Comboio militar russo está se dirigindo a Kiev
Rússia e Ucrânia realizaram na segunda-feira (28/2) seu primeiro encontro para discutir um armistício entre os dois países. As negociações, contudo, não avançaram.
Em território ucraniano, os confrontos se intensificaram no quinto dia de conflito.
Imagens de satélite divulgadas na noite desta segunda revelaram um enorme comboio de blindados russos em direção a Kiev. Fotos tiradas antes do meio-dia na Ucrânia mostram unidades militares russas perto do aeroporto de Antonov, a cerca de 27 km do centro da capital.
De acordo com a Maxar Technologies, empresa de imagens de satélite que divulgou as fotos, o comboio tem quase 65 km (40 milhas) de extensão e "contém centenas de veículos blindados, tanques, artilharia rebocada e veículos de apoio logístico". A Maxar divulgou inicialmente uma estimativa de que a fila de veículos tinha 27 km, mas corrigiu a informação horas depois.
A capital permanece nas mãos da Ucrânia, mas segue sendo duramente atacada. Passam por situação semelhante Kharkiv, segunda maior cidade ucraniana, e Chernihiv (leia mais abaixo).
À medida que o conflito se aproxima dos centros urbanos, o ministério da Defesa da Ucrânia divulgou em sua conta no Twitter um infográfico destacando os pontos vulneráveis dos veículos militares russos, indicando os locais que poderiam ser alvo dos coquetéis molotov preparados pelos civis.
Veja, a seguir, os acontecimentos mais recentes e importantes do conflito.
Negociações para cessar-fogo terminam sem decisão
'Primeira reunião para negociar acordo de paz foi realizada em Belarus'
O primeiro encontro entre as delegações russa e ucraniana ocorreu sem muita expectativa de acordo - o cenário que, de fato, se concretizou.
Após a reunião, realizada em Belarus - país vizinho considerado aliado da Rússia -, representantes russos declararam que ambos os lados se comprometeram a manter o diálogo aberto e se reunir novamente "em alguns dias".
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, havia dito que seu país exigiria um cessar-fogo e a retirada das tropas russas do seu território.
O Kremlin, por sua vez, que não antecipou sua posição - os negociadores russos falaram apenas em fechar um acordo que fosse do interesse de ambos os lados.
Três quartos das tropas russas estão na Ucrânia, diz Pentágono
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos disse que quase 75% das forças russas reunidas nas fronteiras da Ucrânia estão agora dentro do país.
O principal front de avanço das tropas está agora posicionado a cerca de 25 km da capital Kiev, um ganho de cerca de 5 km desde domingo (27/2).
As tropas não estão fazendo o progresso que haviam planejado devido a questões logísticas e forte resistência por parte dos combatentes ucranianos.
"Eles estão usando praticamente tudo o que têm em seu arsenal, desde armas pequenas até mísseis de superfície e mísseis aéreos para tentar desacelerar os russos", disse funcionário do alto escalão da Defesa americana.
A disputa por Kiev
'Militares ucranianos patrulham as ruas da capital'
O toque de recolher foi suspenso na manhã de segunda-feira (28/2) na capital.
Moradores chegaram a deixar os abrigos subterrâneos onde a maioria da população tem procurado se proteger, como porões e estações de metrô, mas tiveram de retornar às pressas apenas meia hora depois, quando as sirenes de ataque aéreo voltaram a soar.
O subúrbio de Troyeshchyna foi alvo de um ataque com mísseis, segundo a agência de notícias Interfax. Vídeos e fotos publicados em redes sociais — verificados pela BBC — mostram fumaça saindo do pátio de um prédio residencial cercado por carros destruídos.
O enviado da BBC News a Kiev Clive Myrie relatou que o local que tem usado como base para trabalhar foi "abalado pelo fogo de mísseis nas proximidades" e que as "janelas tremeram" durante a explosão mais próxima do ponto em que se encontra.Segundo ele, os combates parecem estar se aproximando do coração da capital da Ucrânia.
Batalhas em outras cidades do país
'Russos e ucranianos disputam controle de Kharkiv'
A cidade de Chernihiv, no nordeste da Ucrânia, enfrentou fortes bombardeios de tropas russas durante a noite de domingo (27/2), quando um edifício residencial foi atingido por um míssil.
A cidade permanece, no entanto, sob controle ucraniano até o momento.
Há combate intenso em Kharkiv, a segunda maior cidade do país, com 1,4 milhão de habitantes, onde o confronto já entrou na área urbana.
Na manhã de segunda, explosões mataram dezenas de civis e deixaram outras centenas feridos na cidade, conforme as autoridades ucranianas. Anton Herashchenko, conselheiro do ministro do Interior de Kiev, escreveu no Facebook que as tropas russas atacaram áreas residenciais com mísseis. A Rússia negou ter tido como alvo essas áreas.
