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segunda-feira, março 07, 2022

Líder do partido de Bolsonaro na Câmara já foi petista, mas diz que não isso não interessa mais

Publicado em 7 de março de 2022 por Tribuna da Internet

Imagem analisada visualmente

Altineu Cortes diz que foi candidato sem ser “ligado ao PT”

Bruno Góes
O Globo

A trajetória política do novo líder do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Altineu Côrtes (RJ), sintetiza bem a caminhada de grande parte dos seus colegas do Centrão. Embora hoje se declarem alinhados com o titular do Palácio do Planalto, muitos deles engrossavam as fileiras de alguns dos adversários do atual governo.

No caso de Côrtes, o parlamentar não só esteve ao lado dos que agora são considerados inimigos, como já foi um deles. E, num passado nada distante, abriu fogo contra um aliado de primeira hora do presidente da República, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub.

LÍDER REBELDE – Desde que Bolsonaro assumiu, Côrtes nem sempre seguiu a cartilha do chefe do Executivo. Num dos episódios mais emblemáticos de descompasso, ele se posicionou de forma contrária a projetos caros ao presidente, como o que propunha a instituição do voto impresso no país, que acabou sendo derrubado pela Câmara.

Ele também é a favor da legalização dos jogos no Brasil, como bingos, cassinos e jogo do bicho. O tema foi aprovado pela Casa, e Bolsonaro já adiantou que vetará a proposta, caso ela seja chancelada pelo Senado.

Quando questionado em plenário sobre seu grau de fidelidade, Altineu Côrtes afirma que segue a orientação do partido. “Bolsonaro não estava errado (no caso do voto impresso). Minha posição seguiu a orientação do partido. Eu sigo a orientação do PL. Quase 100% dos deputados foram juntos. Só achamos que não tínhamos como implantar o sistema para essa eleição, que isso poderia não dar certo” — argumentou.

CASO SILVEIRA – Nos bastidores, recentemente, ele também evitou abraçar um projeto de Bolsonaro para o Rio, domicílio eleitoral de ambos. No mês passado, o presidente havia deixado claro a aliados que gostaria de levar para o PL o deputado Daniel Silveira — que chegou a ser preso após ameaçar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) — para concorrer ao Senado. A ideia não foi bem recebida pela sigla, e Silveira optou por filiar-se ao PTB.

Nesse caso, Côrtes admite que seu plano era diferente do apresentado pelo presidentecorreligionário. “O Romário (senador) é o candidato do PL. E nós não tivemos nenhuma conversa com ele (Silveira) aqui no estado” — alega o líder do PL.

Hoje, o líder do PL e o presidente da República dividem o mesmo quadrado partidário. Nem sempre foi assim. Em outros tempos, o deputado fluminense já foi filiado ao PT e brigou para ter sua imagem vinculada ao ex-presidente Lula, o principal adversário de Bolsonaro na briga pela reeleição.

CANDIDATO PELO PT – Em 2008, aos 39 anos, Côrtes disputou a prefeitura de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, pelo PT. Era uma missão difícil, pois enfrentava a máquina do município, comandada por Aparecida Panisset (PDT). Favorita, ela irritou o adversário ao usar a imagem do então presidente na propaganda eleitoral.

Para conquistar a reeleição, Panisset tentava surfar na aprovação popular de quase 80% de Lula àquela altura. O ato gerou uma reação contundente. A campanha do PT foi à Justiça Eleitoral e conseguiu barrar o uso da imagem. Côrtes venceu na Justiça e perdeu nas urnas, vendo Panisset ser reeleita.

Sobre o passado petista, o deputado argumenta que “nunca foi ligado ao PT”. Afirma que, à época, a legenda de esquerda foi a única solução encontrada para disputar a prefeitura, após ter sido traído pelo então governador do estado, Sérgio Cabral, que lhe negou a candidatura pelo MDB.

CONTRA WEINTRAUB – Em 2019, quando o PL ainda não integrava a base do governo na Câmara, Côrtes entrou em confronto direto com o então ministro da Educação, Abraham Weintraub. O titular da pasta gravou um vídeo em que responsabilizava os parlamentares da bancada do Rio pelo corte de verbas da reconstrução do Museu Nacional, destruído por um incêndio meses antes.

A resposta de Côrtes veio em plenário. “Bolsonaro foi deputado nesta Casa por muitos anos. O mínimo que os deputados têm que ser aqui, e eu não cito sigla partidária, é respeitados pelos ministros” — cobrou, antes de partir para o ataque: “O ministro gravou um novo vídeo, achincalhando a bancada do Rio de Janeiro(…) O ministro faz um vídeo, uma tremenda palhaçada. Ele tem mais o que fazer, porque a educação está com muito problema”.

Deixando o passado para trás, na opinião dos bolsonaristas, o que importará é atuação do novo líder no ano eleitoral.

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