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quinta-feira, agosto 26, 2010

Marina: “Sofro preconceito por ser evangélica”

Em entrevista ao Congresso em Foco, a candidata do PV reclama de ser discriminada por sua opção religiosa. E diz que os demais partidos e candidatos não despertaram para os principais desafios do século 21: a questão ambiental e a crise do modelo econômico

Fábio Pozzebom/ABr
“Entrei no PT pelo mesmo motivo que saí: para defender e propagar as causas ambientais”

Rudolfo Lago

A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, é mulher. É negra. Foi analfabeta até os 16 anos. Quando criança, vivia no meio da floresta amazônica. Foi empregada doméstica. Nesta entrevista ao Congresso em Foco, ela garante que nenhuma dessas circunstâncias da sua vida a fizeram ser vítima de preconceito. Agora, na disputa pela sucessão do presidente Lula, Marina diz sentir pela primeira vez discriminação. Por nenhuma das razões descritas acima, mas por sua opção religiosa. Marina se diz discriminada pelo fato de ser evangélica, missionária da Assembleia de Deus.

Para Marina, isso tem sido usado para tentar imprimir nela a pecha de pessoa excessivamente conservadora do ponto de vista dos costumes. Num grau muito além do que corresponde à verdade. Marina é contra o aborto, mas outros candidatos também se declaram assim. “Quando os outros candidatos se declaram contra o aborto, o assunto morre ali. Comigo, vira sabatina”, reclama. “Você não imagina o mal-estar que isso me traz”. Longe dessa imagem de ultra-conservadora no campo da moral, Marina se diz favorável à união civil de homossexuais e, embora seja pessoalmente contrária à pesquisa com células-tronco adultas, lembra que a legislação brasileira possibilita investimentos para todos os tipos de pesquisa. “A minha relação com a pesquisa científica é de apoio e respeito total”.

Egressa do PT, partido no qual militava até o ano passado, Marina diz, na entrevista, que sua saída do partido de Lula e do seu governo deve-se ao fato de que ambos, o partido e o governo, não acordaram para os desafios do século 21, que seriam o problema ambiental, com o aquecimento global e outros fenômenos que já começam a ficar visíveis, e a crise do modelo econômico, que já teve seus efeitos nos Estados Unidos e agora afeta países da Europa. “Falta visão antecipatória. O desafio deste século é dar resposta às crises ambiental e econômica”, diz ela. Para ela, nem Dilma Rousseff, do PT, nem José Serra, do PSDB, têm percepção para isso.

“Não vou mexer uma vírgula em meu discurso. Sou a favor da democracia e reconheço a complexidade dessas questões”
(sobre polêmicas como aborto e união de homossexuais)
“As outras candidaturas defendem que o país precisa de um gerente para administrar nosso futuro com os mesmos conceitos do passado. Achamos que isso não basta, penso que devemos ter uma perspectiva estratégica fundada no conceito da sustentabilidade para levar o país ao lugar que lhe compete no século 21 e garantir bem-estar sustentável às pessoas no futuro”, diz ela.

A candidata do PV respondeu por e-mail às perguntas do Congresso em Foco. Leia abaixo a entrevista:

Congresso em Foco - Na disputa presidencial, há quatro candidatos que já pertenceram ao PT: a senhora, Plínio de Arruda Sampaio, Zé Maria e Rui Costa Pimenta. A senhora e Plínio têm mais tempo de militância no PT que a própria candidata do partido, Dilma Rousseff. Qual o significado disso?
Marina Silva
- Durante muitos anos, o PT era a opção preferencial de muitas pessoas que atuavam na sociedade através de sindicatos, associações, ONGs e movimentos sociais. Era um partido de esquerda que não se alinhava com as formas mais centralizadas de organização, típicas dos partidos comunistas e socialistas, e abriu suas portas para a participação da sociedade. Por isso, formou lideranças políticas importantes ao longo de seus 30 anos de existência. Hoje é um partido que possui ainda uma grande militância, mas organiza-se de forma mais tradicional e pragmática.Muitos saíram por vários motivos. No meu caso, saí do PT porque o partido, assim como os demais partidos

“57% dos recursos do Ministério da Integração Nacional para prevenção de desastres foram para a Bahia; desses, 88% para cidades do partido do ministro. Não é aceitável essa ingerência”
(sobre a atuação do ex-ministro, o candidato a governador da Bahia Geddel Vieira, do PMDB)
, não soube incorporar a sustentabilidade como eixo estratégico de formulação de suas diretrizes e propostas. Acredito que precisamos hoje fazer um grande esforço de reelaboração de nossos conceitos de atuação político-programática, e senti que isso não era possível no PT.

Quem mudou mais: o PT ou a senhora?
Quando cheguei ao PT, o partido tinha uma visão progressista, mas não foi capaz de integrar a questão da sustentabilidade como uma bandeira estratégica, não foi capaz de atualizar a visão de mundo, enfim, não fez a transição para os temas do século 21. Falta visão antecipatória. O desafio deste século é dar resposta às crises ambiental e econômica. Como fomentar o desenvolvimento sem destruir a vida no planeta? Como assegurar qualidade de vida a todos e ao mesmo tempo preservar nosso patrimônio ambiental? O presidente Lula quebrou o paradigma de que se precisava crescer para depois distribuir o bolo. Mas isso não é suficiente para o Brasil assumir o papel que lhe cabe no cenário global. O PT não percebe isso. Não fui capaz de convencer o partido de que a questão do desenvolvimento sustentável é estratégica. Por isso entrei no PT pelo mesmo motivo que saí: para defender e propagar as causas ambientais.

O Brasil forma, com países como a China e a Índia, um grupo de nações emergentes que começa agora a se desenvolver fora do tradicional eixo que sempre beneficiou o Norte. Muitos professam que o país precisa aproveitar ao máximo esse momento de economia para fazer maciços investimentos, especialmente em infraestrutura. É possível não perder esse atual momento, fazendo os investimentos necessários, sem agredir o ambiente?
No Brasil, a noção de avanço está associada à ideia de crescimento econômico sem limite, expressa no aumento do poder de consumo e na construção de obras, como estradas, escolas e hospitais que, em que pese suas inegáveis importâncias, é preciso reconhecer que as sociedades mais prósperas são e serão aquelas que escolherem investir nas pessoas e na valorização dos recursos naturais que dão sustentação à vida. Vejo a questão da infraestrutura como a base fundamental para a sustentação do crescimento econômico. A forma como é planejada e constituída tem enorme impacto na distribuição geográfica do desenvolvimento, na qualidade de vida da população e nos impactos ambientais. Na transição para uma economia de baixo carbono, o planejamento da infraestrutura deve ter foco em uma infraestrutura que seja eficiente e sustentável no uso dos recursos naturais.Dentre as minhas propostas, quero promover a eficiência na gestão a partir do planejamento e do desenvolvimento das cidades com a integração e articulação de políticas para urbanização, saneamento, mobilidade, adaptação às mudanças climáticas, proteção de mananciais, promoção do desenvolvimento e do bem-estar humano.