A alta-comissária de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, informou que pelo menos 102 civis morreram e outros 304 ficaram feridas.
"A maioria destes civis foi morta por armas explosivas com uma ampla área de impacto, incluindo bombardeios de artilharia pesada e sistemas de multilançamento de foguetes e ataques aéreos. Os números reais são, eu receio, consideravelmente mais altos", afirmou Bachelet.
Até o momento, os russos controlam partes das regiões no sul, norte e leste do país, como mostra o mapa a seguir, atualizado com as posições após os quatro primeiros dias de conflito:
Áreas controladas pela Rússia
Fifa bane seleções e clubes russos
'Rússia sofreu sanções também no futebol'
Os clubes de futebol russos e as seleções nacionais foram suspensos de todas as competições pela Fifa e pela Uefa após a invasão da Ucrânia pelo país.
Os órgãos dirigentes do futebol mundial e europeu disseram que eles estão banidos "até novo aviso".
Isso significa que a equipe masculina russa não jogará seus jogos na classificatória para a próxima Copa do Mundo em março, e a equipe feminina foi banida da competição Euro 2022.
O Spartak Moscou também foi suspenso da Liga Europa e seu adversário nas oitavas de final, o RB Leipzig, avançará para as quartas de final.
A Uefa também encerrou seu patrocínio com a gigante de energia russa Gazprom.
"O futebol está totalmente unido aqui e em total solidariedade com todas as pessoas afetadas na Ucrânia", disseram Fifa e Uefa em comunicado conjunto.
"Ambos os presidentes esperam que a situação na Ucrânia melhore significativa e rapidamente para que o futebol possa voltar a ser um vetor de unidade e paz entre as pessoas."
ONU faz reunião de emergência
O Conselho de Segurança das Nações Unidas realiza uma reunião de emergência da Assembleia-Geral da ONU para discutir a invasão russa à Ucrânia.
O encontro, que começou na segunda-feira (28/2), reúne seus 193 países-membros.
A Rússia é membro permanente do Conselho de Segurança - Estados Unidos, França, Reino Unido e China são os outros quatro - e, portanto, tem poder de veto.
O país de fato votou contra a realização da reunião, mas, por conta de uma das resoluções da organização de cooperação internacional, sua posição não teve poder de veto nesta ocasião.
O presidente da Assembleia, Abdulla Shahid, foi o primeiro a falar. Ele disse que a assembleia representa a consciência coletiva da humanidade e sua força está enraizada em sua autoridade moral.
Shahid pediu a todas as nações que demonstrem coragem moral e usem o debate nos próximos dias não para "incitar a retórica da guerra, mas para dar uma chance à paz".
Ele reforçou que a ONU foi fundada para tomar medidas coletivas eficazes para a prevenção e remoção de ameaças à paz.
'ONU deve votar resolução sobre guerra na Ucrânia'
Esta é apenas a 11ª sessão especial de emergência da Assembleia Geral da ONU desde a primeira, em 1956. A natureza rara desta reunião ressalta a enorme preocupação em torno desta crise.
O Conselho de Segurança convocou esta sessão depois de ter sido impedido de agir quando a Rússia vetou um projeto de resolução dos Estados Unidos na sexta-feira (26/2), que condenava a ação russa e exigia a retirada imediata de todas as suas tropas do país.
Diplomatas esperam a votação de um projeto de resolução - que ainda está sendo negociado - na quarta-feira (2/3).
O projeto deve ser aprovado, porque nenhuma nação tem poder de veto nesta câmara, que no entanto não é juridicamente vinculativa como as resoluções do Conselho de Segurança.
Rússia deixa arsenal nuclear a postos
'Presidente russo reagiu a declarações de membros da Otan'
No domingo (27/2), o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que colocou as forças nucleares do país em alerta máximo.
A ação foi um protesto contra "declarações agressivas" sobre a Ucrânia por líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar liderada pelos Estados Unidos.
Também é uma reação de Putin às sanções econômicas aplicadas contra a Rússia.
Muitos acreditam, no entanto, que o gesto tem um valor mais simbólico do que indica uma intenção real de usar tais armas, porque haveria uma retaliação nuclear por parte do Ocidente.
UE aplica sanções contra poderosos da Rússia
A União Europeia (UE) lançou uma onda de sanções sem precedentes contra as pessoas mais poderosas da Rússia.
Entre os alvos, estão:
O secretário de imprensa do Kremlin, Dmitry Peskov;
Alexander Ponomarenko, presidente do conselho do Aeroporto Internacional Sheremetyevo em Moscou;
Igor Sechin, presidente da estatal Rosneft Oil Company;
Nikolay Tokarev, presidente da Transneft, a maior empresa de oleodutos do mundo;
Apresentadores e jornalistas da TV estatal russa.
