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quarta-feira, outubro 26, 2022

Centenário do Partido Comunista Brasileiro




Marxistas-leninistas, trotskistas e anarquistas seguem alertas e ávidos de poder. A onda vermelha se movimenta e está em evolução.

Por Almir Pazzianotto Pinto* (foto)

Passou em branco o centenário do Partido Comunista Brasileiro (PCB), fundado em março de 1922, como um passo adiante do movimento anarquista na tarefa de organizar as primeiras associações e ligas operárias. Adeptos do marxismo, os comunistas procuravam arregimentar o proletariado para implantar no Brasil o regime vigente na Rússia após a vitória da revolução de outubro de 1917, liderada por Lenin e Trotsky.

Em 1918, imigrantes anarquistas e comunistas organizaram na cidade de Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, a Liga Comunista de Livramento. No ano seguinte, funda-se a União Maximalista em Porto Alegre. No ano de 1919 surge o Partido Comunista-Anarquista no Rio de Janeiro. Grupos comunistas se organizam no Recife, em Juiz de Fora, Cruzeiro, São Paulo e Santos. O jornal Spártacus, criado e dirigido por Astrojildo Pereira, era o órgão incumbido da doutrinação marxista.

Em 25 de março de 1922, o barbeiro libanês Abílio de Nequete; o jornalista Astrojildo Pereira; o professor Cristiano Cordeiro; o eletricista Hermogênio Silva; o gráfico João da Costa Pimenta; os alfaiates Joaquim Barbosa e Manuel Cendón; o funcionário municipal José Elias da Silva; e o artesão e vassoureiro Luís Peres, egressos do movimento anarquista, representando os núcleos de Porto Alegre, Recife, São Paulo, Cruzeiro, Niterói e Rio de Janeiro, se reuniram na velha capital da República com o objetivo de fundar o Partido Comunista Brasileiro.

Sobre as raízes do comunismo, lemos em O Partido Comunista Brasileiro (1922-1964): “A sociedade brasileira, nesta época, sofrera inúmeras transformações, criando condições para o florescimento das ideias socialistas e anarquistas. A imigração europeia, particularmente em São Paulo, e a abolição do trabalho escravo abriram caminhos para a industrialização, criando condições objetivas para o desenvolvimento de uma ideologia proletária no Brasil. De 1890 a 1914, surgiram, no Brasil, perto de 7 mil indústrias, sendo desse período a formação do proletariado industrial no Brasil. O capitalismo incipiente caracterizava-se pela brutal exploração do trabalhador, desprovido das mais elementares garantias trabalhistas” (Eliezer Pacheco, Ed. Alfa-Ômega, SP, 1984, 29).

O PCB surge em época de grande tensão no cenário político. Arthur Bernardes era o candidato do governo à sucessão de Epitácio Pessoa, rejeitado pelos jovens oficiais do Exército. Nilo Peçanha, seu oponente, contava com o apoio de militares integrantes da Reação Republicana. A vitória de Arthur Bernardes, que governou o País de 15/11/1922 a 15/11/1926, não conseguiu pacificar os ânimos.

Em 5 de julho de 1922, o levante dos 18 do Forte de Copacabana, liderado pelo tenente-coronel Euclides Hermes da Fonseca, filho do marechal Hermes da Fonseca, do qual participam os tenentes Eduardo Gomes (1896-1981) e Siqueira Campos (1898-1930) – os únicos sobreviventes do combate a baionetas travado com as forças do governo –, é aceito pelos historiadores como marco inicial das revoltas tenentistas, que culminariam na Revolução de 1930, levando Getúlio Vargas ao poder.

A história do PCB se confunde com a biografia de Luís Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança (1898-1990), comandante da Coluna Prestes (1925-1927), líder da mal planejada, mal executada e malograda Intentona Comunista de novembro de 1935, quando unidades do Exército de Pernambuco e do Rio de Janeiro, comandadas por cabos e sargentos, se insurgiram contra o governo de Getúlio Vargas. Foram derrotadas após rápidos e sangrentos confrontos.

Como Prestes, o PCB alternou breves períodos de legalidade com prolongados anos de vida clandestina. Sobre a Intentona de 1935, escreveram Hélio Silva, autor de A Revolta Vermelha (Ed. Civilização Brasileira, RJ, 1969), e Marly de Almeida Gomes Vianna, autora de Revolucionários de 1935 – Sonhos e Realidade (Ed. Expressão Popular, SP, 2007).

Luís Carlos Prestes foi o único grande personagem na história do Partido Comunista Brasileiro. Convertido ao marxismo, após malogradas tentativas de filiação foi admitido no PCB em 1934, graças à intervenção de Dmitri Manuilsky, membro do Bureau Internacional do Partido Comunista da União Soviética (Prestes: Lutas e Autocríticas, Dênis de Moraes e Francisco Viana, Ed. Vozes, Petrópolis, 1982, página 56). Terminada a ditadura de Vargas, posto em liberdade após anos de tortura e cárcere, nas eleições de 2/12/1945 Prestes demonstrou invejável prestígio ao se eleger senador pelo Rio de Janeiro.

A divulgação dos crimes cometidos por Stalin e o fim da URSS repercutiram no Brasil. O velho PCB se dividiu, perdeu prestígio e força. Com ele se esvaneceu o mito em torno de Luís Carlos Prestes, falecido no Rio de Janeiro em 7 de março de 1990. No plano político, não deixou herdeiro. Marxistas-leninistas, trotskistas e anarquistas permanecem, porém, alertas e ávidos de poder. Após ocuparem parte da América Latina, planejam dominar o Brasil. A onda vermelha se movimenta e está em evolução.

*Advogado, foi ministro do Trabalho e presidente do Tribunal Superior do Trabalho

O Estado de São Paulo

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