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terça-feira, março 01, 2022

Vereador é investigado por suposta compra de votos com entrega de cestas

 

Ministério Público de Minas apura em uma notícia de fato acusação de que Cláudio do Mundo Novo ofereceria cestas básicas em troca de apoio

Por GABRIEL FERREIRA BORGES

01/03/22 - 04h00


Cláudio do Mundo Novo negou a acusação de compra de votos
Cláudio do Mundo Novo negou a acusação de compra de votos
Foto
Foto: Abraão Bruck/CMBH

O Ministério Público de Minas (MPMG) apura denúncia contra o vereador Cláudio do Mundo Novo (PSD) por suposta compra de votos com a distribuição de cestas básicas durante as eleições municipais de 2020. O eventual ilícito é investigado por meio de uma notícia de fato instaurada em dezembro de 2021. O procedimento é conduzido sob sigilo pela 17ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público. O parlamentar, por sua vez, nega e atribui a acusação a uma briga entre irmãos.

A denúncia foi feita por André Luiz Ribeiro, um dos sócios-administradores da empresa Vilaça Ribeiro Indústria e Comércio Ltda., conhecida como Panificadora Kibamba. O estabelecimento seria o responsável por fornecer as cestas.

Aparte teve acesso à representação. O vereador, eleito com 6.268 votos, teria distribuído cestas básicas principalmente na região de Venda Nova. O fornecimento das cestas seria financiado pelo deputado federal Eros Biondini (PROS). Cláudio foi secretário parlamentar no gabinete de Biondini entre setembro de 2019 e julho de 2020.

De acordo com André Luiz, o sócio-administrador e seu irmão, Emerson Vilaça, teria sido beneficiado quando o filho foi nomeado para um dos cargos do gabinete de Biondini. A nomeação teria sido realizada para pagar pelas cestas básicas. Ele teria ficado no gabinete como secretário parlamentar entre 6 de agosto e 29 de dezembro de 2020, com remuneração mensal líquida de R$ 11.733,64. 

Embora o filho de Vilaça já tenha deixado o gabinete de Biondini, a esposa foi nomeada por Cláudio do Mundo Novo na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Ela está lotada como assessora parlamentar do gabinete do vereador desde 1º de janeiro de 2021. A remuneração líquida em fevereiro foi R$ 6.190,79.

Questionado pelo Aparte, Cláudio negou a acusação de compra de votos. “Isso é uma briga de família que envolveu o meu nome, o do Eros e o da comunidade do Mundo Novo. Nós de forma alguma utilizamos dessa arte de barganha. Nós simplesmente comprávamos as coisas no supermercado deles, como a gente sempre fez no Mundo Novo. Um dos donos (Emerson) é servo do Mundo Novo. Eles brigaram entre eles e colocaram o nosso nome”, argumentou.

Cláudio ainda pondera que a esposa de Emerson já havia sido sua secretária quando fora deputado estadual entre outubro de 2018 e janeiro de 2019. “Até poderia tirá-la do gabinete, mandá-la embora, mas não fiz para mostrar que ela é uma pessoa competente, porque tenho uma pessoa da minha confiança trabalhando comigo. E eu sempre admiti pessoas do Mundo Novo. No meu gabinete, a maioria das pessoas é do Mundo Novo”, explicou o parlamentar.

Já Biondini afirma que as cestas seriam doadas a milhares de famílias que auxilia. “Quantos às cestas básicas, são milhares de famílias que ajudamos, assim como as centenas que auxiliamos para que seus filhos deixem as drogas. O Cláudio é um dos tantos colaboradores que temos e que mensalmente fazem suas doações para que a comunidade Mundo Novo posso realizar a sua missão. Sou o primeiro a doar parte do meu salário para essa obra do bem”, disse.

Emerson, por sua vez, aponta que o irmão, André Luiz Ribeiro, estaria magoado após o rompimento de uma sociedade ainda em janeiro de 2021. “Ele quis me prejudicar, só que, para me prejudicar, ele colocou pessoas que não têm nada a ver no meio da história, que são Eros e Cláudio do Mundo Novo”, pontua. O empresário confirma que, como tinha um supermercado, apenas vendeu as cestas básicas. “Vendi entre 200 e 300 cestas básicas no primeiro semestre de 2020 a pessoas que queriam doar para a comunidade”, explicou Emerson.

Questionado sobre os familiares nomeados por Eros e Cláudio, o empresário diz que ele e Cláudio do Mundo Novo são “carne e unha”, e a esposa já havia trabalhado com Cláudio quando fora deputado estadual. A respeito do filho, Emerson argumenta que ele passou por “um período de experiência” no gabinete de Eros, e, como não se adaptou, deixou o cargo. “Problema algum o Eros colocar o meu filho no gabinete. O Eros coloca quem ele quiser lá”, afirmou.

Procurado, André Luiz refuta que as acusações sejam por mágoas familiares. “Não tem nada a ver. O que ele fez com a família, mais cedo ou mais tarde ele vai pagar. (...) Ele fez o que fez justamente depois que empenhou na política com essa turma aí. Os números estão aí. As provas estão aí. E o Ministério Público vai mostrar para eles”, disse.

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