O que, basicamente, diferencia sua candidatura das candidaturas de Dilma e Serra? Como a senhora avalia seus adversários?
Temos propostas distintas para os desafios do Brasil. Enquanto as outras candidaturas defendem que o país precisa de um gerente para administrar nosso futuro com os mesmos conceitos do passado, achamos que isso não basta, penso que devemos ter uma perspectiva estratégica fundada no conceito da sustentabilidade para levar o país ao lugar que lhe compete no século 21 e garantir bem-estar sustentável às pessoas no futuro.Já tivemos como presidente um sociólogo e um operário. O Brasil está preparado para eleger uma mulher. E seria muito benéfico para todos se o olhar e a perspectiva feminina estivessem mais presentes na vida social e, especialmente, nos espaços públicos, que é onde se tomam as decisões de interesse coletivo. As mulheres têm facilidade para conduzir processos mais abertos, mais democráticos, pois apostam no consenso em vez da disputa. E isso, quando transferido para as empresas, sindicatos, associações e para o poder público tem uma força transformadora enorme. As mulheres são mais inclusivas, têm mais capacidade de negociação, tendem muito mais ao consenso do que à disputa. O Brasil precisa de um sucessor, e não de um continuador ou um opositor.

Em sua opinião, qual é o maior problema que precisa ser corrigido hoje no país?
Segurança, saúde, educação. Precisamos colocar em prática tudo aquilo que a sociedade aprendeu nas últimas décadas, experimentando a convivência na diversidade, a invenção de novas maneiras de resolver problemas solidariamente, indo à luta à margem do Estado para defender direitos, agindo em rede, expandindo e agregando conhecimento sobre novas formas de fazer, produzir, gerar riquezas sem privilégios e sem destruição do incomparável patrimônio natural brasileiro.

Seus adversários buscam colar na senhora a pecha de pessoa conservadora do ponto de vista dos costumes em razão da sua opção religiosa. Como a senhora responde a isso?
Posso dizer que nunca fui discriminada por ser mulher ou negra, mas agora, pela primeira vez, estou sentindo um grande peso por ser evangélica. Quando os outros políticos se dizem contrários ao aborto, o assunto morre ali. Comigo, vira sabatina. Colocam-me rótulos de ultraconservadora, de fundamentalista , que não me cabem, pois não vivo à margem da modernidade. Você não imagina o mal-estar que isso me traz. Mas não vou mexer uma vírgula em meu discurso. Sou a favor da democracia e reconheço o grau de complexidade dessas questões. Por isso, eu as submeteria a um plebiscito.

Nesse caso, além da questão do aborto, que a senhora já mencionou, como a senhora se posicionaria, como presidente, sobre questões como a união entre homossexuais e as pesquisas com célula-tronco?
Defendo a união civil de pessoas do mesmo sexo que vivem um relacionamento estável para que seja garantida uma série de direitos que hoje lhes são negados. Sou favorável ao direito à he
“O Brasil precisa de um sucessor, e não de um continuador ou um opositor”
rança, ao plano de saúde conjunto, ao acompanhamento em caso de deslocamento para outra cidade para cumprir função pública, ao acompanhamento em caso de internação, entre outros. Como presidente, trabalharei para que todas as pessoas tenham acesso a políticas públicas que assegurem condições de vida dignas, independente de credo, raça ou condição sexual.A respeito da célula-tronco, sou favorável à pesquisa com células-tronco adultas apenas. Há uma discussão no Congresso, na sociedade e também na comunidade científica, porque não há unanimidade de que seja preciso ter os mesmos resultados usando célula adulta. Agora, a legislação brasileira possibilita os investimentos para todos os tipos de pesquisa. A lei foi aprovada pelo Congresso, todos os órgãos de pesquisa já estão garantidos em relação a isso. A minha relação com a pesquisa científica é de apoio e de respeito total.

Há hoje uma discussão no país que coloca em lados opostos o agrobusiness e a agricultura familiar. A Confederação Nacional da Agricultura diz que o atual governo reforça um discurso que coloca os empresários rurais como vilões, do ponto de vista ambiental, e considera ser um grande erro dividir a agricultura em dois ministérios, o da Agricultura e o do Desenvolvimento Agrário, o que, na visão deles, só reforçaria preconceitos e equívocos. Qual sua posição sobre isso?
Em nosso imenso território, de oito milhões de quilômetros quadrados, temos diversidades social, cultural, de ecossistemas e, claro, econômica – a qual deve dialogar e aprender com as diversidades cultural e biológica. Nesse contexto, há espaço para o agronegócio e para a agricultura familiar. Em meu programa de governo, proponho integrar numa única política para a agricultura brasileira o agronegócio e a agricultura familiar. Essa política busca superar a dicotomia ainda existente entre produção e preservação. Precisamos produzir mais com menos recursos, de forma sustentável social e ambientalmente. E quanto antes fizermos isso, melhor será para o Brasil economicamente. Nossos produtos precisam ser associados à sustentabilidade e à responsabilidade social. Podemos ser líderes de uma nova economia. A disponibilidade de recursos ambientais será cada vez mais um fator estratégico para nossa inserção na economia global.

Depois da malograda discussão de uma eventual aliança da senhora com o Psol, os partidos de esquerda agora repetem que a sua candidatura mantém os vícios dos partidos conservadores. E cita o fato de a senhora ter como companheiro de chapa um grande empresário, Guilherme Leal, dono da Natura. Ele seria seu José Alencar, dizem. Como a senhora responde a isso?
O Guilherme Leal está nesse projeto pelo que ele representa. Ele é um empresário que, fazendo a coisa certa dos pontos de vista social e ambiental, conseguiu os resultados certos do ponto de vista econômico. Obviamente, ele agrega mobilizando aqueles que têm uma visão de vanguarda para investir nesse projeto.

