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segunda-feira, setembro 05, 2022

Foguetes, bissexuais e ...




A prioridade é mandar minorias para a Lua, obviamente. Como diz o site do Projeto Artemis da NASA: “Com as missões Artemis, a NASA vai fazer pousar a primeira mulher e a primeira pessoa de cor na Lua.”

Por Alexandre Soares Silva (foto)

Neste sábado, haverá uma segunda tentativa de lançamento do novo foguete lunar da NASA. É o primeiro foguete lunar desde o fim do programa Apolo, cinquenta anos atrás. Vai passar atrás da Lua e voltar. Não vai transportar ninguém, só três manequins; mas a idéia é eventualmente voltar a mandar foguetes tripulados para a Lua.

Só que desta vez, como estamos em 2022, a prioridade é mandar minorias para a Lua, obviamente. Como diz o site do Projeto Artemis da NASA: “Com as missões Artemis, a NASA vai fazer pousar a primeira mulher e a primeira pessoa de cor na Lua.”

Aparentemente, agora tanto racistas quanto antirracistas estão unidos pelo desejo de mandar negros para o espaço. É a aliança mais inesperada desde que comunistas e nazistas se juntaram na greve alemã do transporte público de 1932.

O site da NASA diz também que a agência quer “garantir que nossos programas sejam acessíveis a todos os americanos e especialmente àqueles que vivem em comunidades historicamente carentes em todo o país…como negros, latinos, indígenas e nativos americanos, asiático-americanos e ilhéus do Pacífico e outras pessoas de cor”, além de “bissexuais”, “pessoas com deficiências” e “pessoas que vivem em áreas rurais.”

Nada absurdo nisso. É inteiramente verdade que bissexuais como Lou Reed ou David Bowie faziam parte de comunidades “historicamente carentes”, a dos astros bissexuais de rock.

As pessoas reclamam que é um projeto sem objetivo claro, embora pelo menos o objetivo propagandístico seja evidente. E também caro: o projeto todo, incluindo dez viagens de foguetes cheios de asiáticos-americanos e ilhéus do Pacífico, vai custar US$ 93 bilhões. Mas o jornal The Guardian acha que vale cada centavo, porque ver a Terra do espaço mostra “o quanto o planeta é frágil”, e pode ser um “estímulo aos movimentos ecológicos”.

Entendo as reclamações contra o projeto. É woke, não tem objetivo científico explícito, a tecnologia está obsoleta etc. Mas não entender a glória de querer construir uma base na Lua e posteriormente em Marte, mesmo que só para bissexuais e pessoas que moram em áreas rurais, revela uma certa falta de imaginação. Quem não quer ver estações espaciais cheias de bissexuais caipiras bebendo piñas coladas?

*

Não se pode ligar a tevê agora sem dar de cara com um presidente ou com um ex-presidente ou com alguém que quer ser um presidente mas não tem chance nenhuma de ser presidente ou com duas ou três pessoas que nem querem ser presidentes mas fingem que querem e na verdade querem ser alguma coisa um pouco mais modesta mas igualmente repugnante.

Quando havia a monarquia e as pessoas sonhavam com a república, porque suponho que as pessoas sonhavam com a república, elas imaginavam que ia ser assim? Era com isso que sonhavam? Vinte e quatro horas por dia de presidentes e quase presidentes conversando entre si e respondendo perguntas de jornalistas fãs deste ou daquele presidente?

Para que destronar um (1) imperador não-especialmente perdulário, que só gastava dinheiro com aulas de sânscrito e cartas para o Victor Hugo, e entronizar dezenas de presidentes e quase presidentes? Há mais candidatos a presidente no Brasil atual que gente com varíola do macaco.

Da próxima vez que você acabar de tomar água de coco em qualquer lugar de Brasília, atire o coco pra trás sem olhar: é impossível que não acerte um presidente, dois ex-presidentes e oito candidatos a presidente.

Mas a única coisa mais repulsiva que o espetáculo de presidentes e candidatos a presidente na sua tela é o espetáculo de ministros do STF na sua tela.

É natural que eles existam. Posso até ser convencido de que é bom que eles existam. Mas por que conhecemos os nomes deles? Por que todos os dias aparece o rosto de um ou outro (mais frequentemente um que outro) na primeira página do jornal? Não deveriam algumas coisas ficarem sempre escondidas e desconhecidas?

O escritor de horror H.P. Lovecraft dizia que a humanidade tem sorte de desconhecer algumas coisas, e que a ignorância é a única coisa que nos impede de ficar malucos. Pois os nomes dos ministros do STF é um desses conhecimentos que degradam a psique coletiva da humanidade.

A triste verdade é que sempre que vejo os juizes do STF penso em bolsas de colostomia. Elas contém algo que é perfeitamente natural quando escondido no interior do corpo humano e perfeitamente aberrante e grotesco quando exposto em público.

Mas se a analogia ofender algum ministro, dou um jeito de encontrar outra mais lisonjeira. Posso compará-los, talvez, com um cérebro, que também fica um pouco chocante e grotesco quando visto ao ar livre e à luz do sol, mas que é benéfico e até necessário quando escondido lá dentro da abóbada cranial.

Fiquem escondidos e ignorados como se fossem o cérebro da nação, ó ministros do STF. E esqueçam da analogia com a bolsa de colostomia — foi só a primeira ideia que me ocorreu e que por algum motivo sempre me ocorre.

Revista Crusoé

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