teria cometido.
De um total de 80 investigados pela PF, apenas Vavá e o empresário Jamil Name, indiciado ontem em Campo Grande, não foram detidos até agora. Além desses 80, outros sete envolvidos continuavam foragidos até o fim da tarde de ontem. A PF informou que não há ainda provas suficientes que apontem a necessidade de prisão de Name. Já o irmão de Lula foi apenas indiciado porque não tem envolvimento direto com os jogos de azar nem contrabando, objetos da Operação Xeque-Mate.
Fonte: Correio da Bahia

Justiça Federal vai investigar Paulo Bezerra

Ministério Público consegue desmembramento de inquérito que apura fraudes em licitações para obras


BRASÍLIA - O Ministério Público Federal (MPF) conseguiu o desmembramento do inquérito que investiga o esquema de fraudes em licitações para a realização de obras públicas, desmontado pela Operação Navalha, da Polícia Federal (PF). O desmembramento, autorizado pela ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), refere-se aos delegados Zulmar Pimentel (diretor-executivo da PF, considerado o segundo homem dentro da instituição), César Nunes (superintendente da instituição na Bahia) e Paulo Bezerra (afastado do órgão para comandar a Secretaria de Segurança Pública do estado). Eles devem ser investigados perante a Justiça Federal da Bahia.
Para o MPF, os delitos praticados pelos delegados, afastados dos cargos pelo STJ, “são crimes autônomos, que não guardam conexão com os fatos específicos atribuídos à organização criminosa”. Eles devem ser investigados por abuso de autoridade, violação de sigilo funcional e prevaricação. Apesar da investigação, o secretário permanece no cargo, avisou o governador Jaques Wagner (PT). A oposição na Assembléia Legislativa continua pedindo o afastamento do secretário, para que ele possa se defender das acusações.
A Procuradoria Geral da República informou ainda que nessa parte do inquérito será apurado o esquema denominado Evento Camaçari. O prefeito da cidade, Luiz Caetano (PT), foi preso na Operação Navalha, acusado de participar do esquema de fraudes em licitações. A PF tem provas contra o petista, principalmente diálogos transcritos de conversas gravadas.
Fonte: Correio da Bahia

O roto e o esfarrapado

Por Pedro Oliveira - Jornalista e presidente do Instituto Cidadão
Dois artigos na imprensa nacional me chamaram a atenção esta semana principalmente pela ousadia de seus autores que seriam as últimas pessoas com autoridade para abordar os temas em questão. Muitos consideraram um acinte, alguns um despropósito fico eu com aqueles que estarrecidos os reconhecem como verdadeiros “caras de paus”.O primeiro tem o titulo “Corrupção, voto e orçamento” e tem como autor, pasmem: Fernando Henrique Cardoso que aborda os recentes episódios envolvendo o presidente do Senado Renan Calheiros e a safra de corrupção que assola o Brasil. No artigo ele comenta: “O sentimento de impunidade é tanto que a repressão, mesmo arbitrária, traz a esperança de que afinal se coíbam os abusos. Assim como as fotos das pontes inacabadas são metáfora do desperdício e da corrupção, as algemas colocadas indiscriminadamente passam a simbolizar a moralidade”. É como se o passado recente tivesse sido apagado e o seu governo fosse exemplo de moralidade. Esquece o “articulista” coisas que o Brasil viu e condena em seu governo. A corrupção desenfreada em muitos setores da administração, a negociação espúria para aprovação da emenda da reeleição, onde alguns parlamentares chegaram a ganhar R$ 200 mil para votar a favor do projeto, o desvio de R$ 1,4 bilhão em projetos da Sudene, o levantamento do Tribunal de Contas da União onde foi indicada a existência de 121 obras federais com indícios de irregularidades e nada foi apurado ou alguém punido. E vai além FHC em seu faroleiro texto: “É preciso agir. A responsabilidade maior é do Executivo que deveria comandar uma ação enérgica de reforma política. Na falta desse comando, as lideranças políticas e as da sociedade, em vez de se amesquinharem no dia-a-dia de compromissos de tapar o sol com a peneira, poderiam pressionar em duas direções, ambas coibidoras dos abusos e da corrupção”. E ele o que fez em seu governo senão jogar o lixo da podre política para debaixo do tapete e manter sob o manto protetor da impunidade os casos mais escabrosos de corrupção?
A dose se completa com um segundo artigo com frases dignas de um autêntico paladino da moralidade e da ordem pública. Começa assim: “Indignação, ceticismo, acusações. Tudo isto é muito pouco – e tem resultado nulo – diante do desvio de dinheiro público, corrupção e manipulação indevida do Orçamento. É hora de trocar os discursos inflamados por uma agenda positiva de combate à relação promíscua entre o poder público e empresas privadas (sic), que vem abrindo um rombo de bilhões de reais, a cada ano nos cofres nacionais” (sic, sic, sic). Em qual das alternativas você indicaria o autor desta frase: Pedro Simon, Eduardo Suplicy, Arthur Virgilio? Errou amigo leitor. O autor do artigo em questão é simplesmente Renan Calheiros. Ele mesmo, atingido por gravíssimas acusações de relação promiscua entre o público e o privado e que não convenceu a nação de sua inocência na participação em manipulações marginais do erário. Transformou o plenário do senado em “teatro bufão” de quinta categoria confessando um dramalhão familiar, sem convencer a ninguém (a exceção dos seus iguais) a sua submissão ao dinheiro sujo de empreiteiras corruptas.Ainda no artigo Renan nos dá lições de moralidade: “Para fechar os ralos por onde escoa o dinheiro do contribuinte, uma das medidas urgentes é a atualização da Lei de Licitações e Contratos. O resultado será maior transparência e mais economia nos gastos públicos. Apertar o cerco a quem infringe a lei é, obviamente fundamental. Mas também não basta a independência do Ministério Público, e a agilidade da Policia Federal. O que o brasileiro cobra, e com absoluta razão, é o fim da impunidade”.Renan e FHC se assemelham até no quesito traição conjugal. Ambos têm filhos fora do casamento com jornalistas. Tudo igual.O que precisa mesmo senhores Renan Calheiros e Fernando Henrique é mudar a cara do Brasil, botar políticos corruptos na cadeia, fazer uma assepsia no Congresso Nacional mesmo que com isto grande número de cadeiras fiquem vazias. Expurgar ministros, desembargadores, deputados, prefeitos e vereadores corruptos da vida pública brasileira. Vasculhar e confiscar o patrimônio de quem enriqueceu ilicitamente. É necessário e urgente que a sociedade e as instituições, os estudantes e o povo ganhem as ruas, invadam o Congresso e os palácios, tirando se preciso à força, a escória que saqueia os cofres públicos, e torna o Brasil um modelo internacional de corrupção.
Fonte: prosa & politica

