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segunda-feira, novembro 14, 2022

“Democracia foi atacada, mas sobreviveu no Brasil”, afirma Moraes em Nova York


Democracia foi atacada no Brasil, mas sobreviveu, diz Moraes em NY

Moraes acredita que a situação já está sob controle absoluto

Pedro Venceslau e Aline Bronzati
Estadão

No momento em que apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) fazem protestos pelo Brasil contra o resultado das eleições e em defesa da intervenção militar, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre Moraes, afirmou nesta segunda-feira, 14, que a “democracia foi atacada no Brasil, mas sobreviveu”.

A declaração foi dada durante o Brazil Conference, evento promovido em Nova York pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), organização criada pelo ex-governador de São Paulo João Doria, que reuniu também os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso e Dias Toffoli.

DESINFORMAÇÃO E ÓDIO – Primeiro a falar, Moraes pautou seu discurso na falta de regulamentação das redes sociais, nos ataques à democracia e nos questionamentos em torno da credibilidade do sistema eleitoral. “A desinformação e o discurso de ódio vêm corroendo a democracia”, afirmou.

Para Moraes, o fato de não haver regulamentação das redes sociais é um problema mundial. “Não é possível que redes sociais sejam terra de ninguém e milícias digitais ataquem impunemente”, avaliou, acrescentando que é necessária “liberdade com responsabilidade”.

 “Sob falso manto de liberdade sem limites. o que se pretende é corroer a democracia”, criticou Moraes, dizendo que nas redes sociais “supostos jornalistas se misturam à imprensa tradicional e hoje a população não sabe mais o que é notícia verdadeira”.

SISTEMA ELEITORAL – Ao falar sobre os questionamentos em torno do sistema eleitoral, o ministro destacou que “pouco importa se o voto é impresso, se são urnas eletrônicas ou voto por correio, o que importa é desacreditar o voto”.

Segundo Moraes, a Justiça é hoje o principal alvo desses ataques. “O Judiciário é o grande cliente de milícias digitais. No Brasil, o poder Judiciário não foi cooptado, foi barreira para qualquer ataque à democracia e à liberdade.”

No domingo, Moraes, Lewandowski e Gilmar foram hostilizados por manifestantes bolsonaristas na porta do hotel onde estão hospedados em Nova York. Já Barroso foi perseguido na Time Square.

MAIS PROTESTOS – Nesta segunda-feira, um grupo de manifestantes se posicionou em frente a entrada do Harvard Club, onde acontece a conferência, o que levou os ministros a usarem uma entrada lateral. A segurança foi reforçada.

Em sua fala, Gilmar Mendes também foi enfático contra manifestações antidemocráticas. “É preciso perguntar se não há um cenário de absoluta dissociação cognitiva, principalmente quando lunáticos pedem intervenção militar e a prisão do inventor da tomada de três pinos”, disse.

O ministro alertou para a necessidade de se questionar o que há por trás dos pedidos de intervenção militar em manifestações que acontecem após o fim das eleições presidenciais no Brasil. Ele chamou a atenção para a necessidade de união em prol da democracia no País e ainda para o foco na inclusão no “novo capítulo sobre responsabilidade fiscal”.

DISCURSOS LUNÁTICOS – ”A erosão constitucional revelou que o Brasil é resiliente. É preciso indagar se há algo mais por trás dos discursos lunáticos e histéricos que pedem intervenção militar”, enfatizou Mendes.

Para o ministro, a democracia precisa recrutar esses cidadãos para lutar pela democracia e não destruí-la. “Estamos no mais longo período de normalidade democrática do Brasil”, avaliou.

Ao comentar sobre a situação fiscal do País, jogou luz ainda no lado social. “O novo capítulo sobre responsabilidade fiscal deve conter ideia de inclusão”, recomendou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Enquanto isso, em Brasília, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro estão mobilizados para testar mais uma vez a democracia. Será realizada neste feriado de terça-feira (Proclamação da República) uma megamanifestação diante do Quartel-General do Exército em Brasília, para anular a eleição presidencial através de intervenção federal (leia-se: intervenção militar). Assim, vamos torcer para que a irrequieta democracia brasileira supere mais esse obstáculo. (C.N.)

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