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quinta-feira, outubro 13, 2022

Golpes baixos - Editorial




Debate da campanha presidencial é ofuscado por enxurrada de insultos grosseiros

Não se pode atribuir ao bolsonarismo a primazia do uso de golpes baixos em campanhas políticas no Brasil desde a redemocratização.

Para ficar nesse período, questionamentos e ataques disparados pelo candidato Fernando Collor contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 1989, bem como a campanha petista para desacreditar Marina Silva (Rede), em 2014, estão longe de honrar a ética republicana.

Coube a Jair Bolsonaro (PL) e seus seguidores, sem dúvida, inaugurar a era moderna e digital das fake news e do discurso de ódio como estratégia oficial.

Seguindo a cartilha da chamada alt-right dos EUA, privilegiou-se nessas investidas a pauta moral, religiosa e de costumes. Adversários foram associados a descalabros contra crianças e a vida.

Recorreu-se também à mobilização de fantasmas que pareciam abandonados com o fim da Guerra Fria, como o comunismo. Da mesma forma, a chamada guerra cultural —com ataques de todos os tipos a artistas, educadores, jornalistas e intelectuais— ganhou papel de destaque desde então.

Tais circunstâncias levaram o Judiciário a instaurar inquéritos, promover investigações e efetuar prisões, na tentativa de evitar danos à democracia —por vezes, porém, atingindo as liberdades de imprensa e de expressão.

Em que pese a dureza das medidas, ninguém em sã consciência acreditaria que a campanha fosse primar pelo bom senso e pela ênfase no debate de ideias e programas de governo. A batalha aberta no território digital segue adiante, com o beneplácito ou a vista grossa das campanhas oficiais.

Enquanto bolsonaristas renovam as táticas que de certa forma surpreenderam seus rivais no pleito passado, a aliança liderada pelo PT aparenta seguir a mesma estratégia de comunicação do adversário.

Um dos ativistas nessa área é o deputado federal André Janones (Avante-MG), que aderiu a Lula e já fez inúmeras publicações nas redes dizendo, entre outras coisas, que Bolsonaro é o anticristo, mantém ligações com o satanismo e fez sexo com animais.

O presidente também passou a ser chamado de canibal com base numa entrevista, de 2016, em que declarou que participaria de um ritual numa tribo para ingerir carne de um indígena morto.

A campanha de Bolsonaro decerto retruca com sua poderosa artilharia de falsidades, ataques pessoais e apelos sucessivos ao fundamentalismo religioso.

Em meio a tamanha miséria política, o eleitor se vê constrangido a tomar decisões ante um flagrante déficit de debates sobre os projetos de governo em disputa.

Folha de São Paulo

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Publicado em 24 de janeiro de 2025 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Charge do Baggi (Jornal de Brasília) William Waac...

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