Projeto discutido desde o século XIX, a transposição das águas do rio São Francisco retornou no governo Lula. Muitos consideram que o impacto ambiental não justifica a obra. Qual a sua opinião sobre a transposição?
Posso afirmar com segurança que a transposição do São Francisco é viável ambientalmente, pois a Licença Prévia foi dada em minha gestão. A transposição do Rio São Francisco é um projeto de alta complexidade, discutido à exaustão, com resultados concretos e readequação do projeto durante o seu licenciamento. Fizemos um grande esforço para chegar a esse resultado. Antes de conceder a licença, elaboramos o Plano de Gestão da bacia, propusemos que a vazão média no canal fosse reduzida e que só houvesse retirada de água do rio se a barragem de Sobradinho estivesse vertendo. Construímos um amplo programa de revitalização da bacia, com ações de saneamento, recomposição de matas ciliares, repovoamento do rio com espécies nativas de peixes e outras ações voltadas à melhoria das condições da bacia.
“É necessário que a revitalização e as condições sejam cumpridas para termos água disponível para o semi-árido e para a bacia doadora”
(sobre a Transposição do São Francisco)
Um bom exemplo de atuação na promoção do desenvolvimento com responsabilidade.Mas é necessário que as ações do programa de revitalização sejam efetivamente implementadas e que as condicionantes da licença prévia e de instalação sejam cumpridas para que tenhamos água disponível para o semi-árido e para a bacia doadora.

As mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global já começam a ficar evidentes. As cheias em São Paulo, Santa Catarina, Alagoas e Pernambuco são exemplos disso. Que ações o governo federal pode fazer para minorar esse problema?
Temos várias propostas para dar respostas mais eficazes aos desastres e implantar uma política de prevenção. Para isso, vamos implantar um Sistema Nacional de Alerta de Desastres Naturais que seja capaz de antecipar e prever os chamados eventos extremos (tempestades, secas, geadas); regulamentar a Lei de Mudanças Climáticas; criar a Agência Nacional de Clima. Também pretendemos reestruturar e fortalecer o Sistema Nacional de Defesa Civil, com a criação da carreira de agente da Defesa Civil. É importante também reativar o Fundo Nacional de Defesa Civil. A participação democrática é fundamental para a resposta e prevenção a esse grave problema. Por isso, apoiamos a criação de Conselhos de Defesa Civil, além de colocar em prática tudo que foi definido na 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil.Queremos também garantir transparência e isonomia nesse processo. Verificamos que 57% dos recursos do Ministério da Integração Nacional para prevenção de desastres foram para o Estado da Bahia, e desses recursos, 88% foram para cidades governadas pelo partido do Ministro à época. Não é aceitável esse tipo de ingerência ou disputa política em situações como essas.

Leia outras entrevistas feitas pelo Congresso em Foco com candidatos à Presidência:

Zé Maria: "Lula nunca foi de esquerda"

Plínio, o velho PT na disputa presidencial

Fonte: Congressoemfoco

Eu tenho medo!

Publicado: 25/08/2010 por Revista Espaço Acadêmico em política

por Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

Quem não se lembra do “Eu tenho medo!” de Regina Duarte quando, nas eleições de 2002, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva crescia nas pesquisas e ameaçava alcançar o posto máximo da presidência da República? A mesma situação de ameaça parece se repetir atualmente quando se procura mostrar que a candidatura de José Serra representa a burguesia e a volta do neoliberalismo. Em casos mais extremos, chega-se a falar de um possível retorno da barbárie. Filme reciclado que apela para o lado emocional dos eleitores, não para uma visão clara dos fatos.

Nos dois casos, tanto em 2002 quanto no atual processo eleitoral de 2010, o pânico apocalíptico joga fumaça nos olhos dos incautos, ofusca a realidade dos acontecimentos e impede uma análise mais objetiva da situação política. Nem Lula, quando eleito presidente, representou qualquer tipo de ameaça aos representantes do mercado financeiro internacional ou aos privilégios das classes dominantes; nem o candidato Serra, se eleito, significará todo esse perigo anunciado.

Mais do que rupturas traumáticas, o que vemos no cenário político brasileiro é a continuidade mais ou menos tranquila de um modelo político e econômico que se perpetua há décadas. Substancialmente, não se verificou grandes transformações na passagem da gestão de Fernando Henrique Cardoso para Lula. Também deste para o próximo governo, seja ele quem for, não há sinais de mudanças que impliquem uma virada no rumo da política macroeconômica.

Nesta perspectiva, enquanto nas décadas de 1980-90 era teoricamente possível falar de uma disputa profunda de modelo político e econômico, de projeto nacional/popular versus projeto liberal/neoliberal, hoje essa alternativa não existe. O que se verifica é uma disputa entre duas dimensões do mesmo projeto neoliberal. Longe de significar o retorno do neoliberalismo, Serra apenas dará continuidade ao programa de Lula que, por sua vez, o herdou de FHC. O que podemos discutir nessa eventual troca de poder é a maior ou menor fatia do bolo oferecida aos setores mais carentes da população. Tanto é verdade que as comparações entre os últimos governos restringem-se em geral a elementos periféricos (quem fez mais ou menos obras), não chegando ao debate sobre um novo horizonte no palco da economia política.

Não simpatizo com o PSDB nem com José Serra, creio inclusive que este pode, sim, significar um abalo nas políticas compensatórias do governo Lula: bolsa-família, microcrédito, sistemas de cotas, projeção do Brasil como país emergente, repasse de verbas para os movimentos sociais, entre outras. Mas o cerne neoliberal da política econômica, diante de qualquer resultado das eleições, tende a permanecer intocável. A opção é por mais ou menos migalhas aos moradores do andar de baixo, não por políticas públicas de profundidade. Em ambos os casos e independentemente de quem assuma o governo, o risco é de consolidar como definitivas políticas que, em verdade, nasceram com um caráter emergencial. Numa palavra, as políticas compensatórias não podem substituir políticas públicas de longo alcance.

