por Gabriel Lopes
A ideia de compor a chapa majoritária do grupo liderado por Rui Costa (PT) para as eleições estaduais de 2022 - na posição de vice de Jerônimo Rodrigues (PT) - não enche os olhos do prefeito de Itapetinga, Rodrigo Hagge (MDB). Eleito para seu segundo mandato consecutivo em 2020, com mais de 70% dos votos, o jovem gestor aponta que sua vontade é terminar o mandato no município localizado no Médio Sudoeste da Bahia.
Em conversa com o Bahia Notícias, o gestor municipal revelou que, além de ser uma "decisão difícil" abrir mão do mandato, a parceria com ACM Neto e a falta de intervenções do governo em Itapetinga dificultariam a concretização do cenário. "Eu estou prefeito há cinco anos. E durante esses cinco anos fui oposição ao governo do estado, enfrentando dificuldades quanto a intervenções do estado aqui em minha cidade. Então é uma decisão que cabe ao partido, mas para mim, enquanto aliado de primeira hora do ex-prefeito ACM Neto obviamente é uma decisão muito difícil de ser tomada neste momento", afirmou.
A possibilidade de Hagge assumir esse papel foi ventilada nos últimos dias como uma espécie de confirmação para a saída do MDB da aliança de ACM Neto, também pré-candidato ao governo, e chegada ao grupo que atualmente comanda o estado. A própria cúpula do União Brasil na Bahia já dá como certo esse desenho (leia mais aqui).
"Minha vontade é terminar o mandato. Para mim, seriam duas decisões. Não é apenas a decisão de fazer parte de uma chapa. Uma [decisão] envolve a renúncia de um mandato que foi conquistado em 2020 com mais de 70% dos votos. Para mim é uma decisão muito difícil de ser tomada em um prazo tão exíguo", disse Hagge.
Segundo o prefeito, ele não tem participado das discussões com a executiva estadual do MDB e sinalizou que o caminho a ser seguido pelo partido para o pleito de outubro tem despertado a curiosidade dos filiados. "Não tenho sido informado de como andam as tratativas, tenho visto notícias pela imprensa [...] Eu ainda não fui consultado a cerca do mérito da decisão do partido", disse.
Nos bastidores, Hagge reúne características consideradas importantes para os dois principais grupos políticos colocados para a disputa no estado, a exemplo da juventude e da boa avaliação enquanto gestor público. Dentro da sigla, outros nomes também têm sido ventilados para a majoritária. No entanto, com menor peso político do que o do sobrenome Hagge.
O nome do prefeito de Ubaitaba, Bêda, o da ex-vice-prefeita de Barreiras e atual secretária de assistência social da cidade, Karlúcia Macedo, são exemplos. Além destes, o prefeito de Vera Cruz, Marcos Vinícius, também é analisado. O presidente da Câmara de Vereadores de Salvador, Geraldo Jr., também integra o partido, mas não deve concorrer à vaga, já que pretende, ao que tudo indica, concorrer para deputado federal.
O vice de Hagge, Renan Pereira, é inclusive filiado ao União Brasil de ACM Neto. Em 2020, o prefeito recebeu pouco mais de 23 mil votos e fez parte da coligação "O Povo Quer de Novo", formada pelos partidos DEM, MDB, PSC, Republicanos, PL e PSDB.
SITUAÇÃO DO MDB NA BAHIA
Na última sexta-feira (25), o Bahia Notícias mostrou que integrantes da pré-campanha de ACM Neto (UB) ao governo estadual já admitem o reforço do MDB a candidatura de Jerônimo Rodrigues (PT) ao Palácio de Ondina. "Estão quase fechados lá", aponta uma das lideranças.
De volta a base de apoio do PT, o MDB pode retornar ao grupo após quase 14 anos. Apesar do indicativo das lideranças ao redor do pré-candidato ACM Neto, o partido ainda não indicou um comunicado final sobre o posicionamento da legenda.
Mesmo indicando que o futuro do partido ainda não está selado (reveja aqui), alguns sinais demonstram o contrário. O ex-secretário estadual da Saúde, Fábio Vilas Boas, comemorou seu 55º aniversário nesta sexta-feira (25) e, nas redes sociais, resolveu publicar fotos com alguns amigos. Em uma dessas imagens, o médico aparece ao lado dos ex-deputados federais Lúcio Vieira Lima (MDB) e Joseph Bandeira, em frente a um bolo com uma flâmula do partido (relembre aqui).
Vilas-Boas busca uma sigla para abrigar sua candidatura a deputado federal nas eleições de outubro. O MDB é um dos partidos que negociam com o ex-secretário desde o ano passado. Apesar disso, o ex-titular da Saúde já ressaltou que estaria ao lado do governador Rui Costa (PT) nas eleições. A inclinação teria provocado uma reação em ACM Neto, que em uma manobra para manter o MDB ao seu lado, procurou Geddel Vieira Lima na manhã do último sábado (26) (veja mais aqui).
Filiado ao MDB, Geddel Vieira Lima foi deputado federal pela Bahia por cinco mandatos consecutivos, além de ministro da Integração Nacional do governo Lula e ministro-chefe da Secretaria de Governo de Michel Temer. Atualmente, ele cumpre pena em regime aberto pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso das malas com cerca de R$ 51 milhões encontradas em um apartamento em Salvador.
Bahia Notícia