Opinião: Um jeito de fim de governo

Villas-Bôas Corrêa, repórter político do JB
A impressão de que o governo da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva custou a começar deu uma cambalhota, virou pelo avesso: hoje e cada vez mais, toma o jeito de que curte a vida e arruma as malas para passar a faixa para o sucessor que aspira eleger.
O governo mira-se no espelho dos inegáveis êxitos emplacados nos quatro anos iniciais e que ainda saboreia, como quem custa a deixar a mesa antes de provar de todas as sobremesas. Estatísticas é o que não faltam para o oba-oba de fim de festa: índices de inflação domada, o risco do país despenca em queda livre, o superávit comercial nas nuvens, a dívida externa é menor do que as reservas e o balanço de pagamentos está no azul.
Mas pisar no freio e parar diante do painel dos sucessos não é atitude adequada para o ambicioso líder sindical que galgou cada degrau da escada e tentou três vezes, para na quarta emplacar a vitória, enfeitada pelo bis.
De lá para cá, a traquitana anda com a morosidade de um jegue das suas memórias do filho da Dona Lindu, nascido em Garanhuns, cidade do sertão pernambucano maltratada pela seca, em 27 de outubro de 1945. E não há uma boa explicação para o seu desligamento diante do modesto, contraditório governo, deformado pela extravagância das improvisações.
Não há como dissimular a evidência de que a rotina administrativa escorregou para as mãos da ministra Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil e virtual presidente em exercício, seja nas ausências do recordista de viagens internacionais e domésticas ou mesmo nos dias em que o titular passa em Brasília. Pelo visto, a semana da madraçaria parlamentar de dois a três dias úteis pegou como tiririca.
Agora, exatamente neste momento, a ausência presidencial agrava e prolonga as encrencas em que o governo e o Congresso se enroscam. E as suas viagens pelos quatro cantos do mundo baixaram para o nível da rotina. Rendem poucos e sumários registros na mídia e passam batidas pela desatenção popular.
Mais de uma semana nas asas do exausto Aerolula, para encontros de escassa significação na Inglaterra - que a pífia atuação da indefinida Seleção Brasileira das experiências de Dunga, na inauguração do novo estádio de Wembley, não aliviou as angústias do antigo peladeiro e torcedor fanático - o cancelado encontro em Marrocos, as cerimônias na Índia e os três dias em Berlim para participar de encontro da cúpula do G-8 compõem uma agenda de quem tem pouco o que fazer.
Por cá, as coisas se complicam. A Polícia Federal decidiu ir à luta e impor a sua autonomia com a iniciativa de operações em série para desbaratar as quadrilhas que roubam o dinheiro público na espantosa estimativa oficial de R$ 40 bilhões anuais.
No último bote, a PF caiu em cima da gangue envolvida com a máfia dos caça-níqueis e prendeu 77 integrantes da turma em seis Estados e em Brasília. Claro que Lula não tem que se envolver na atuação da Polícia Federal. Só que desta vez, um dos 50 mandados de busca e apreensão, em São Bernardo do Campo (SP) varejou a casa de Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão do presidente e que fora acusado de fazer lobby, no Palácio do Planalto, para empresas do ABC paulista.
Vavá foi preso. Ainda na capital da Índia, o presidente Lula, falando aos jornalistas, emplacou uma declaração perfeita. Não negou a solidariedade ao irmão, que conhece "há 61 anos" e dúvida que tenha feito "alguma coisa errada". Renovou rasgados elogios à Polícia Federal e fechou o raciocínio com lógica direta: quem provar a inocência, será solto; quem tiver culpas no cartório, pagará por elas. O que vale para todos, seja ou não parente do presidente da República.
No Congresso experiente em lidar com tais enredos, a poeira assenta nos acertos em surdina. O senador Renan Calheiros conta as horas para a sumária absolvição pelo severo Conselho de Ética do Senado.
No mais, as reformas continuam empacadas. Na forma do louvável costume.

Contribuinte já pode checar se caiu na malha fina

SÃO PAULO - Quem entregou declaração do Imposto de Renda este ano, referente ao ano-base 2006, já pode checar no site da Receita Federal se é um dos 850 mil contribuintes que tiveram o documento retido em malha fina. Na consulta, o contribuinte fica sabendo qual a pendência detectada pelos técnicos da Receita e pode avaliar se é o caso de fazer uma declaração retificadora para regularizar sua situação e sair da malha.
Para fazer a consulta, basta entrar no site www.receita.fazenda.gov.br. Na lista de serviços oferecidos no centro da página, clique sobre "IRPF - Extrato Simplificado do Processamento". No quadro que se abre, informe: 1) O número do CPF completo, com o dígito e sem o traço.
2) O número do recibo de entrega. No caso de declarações entregues em meio eletrônico, devem ser digitados apenas os dez primeiros dígitos do número que consta no recibo de entrega da declaração. O número do recibo pode ser obtido no computador ou disquete onde tenha sido gravada a declaração. Basta acessar no menu "Declaração" a função "Imprimir/Recibo". No caso de declarações entregues em formulários, devem ser digitados os nove números constantes da etiqueta dos Correios, desprezando as letras.
3) O código de segurança informado - digite os 4 caracteres da imagem.
4) Por fim, clique em "Consultar". Se na coluna "Situação" aparecer a mensagem "Processada, aguardando novos lotes", o processamento da declaração foi encerrado com sucesso. Mas se a mensagem for sobre existência de pendências, clique sobre essa informação para ter detalhes do problema encontrado pela Receita.
O contribuinte na malha fina deve analisar se deve ou não entregar declaração retificadora. Se tiver como provar que tem razão na pendência informada, ele não precisa fazer a retificadora e deve aguardar um chamado da Receita, o que pode ocorrer em até 5 anos.
Fonte: Estadão On Line

quarta-feira, junho 06, 2007

TUTTY VASQUES

Invasão de privacidadeSabe quantos vestidos Geraldo Alckmin trouxe de viagem para dona Lu? Não te interessa, ora bolas!Marca registradaPelo agasalho que Fidel Castro vestia em sua última aparição publica, tudo indica que a filha de Dunga virou figurinista do Comandante.Dom DieguitoEra só o que faltava: a Seleção Brasileira está prestes a ter um ídolo chamado Diego. Só se fala disso em Buenos Aires.Basta!Será possível que o mundo não tem mais o que fazer além de cantar parabéns para os 40 anos de um disco dos Beatles? Ninguém agüenta mais ouvir falar de Sergeant Pepper’s, caramba!Beijo pé-quenteO gol de Diego no finalzinho do jogo contra a Inglaterra salvou Lula da fama de pé-frio. A oposição já tinha pronto discurso para atribuir a derrota ao beijo do presidente nos jogadores da Seleção antes da partida.É por aí!Ao esculhambar o Congresso brasileiro, Hugo Chávez começou a ganhar votos entre os eleitores de Lula.RC e ZVZuenir Ventura tem lamentado com amigos o azar de ver suas iniciais expostas na mídia por Zenildo Veras, mas imagina só o drama de Roberto Carlos com Renan Calheiros roubando-lhe, além das iniciais, o argumento da invasão de privacidade.

Por que Lula não nada?Entre outras coisas interessantes que disse na Índia, meio que tomado pelo espírito de Gandhi, Lula esclareceu que não nada por causa da bursite. Essas coisas a oposição não vê - ô, raça!BoatoA jornalista Mônica Veloso, pivô da crise público-privada do senador Renan Calheiros, não vai posar para a “Playboy”. E não se fala mais nisso nem nas reuniões de pauta da revista, ok?Acontecimento do anoAcontece tanta coisa ao mesmo tempo em Brasília, que a gente aqui de longe acaba até perdendo a piada: perdi, por exemplo, a posse de Sibá Machado na presidência do Conselho de Ética do Senado. Deve ter sido engraçadíssima.SubiiiindoManifestantes a caminho do G8 descem por engano no playground. Está a maior farra em Rostock, na Alemanha. Muito mais divertido, aliás, do que a ocupação da reitoria da USP.Você por aqui?Em sua atual turnê mundial, Lula corre o risco de encontrar Hugo Chávez pra lá de Marrakech.Piada prontaA ministra Marta Suplicy não deveria se meter com a tocha do Pan. Tá na cara que vai virar piada, né não?!ErramosOk, ok, andei chamando o Zuleido de Zenildo, mas, e daí? Com o Zuenir já aconteceu coisa muito pior.Mania de independência'NoMinimo' recusou proposta de parceria para a troca de conteúdo com BBC de Lula.
tutty@nominimo.ibest.com.br

O pior Congresso da história deste país

Por: Villas-Bôas Corrêa



Não importa que a defesa do senador Renan Calheiros tenha mais furos que rede de pescador. E é pura perda de tempo catar as contradições e lacunas no seu depoimento: o presidente do Senado jamais correu qualquer risco.Tal como em comédia burlesca ou em novelas de televisão, antes do primeiro capítulo o final está pronto na cabeça do autor. Por que infernizar a vida do presidente do Congresso, um dos líderes do PMDB que ajudou a tanger o partido para as pastagens do governo, de um companheiro sempre pronto a atender os pedidos dos colegas? Depois, os antecedentes armam a grelha – ou o limpa-trilhos do preciso regionalismo alagoano – para o pouso do senador no fofo colchão da impunidade: o Congresso não tem autoridade para punir ninguém, nem deputado do baixo-clero, depois de consagrada a absolvição de dezenas de denunciados no festival de escândalos do Legislativo recordista, como nunca se viu igual na história deste país. Por entre os felizardos premiados com os gasparinos da absolvição da ladroagem do caixa dois, das propinas do mensalão, nas trapaças apuradas pelas CPI dos Correios, das ambulâncias e de emplacada a máxima de que o voto que elege e reelege tem o generoso sentido do perdão do povo, o ilustre e empelicado representante de Alagoas desfila com o garbo de carneiro em parada.A imprensa cumprirá o seu dever de catar contradições na defesa que parece armada com tela de galinheiro. Se os documentos exibidos nos 24 minutos de engasgada emoção não comprovam a origem do dinheiro que o pai pródigo gastou com a filha, fruto de uma relação extraconjugal, o senador arranjará outros. O lobista da Mendes Junior, o prestimoso amigo Cláudio Gontijo, deve dispor de pilhas de recibos para todas as serventias. O presidente do Senado obedeceu ao figurino e comportou-se como recomendam as normas da Casa. À fila de senadores de todos os partidos que o afogaram nos abraços e sacudiram o pó com as palmadas nas costas e anteciparam o desfecho sabido, seguiu-se o blablablá da bazófia: tudo deve ser apurado para a exemplar punição dos culpados. Se for o caso, o rigoroso Conselho de Ética examinará as acusações e a defesa. E, na forma do louvável costume, o plenário do Senado garante a absolvição e a nova manifestação de solidariedade.A esfuziante solidariedade pessoal ajusta-se ao modelo ético de novos tempos. Pipocam as justificativas para barrar a ressaca da indignação dos poucos que gritam e dos muitos que calam. Todas ou muitas de inegável oportunidade, como o financiamento público de campanha; a fidelidade partidária ou o fechamento dos ralos na elaboração do Orçamento. Mas não se toca nem com o dedo mindinho nas causas reais da desmoralização do mais democrático dos poderes, como as semanas de dois a três dias úteis, as quatro passagens mensais para o fim de semana com a família, a orgia das mordomias, vantagens e benefícios, como a da inqualificável verba indenizatória de R$ 15 mil para as despesas dos quatro dias da folga semanal.O ex-deputado federal e estadual, acadêmico Afonso Arinos de Melo Franco Filho, confessou a sua perplexidade: “Não consigo encaixar o meu pai neste Congresso.”Puxamos o fio do saudosismo e fomos longe na especulação: não apenas o senador Afonso Arinos, o mais completo parlamentar desde o fim do Estado Novo. Para ficar em alguns exemplos: Milton Campos, Nereu Ramos, Gustavo Capanema, Aliomar Baleeiro, Bilac Pinto, Carlos Lacerda, Alberto Pasqualini, Odilon Braga, Daniel Krieger, Petrônio Portela, Thales Ramalho, Paramos por aí. Silenciados pela vergonha.
Fonte: Nominimo