Um exemplo pode ilustrar: se colocarmos num prato da balança os gastos com o programa bolsa-família ou bolsa-escola, com a ajuda aos movimentos sociais e à agricultura familiar, por um lado, e no outro prato os lucros dos maiores bancos brasileiros, a diferença em favor dos últimos é exorbitante. Isto sem falar da opção pelo agronegócio e a empresa agroindustrial, da elevada carga tributária como transferência de renda para as classes dominantes, do latifúndio, das telecomunicações, da rede de transportes e assim por diante.

De fato, ao assumir a presidência da República, paradoxal e ironicamente, o presidente Lula dá as costas ao projeto popular e às organizações que o elegeram, e passa a administrar o modelo que combatia. Três razões o levaram a isso: primeiramente, as expectativas em torno de sua vitória estavam muito acima da capacidade de organização e mobilização das forças sociais; depois, a famigerada carta endereçada ao povo brasileiro, mas dirigida ao mercado financeiro, tranquilizou os especuladores e investidores nacionais e internacionais quanto ao cumprimento dos compromissos por parte do novo governo; enfim, diante de tais circunstâncias e sendo um político extremamente sagaz, Lula opta por costurar uma aliança pela governabilidade, a qual, como sabemos, incluiu setores dos mais variados matizes políticos.

Não houve uma mudança de rumo substancialmente profunda e abrangente. Tampouco agora se prevê tal coisa. Aqui não está em julgamento a boa ou má vontade do presidente Lula ou dos candidatos Serra e Dilma. São circunstâncias históricas que mostram mudanças na periferia do modelo, mas deixam intacto o miolo do sistema capitalista e neoliberal. Ou seja, continuidade sem grandes rupturas! Em síntese, estamos convidados a votar por mais ou menos migalhas para os habitantes da senzala, não pela possibilidade de um modelo alternativo. Por isso, não vejo razão para tanto pânico, nem para enxergar as próximas eleições num contexto míope de turbulências apocalípticas.

quarta-feira, agosto 25, 2010

NOAR Linhas Aéreas apresenta aeronave que vai voar a partir de 30 de agosto

Washington Luís
Washington Luís

Na manhã da última quinta feira (19) pousou no aeroporto de Paulo Afonso, o avião modelo LET - 410 de fabricação tcheca, prefixo PR - NOA, de propriedade da companhia aérea NOAR Linhas Aéreas, trazendo a bordo representantes da diretoria comercial da recém criada empresa, que começa a explorar a rota Paulo Afonso - Maceió - Aracaju - Recife a partir do próximo dia 30/08, fazendo conexões para outros destinos que tenham origem nestes aeroportos. No coquetel de apresentação, onde estiveram presentes o Prefeito Anilton Bastos Pereira, o presidente da Câmara de Vereadores Antônio Alexandre, o secretário de turismo, Jânio Soares, além de representantes da INFRAERO, CHESF, Polícias Civil e Rodoviária Federal, Corpo de Bombeiros, empresários e profissionais da imprensa, a diretora comercial e de marketing da NOAR, Fernanda Bitencourt, apresentou um breve histórico da aviação comercial no Brasil, desde 1958 até os dias atuais, explicando que a vinda da companhia para Paulo Afonso se deu após uma detalhada pesquisa de fluxo em 50 cidades de 9 estados do Nordeste, cujo resultado constatou a viabilidade de manutenção de um voo de segunda a sexta feira, interligando a cidade às capitais Maceió, Aracaju, recife e posteriormente estendendo o trajeto até Salvador, com tarifas populares e compatíveis com a realidade econômica local. Ao dar as boas vindas aos representantes da NOAR, o Prefeito Anilton Bastos Pereira disse que "a chegada desta companhia é mais um benefício para a cidade, conquistado através de esforço conjunto de todos os setores representativos, e pediu toda a agilidade possível para a exploração da rota Paulo Afonso - Salvador, extinta em 2006, com o encerramento das atividades da BRA". Respondendo ao pedido do Prefeito, Fernanda Bitencourt garantiu que "com a chegada de mais uma aeronave será possível a extensão da rota, que atualmente contempla as cidades de Mossoró, Natal, João Pessoa, Caruaru, Recife, Maceió, Aracaju e agora Paulo Afonso, frisando que o objetivo da NOAR não é competir com outras companhias que já estão em atividade há mais tempo". Após a reunião, todos os convidados tiveram a oportunidade de conhecer o LET - 410, em um voo panorâmico oferecido gratuitamente pela NOAR.

Fonte: BOB CHARLES Notícias

Emiliano (1331) ganha apoio do Secretário da Cultura de Lauro de Freitas

Em Carta Aberta, o Secretário de Cultura e Turismo de Lauro de Freitas, Antonio Lírio, declarou apoio às candidaturas de Emiliano deputado federal (1331) e Salvador Brito deputado estadual (13789). Antonio Lírio exorta a população de Lauro de Freitas a votar em Dilma presidente, Wagner governador, Lídice da Mata (400) e Walter Pinheiro (130) senadores. Ele diz lutar pela renovação do Senado e pela formação de uma bancada forte no Congresso Nacional.

Segue a íntegra:

Companheiras e companheiros,

Aproxima-se o dia em que todos nós iremos decidir o futuro do nosso País e do nosso querido Estado. Por esse motivo devemos dar continuidade ao caminho do progresso e da verdadeira independência do povo brasileiro e baiano, que o presidente Lula e o nosso governador Wagner vêm traçando. Precisamos eleger a companheira Dilma como a primeira presidenta da República e reeleger Wagner governador da Bahia de todos nós.

Dentro desse contexto, temos também a oportunidade de, pela primeira vez em nossa historia, elegermos dois senadores de esquerda e comprometidos com os interesses do nosso povo. As candidaturas de Lídice e Pinheiro representam a cara do novo Senado, onde a Bahia terá uma representação à sua altura.

Precisamos também eleger deputados estaduais e federais que tenham a capacidade e o comprometimento de nos representar na Assembléia e no Congresso Nacional. Por isso tenho a grata satisfação de ter como meu candidato a Deputado Estadual o companheiro Salvador Brito (13789), homem de extremo comprometimento com nosso povo e que certamente fará um mandato com a cara de nossa gente, mandato em que todos e todas terão vez e voz.

