Ministério Público de Minas apura em uma notícia de fato acusação de que Cláudio do Mundo Novo ofereceria cestas básicas em troca de apoio
O Ministério Público de Minas (MPMG) apura denúncia contra o vereador Cláudio do Mundo Novo (PSD) por suposta compra de votos com a distribuição de cestas básicas durante as eleições municipais de 2020. O eventual ilícito é investigado por meio de uma notícia de fato instaurada em dezembro de 2021. O procedimento é conduzido sob sigilo pela 17ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público. O parlamentar, por sua vez, nega e atribui a acusação a uma briga entre irmãos.
A denúncia foi feita por André Luiz Ribeiro, um dos sócios-administradores da empresa Vilaça Ribeiro Indústria e Comércio Ltda., conhecida como Panificadora Kibamba. O estabelecimento seria o responsável por fornecer as cestas.
O Aparte teve acesso à representação. O vereador, eleito com 6.268 votos, teria distribuído cestas básicas principalmente na região de Venda Nova. O fornecimento das cestas seria financiado pelo deputado federal Eros Biondini (PROS). Cláudio foi secretário parlamentar no gabinete de Biondini entre setembro de 2019 e julho de 2020.
De acordo com André Luiz, o sócio-administrador e seu irmão, Emerson Vilaça, teria sido beneficiado quando o filho foi nomeado para um dos cargos do gabinete de Biondini. A nomeação teria sido realizada para pagar pelas cestas básicas. Ele teria ficado no gabinete como secretário parlamentar entre 6 de agosto e 29 de dezembro de 2020, com remuneração mensal líquida de R$ 11.733,64.
Embora o filho de Vilaça já tenha deixado o gabinete de Biondini, a esposa foi nomeada por Cláudio do Mundo Novo na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Ela está lotada como assessora parlamentar do gabinete do vereador desde 1º de janeiro de 2021. A remuneração líquida em fevereiro foi R$ 6.190,79.
Questionado pelo Aparte, Cláudio negou a acusação de compra de votos. “Isso é uma briga de família que envolveu o meu nome, o do Eros e o da comunidade do Mundo Novo. Nós de forma alguma utilizamos dessa arte de barganha. Nós simplesmente comprávamos as coisas no supermercado deles, como a gente sempre fez no Mundo Novo. Um dos donos (Emerson) é servo do Mundo Novo. Eles brigaram entre eles e colocaram o nosso nome”, argumentou.
Cláudio ainda pondera que a esposa de Emerson já havia sido sua secretária quando fora deputado estadual entre outubro de 2018 e janeiro de 2019. “Até poderia tirá-la do gabinete, mandá-la embora, mas não fiz para mostrar que ela é uma pessoa competente, porque tenho uma pessoa da minha confiança trabalhando comigo. E eu sempre admiti pessoas do Mundo Novo. No meu gabinete, a maioria das pessoas é do Mundo Novo”, explicou o parlamentar.
Já Biondini afirma que as cestas seriam doadas a milhares de famílias que auxilia. “Quantos às cestas básicas, são milhares de famílias que ajudamos, assim como as centenas que auxiliamos para que seus filhos deixem as drogas. O Cláudio é um dos tantos colaboradores que temos e que mensalmente fazem suas doações para que a comunidade Mundo Novo posso realizar a sua missão. Sou o primeiro a doar parte do meu salário para essa obra do bem”, disse.
Emerson, por sua vez, aponta que o irmão, André Luiz Ribeiro, estaria magoado após o rompimento de uma sociedade ainda em janeiro de 2021. “Ele quis me prejudicar, só que, para me prejudicar, ele colocou pessoas que não têm nada a ver no meio da história, que são Eros e Cláudio do Mundo Novo”, pontua. O empresário confirma que, como tinha um supermercado, apenas vendeu as cestas básicas. “Vendi entre 200 e 300 cestas básicas no primeiro semestre de 2020 a pessoas que queriam doar para a comunidade”, explicou Emerson.
Questionado sobre os familiares nomeados por Eros e Cláudio, o empresário diz que ele e Cláudio do Mundo Novo são “carne e unha”, e a esposa já havia trabalhado com Cláudio quando fora deputado estadual. A respeito do filho, Emerson argumenta que ele passou por “um período de experiência” no gabinete de Eros, e, como não se adaptou, deixou o cargo. “Problema algum o Eros colocar o meu filho no gabinete. O Eros coloca quem ele quiser lá”, afirmou.
Procurado, André Luiz refuta que as acusações sejam por mágoas familiares. “Não tem nada a ver. O que ele fez com a família, mais cedo ou mais tarde ele vai pagar. (...) Ele fez o que fez justamente depois que empenhou na política com essa turma aí. Os números estão aí. As provas estão aí. E o Ministério Público vai mostrar para eles”, disse.
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