'Situação é grave, mas estável'
'O ministro do Interior ucraniano falou à BBC'
O ministro do Interior ucraniano, Denys Monastyrskyy, disse à BBC que seu país está se preparando para um ataque russo ainda mais poderoso, incluindo em Kiev e em outras cidades.
"Todos os dias o presidente me pergunta, todos os dias coordenamos nossos esforços, sobre a situação e o que está acontecendo, e todos os dias respondemos que a situação é grave, mas estável", disse ele.
"Sim, de fato, todos os dias o inimigo envia mais e mais forças. Mas nossas gloriosas forças armadas estão basicamente destruindo tudo o que chega a Kiev. Kiev continua sendo o local do ataque principal..."
"Estamos criando grupos móveis para procurar e capturar sabotadores. Temos até 100 desses grupos ativos em Kiev, dependendo da hora do dia. Você pode ouvir tiros na cidade [enquanto eles operam]. Muitas pessoas são capturadas, nossos especialistas estão trabalhando com elas."
Europa envia armas à Ucrânia
'Ursula von der Leyen anunciou novas sanções da UE à Rússia'
A UE está tomando a medida sem precedentes de enviar armas para a Ucrânia, fechar o espaço aéreo para aeronaves russas e proibir os meios de comunicação estatais russos.
Será a primeira vez em sua história que o bloco comprará armamentos para entregar a uma nação em guerra.
Ao anunciar a medida, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também divulgou uma série de novas sanções contra a Rússia, entre elas o fechamento do espaço aéreo europeu - e também para aeronaves de Belarus, que ajudou na invasão russa.
A Suécia anunciou o envio de 5 mil lançadores de mísseis antitanque, 5 mil coletes, 5 mil capacetes e 135 mil pacotes de ração militar à Ucrânia.
Segundo a primeira-ministra do país, Magdalena Andersson, esta é a primeira vez que a Suécia manda armas para uma região em conflito desde a invasão soviética à Finlândia em 1939.
A Alemanha suspendeu bloqueio para envio de armas à Ucrânia por meio de outros países. Na prática, a medida permite que a Holanda envie 400 lançadores de mísseis ao Exército ucraniano.
A decisão marca uma mudança importante na postura alemã e poderia abrir espaço para um aumento da ajuda militar à Ucrânia vinda de outros países do continente.
Isso porque uma parte das armas fabricadas na Europa são pelo menos parcialmente manufaturadas na Alemanha - o que significa que o país pode interferir na decisão de enviá-las a outras regiões.
Horas depois do anúncio por parte da Alemanha, a Holanda confirmou o envio de armas e, na sequência, a França informou que também enviaria armamentos à Ucrânia, além de combustível.
Como nasceu a Ucrânia - e quais seus vínculos históricos com a Rússia
EUA expulsam diplomatas russos da ONU
Os Estados Unidos expulsaram 12 diplomatas russos das Nações Unidas por questões de segurança nacional, disseram membros dos corpos diplomáticos americanos e russos.
"Aqueles diplomatas que foram solicitados a deixar os Estados Unidos estavam envolvidos em atividades que não estavam de acordo com suas responsabilidades e obrigações como diplomatas", disse o vice-embaixador dos EUA, Richard Mills, ao Conselho de Segurança da ONU, sem dar mais detalhes.
O embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, disse a repórteres que eles foram convidados a sair até 7 de março, segundo a agência de notícias Reuters.
Ministros europeus se reúnem para debater a crise
O representante da União Europeia para assuntos externos e política de segurança convocou uma reunião com os ministros da Defesa do bloco para discutir o conflito na Ucrânia.
Na agenda, "necessidades urgentes" e a coordenação da assistência do bloco aos ucranianos.
Baixas nas forças russas
A Ucrânia divulgou uma estimativa de perdas russas que teriam sido provocadas pelos ucranianos até agora.
A BBC não conseguiu verificar de forma independente essas alegações — e a Rússia não divulgou números de vítimas.
Segundo post publicado no domingo no Facebook da vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Malyar, os russos perderam: 4,3 mil soldados, 27 aviões, 26 helicópteros, 146 tanques, 706 veículos blindados de combate, 49 canhões, 1 sistema de defesa aérea Buk, 4 sistemas de lançamento de foguetes múltiplos Grad, 30 veículos, 60 veículos de abastecimento, 2 drones e 2 barcos.
Um funcionário do alto escalão do Departamento de Defesa dos Estados Unidos disse à agência de notícias Reuters que comandantes russos têm se frustrado com o ritmo lento de avanço no território ucraniano e enfrentado dificuldades logísticas.