Por fim, aproveito a oportunidade para falar de um companheiro, cidadão baiano que apresenta sua candidatura a Deputado Federal, que muito contribuiu com o Brasil e com nossa Bahia e que, certamente, muito contribuirá no Congresso Nacional para o desenvolvimento de nossa terra. Estou falando de Emiliano (1331), um candidato ficha limpa. E é com muita satisfação que tenho Emiliano como amigo e como meu candidato a Deputado Federal. Por isso eu voto 1331, eu voto no federal do PT.

Antonio Lírio - Secretário de Cultura e Turismo de Lauro de Freitas
# posted by Oldack Miranda/Bahia de Fato

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Cliente mata camelô após ser enganado

Léo Arcoverde
do Agora

Um camelô que vendia notebooks e celulares feitos de sabão e madeira, segundo a polícia, foi assassinado com uma facada no peito desferida por um cliente que havia sido enganado por ele. O crime aconteceu na manhã de ontem, na feira da madrugada do Brás (zona leste de SP). Ninguém foi preso.

Segundo a Polícia Civil, o suposto golpista, que não havia sido identificado até a conclusão desta edição, se envolveu em uma discussão com um cliente para quem havia vendido, dias antes, um CPU de computador que continha pedaços de madeira no lugar das peças.

De acordo com testemunhas, depois de ser esfaqueado em meio aos boxes de venda da feira da madrugada, o suposto golpista correu para pedir ajuda e caiu, de bruços, no meio da rua Monsenhor de Andrade. O vendedor morreu na hora.

Leia esta reportagem completa na edição impressa do Agora

Tiririca admite que não conhece a função de deputado

Folha de S.Paulo

Francisco Everaldo Oliveira Silva, o palhaço Tiririca, 45 anos, provoca risos e indignação desde que a campanha eleitoral começou na TV.

Com o slogan "Vote Tiririca, pior que tá, não fica", ele vai às urnas para tentar uma vaga como deputado federal pelo Estado de São Paulo. O humorista é a grande aposta do PR no pleito, tanto que ganhou a legenda de mais fácil memorização: 2222.

Na entrevista abaixo, o humorista fala sobre o seu polêmico slogan de campanha e também admite não conhecer a função de deputado.

Pergunta - Por que você decidiu se candidatar?
Tiririca - Eu recebi o convite há um ano. Conversei com minha mãe, ela me aconselhou a entrar porque daria para ajudar as pessoas mais necessitadas. Eu tô entrando de cabeça.

Leia esta entrevista completa na edição impressa do Agora

Pesquisa Sensus aponta vitória de Dilma no 1º turno com 46%

Eric Luis Carvalho

Pesquisa Sensus encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e divulgada nesta terça-feira (24), aponta a vitória da candidata do PT, Dilma Rousseff ainda no primeiro turno. De acordo com o levantamento, Dilma chega a 46% das intenções de voto, enquanto o tucano José Serra (PSDB) aparece com apenas 28,1% e Marina Silva (PV), com 8,1%.

Se fosse hoje, a eleição seria decidida no primeiro turno porque a candidata do governo teria mais votos do que a soma de todos os demais candidatos. Em comparação à pesquisa anterior, de 5 de agosto, Dilma subiu 4,4%, enquanto Serra caiu 3,5%. Marina subiu 0,4%.

Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) e Zé Maria (PSTU) registraram 0,4% na pesquisa. Eymael (PSDC) teve 0,3%, Rui Costa Pimenta (PCB) teve 0,2% e Levy Fidelix (PRTB) e Ivan Pinheiro (PCB) não pontuaram.

O instituto entrevistou 2 mil eleitores em 136 municípios de 24 estados dos dias 20 a 22 . A margem de erro do levantamento é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. A parcela de eleitores que disse votar em branco ou nulo ficou em 5,1%, e os que não souberam ou não responderam foram 11,7%.

Pesquisa espontânea

Na parte da pesquisa em que os entrevistados respondem espontaneamente em que votariam (sem que seja apresentado a eles os nomes dos candidatos), Dilma tem 37,2%, Serra, 21,2%, e Marina, 6%, segundo o levantamento. O candidato Zé Maria aparece 0,6%, Plínio, com 0,2%. Eymael, Ivan Pinheiro e Rui Costa Pimenta tiveram 0,1%. Levy Fidelix não pontuou.

Segundo turno

No cenário de uma eventual segundo turno entre Dilma e Serra, a vantagem também é da petista. Ela teria 52,9% contra 34% do tucano. Na pesquisa anterior, Dilma vencia por 48,3% a 36,6%.

Rejeição

A pesquisa mostra também o índice de rejeição dos candidatos. No levantamento, 47,9% disseram que não votariam em Marina Silva (PV) de jeito nenhum. Para José Serra (PSDB), esse percentual é de 40,7%. Dilma Rousseff apareceu com 28,9%.

Expectativa de vitória

Para 61,8% dos entrevistados, independentemente do candidato em quem vão votar, Dilma vai ganhar a eleição. Para 21,9%, o vencedor será José Serra.

Horário eleitoral


A pesquisa mostra que 13,2% dos entrevistados assistiram a todos os programas do horário eleitoral gratuito. Foram 29,7% os que disseram ter visto em parte e 22,8% disseram ter ouvido falar ou conversado sobre o assunto. O levantamento diz que 56% dos entrevistados avaliaram o programa de Dilma como o melhor do horário eleitoral. Para 34,3%, Serra apresentou o melhor programa e 7,5% gostaram mais do programa de Marina.

Por regiões

No levantamento por regiões, Serra só vence Dilma no Sul, segundo o Sensus. Nessa região, o tucano tem 47,8% contra 35,7% da petista. Marina aparece com 6,9%. A maior vantagem da petista é na região Nordeste. Ela tem 62,1% contra 19,8% de Serra; Marina fica com 6,4%.

Na região Sudeste, a petista está na frente com 39,2% contra 27,6% do tucano e 9,7% da candidata do PV.Nas regiões Norte e Centro Oeste somadas, Dilma soma 45% contra 25,5% de Serra e 7,6% de Marina.

Com informações do G1

Fonte: Tribuna da Bahia

Ficha limpa só nas próximas eleições

osé Carlos Werneck

Não se trata de gostar ou não. De querer ou não querer. Mas do ponto de vista estritamente legal, as sanções previstas no projeto “Ficha Limpa “só poderão ser aplicadas a partir das próximas eleições.

Todos os especialistas entendem que não se pode sacrificar princípios basilares do Direito como a Reserva Legal e a Irretroatividade da lei, mesmo levando-se em conta os excelentes propósitos do projeto” Ficha Limpa.”

