Publicado em 4 de setembro de 2022 por Tribuna da Internet
Bolsonaro transformou o Sete de Setembro num ato eleitoral
José Carlos Werneck
O comparecimento de público, nas manifestações da próxima quarta-feira, no Sete de Setembro, será um termômetro importante que pode indicar quem será o eleito para a Presidência da República em 2 de outubro.
Se pouca gente for às ruas, Bolsonaro pode perder as esperanças em sua reeleição. Ao contrário, se o comparecimento for robusto, o presidente da República terá um indicativo seguro de sua força nas urnas.
TRABALHO TÍMIDO – Os apoiadores de Bolsonaro sabem disso e deveriam arregimentar pessoas para comparecerem às manifestações, mas, a despeito disso, têm feito um trabalho tímido, que chega às raias da mediocridade.
Confiam que muitas pessoas sairão às ruas espontaneamente em apoio ao presidente e por essa razão têm negligenciado em seu trabalho de arregimentar mais público.
Se querem um comparecimento maciço, deveriam fazer com mais esmero seu “dever de casa”. Autoconfiança em excesso pode ser um fator letal numa hora dessas, que exige um trabalho persistente e, sobretudo, cuidadoso e profissional. Não basta confiar. É preciso motivar.
COIBIR ABUSOS – Os bolsonaristas têm de mostrar que não se trata absolutamente de ser a favor do fechamento do Congresso Nacional e do Supremo, o que seria um absurdo inaceitável, mas tão somente de manifestar apoio à atuação do presidente Jair Bolsonaro.
É preciso pedir que todos participem ordeira e pacificamente, expressando suas opiniões a respeito de tudo o que vem ocorrendo ultimamente no Brasil, porque só através de um debate amplo, direto e legítimo, teremos um diagnóstico verdadeiro que ajudará o Brasil a implantar a consolidar a democracia.
PRIVILÉGIOS – Todos estão fartos de ver tantos privilégios e abusos dos membros de algum dos Poderes da República, o que torna ainda mais cruel nossa desigualdade social e mais injusta a distribuição de renda do País.
Igualmente, não é possível concordar com regalias como casas ou apartamentos funcionais, de excelente padrão, auxílio-moradia, auxílio-paletó, auxílio-alimentação de alto custo, auxílio-creche e auxílio-educação para os filhos, carro oficial, passagens aéreas, jatinhos à disposição, auxílio-saúde, com direito a hospitais de alto nível, como o Sírio Libanês, o Albert Einstein e outros de altíssima qualidade, tudo isso para uma casta privilegiada.
O cidadão comum, através de seus impostos, paga por todas essas regalias e não tem nada parecido com isso.
MANIPULAÇÃO – O Sete de Setembro deveria servir como voz das ruas, para mostrar de maneira límpida o que o povo brasileiro realmente deseja para o Brasil. É pena, porque seria uma oportunidade única de demonstrar a importantíssima, essencial e insubstituível participação de cidadãos preocupados com seu destino.
Quem quer liberdade de expressão, por exemplo, não podia se acomodar e deveria comparecer, mas acontece que a manifestação do Dia da Independência foi manipulada para se transformar em ato público a favor da reeleição do atual presidente.
Portanto, teremos uma festa que pouco tem de apoio às verdadeiras causas nacionais. E a apresentação dos militares na terra, no ar e no mar não será pelo país, mas por apenas um candidato à Presidência. É pena.
