Publicado em 7 de novembro de 2023 por Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
Em um excelente artigo publicado na edição desta segunda-feira, O Globo, Fernando Gabeira focaliza a guerra no Oriente Médio, entre Israel e o Hamas, chamando atenção para o fato de estarem morrendo diariamente 420 crianças no território de Gaza e tal absurdo atroz não despertar uma reação universal contra o assassinato do futuro. São praticamente 40% das mortes diárias em virtude dos bombardeios e explosões do confronto nas ruas e nas praças de Gaza, sem que se vislumbre uma saída que pelo menos preserve a vida das crianças que desaparecem com a guerra.
Agravando a situação, o Egito suspendeu a passagem de Gaza para Rafah. Brasileiros que aguardam essa autorização para poderem atravessar a fronteira entre a vida e a morte ou a mutilação, encontram-se sob a angústia de adiamentos seguidos de abertura da passagem salvadora. Um avião da FAB os espera no Cairo. Mas para chegar até lá é essencial que o caminho esteja liberado na fronteira sul de Gaza.
DERROTA DA HUMANIDADE – As imagens da destruição estão nas telas da GloboNews, da TV Globo e da CNN. São chocantes, sobretudo porque a destruição continua e não há sucesso até agora nas iniciativas pelo menos para o cessar-fogo. A humanidade está sofrendo uma grande derrota no território de Gaza desde o ataque do Hamas a Israel no dia 7 de outubro. Mas agora a situação se agrava com o passar das horas e dos dias porque o relógio da comoção e da sensibilidade está parado.
Gabeira colocou bem a questão essencial e deve-se acrescentar a face trágica de um descompromisso que se torna evidente a cada dia com a própria existência humana. Na minha opinião, a morte de crianças inocentes, que em nada contribuíram para a guerra que se trava, representa também um assassinato em massa do futuro, tanto pelas vidas que se vão quanto pelo conformismo que parece estar tomando conta do planeta. O humanismo cristão está perdendo o confronto com a tragédia.
A guerra e a suspensão da saída de Gaza pelo Egito são objetos de grandes reportagens publicadas nas edições de ontem de O Globo, da Folha de S. Paulo e do Estado de S. Paulo. Na Folha de S. Paulo, o comentário é de Igor Gielow. No O Globo, a matéria é de agências internacionais com a participação de Renato Machado.
LIVRO – A jornalista Betina Anton lançou um livro pela editora Todavia sobre como o carrasco nazista Josef Mengele viveu no Brasil durante 18 anos, incógnito, numa praia paulista. Josef Mengele, pelo seu sadismo trágico, era um dos principais carrascos nazistas. Médico, utilizou o seu conhecimento para praticar uma série de atrocidades, experiências sádicas e crueldades para com crianças.
Tinha o prazer de matar e torturar. Escapou do Tribunal de Nuremberg não se sabe como. Esteve na Argentina pouco após o final da guerra no governo Perón. Descoberto, também de forma inexplicável, conseguiu mudar-se para o Brasil. “Baviera Tropical” é o título do livro de Betina Anton. O livro será traduzido para oito países, incluindo o Brasil.
EXPOSIÇÃO – Um escândalo de grandes dimensões e que dá margem a um número colossal de preocupações aconteceu em uma unidade do Colégio Santo Agostinho, na Barra da Tijuca, com a exposição falsa de alunas despidas pelo uso da Inteligência Artificial. O fato é gravíssimo e mostra bem a que ponto pode chegar o uso de um avanço tecnológico.
As imagens atentam contra a moralidade, tendo como tema a violação da privacidade e, no caso, também a falsificação da intimidade de alunas. Imagens forjadas e marcadas pelo deboche que constituem um crime previsto na legislação. O episódio deve servir como exemplo dos riscos que existem com o uso criminoso de técnicas apuradas voltadas para a deturpação e que, por isso, ameaçam todas as pessoas.