Uma lei nova jamais poderá retroagir para prejudicar quem incorreu nos crimes nela tipificados. Pode até não ser direito, mas é perfeitamente legal e encontra amparo na Constituição brasileira e de todos os países democráticos do mundo.

A irretroatividade da lei é fundamental ao Estado de Direito e é a maior garantia com que podem contar os cidadãos de uma nação civilizada.

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, que também é membro do Tribunal Superior Eleitoral, mostrou seu profundo conhecimento do Direito, ao afirmar magnificamente: ”A primeira condição da segurança jurídica é a irretroatividade da lei. Sem a irretroatividade da lei a segurança jurídica passa a ser uma balela, algo simplesmente jurídico, simplesmente formal”.

No mesmo sentido, manifestou-se outro ministro do STF, Gilmar Mendes,quando disse que,”qualquer mudança legislativa causa um sentimento de indefinição jurídica”.

Isto não quer dizer que os juristas que assim se manifestam, sejam contrários ao projeto “Ficha Limpa”, mas antes de tudo são a favor da ordem legal e do Estado de Direito. Gilmar Mendes lembrou que os julgadores terão que estudar claramente o assunto, pois “quando se optou por fazer essa lei em um período próximo a eleição, sabia-se que teríamos esse quadro de insegurança.” E conclui afirmando que “certamente haverá prudência, por parte do Tribunal. A jurisprudência está associada à prudência, para não haver prejuízos”.

Realmente, se as cominações previstas no “Ficha Limpa” forem aplicadas nestas eleições, estaremos violentando garantias legais previstas na Constituição Federal e abrindo um gravíssimo precedente em nossa ordem jurídica.

Por tudo isso, creio firmemente, que nossa mais Alta Corte de Justiça, o Supremo Tribunal Federal,quando for examinar a questão,decidirá de acordo com o que prevê a Constituição Federal e os princípios consagrados no Direito.

O que fazer então para punir já, nestas eleições, os políticos fichas sujas e impedir que sejam eleitos?

A resposta está ao alcance de todo e qualquer eleitor: não votando neles.

Dessa forma simples e direta, votando só em candidatos que têm ficha limpa, nós eleitores resolveremos o assunto de maneira rápida,sem ferir os princípios do Direito e sem esperar pelas decisões da Justiça.

Fonte: Tribuna da Imprensa

Lentidão da Justiça coloca em risco Lei da Ficha Limpa

Pedro do Coutto�

A aplicação concreta de lei de da ficha limpa – lei complementar 135 de 4 de junho de 2010 – encontra-se sob risco de ainda não começar a vigorar nas eleições de 3 de outubro. A Justiça Eleitoral encontra-se incrivelmente atrasada para que possa, em tempo, julgar as centenas de impugnações apresentadas pelos procuradores do Ministério Público nos Estados contra candidatos atingidos por aquela LC.

Salvo poucas exceções, as de Joaquim Roriz e Paulo Maluf, os Tribunais Regionais não apreciaram os recursos e portanto não concluíram seus julgamentos. Dessa forma,, ao que parece, os ficha suja vão terminar obtendo o registro e concorrendo sub judice para uma futura decisão, o que esvazia o diploma legal que resultou de iniciativa popular reunindo um milhão e oitocentas mil assinaturas. A impressão que se tem, à primeira vista, é que está sendo tentado um ardil para beneficiar aqueles que se beneficiaram de mandatos e com eles assaltaram recursos públicos.

Como pensar o contrário? – eis aqui uma boa indagação. Basta ler a Lei Eleitoral, lei 9504 de setembro de 97, em combinação com a 135. Diz textualmente o artigo 16 da 9504: “Até 45 dias antes do pleito, os TRES enviarão ao tribunal Superior Eleitoral as relações dos candidatos às eleições majoritárias e proporcionais. Esta data limite expirou a 16 de agosto. O que os Tribunais Regionais fizeram? Nada. Sem a primeira etapa nos estados, o TSE fica impedido de se pronunciar. Os recursos vão chover em Brasília sobrecarregando e sufocando ministros da última instância. Última instância sim. Porque é o que determina o artigo 121 da Constituição Federal. Para o Supremo, só poderão ter acesso recursos que se baseiem em matéria constitucional. Pelo menos é o que está no papel.
A legislação, ou seja o elenco que envolve a Constituição, a lei Complementar 135 e a lei 9504, tornou-se impossível de ser cumprida. Pois como poderão os TRES, agora, nesta semana, enviar as relações de candidatos ao TSE se ainda não chegaram à conclusão sobre os que podem ser candidatos e os que não podem.O prazo de 45 dias previsto no artigo 16, como afirmei Há pouco, já foi ultrapassado. Resta o parágrafo 5º do artigo 12. Este acentua literalmente que a Justiça Eleitoral publicará, até 30 dias antes das eleições,l as relações dos candidatos para votação e apuração. Com base na lógica, sempre indispensável, que esta publicação cabe ao TSE, já que, caso contrário, não faria sentido os TRES terem que remeter ao Tribunal Superior as listas nominais com os respectivos números, é claro, com antecedência de um mês e meio. Deduz-se que os Regionais têm (tinham) prazo de 45 dias para informar ao TSE e este então, em mais 15 dias publicaria as relações completas. Mas está tudo parado. Há uma sombra na estrada das urnas.
Como dissolvê-la? Só o TSE poderá, tomando providências classificadoras imediatamente. Se não adotar tal conduta, vamos registrar no calendário que a lei da Ficha Limpa, resultante de mobilização popular autêntica e 3emocionada, só vai começar a valer, de fato, a partir do pleito municipal de 2012. Passará a seguir, se o temor se confirmar, o roteiro da lei de reforma agrária. Foi aprovada em 1968, portanto há 42 anos, mas sua adoção concreta, através de nada menos que dez eleições, vem sendo adiada de um pleito para outro. Há 42 anos, metade da população brasileira ainda não tinha nascido.