O pior Congresso da história deste país

Por:

Não importa que a defesa do senador Renan Calheiros tenha mais furos que rede de pescador. E é pura perda de tempo catar as contradições e lacunas no seu depoimento: o presidente do Senado jamais correu qualquer risco.Tal como em comédia burlesca ou em novelas de televisão, antes do primeiro capítulo o final está pronto na cabeça do autor. Por que infernizar a vida do presidente do Congresso, um dos líderes do PMDB que ajudou a tanger o partido para as pastagens do governo, de um companheiro sempre pronto a atender os pedidos dos colegas? Depois, os antecedentes armam a grelha – ou o limpa-trilhos do preciso regionalismo alagoano – para o pouso do senador no fofo colchão da impunidade: o Congresso não tem autoridade para punir ninguém, nem deputado do baixo-clero, depois de consagrada a absolvição de dezenas de denunciados no festival de escândalos do Legislativo recordista, como nunca se viu igual na história deste país. Por entre os felizardos premiados com os gasparinos da absolvição da ladroagem do caixa dois, das propinas do mensalão, nas trapaças apuradas pelas CPI dos Correios, das ambulâncias e de emplacada a máxima de que o voto que elege e reelege tem o generoso sentido do perdão do povo, o ilustre e empelicado representante de Alagoas desfila com o garbo de carneiro em parada.A imprensa cumprirá o seu dever de catar contradições na defesa que parece armada com tela de galinheiro. Se os documentos exibidos nos 24 minutos de engasgada emoção não comprovam a origem do dinheiro que o pai pródigo gastou com a filha, fruto de uma relação extraconjugal, o senador arranjará outros. O lobista da Mendes Junior, o prestimoso amigo Cláudio Gontijo, deve dispor de pilhas de recibos para todas as serventias. O presidente do Senado obedeceu ao figurino e comportou-se como recomendam as normas da Casa. À fila de senadores de todos os partidos que o afogaram nos abraços e sacudiram o pó com as palmadas nas costas e anteciparam o desfecho sabido, seguiu-se o blablablá da bazófia: tudo deve ser apurado para a exemplar punição dos culpados. Se for o caso, o rigoroso Conselho de Ética examinará as acusações e a defesa. E, na forma do louvável costume, o plenário do Senado garante a absolvição e a nova manifestação de solidariedade.A esfuziante solidariedade pessoal ajusta-se ao modelo ético de novos tempos. Pipocam as justificativas para barrar a ressaca da indignação dos poucos que gritam e dos muitos que calam. Todas ou muitas de inegável oportunidade, como o financiamento público de campanha; a fidelidade partidária ou o fechamento dos ralos na elaboração do Orçamento. Mas não se toca nem com o dedo mindinho nas causas reais da desmoralização do mais democrático dos poderes, como as semanas de dois a três dias úteis, as quatro passagens mensais para o fim de semana com a família, a orgia das mordomias, vantagens e benefícios, como a da inqualificável verba indenizatória de R$ 15 mil para as despesas dos quatro dias da folga semanal.O ex-deputado federal e estadual, acadêmico Afonso Arinos de Melo Franco Filho, confessou a sua perplexidade: “Não consigo encaixar o meu pai neste Congresso.”Puxamos o fio do saudosismo e fomos longe na especulação: não apenas o senador Afonso Arinos, o mais completo parlamentar desde o fim do Estado Novo. Para ficar em alguns exemplos: Milton Campos, Nereu Ramos, Gustavo Capanema, Aliomar Baleeiro, Bilac Pinto, Carlos Lacerda, Alberto Pasqualini, Odilon Braga, Daniel Krieger, Petrônio Portela, Thales Ramalho, Paramos por aí. Silenciados pela vergonha.
Fonte: Nominimo

Um clima de ameaça no ar

Reinaldo Azevedo


Estamos diante de um imbróglio danado. Muito cuidado nesta hora. Não, eu não gostei da reação de Lula à notícia de que Genival Inácio da Silva, seu irmão, foi indiciado pela Polícia Federal. Mas gostei do indiciamento. Se vai dar em alguma coisa, não sei. Acho que os órgãos de investigação do estado deviam algo parecido desde, ao menos, outubro de 2005, quando a VEJA fez duas reportagens sobre a desenvoltura com que Vavá se movia, vá lá, no território do irmão. Também é bem provável que muitas das pessoas que tiveram a prisão preventiva decretada devam mesmo explicações. Mais: não é só o irmão de Lula, não. Dario Morelli, que estava trabalhando na Prefeitura de Diadema, cujo titular, José de Fillipi Jr., foi caixa de campanha de Lula, é da cozinha da família presidencial. A exemplo de Freud Godoy, era o faz-tudo das horas difíceis dos Lula da Silva. É compadre do Babalorixá. Eu insisto: nunca antes um homem tão impoluto foi tão mal cercado. Lula quase me leva às lágrimas com essa má sorte... Até aqui, parece tudo bem. O resto está coberto por espessas camadas de névoa.Há dúvidas sobre quando Lula ou mesmo o chefe funcional da PF, Tarso Genro, ficaram sabendo do que interessava: havia um irmão do presidente entre os alvos da PF. Falei com um monte de gente. A minha conclusão é a de que o ministro da Justiça não sabia de coisa nenhuma — a Polícia Federal está fora do controle (já elenco os motivos), e isso não é nada bom. Ela é uma polícia do Estado; passou a ser, num determinado momento, uma polícia do governo; depois, uma parte começou a servir a um partido. Até chegar à fase da balcanização, esta de agora. A metáfora é boa: nos Bálcãs, se vocês se lembram bem, não havia inocentes, só culpados; ou o contrário: não havia culpados, só inocentes. O fato é que a população se tornou vítima de senhores da guerra. Já volto à PF. Vamos falar de Lula.O que ele disse? “Eu penso que a Polícia Federal está cumprindo um papel extraordinário no Brasil. E eu disse outro dia que a Polícia Federal vai continuar investigando todas as pessoas que tiveram uma determinação judicial em função de quebra de sigilo telefônico. Aqueles que são inocentes vão ser inocentes; aqueles que forem culpados vão ser punidos. A única coisa que precisamos garantir é que haja justiça efetivamente, que haja seriedade e que haja apuração. Então, o que eu posso pedir? Para as pessoas andarem corretamente. Quem andar corretamente não tem chance de ser investigado. Quem pisar na bola vai ser investigado”.Acacianismo à parte, há o tom que fica ali entre o pai, o bedel e o chefe de estado. Quem não andar corretamente será punido como foi Delúbio Soares? Quem não andar corretamente será punido como foi Waldomiro Diniz? Quem não andar corretamente será punido como foi Silvio Pereira? Quem não andar corretamente será punido como foi Marcos Valério? Osvaldo Bargas? Jorge Lorenzetti? Que criminoso, da corriola que cometeu crimes ligados à política, foi parar na cadeia até agora em razão da ação da PF? Incompetência da Polícia? Provavelmente, não.Mais: a falta de lógica da fala de Lula — para variar — passa despercebida só aos desapercebidos. Leiam lá. Ele diz que o inocente será inocentado (huuummm...); o culpado, punido (sei...), e emenda: quem andar corretamente não será investigado. Logo, se for investigado, é porque não andou corretamente, o que significa que a investigação já corresponde a uma condenação — menos, é claro, para seu irmão, que, embora investigado (e, portanto, culpado segundo a sua lógica), é, no entanto, inocente!!! Entenderam? A afirmação de que é preciso andar direito para não ser investigado (cabendo já aos investigados a presunção de culpa) é coisa de estado policial.Quando estourou a Operação Navalha, apontei aqui uma Polícia Federal dividida em grupos, quase em partidos internos, lembram-se? Há uma que se rebela e manda recados; há uma que faz rigorosamente aquilo que o governo quer e está a serviço de um projeto de poder, e há, sim, um núcleo técnico, que não quer uma PF nem fragmentada nem como serviçal. O que é mais seguro para o cidadão comum? Ter uma polícia dividida ou ter uma polícia a serviço de um partido. Nem uma coisa nem outra. O melhor é ter uma polícia a serviço do estado democrático — isto é, da lei.A PF acumula insatisfações salariais, uma herança de Márcio Thomaz Bastos. Há dias, recebeu os 30% de reajuste, mas divididos em parcelas e não para toda a instituição — razão por que acontece a sexta greve do ano. A sucessão de Paulo Lacerda, diretor-geral, extremou essa guerra. A solução ao gosto dos petistas era Zulmar Pimentel, o segundo da instituição. E tudo estava a indicar que seria ele mesmo, até ser afastado do cargo pela Justiça. O grupo dos técnicos e aqueles insatisfeitos com as chamadas “condições de trabalho” não queriam vê-lo no topo. Entendam: ele até pode saber por que foi alvejado em pleno vôo, o que não nos exime de apontar que se transformou num alvo por causa da guerra interna.Essa polícia fragmentada, que manda recados até mesmo ao Planalto, roçando no irmão e no compadre do presidente da República, está longe de ser uma boa notícia. Especialmente quando, em meio ao constrangimento, exaltam-se os valores republicanos da PF — como se ela pudesse ser outra coisa — e praticamente se declara que, se o irmão do presidente vai pra linha de tiro, qualquer um pode ir. O que me pergunto é que tipo de ocorrência vai compensar a derrota de um dos lados; que tipo de evento vai aplacar a sede do “outro lado”, do outro grupo. Há um climão de Os Bons Companheiros, o filme de Scorsese, no ar. Está todo mundo com a mão no gatilho.E um governo, qualquer governo, tem inimigos. E, pior do que isso, tem “amigos” sempre dispostos a prestar bons serviços. Reitero: as notícias que chegam da e sobre a PF não são nada animadoras. Lula aparentou frieza. Mas está furioso.
Fonte: Veja online

