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terça-feira, novembro 22, 2022

Costa Neto revela ao Supremo que sofre pressão de Bolsonaro para denunciar fraude

Publicado em 22 de novembro de 2022 por Tribuna da Internet

Valdemar Costa Neto defende urna eletrônica em vídeo de 2021

Costa Neto procurou o Supremo para se blindar de acusação

Malu Gaspar e Rafael Moraes Moura
O Globo

Depois de afirmar publicamente que o relatório encomendado pelo PL sobre a segurança das urnas eletrônicas apontou falhas em 250 mil delas e que pediria a revisão da apuração dessas urnas, Valdemar Costa Neto procurou nos bastidores ministros do Supremo e do TSE para dizer que acredita na higidez do sistema eleitoral e que só está tomando tal iniciativa porque o presidente Jair Bolsonaro exige.

Segundo o presidente do PL afirmou a esses magistrados na segunda-feira, em conversas que visavam a produzir uma espécie de blindagem particular contra represálias dos dois tribunais, ele está sob forte pressão do presidente da República. Vinte e três dias após ser derrotado nas urnas por uma margem de 2,1 milhões de votos, Bolsonaro ainda não desistiu de tumultuar a transição, e agora aposta suas fichas no relatório encomendado pelo PL a uma consultoria chamada Instituto Voto Legal.

Recluso e em silêncio desde o final da apuração que decretou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, Jair Bolsonaro vem acompanhando as manifestações nas portas dos quartéis que pedem intervenção militar e contestam o resultado da eleição presidencial.

MODELOS ANTIGOS – Segundo Valdemar Costa Neto disse em um vídeo gravado neste final de semana, o relatório traria informações de que 250 mil urnas de modelos mais antigos não têm número de identificação. Ao todo, 577 mil urnas foram usadas no pleito deste ano.

“Nada de ter nova eleição, não vamos propor nada disso, não queremos tumultuar a vida do país. Mas tem umas urnas que têm que ser revistas”, afirmou ele. “São as urnas de 2020 para baixo, são as urnas antigas. Todas têm o mesmo número de patrimônio”, disse, ao antecipar que seria essa a conclusão do relatório. “Essas urnas não podem ser consideradas. Agora vamos ver o que o TSE vai propor, o que ele vai decidir”.

Especialistas em engenharia da computação, no entanto, observam que, apesar de haver “bugs” na identificação das urnas, há no sistema informações como o município, a zona e a seção eleitoral, o que permite rastrear onde cada aparelho foi usado.

NÍVEL DE IRRITAÇÃO – A declaração elevou a irritação dos ministros do Supremo e do TSE com Valdemar Costa Neto , que já tinha declarado há 14 dias, em uma entrevista coletiva, que só reconheceria o resultado da eleição depois do relatório das Forças Armadas — que, ao final, não constatou nenhuma evidência de fraude nas eleições deste ano.

Após a péssima repercussão do episódio não só entre nas cortes superiores como também no meio político, Costa Neto enviou mensagens aos ministros dizendo que havia sido mal compreendido e que não tinha a intenção de contestar o resultado das urnas.

A alguns deles, disse ainda que não teve alternativa porque havia cerca de 50 parlamentares fiéis a Bolsonaro na coletiva, que tinham ido lá só para pressioná-lo.

MESMO ARGUMENTO – Na tarde de segunda-feira, segundo relatos de seus interlocutores, Costa Neto repetiu o mesmo argumento, atribuindo a pressão ao próprio presidente da República. E ainda citou a um vídeo que circulou nas redes bolsonaristas em que um caminhão do TRE de São Paulo é carregado com urnas.

O tal vídeo, segundo os bolsonaristas, seria a prova de que as urnas foram adulteradas. Mas o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) esclareceu que se tratavam de urnas não utilizadas nesta eleição e que sofreram “baixa patrimonial”. Foram trocadas por urnas novas que o TRE-SP recebeu no início do ano – informação confirmada também pelo TSE.

DISSE BOLSONARO – Embora os integrantes do Supremo entendam que Costa Neto está sob pressão, o argumento dele para fazer as declarações que fez não colou. Para os ministros, está valendo o que Bolsonaro disse no último dia 1º, ao visitá-los: “acabou”.

Depois disso, porém, Bolsonaro parece ter mudado de ideia. Quem o visita sai convencido de que ele pretende manter enquanto puder o discurso de que foi injustiçado por uma fraude, e o relatório do Instituto Voto Legal (IVL) é sua nova forma de conseguir isso.

Para o presidente da República, o documento também é uma forma de manter mobilizada a incansável militância bolsonarista, que segue obstruindo rodovias e acampando na frente de quartéis em protestos golpistas por todo o País, sob a ameaça de impedir a posse de Lula.

O RELATÓRIO – O próprio presidente do Instituto Voto Legal, engenheiro Carlos Rocha, faz mistério sobre o teor do documento. “Trata-se de um relatório técnico completo”, disse à equipe da coluna.

“Já entregamos ao PL documentos que somam mais de 200 páginas. Este relatório complementa os documentos já entregues. O trabalho do IVL é confidencial até o partido divulgar.”

Valdemar, portanto, tenta se equilibrar entre a pressão de Bolsonaro e a dos ministros do TSE, que já o cobraram mais de uma vez nos bastidores pela postura dúbia.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – E Bolsonaro ainda diz que não tem nada a ver com as manifestações, que são cada vez mais violentas… Como diria o grande Ataulfo Alves, a desfaçatez dessa gente é uma arte(C.N.)

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