Fonte: Tribuna da Imprensa

Sinalizando para o mercado

Carlos Chagas

Nada de novo. Tudo se repete, desde Fernando Henrique ao Lula e agora a Dilma Rousseff. Como candidatos, primeiro trataram de conquistar a maioria, tanto faz se visando mais as massas ou a classe média, com mensagens reformistas e promessas de melhoria de vida para todos. Cada um no seu estilo, os três se apresentaram como mágicos capazes de tirar da cartola mais escolas, hospitais, estradas, empregos, obras públicas e tudo o mais. Propostas e promessas de nítido viés esquerdista, ainda que jamais radical.

Depois, uma vez consolidada a perspectiva de vitória, mais perto das eleições, é hora de virar o jogo e prestar contas aos que realmente decidem, as elites. Contenção de gastos públicos, ajuste fiscal, maior combate à inflação, menos reajustes salariais, começando pelos funcionários públicos, diminuição do tamanho do estado. Em suma, a hora de sinalizar para o mercado que nada vai mudar, muito pelo contrário.

Fernando Henrique resumiu a manobra numa única frase, pouco antes de assumir: “esqueçam tudo o que escrevi”. O Lula fez o mesmo na célebre “Carta aos Brasileiros”. Dilma ainda não rotulou a palavra-chave, mas sua estratégia não parece diferente. Logo encontrará uma definição para o “turning point” de sua trajetória para o Planalto. Trata-se de mera questão de tempo. Já conquistou a maioria do eleitorado, como os dois antecessores haviam conquistado, tornando-se agora necessário prestar contas à minoria que manda. É o que seus principais auxiliares vem vazando para a mídia, em repetição monótona da mesma fórmula voltada para o mundo dito globalizado.

Quanto aos que estão sendo iludidos mais uma vez, problema deles. Não aprendem mesmo. Melhor esperar novas eleições…

Especulações precipitadas

Com a consolidação das chances de Dilma Rousseff, começam as especulações a respeito de seu governo. Ainda que ela rejeite a precipitação, não há como evitar a corrida para o novo ministério e adjacências. O PT sai na frente, talvez por ingenuidade. De um lado os que já ocupam postos e funções no governo Lula, de outro os garfados e os insatisfeitos com sua influência atual. Correndo por fora, o PMDB, trabalhando já não tanto em silêncio, mostrando garras e presas capazes de transformar o partido em condômino, não apenas simples aliado ao poder.

Claro que tudo dependerá das eleições para o Congresso, mantendo os companheiros a esperança de ampliar suas bancadas. Tudo indica que vão quebrar a cara, tornando-se reféns do maior partido nacional. Nessa hora, a nova presidente será prisioneira do sistema.

São Paulo no centro da campanha

Com todo o respeito, mas o Brasil é maior do que São Paulo. Apesar de seu peso eleitoral, noves fora o econômico e o intelectual, o estado não pode ser tido como o fator decisivo para as eleições de outubro. Os candidatos, no entanto, comportam-se como se fosse assim. Os dias de permanência e de campanha em São Paulo suplantam o período de cada um dos principais candidatos no restante do país. Tome-se ontem, por exemplo: a vigília na porta de fábricas, para Dilma, acompanhada pelo Lula, foi em São Paulo. Serra e Plínio também permanecerem em sua base, aspirando Marina para lá.

Faltam fábricas em Pernambuco? Avenidas em Minas ou no Piauí, para passeatas? Redes de televisão e de rádio no Sul, para entrevistas e debates? O argumento varia: Dilma e Lula querem virar o jogo da sucessão no estado, de Alckmin para Mercadante. Serra teria desistido de conquistar o Nordeste. Marina levaria para o asfalto a disputa ambientalista.E Plínio identificaria nos trabalhadores paulistas o público alvo de sua pregação revolucionária.

Dia de meditação

Hoje, 24 de agosto, mais um dia de meditação sobre o Brasil imaginado por Getúlio Vargas. A potencialização de nossas riquezas não aconteceu como ele pretendia, até a Petrobrás, criada em seu último governo, acabou oferecida na Bolsa de Nova York. A remessa de lucros para o estrangeiro, hoje, é igual ou maior do que quando de sua denúncia. Das empresas estatais por ele estimuladas, sobraram o Banco do Brasil e a Caixa Econômica. Os direitos trabalhistas em grande parte saíram pelo ralo, estando o que sobrou sob fogo batido das elites. Basta reler um dos documentos mais importantes de nossa História, a Carta-Testamento. E quanto ao vaticínio de que com ele os trabalhadores estavam no governo, mas em seguida seriam o governo, melhor não comentar…

Fonte: Tribuna da Imprensa

Aposentados recebem a primeira parcela do 13º nesta quarta-feira

Xando Pereira/Agência A TARDE
Osmário vai usar a primeira parcela do 13º  para comprar material de construçãoThais Rocha l A TARDE
Aposentados e pensionistas da Previdência Social recebem, a partir desta quarta-feira, 25, a primeira parcela do 13º salário de 2010. O valor é correspondente a 50% do benefício. O pagamento deve seguir o calendário do mês de agosto. A injeção deste dinheiro na economia anima comerciantes, mas aposentados garantem que o principal destino será o pagamento de dívidas.

Este é o quarto ano em que o governo federal antecipa o pagamento do 13° salário da Previdência Social. Na Bahia, há cerca de 1,5 milhão de aposentados ou pensionistas que, no mês de julho, receberam aproximadamente R$ 940 milhões em benefícios.

Quem recebe R$ 510 de benefício, por exemplo, ganhará R$ 255 nessa primeira parcela. O aposentado que recebe o teto do INSS (R$ 3.467,40, hoje) ganhará R$ 1.733,70. Não haverá desconto do Imposto de Renda nesta primeira metade do abono.

A outra parcela do 13º salário será paga entre o final de novembro e o início de dezembro, quando haverá o desconto do IR sobre o valor total do salário extra. Os segurados que recebem auxílio-doença ou que se aposentaram neste ano não terão direito ao valor integral do 13º salário.

Por lei, não têm direito ao 13º salário quem recebe amparo previdenciário do trabalhador rural, renda mensal vitalícia, amparo assistencial ao idoso e ao deficiente, auxílio suplementar por acidente de trabalho, pensão mensal vitalícia, abono de permanência em serviço, vantagem do servidor aposentado pela autarquia empregadora e salário-família.

O presidente da Casa do Aposentado da Bahia, Gilson Costa, disse que os aposentados já contam com a antecipação do 13° salário no início de setembro. “Tem gente que já faz despesas contando com este dinheiro”, disse.