O nosso Nobel

Por Laurence Bittencourt Leite, jornalista
A política brasileira caberia num romance de Dostoievski, mas não certamente em “Crime e Castigo”. Aqui só há o crime. Lembrei-me dessa frase lendo a primorosa crônica do jornalista Woden Madruga do último sábado sobre a “mentira” no nosso mundo (ou seria submundo?) político. Lembrei-me também que no Brasil nunca (já imagino os defensores!) ganhamos um prêmio Nobel. Vale acrescentar: em nada. Nadica de nada. Talvez muitos quisessem acabar até mesmo com a Física e a Química porque seus cientistas criaram a energia a vapor que criou a revolução industrial. Quanta, quanta picaretagem. Mas haveria um Nobel que se fosse instituído nós seriamos imbatíveis: Nobel de corrupção. Nesse nós somos Phd, com todos os “méritos”. Nesse nós exportamos “tecnologia”. O crime da corrupção, esse, esse é o nosso grande “patrimônio cultural”, acrescido do dificílimo mérito de não haver o castigo.Lembro agora que na década de 80, Henry Kissinger, em entrevista a jornalistas brasileiros, disse que o Brasil era o maior potencial econômico do mundo. Sequer falava-se em China ou Índia. Percebam. No entanto, outra figura notável, essa do mundo das letras, Stefan Zweig escreveu um livro chamado “Brasil, o país do futuro”. O primeiro, Kissinger, hoje, ninguém mais fala. E Zweig suicidou-se. Como acréscimo aconselho a leitura do livro biográfico do jornalista Alberto Dines sobre Zweig chamado “Morte no paraíso”. O paraíso, claro, é o Brasil. O paraíso fiscal, o paraíso das incoerências, da corrupção.Mas numa coisa eu posso concordar tanto com Kissinger quanto com Zweig. Nossas riquezas são imensas, inúmeras. Mas estão enterradas. De que valem? A questão é que para desenterrá-las nos falta cabeça. Falta “cérebro” para explorá-las. Não conheço nenhuma árvore, que sozinha produza papel, é preciso a parte do homem, para explorar a árvore, que se faz o papel que se faz o jornal, por exemplo. Mas nosso cérebro só funciona quando é para a exploração política. Exploração, mentira e corrupção. Ai, ele é imbatível. Eis a nossa civilização. Uma civilização sem culpa.E qual a raiz a sociológica ou psicológica para não mentir? Sem dúvida, o medo da punição. Esse é outro nosso grande mérito: nós abolimos a punição. Somos um país livre. É outro nosso paradoxo. Aqui se muda de ideologia como se muda de roupa. Aqui se muda de partido sem nenhum constrangimento. E nesse momento, eu fico me perguntando para aqueles que defendem a sociedade: onde está a força da nossa sociedade para punir a mentira, o excesso? Essa sociedade é uma miragem? Ou justamente pelo (excesso) de miséria se torna manipulável? Algo natural ou premeditado?Aqui o que temos é o Estado gastador, assistencialista e provedor. Que vai entregar casa, comida e roupa lavada. Mas sem acabar com a miséria. Percebem a contradição? É a saída marota? Os pobres se avolumam com seus pedidos porque a idéia não é acabar com a miséria e sim “explorar” a miséria. A nossa política se faz com o assistencialismo que nunca termina com a miséria. É o Estado gerador da dependência.O incrível é que passamos mais de vinte anos de ditadura militar combatendo e criticando a dependência educacional, a dependência financeira, a dependência econômica da miséria, dos pobres ingnorantes e miseráveis. O combate, Jesus, hoje sabemos, era apenas para mudar de “dono” do Estado, ou de “dono” do poder. Resolver e acabar com a miséria pela geração de emprego e trabalho eles não querem nunca. Eles vivem de “dar” as coisas, mas esse “dar” é com o dinheiro dos outros, e pressupõe a continuação, a perpetuação da miséria. Pobre dependência.Quem foi mesmo que disse que o homem se tornava homem quando recebia seu primeiro salário? Ah sim, foi Sartre. Ok. Mas repito: o nosso Nobel disparado seria o da corrupção. Esse é nosso eternamente.
Fonte: prosa&politica

