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sexta-feira, setembro 09, 2022

Perspectiva de recessão na Europa é preocupação para todo o planeta - Editorial




Corte no fornecimento de gás russo aumenta custo da energia, alimenta inflação e induz alta maior de juros

A interrupção do fornecimento de gás russo pelo gasoduto Nord Stream, que liga o Mar Negro à Alemanha, era uma consequência previsível do conflito que se estende na Ucrânia há seis meses sem perspectiva de acabar. Fornecedora de 40% do gás consumido na Europa Ocidental, a Rússia atinge em cheio com a medida o aquecimento residencial, a indústria e a agricultura. Também contribui para a disparada no preço da energia e para a alta da inflação. O megawatt-hora, que antes da pandemia custava ao redor de € 60, já passou dos € 290.

Não é à toa que o tema no topo da agenda da nova primeira-ministra britânica, Liz Truss, seja o congelamento de tarifas para o consumidor final. Por toda a Europa, gás e petróleo mais caros provocaram um choque inflacionário que tem sido enfrentado pelos bancos centrais com alta dos juros e a perspectiva inevitável de uma recessão. Na contagem regressiva para o fim do verão europeu, o humor recessivo já contaminou os mercados. Má notícia para o mundo, pois as duas maiores economias, Estados Unidos e China, também enfrentam dificuldades.

Diante de uma inflação em alta na Zona do Euro (9,1% em agosto), o Banco Central Europeu (BCE) aumentou a taxa de juros pela primeira vez em 11 anos. O efeito recessivo da combinação de energia cara e juros em alta é incontornável. Analistas do banco JP Morgan Chase preveem para este ano uma queda de 2% no PIB na Zona do Euro, com os PIBs francês e alemão caindo 2,5%, e o italiano 3%.

Vários indicadores já traduzem o desaquecimento europeu. O índice PMI, calculado pela agência Standard & Poor’s para acompanhar a compra de insumos pela indústria e pelo setor de serviços, caiu em agosto 0,9 ponto percentual e ficou pelo segundo mês abaixo de 50, nível que separa o crescimento da retração econômica. A indústria está com os mais elevados estoques dos últimos 25 anos. Para a S & P, neste terceiro trimestre a economia europeia já entrou na zona do desaquecimento rumo à recessão. É questão de tempo para a taxa de desemprego, hoje em 6,6%, começar a subir.

A indústria de fertilizantes tem sido uma das mais atingidas pelo uso geopolítico que a Rússia faz do fornecimento de gás. Segundo a associação europeia do setor, 70% da sua produção sofre o impacto da alta do gás, cujo efeito chegará ao campo, resultando em encarecimento dos alimentos e ainda mais inflação.

Se nada acontecer na guerra na Ucrânia ou no Kremlin que faça a Rússia restabelecer o abastecimento de gás à Europa aos níveis normais, o aquecimento da população no próximo inverno dependerá do compromisso assumido em julho pela União Europeia de promover uma redução voluntária de 15% no consumo de gás até março de 2023. Pelo quadro que se desenha, o clima recessivo se estenderá para além do ano de 2022. A desaceleração afetará não apenas a Europa, mas também China e Estados Unidos. Um cenário nada favorável à economia brasileira.

O Globo

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