São pessoas como o pedreiro aposentado Osmário Ferreira Lima, que está à espera do dinheiro extra para comprar materiais de construção para o acabamento de uma obra dentro de casa. “Meu filho está tocando a obra e eu vou comprar o material de acabamento”, conta.

O consultor e especialista em estratégias de marketing Marcos Morita aconselha aos aposentados aproveitar o dinheiro extra para quitar dívidas ou fazer uma poupança.

Leia reportagem completa na edição impressa do Jornal A Tarde

terça-feira, agosto 24, 2010

Eleitor 2010, a patrulha eleitoral

Por Carlos Castilho, do Observatório da Imprensa

O projeto mal saiu da etapa alfa e ainda está no que os internautas mais experientes chamam de fase beta, mas já recebeu 180 denúncias de violações da lei eleitoral feitas por brasileiros de todas as regiões do país.

O site Eleitor 2010 é a primeira experiência brasileira de monitoramento eleitoral praticado de forma autônoma pelos próprios eleitores. Até agora, a maior parte das denúncias está vinculada à pratica do spam eleitoral, o envio de mensagens não autorizadas pelo receptor, contendo propaganda de candidatos.

O site publicou denúncias de internautas sobre a venda pelo Twitter de listas com até 40 mil nomes de eleitores para serem usadas por candidatos nas eleições de outubro. A lei eleitoral proíbe a venda e cessão de cadastros para uso por candidatos e partidos.

Mas há comunicados interessantes como o feito por um morador da cidade de São Luís, capital do Maranhão, revelando que a igreja evangélica Casa da Benção oferece os votos de três mil fiéis aos candidatos locais em troca daquilo que o pastor local chama de “possível apoio”, um eufemismo para recompensa financeira.

O projeto do Eleitor 2010 foi criado por dois jornalistas brasileiros com base no software Ushahidi, usado recentemente em monitoramento eleitoral na Índia, México e Moçambique. Paula Goes e Diego Casaes desenvolveram o projeto com o apoio do programa Global Voices, uma rede mundial de 300 blogs criada em 2004 por dois jornalistas americanos vinculados ao Berkman Center, da Universidade Harvard.

Ainda de forma tímida, o Eleitor 2010 sinaliza uma importante mudança no comportamento dos eleitores, à medida em que entramos mais fundo na era digital. De uma atitude passiva, os eleitores começam a dar sinais de que seu protagonismo não se limitará apenas ao voto, mas se estenderá ao patrulhamento da campanha e da votação.

Coloca também a imprensa diante de um novo desafio, o de verificar as denúncias publicadas nos sites de monitoramento eleitoral. Até agora os jornais tinham um virtual monopólio na publicação das violações e atentados às leis eleitorais. Agora, eles passam a ter que funcionar como observadores dos blogs — o chamado gatewatching (observação do que sai publicado), no jargão jornalístico na web.

É mais um sintoma de uma seqüência de mudanças que estão sendo provocadas pela maior participação dos cidadãos por meio da internet e da web. A multiplicação de sites preocupados com a transparência dos negócios públicos e privados está obrigando os governos e empresas a revisarem suas estratégias de relacionamento com os contribuintes e consumidores.

No caso eleitoral, as mudanças começaram com a introdução da urna eletrônica que, segundo cálculos do cientista político Jairo Nicolau, um especialista em processos eleitorais, incorporou 10 milhões de eleitores só na primeira grande votação digitalizada realizada no país, em 1998.

A fraude foi reduzida a níveis mínimos, virtualmente acabando com o fenômeno do coronelismo eleitoral, embora a urna ainda esteja sujeita a dúvidas sobre a sua confiabilidade. Aqui no Brasil, a mídia praticamente sepultou todas as restrições levantadas no exterior, inclusive nos Estados Unidos, especialmente as referentes à impressão de um recibo de voto para o eleitor.

A grande mudança começa quando o eleitor descobre sua capacidade de interferir no processo de votação, muito além do ato de apertar um botão numa urna eletrônica.


(Envolverde/Observatório da Imprensa)

Retrato incompleto do Brasil

Por Luciano Martins Costa, do Observatório da Imprensa

Os grandes jornais brasileiros, aqueles considerados de influência nacional, parecem considerar definida a eleição para a Presidência da República. Análises publicadas pela imprensa no último fim de semana, com base na projeção das pesquisas de intenção de voto, apontam uma vantagem ainda maior da candidata do governo, Dilma Rousseff, sobre o oposicionista José Serra. Fala-se em uma diferença de até 20 pontos porcentuais na próxima sondagem, o que consolidaria uma situação ainda mais difícil de reverter.

As opiniões selecionadas pelos editores também se referem à eventualidade de um "grande escândalo" envolvendo diretamente a candidata, como única forma de produzir uma reviravolta capaz de fazer uma grande massa de eleitores mudar de idéia.

Mas os próprios jornais destacam também o caráter reservado de Dilma Rousseff e o fato de que, ao antecipar-se na divulgação de seu passado como militante contra a ditadura, a campanha na televisão produziu uma vacina contra efeitos negativos do aspecto mais controverso de sua carreira política.

Assim, sem a perspectiva de um assunto realmente grave a ameaçar sua trajetória, a candidata petista parece próxima de vencer já no primeiro turno.

Aspectos negativos

O sinal mais claro de que a imprensa considera improvável uma mudança na tendência apontada pelas pesquisas é o fato de que todos os jornais, do fim de semana até a segunda-feira (23/8), trouxeram como destaques os desafios do próximo governo e até algumas especulações sobre um futuro ministério.

Evidentemente, algumas das reportagens publicadas, como aquelas descrevendo o estado lastimável do setor sanitário nas grandes cidades, também servem como combustível de campanha, ao levantar problemas que os dois governos do PT não conseguiram resolver. Mas esse tipo de ação também tem pouco alcance no cenário favorável ao atual governo federal, porque os leitores sabem que muitos dos problemas apontados pelos jornais são de responsabilidade de estados e municípios.

Mesmo que seja movida por interesse político, a iniciativa de retratar as carências do país seria saudável, pois nunca é demais expor os aspectos negativos, para que venham a ser corrigidos. O problema é que a imprensa não costuma dar seqüência a esse tipo de reportagem, deixando incompleto o retrato do Brasil que precisamos conhecer, para que seja melhorado.


(Envolverde/Observatório da Imprensa)

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