Opinião: Endemia da ladroagem

Jarbas Passarinho foi ministro, senador, governador e é escritor
Ao pregar diante de Dom João IV e sua corte, na Igreja da Misericórdia, o padre Vieira iniciou audaciosamente o sermão dizendo ser a Capela Real, e não aquela a que assomara, porque falaria de coisas atinentes à Sua Majestade Real e não de piedade, pois nem os reis podem ir ao paraíso sem levar consigo os ladrões, nem os ladrões podem ir ao inferno sem levar, com eles, os reis.
Louvado em São Tomás de Aquino e Santo Agostinho, vergastou os grandes que sabia ladrões, parte deles na Corte Real. Sem nomear quem quer que fosse, muitos que o ouviam sabiam ser seus alvos. Como vários santos trataram de ladrões protegidos pelos reis, advertiu: "O que vemos praticar em todos os reinos do mundo é, em vez de os reis levarem consigo os ladrões ao paraíso, os ladrões são os que levam consigo os reis ao inferno".
Concluídas as invectivas, disse estar respondendo a Sua Majestade, que lhe perguntava se havia ou não conveniência de unirem-se as duas capitanias, do Maranhão e do Pará, em um só governo ou em dois. Menos mal - disse ele - será melhor um ladrão que dois, já que é mais difícil achar dois homens de bem.
Temos, hoje, 27 governadores e 38 ministros de Estado. Padre Vieira teria de mudar seus exemplos, pensando quão difícil é indicar não dois, mas muitos homens de bem para assessorarem Suas Excelências, sem o receio de desagradáveis procedimentos que os levem, junto com os protegidos, ao inferno. Há que fugirem de tal futuro os três poderes da República, bem assim as organizações sindicais patronais, até de terceiro grau, a representar milhares de empresários.
O quadro atual da desalentadora corrupção, que parece endêmica, bem mereceria uma defesa de tese de doutorado, receita para prevenir, evitar e impedir que o inferno do padre Vieira venha a ter dificuldade de alojá-los, tantos são. A triste realidade brasileira pode ser objeto não das increpações substantivas do padre Vieira, mas as adjetivas de seu contemporâneo Souza Macedo, o verdadeiro autor de A arte de furtar.
Não temos reis para ouvir, ao lado de seus ladrões, fingindo não saber nada, mas render-se aos indícios escandalosos de desonra, de pérfido exemplo, sobretudo para os jovens. São tantos, de pertinente autoridade não honrada, que, parodiando Norberto Bobbio, já não despertam a "santa indignação" que os provocava o furto do dinheiro público.
Repetir-se-ia, séculos depois, a engenhosa imaginação de Machado ao comparar as diversas fraudes com a conjugação dos tempos e modos do verbo rápio, de que derivam nosso rapinar e o substantivo rapina. Furtam pelo modo indicativo presente, quando, noviços, louvam os veteranos nas lições de como furtar nas licitações; pelo modo imperativo, mandando terceiros receber a propina depositada nos bancos ou no cofre das secretárias dos grandes empresários, e especialmente o imperativo negativo, ao bradarem, ofendidos, nunca terem recebido propina nem conhecerem sequer o propinador; pelo conjuntivo, lobistas experientes, que conjuntam a sua argúcia ao cabedal de magistrados, negociando suas sentenças, ou ao parlamentar zeloso e habilidoso a aprovar emendas para obras em que tem generosa participação e, descarado, ainda tenta chantagear o governo a cuja bancada pertence; pelo modo permissivo porque permitem que se furte, desde que se reparta o furto; pelo modo infinitivo, quando acha pouco e pede mais; e finalmente furtam pelo modo mais-que-perfeito, construindo pontes que ligam o nada ao nada coniventes com governador.
Mas o que essa novela Gautama mais estranha são os substantivos cuja significação varia com a mudança do gênero, em que Zuleide muda em Zuleido, original na troca e nada original na arte de furtar. Tantos se anteciparam, a ele, como os graúdos petistas, por exemplo, que surrupiaram, através de um intermediário experimentado na profissão de fraudador, muitos milhões de reais e quase mais ninguém se lembra disso. Talvez porque foram modestos e não furtaram o bilhão e meio de reais que o masculino de Zuleide amealhou em inocentes relações com seis ministérios e dezenas de honestos representantes de nosso povo.

Lobista diz que recebia dinheiro de Renan para pagar pensão a jornalista

GABRIELA GUERREIROda Folha Online, em Brasília
O lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, disse hoje em depoimento à Corregedoria do Senado Federal que não utilizou recursos da empresa para pagar pensão em nome do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) à jornalista Mônica Veloso --com quem Renan tem uma filha fora do casamento.
Gontijo manteve a mesma versão de Renan para o episódio ao afirmar que, como amigo do senador há mais de 20 anos, recebia dinheiro todo mês do presidente do Senado e apenas repassava os recursos para a jornalista.
Segundo relato do corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), o lobista deixou claro que "todo o dinheiro que entrou na sua mão saiu do Renan".
O corregedor disse estar convencido da versão apresentada por Gontijo. "Dentro de toda a mecânica de análise, ele [Renan] tinha verba de sobra para efetuar os pagamentos com seus próprios recursos. O Gontijo foi convincente, sereno, tranqüilo e confirmou as datas", disse Tuma.
Esquema
O corregedor afirmou que o pagamento era efetivado à jornalista no dia 5 de cada mês. Inicialmente, Renan entregava em dinheiro R$ 8.000 a Gontijo para o pagamento da pensão a Mônica Veloso, além de R$ 4.000 para despesas com segurança --já que a jornalista alegou que sofria ameaças de morte e vinha sendo seguida por carros suspeitos.
Nesse período, Renan teria repassado R$ 40.000 à jornalista para pagar aluguel por 12 meses de uma casa, em Brasília.
Posteriormente, segundo o relato de Gontijo, a jornalista preferiu mudar para um apartamento, quando Renan deixou de pagar R$ 4.000 para gastos com segurança --mas passou a repassar o mesmo valor para o aluguel de um apartamento na capital federal.
Segundo denúncia publicada pela revista "Veja", Renan repassava R$ 12 mil todo mês à jornalista com recursos da Mendes Júnior. Gontijo afirmou à corregedoria, no entanto, que nunca envolveu a empresa em suas negociações com Renan. "O Gontijo tinha na mulher do senador [Renan] e no próprio senador como uma família', disse Tuma.
Apesar de se mostrar convencido com os argumentos apresentados por Gontijo, o corregedor disse que ainda precisa comprovar que o dinheiro sacado por Renan era efetivamente entregue à jornalista.
"Eu quero que ela [Mônica] me apresente documentos. Eu não posso pedir a quebra do sigilo dela, mas temos que chegar se esses depósitos foram mesmo para ela", afirmou.
Conselho de Ética
Tuma sinalizou que não vê elementos para que Renan sofra um processo no Conselho de Ética do Senado por quebra de decoro parlamentar. O corregedor, no entanto, evitou adiantar oficialmente sua posição sobre as denúncias. "Eu não vou dar palpite. O Conselho de Ética é que tem que decidir se vai abrir processo ou não", afirmou.
O conselho se reúne amanhã para discutir a representação contra Renan apresentada pelo PSOL. Tuma adiantou que não pretende aceitar a relatoria do processo contra Renan caso o conselho acate a denúncia.
"Eu acho que o corregedor não pode ser o relator. Não é lógico eu ter a relatoria em mãos. Precisamos de um outra visão sobre o caso", disse.
Segundo o regimento do Senado, o conselho tem autonomia para instaurar processo contra Renan ou arquivá-lo --caso considere que não há elementos suficientes que justifiquem representação contra o senador.
O presidente do conselho, Sibá Machado (PT-AC), adiantou que deve deixar a decisão para a semana que vem uma vez que os integrantes do conselho não tiveram acesso aos documentos encaminhados por Renan à Corregedoria do Senado.
Alguns integrantes do conselho, no entanto, acompanharam o depoimento de Gontijo à Corregedoria nesta terça-feira --que durou mais de duas horas. Sibá Machado não acompanhou o depoimento.

terça-feira, junho 05, 2007

Especial Meio Ambiente/Animais e plantas sofrem com mudanças climáticas

Flávio Costa
O aquecimento global gera conseqüências devastadoras para fauna e flora. Ondas de calor confundem os animais migratórios, que passam a fazer viagens em direções e momentos inadequados. A elevação do nível dos oceanos por causa do derretimento das calotas polares altera o crescimento dos peixes. Em florestas como a mata atlântica, lagoas temporárias secam na época de reprodução dos anfíbios, feita em águas paradas. Agentes polinizadores, espécies como abelhas e morcegos, têm ritmos de vida modificados pelo aumento de temperatura e não conseguem dispersar várias espécies de plantas.
O vice-chefe da Convenção de Espécies Migratórias das Nações Unidas (ONU), Lahcen el Kabiri, afirmou às agências internacionais, mês passado, que pássaros, baleias e outros animais migratórios sofrem com o aquecimento, já que a elevação das temperaturas faz com que estas espécies sigam em direções erradas no momento inadequado. “Eles são os sinais de alerta mais visíveis, indicadores que sinalizam mudanças dramáticas em nossos ecossistemas causadas em parte pelas alterações no clima”, afirmou o pesquisador, que participava de uma conferência sobre a questão na cidade alemã de Bonn.
“Espécies migratórias como morcegos, golfinhos, antílopes e tartarugas ficam com seu relógio biológico desregulado e se tornam vulneráveis a ondas de calor e estiagem”, acrescentou. Vale lembrar que espécies de baleias, a exemplo das jubartes, costumam freqüentar mares da Baía de Todos Santos em época de reprodução.
Elas começam a procurar os lugares errados, já que a alimentação que procuram (plânctons e pequenos peixes) está cada vez mais próxima dos pólos, por causa do aumento da temperatura dos oceanos. Por sua vez, pesquisadores britânicos descobriram que o aquecimento acelera o crescimento dos peixes que vivem perto da superfície, mas reduz o daqueles que estão em águas mais profundas.
Estiagem - Outra conseqüência grave provocada pelo aquecimento global é a estiagem em lagoas temporárias, que acabam por secar em épocas que coincidem com a época de reprodução dos anfíbios (sapos, rãs, pererecas), que se reproduzem em águas paradas. “Provocada no tempo inadequado, a estiagem causa uma mudança que primeiro impede a fecundação destas espécies e desequilibra toda uma cadeia alimentar”, afirma o professor de biologia, da Universidade de Salvador (Unifacs) e do Centro Universitário Baiano (FIB), Nilton Tosta.
O superintendente regional do Ibama, Célio Costa Pinto, é cauteloso ao falar dos efeitos do aquecimento global sobre a fauna e flora do estado. “Sabemos pelos estudos que as conseqüências não são uniformes, mas não dispomos ainda de dados específicos sobre estudos específicos”. Costa Pinto afirma que a Bahia é um estado atípico, pois concentra em seu território três biomas de características completamente diferentes: o cerrado, a caatinga e a mata atlântica. Destes, a caatinga é o que mais sofre devido à fragilidade do solo. O aquecimento global acelera o processo de desertificação desta vegetação de clima semi-árido.
De maneira genérica, o superintendente do Ibama aponta para a elevação do nível do mar e o risco de extinção de diversas espécies da mata atlântica e do cerrado como conseqüências do aquecimento global já detectadas por estudos desenvolvidos desde 2004. “O Ministério do Meio Ambiente passa por reestruturação e terá um grupo específico para realizar estudos de clima em todos os estados do país. O que é realmente necessário”, finaliza.
***Trinta por cento de biomas ameaçados
Em seminário realizado sobre a mata atlântica na Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), em fins de maio, o presidente do Grupo de Assessoria Internacional (IAG), do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG), Carlos Nobre, afirmou que “um possível aumento de 2ºC na temperatura vai ameaçar 30% de todas as espécies de biomas brasileiros”.
Nobre coordena o grupo de cientistas brasileiros que compõe o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). O relatório apresentado por ele no evento confirma a tendência de um planeta cada vez mais aquecido. Ele defende o fortalecimento das estratégias de conservação da mata atlântica, que, em termos de biodiversidade, é mais rica do que a Floresta Amazônica.
A mata atlântica está reduzida a menos de 7% de sua extensão original. De mais de 1.360.000 km2 do território nacional, hoje restam menos de 100.000 km2. Originalmente, a mata atlântica ocupava cerca de 36% do território da Bahia. O diretor de Biodiversidade da Semarh, Milson Batista, afirma que os efeitos do aquecimento global já podem ser sentidos na Bahia.
“Nós já podemos notar corredores de calor em grandes cidades da Bahia, em especial, Salvador”, afirma Batista, que é ex-professor da Universidade Federal da Bahia. Ele declara que grandes áreas verdes como as existentes na capital da baiana, a exemplo dos parques Metropolitano de Pituaçu e São Bartolomeu, precisam ser preservados. “As áreas verdes são capazes de absorver os efeitos destes corredores de calor de uma grande cidade como Salvador. Mas não é preciso apenas conservar, e sim, expandi-las”. Fora da capital, ele cita o Parque Estadual da Serra do Conduru, que registra respectivamente em apenas um hectare de floresta 443 espécies de fauna e 458 de flora, um recorde em termos de biodiversidade.
Fonte: Correio da Bahia

Especial Meio Ambiente/Reciclagem de lixo é solução ultrapassada

Alexandre Lyrio
Bem cedo o leite era deixado na porta das casas. Entregue em recipiente de vidro, a embalagem não apenas conservava o sabor do produto recém-extraído, mas também era devolvida no dia seguinte para ser reutilizada. A realidade comum no passado, e ainda presente em algumas cidades do interior, pode ser a solução futura para os problemas trazidos pelo excesso de lixo das grandes metrópoles. É o que defendem atualmente alguns especialistas, propagadores do princípio da não geração de resíduos. Mesmo a reciclagem, antes recurso principal no combate à poluição, é considerada mero instrumento de contribuição ambiental, diante da possibilidade do “lixo zero”. O retorno ao tempo dos tradicionais “cascos de cerveja”, que voltavam às fábricas para depois retornar ao consumidor, pode significar o fim do que se defendeu amplamente nos últimos anos. As questões ambientais relacionadas aos resíduos não se limitam à tão conhecida reciclagem, preocupada apenas com o lixo depois de gerado. Evoluir dessa visão é partir da idéia de que o lixo sequer deve existir. A nova vertente de pensamento serve de base para as pesquisas realizadas pela Rede de Tecnologias Limpas (Teclim), da Universidade Federal da Bahia. Pesquisadora do grupo, a professora Maria de Fátima Nunesmaia esclarece que a minimização na produção de resíduos não deve ser confundida com a reciclagem, comumente apontada como principal beneficiadora do meio ambiente.
“Reciclar não é dar um fim ao lixo. Apesar de essa também ser uma etapa importante, pensar a geração é ainda mais prioritário”, explica a ambientalista. Por isso, buscar estratégias para o chamado desenvolvimento sustentável envolve a análise de toda a matéria-prima que se gasta até chegar ao lixo. As etapas de produção e consumo devem levar em consideração as conseqüências, a longo prazo, ao meio ambiente. “Como resolver a questão do consumo desordenado? Definitivamente não é a reciclagem que vai fazer isso”, diz a especialista.
Educação - Tudo dependeria de investimentos na educação. Reduzir o lixo significa freio no consumo. A possibilidade de se consumir menos embalagens nos supermercados, por exemplo, está intimamente ligada à cultura da população. “Na Europa, é comum as pessoas usarem os dois lados do papel para diminuir a quantidade de lixo produzido”, revela Maria de Fátima. O simples uso indiscriminado de copinhos plásticos também é condenável. Até mesmo mudanças no hábito alimentar seria interessante. Reutilizar cascas de alimentos é apenas uma das opções viáveis.
Pesquisadora do lixo fabricado pelas cidades, Maria de Fátima, que também é titular da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), defende a gestão integrada de resíduos urbanos. O tema virou tese de doutorado em ciências ambientais da UPC, na França. Em seu estudo, a professora argumenta que os aterros sanitários recebam apenas o que não há nenhum valor agregado. No novo modelo de gestão, quase nada deveria ser lixo.
No Brasil, os resíduos gerados em 2.758 municípios, o que corresponde a mais de 50% do total do país, são vazados em lixões e em alagados. A especialista aconselha a identificação das grandes fontes geradoras de resíduos e um posterior planejamento da eficiência ambiental no tratamento do lixo e do material do qual ele é gerado. “Talvez o ‘lixo zero’ seja um desejo impossível. Mas é a partir dele que desenvolvemos o nosso pensamento”, completa.
***NÚMEROS
Composição gravimétrica dos resíduos domiciliares de Salvador/Bahia
FRAÇÕES VALOR EM %Matéria Orgânica 54,14 Papel/Papelão 5,26 Vidro 1,89 Plástico 12,78 Metais 1,73 Tetra Pak 0,97 Trapo/Couro 1,79 Entulho 0,44 Madeira 0,56 Outros 20,11 Fonte: Tese de Doutorado de Maria de Fátima Nunesmaia/ UCP(França)
***Catadores aquecem mercado
É deles o trabalho mais complicado. São os catadores de rua os principais responsáveis pelo crescimento do mercado de recicláveis no Brasil, país campeão mundial no reaproveitamento de latas de alumínio, com 95% do material utilizado. Famílias inteiras transformaram o lixo na sua principal fonte de renda.
Resíduos recuperados dos lixões e ruas das cidades são matéria-prima na fabricação de novos produtos ou possibilitam o seu reaproveitamento. Embora não seja a solução para a constante geração de resíduos, a reciclagem representa um novo encaminhamento do lixo já produzido.
Uma ex-gari é a presidente da Coopermac, cooperativa de reciclagem que atua em Camaçari, exemplo de sucesso no setor. Glória Marta da Silva é uma das fundadoras do grupo de 57 associados, que, em 2006, completa seis anos. “Não imaginava que chegaríamos tão longe”, comemora Glória. Abastecida por 64 catadores de rua, a Coopermac trabalha independente de órgãos governamentais, e reúne mensalmente mais de 150 toneladas de lixo reciclável. As vendas chegam a um valor bruto de R$35 mil ao mês, divididos entre os “sócios”.
Existem também programas oficiais de coletas seletivas dos governos. No total, estão presentes em 257 municípios. Mas na avaliação da ambientalista Maria de Fátima Nunesmaia, ainda atuam de forma tímida. Faltam-lhes programas de educação ambiental que estejam inseridos em planos integrados de gestão de resíduos sólidos. “Fica para os catadores a maior quantidade de material recolhido. A reciclagem, no Brasil, é fruto de uma população carente e não consciente”, explica a especialista. A prefeitura tenta ampliar o número de cooperativas de reciclagem municipais existentes em Salvador. Hoje são apenas quatro, no final do ano serão dez. “Queremos criar, no mínimo, uma cooperativa para cada AR. Quando terminar a nossa gestão teremos cerca de 20 locais de reciclagem municipais”, assegura o presidente da Limpurb, Hary Alexandre Brust. Além de reciclar, as cooperativas visitam condomínios, empresas e o comércio em geral para fazer a coleta seletiva do lixo. A Limpurb calcula conseguir arrecadar mensalmente, junto com o trabalho dos catadores, cerca de 400 toneladas de lixo reciclável.
***Compostagem para orgânicos
Lixo transformado em adubo. Ainda pouco utilizada no Brasil, a compostagem poderia ser importante aliada na redução dos impactos ambientais do lixo produzido nas grandes cidades. O processo consiste na transformação de resíduos orgânicos em terra limpa, das mais férteis. Através de tratamento biológico, restos de alimentos e podas de árvores, que correspondem a 54% de todo o lixo de Salvador, passariam a ser matéria útil para a agricultura e jardinagem. Estudos da ambientalista Maria de Fátima Nunesmaia indicam que, somente com a compostagem dos resíduos de feiras livres, podas de árvores e supermercados, a quantidade de lixo na capital baiana poderia ser reduzida em 10%.
Especialistas em meio ambiente não entendem porque o processo é tão desvalorizado no país. Um dos motivos seria a fascinação pela reciclagem e coleta seletiva de lixo inorgânico. O que não justifica, já que, assim como Salvador, mais da metade do lixo brasileiro é formado por matéria orgânica. Além disso, a compostagem baratearia os custos na tentativa de redução dos resíduos. “Os ganhos seriam enormes. É muito mais barato investir em compostagem do que em coleta seletiva, por exemplo”, assegura Maria de Fátima. Trata-se exatamente do lixo mais tóxico. Devido ao chorume, líquido preto produzido no processo de decomposição, os resíduos orgânicos são os principais responsáveis pela poluição dos rios e lençóis freáticos.
A Cooperbrava, cooperativa localizada no Parque Sócioambiental de Canabrava, é um dos poucos locais que lidam com compostagem em Salvador. Em parceria com a Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpub) e com a Superintendência Municipal de Parques e Jardins (SPJ), parte da poda das árvores se transforma em adubo. “A terra é transferida para os canteiros e áreas verdes da própria cidade”, informa o presidente da Limpurb, Hary Alexandre Brust. Num país de clima quente como o Brasil, a compostagem seria ainda mais viável. O processo consiste em triturar e submeter o lixo a temperaturas entre 60o e 70o, nas quais, na presença de oxigênio, bactérias atuam de forma rápida na decomposição de toda a parte ruim do material.
***Educação independe de classe social
Flavio Novaes
É como um inimigo perverso, que deve ser exterminado imediatamente. Depois de fazer as refeições e misturar os restos dos alimentos com o material sólido, como vidro e papel, a ordem é se livrar logo do lixo, seja para aonde for. No caso das residências mais pobres, os sacos são depositados, muitas vezes a qualquer hora do dia, nas portas das casas, nos vãos das escadarias ou nas encostas, para o posterior desespero nos dias de chuva.
Nos bairros ricos, em edifícios com piscina e segurança reforçada, recipientes nas calçadas abrigam o chamado lixo rico. Hora e vez dos catadores autônomos atravessarem locais abastados da cidade como o Corredor da Vitória e deixar um rastro de destruição e sujeira, forçando os pedestres a dividirem com os carros um espaço na rua estreita.
O tratamento dado ao lixo independe da classe social quando a intenção é deixar a casa limpa. “Quando termino de almoçar, arrumo tudo e jogo o saco plástico com o lixo na esquina até porque dentro de casa não tem onde eu guardar”, diz a empregada doméstica Claudia Santos, que mora em uma casa humilde, em Coutos. Mais organizados e com espaços, os condomínios possuem áreas próprias para receber os resíduos, mas não é raro moradores depositaram sacos nos contêineres minutos depois da passagem do caminhão de lixo. Em alguns casos, os dejetos ficarão ali pelo menos por 24 horas.
Assim, áreas nobres e menos favorecidas têm tratamento diferenciado na prefeitura. As coletas na periferia, onde estão situadas as regiões mais pobres da cidade, acontecem diariamente, o que representa 64% do total. Já nas zonas mais abastadas, a coleta é alternada, dia sim dia não, ou 36% do total.
Agentes - Em uma cidade repleta de zonas de difícil acesso, com muitos becos e escadarias onde não chegam os caminhões, a solução encontrada pela Limpurb foi a de firmar convênios com as empresas terceirizadas que fazem a coleta e algumas associações de moradores. As empresas fornecem equipamento e uniforme, enquanto que a associação indica os chamados agentes solidários que recebem uma cesta básica de R$50 por semana para fazer a coleta nessas áreas. “Eles fazem também a coleta seletiva cuja renda é revertida para as próprias associações”, diz Alexandre Brust, presidente da Limpurb, que supervisiona as atividades.
Bom para a Rua do Céu, na Liberdade, referência do PAV, como é chamado o Programa de Agentes Solidários. Situada em uma baixada, recebia muito lixo e os esgotos ficavam constantemente entupidos. “Achamos que é importante colaborar com os órgãos públicos e fazer a nossa parte, afinal, nós é que vivemos aqui e não podemos morar no meio do lixo”, explica Edson Marcelino, líder comunitário na rua. Hoje o programa possui 210 agentes.
Enquanto atividades pontuais são realizadas, todos concordam que a educação é única saída viável. A Limpurb irá distribuir cinco cartilhas que serão encartadas nos cadernos de ensino fundamental da rede publica municipal. As crianças vão ter noções básicas de coleta, meio ambiente, alem de reciclagem de metais, papel e vidro.
Por: Correio da Bahia

Aterros sanitários entram na mira do Ministério Público

Levantamento do órgão aponta a existência de 438 lixões a céu aberto no estado


Carmen Azevêdo
Levantamento do Ministério Público Estadual (MPE), em fase de aprovação para ser publicado, mostra uma das faces da situação de precariedade ambiental na Bahia. O resultado é caótico: o estado dispõe hoje de 438 lixões ou depósitos de lixo a céu aberto. Além disso, a maior parte dos 55 aterros sanitários implantados pela Conder – o MPE/BA ainda não pode divulgar o número exato –, não detém licença ambiental do Centro de Recursos Ambientais (CRA) e não atende às normas técnicas para funcionamento. As conseqüências são catastróficas. Os lixões emitem metano, o segundo gás mais importante para a intensificação do efeito estufa, depois do dióxido de carbono (ou gás carbônico), contribuindo para o aquecimento global.
A denuncia extraída do relatório O desafio do lixo deverá ser publicada na segunda quinzena de junho, quando o documento será apresentado pelo procurador geral de Justiça, Lidivaldo Britto, aos secretários estaduais e municipais de Meio Ambiente e Saúde, já que o descarte inadequado de resíduos sólidos é também um problema de saúde pública. A situação já havia sido apontada em 2000, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. À época, foi verificado que, dos 751 distritos baianos com serviço de limpeza urbana e/ou coleta de lixo, 692 tinham depósitos a céu aberto. Todos com sérios problemas de acondicionamento e tratamento dos resíduos.
Por causa dos primeiros resultados obtidos com o levantamento, já no início de março, 30 prefeitos haviam sido convocados para assinatura de um termo de ajuste de conduta (TAC). Por meio do documento, os gestores se comprometeram com o MPE a regularizar o acondicionamento e tratamento do lixo nos municípios. No caso dos prefeitos que se recusarem a fazer o acordo, o órgão vai impetrar ação civil pública exigindo reparos de cada uma das prefeituras, pelos danos causados ao meio ambiente. Vai ingressar na Justiça também com ação penal pelo crime de poluição, previsto no Artigo 54, da Lei 9.605/98. Com isso, pode haver condenação do gestor municipal, com pena que varia de seis meses a um ano de detenção.
A situação aponta para a falta de referências positivas no estado quando o assunto é descarte de resíduos sólidos. “Infelizmente não há modelo de sucesso na Bahia. O que há de menos ruim é a situação de Mucugê (na Chapada Diamantina). É o lixão mais bem cuidado do estado”, ressaltou, a coordenadora das promotorias de meio ambiente do MPE, Ana Luzia Santana. Segundo a promotora, o depósito a céu aberto da cidade ao menos conta com um galpão de triagem, para separação entre lixo seco, resíduos orgânicos e material de reciclagem, embora ainda esteja em situação irregular. A prefeitura local se comprometeu a enviar equipe a Salvador para regularizar a situação junto ao órgão.
Último lugar-A cidade que ocupa o último lugar no ranking de problemas é São Francisco do Conde, na região metropolitana de Salvador. O município conta com aterro sanitário apenas na teoria, já que pelas condições em que ele se encontra, não há gerenciamento adequado dos resíduos. “Esse chega a ser um caso de improbidade administrativa, de má gestão do dinheiro público”, afirmou a promotora Ana Luzia, que forneceu ainda um detalhe, no mínimo, preocupante: a cidade, que já gastou dinheiro público na implementação de um aterro mal administrado, deverá ser contemplado com recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, para investir na mesma área.
O secretário de Infra-Estrutura do município, Paulo Sertori, informou que um projeto de recuperação do aterro está em fase de elaboração e que, por enquanto, o depósito está fechado. Sertori disse desconhecer o volume de recursos usados na construção do equipamento e negou que recursos do PAC serão destinados a um novo aterro sanitário.
***Importância da reutilização
Especialistas em limpeza urbana explicam que o desafio atual da sociedade é substituir a economia do descarte pela economia da redução/reutilização/reciclagem, chamada de “Três Rs”. “Quando não é possível reduzir o consumo e, portanto, o descarte de lixo, uma alternativa é o reuso ou aplicação de um mesmo item para diferentes usos”, alerta o professor Zoltan Romero, da Universidade do Salvador (Unifacs). O doutor em geociências, Ronaldo Barbosa, exemplifica como cada pessoa pode ajudar a partir das sacolas de compras. “Não temos o hábito de ir à feira sem a sacola de plástico na mão. Jogamos fora e geramos mais resíduos”, pontua.
Outra alternativa é a reciclagem. Para Romero, no entanto, a opção é também prejudicial ao meio ambiente. “A reciclagem industrial é feita pela combustão e, portanto, emite gases que intensificam o efeito estufa”, assinala. Em Salvador, 20 cooperativas, que geram 750 empregos e atuam em 80% dos bairros da capital, são conveniadas com a Limpurb. As terceirizadas fornecem fardamento e big-bags (sacolas grandes, de material mais resistente, utilizada para fazer a coleta do material a ser reciclado). Com o trabalho, mais de 17% do lixo é direcionado para a coleta seletiva.
***Problemas na capital e RMS
No caso de Salvador, tanto o Aterro Metropolitano do Centro (AMC), como o de Canabrava, também apresentam problemas. Segundo a promotora de Justiça do Meio Ambiente e Urbanismo da capital, Cristina Seixas Graça, são inúmeros os problemas no AMC – que acondiciona 98% dos resíduos de Salvador e 2% do lixo de Lauro de Freitas e Simões Filho. A lista inclui desde o deslizamento de encostas, até assoreamento dos cursos d’água.
“Houve ainda vazamento de chorume. O aterro tinha tantas licenças que isso dificultava a regularização”, explicou Cristina. Ela citou ainda a má localização do depósito e a possibilidade de contaminação de afluentes, além do mau cheiro. Por causa disso, o depósito foi objeto de inquérito civil há três anos, instaurado pela Promotoria de Simões Filho. A ele, foi adicionado outro inquérito civil da Promotoria da capital, aberto em 2005. O MPE/BA realizou estudos durante um ano – entre 2005 e 2006 –, mas a prefeitura se negou a assinar o termo de ajustamento de conduta (TAC). “A Prefeitura mostrou total desconhecimento e se ausentou”, criticou Cristina. A empresa contratada para gerir os serviços, a Batre, também.
Neste momento, a Promotoria aguarda um laudo do Centro de Recursos Ambientais (CRA) sobre as atuais condições do aterro, para tentar um novo TAC com a prefeitura. Caso não ocorra, o Ministério Público Estadual dará entrada a processos de indenização para a população e à ação criminal contra a Batre. Canabrava-O Aterro de Canabrava, por sua vez, está esgotado e precisa de recuperação urgente. “Além disso, o local também é inadequado, porque a população mora no entorno”, analisou Cristina. O CRA informou que um grupo de trabalho foi criado, em fevereiro último, com representação da sociedade civil, para traçar um plano de ação emergencial de erradicação dos lixões.
***Aumenta geração de resíduos
Para quem conta com uma prefeitura que alega constantemente falta de recursos, os pouco mais de 2,7 milhões de soteropolitanos deveriam descartar um menor número de resíduos sólidos no ambiente. Dados da empresa de limpeza urbana da capital, a Limpurb, mostram que cada habitante da cidade descarta quase 2kg de resíduos sólidos por dia.
O pior é que, de acordo com o secretário municipal de Serviços Públicos, Fábio Motta, o índice de descarte de resíduos por habitante cresce cerca de 6% a cada ano; 10% apenas durante o período compreendido entre os meses de dezembro e fevereiro, quando aumenta o poder aquisitivo das pessoas e o número de visitantes na capital baiana.
A solução ideal para qualquer município, defende o professor em gestão de resíduos sólidos da Universidade do Salvador (Unifacs), Zoltan Romero, é que não se produza lixo. “Como isso é impossível, o melhor é que se produza menos. Mas o que se vê em todos os locais do mundo é que, quando se nota a redução da produção de lixo, é porque houve empobrecimento da população e não conscientização”, lamenta o especialista.
Campanhas de conscientização em Salvador têm sido prioridade da prefeitura, segundo Motta. Ele explica que o Núcleo Ambiental da Limpurb, que conta com 76 estagiários e três monitores, realizou, no ano passado, cem feiras educativas, 61 mutirões, visitas a 195 escolas públicas e abordagens a 3.364 estudantes e professores em diferentes bairros de Salvador. “Campanhas são importantes, porque aqui as pessoas têm o hábito de fazer o que é mais fácil: lançar o lixo em terrenos baldios. É uma questão de educação. Isso traz custos para os órgãos públicos”, acrescenta o mestre em geoquímica e meio ambiente e doutor em geociências, Ronaldo Barbosa.
Para acirrar o problema do descarte, está a dificuldade de acesso dos caminhões de lixo a inúmeras localidades (a Limpurb não tem o número exato) para a coleta. Dessas, 56 passaram a integrar o Programa de Agentes Voluntários, entre elas, a Avenida Peixe (Liberdade), Alto das Pombas, Calabar, Fazenda Grande e Nova Brasília. Por meio da iniciativa, as empresas terceirizadas pela Limpurb – Torre, Itapagipe e Vega –, fornecem treinamento, fardamento, equipamentos e uma ajuda de custo de R$50 para que os agentes limpem as ruas e disponibilizem sacos de lixo em um ponto de acesso fácil para o caminhão de coleta. No programa, já foram cadastrados 400 agentes voluntários.
Fonte: Correio da Bahia

PT fará diagnóstico para definir estratégias para as eleições municipais de 2008

REGIANE SOARESda Folha Online
O PT fará um levantamento nacional sobre a situação político-eleitoral dos principais municípios para organizar o partido para as eleições de 2008. Segundo o secretário-geral da legenda, Joaquim Soriano, o diagnóstico servirá de base para o Diretório Nacional elaborar a "política de coalizão" em municípios considerados estratégicos.
Soriano explicou que o diagnóstico mostrará, por exemplo, a situação das prefeituras onde o PT já governa e as condições de uma candidatura à reeleição. Já onde os petistas são oposição, o levantamento apontará o caminho para conseguir vencer as eleições.
"Também vamos selecionar os municípios considerados estratégicos. A idéia é concentrar esforços nessas cidades para conseguir uma boa política de coalizão", afirmou Soriano.
Segundo o petista, entre os municípios considerados estratégicos estão todas as capitais e as cidades com mais de 200 mil eleitores, onde há segundo turno.
O resultado do levantamento será apresentado ao Diretório Nacional durante reunião marcada para os dias 6 e 7 de julho, em Brasília.
Reforma política
Senadores e deputados do PT vão se reunir na próxima semana na sede do partido em Brasília para discutir e definir a posição da legenda sobre a reforma política. O debate sobre o tema foi decidido hoje durante reunião da Executiva Nacional.
O encontro da bancada com os dirigentes petistas será realizado na segunda-feira, e o resultado será apresentado em nova reunião da Executiva Nacional, marcada para quinta-feira.
A discussão sobre a reforma política segue orientação da resolução aprovada em maio pelo Diretório Nacional do PT. O objetivo da legenda é ampliar o debate para aprovar a reforma política ainda neste ano para vigorar nas eleições de 2008.
Pela resolução do Diretório Nacional, os petistas devem colocar em discussão a fidelidade partidária, o financiamento público de campanha, fim das coligações em eleições proporcionais e voto em lista.

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