Segundo a autoridade, Moscou não teria fornecido combustível suficiente para algumas unidades e comandantes têm tido de se adaptar.
Vídeos compartilhados nas redes sociais no sábado (26/2) mostravam tanques parados em algumas áreas do país.
Ucrânia pede para entrar na UE
'Presidente ucraniano fez pedido formal à UE'
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu à UE para que seu país seja admitido "imediatamente" como membro do bloco.
"Estamos gratos aos aliados que estão do nosso lado. Mas o nosso objetivo é estar com todos os europeus e, acima de tudo, sermos iguais", disse Zelensky em um vídeo publicado na segunda-feira (28/2).
"Eu tenho certeza de que isso é justo. Eu tenho certeza de que merecemos. Eu tenho certeza de que é possível."
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, respondeu dizendo que há "diferentes opiniões e sensibilidades dentro da União Europeia sobre o alargamento", segundo a agência de notícias AFP.
No domingo, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou em entrevista à TV EuroNews que a Ucrânia é "um de nós e queremos eles conosco" na UE, mas não definiu um horizonte concreto para ingresso do país no bloco.
"Nós temos um processo com a Ucrânia que é, por exemplo, a integração do mercado ucraniano ao mercado único" e "uma cooperação muito estreita na rede de energia, por exemplo. Portanto, há muitas questões sobre as quais trabalhamos muito próximos juntos", disse ela sem dar mais detalhes.
Fontes da comunidade diplomática disseram no domingo que, "neste momento, não há unanimidade na perspectiva europeia" sobre o ingresso ucraniano no bloco, noticiou a Agência EFE.
Para que a Ucrânia faça parte do bloco europeu, é preciso haver unanimidade no conselho.
Moscou tenta conter impacto de sanções
Moscou está lutando para atenuar o impacto das severas sanções ocidentais em sua economia, proibindo corretores de vender títulos de propriedade estrangeira e aumentando as taxas de juros.
A UE, os Estados Unidos, Reino Unido e aliados concordaram em remover bancos russos selecionados do sistema de mensagens Swift, que permite a transferência tranquila de dinheiro através das fronteiras.
A medida visa cortar a Rússia do sistema financeiro internacional e "prejudicar sua capacidade de operar globalmente".
Os líderes ocidentais também concordaram em congelar os ativos do Banco Central da Rússia, para limitar sua capacidade de acessar suas reservas internacionais em dólares de US$ 630 bilhões.
Grandes bancos russos estão tendo seus ativos congelados e sendo excluídos do sistema financeiro do Reino Unido. Isso os impede de acessar a libra esterlina e liberar pagamentos no Reino Unido.
E os governos ocidentais também impuseram sanções a alguns indivíduos, incluindo Putin, o ministro das Relações Exteriores Sergei Lavrov e vários membros da elite oligárquica russa.
A UE, Reino Unido, Estados Unidos e Canadá lançaram uma força-tarefa transatlântica para identificar e congelar os bens de indivíduos e empresas sancionados, visando mais "funcionários e elites próximos ao governo russo, bem como suas famílias".
Rússia reprime protestos
'Manifestantes contrários à guerra foram presos em diversas cidades da Rússia'
A polícia russa prendeu no domingo (27/2) mais de 900 pessoas que protestavam contra a invasão da Ucrânia em 44 cidades, de acordo com dados divulgados por um grupo de monitoramento independente.
O grupo OVD-Info diz que 4 mil manifestantes foram detidos na Rússia desde que o conflito começou.
A BBC não conseguiu verificar de forma independente esses números.
Os protestos de hoje coincidiram com o sétimo aniversário do assassinato do político da oposição e crítico de Putin, Boris Nemtsov.
Presidente dos EUA faz reunião com líderes ocidentais
O presidente americano, Joe Biden, fez uma reunião por telefone com aliados para discutir a guerra na Ucrânia.Participaram da chamada:
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau;
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen;
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel;
O presidente francês, Emmanuel Macron;
O chanceler alemão, Olaf Scholz;
O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi;
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida;
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg;
O presidente da Polônia, Andrzej Duda;
O presidente romeno, Klaus Iohannis;
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
UE alerta para crise humanitária
'Ucranianos se refugiaram em países vizinhos para fugir da guerra'
A UE declarou que o continente está diante de uma crise humanitária de grandes proporções. O bloco estima que até 7 milhões pessoas tenham sido desalojadas até agora com a invasão do território ucraniano.
"Estamos testemunhando o que pode vir a se tornar a maior crise humanitária no nosso continente europeu em muitos, muitos anos", afirmou em coletiva de imprensa Janez Lenarčič, comissário europeu para ajuda humanitária e gerenciamento de crises.
Segundo ele, estimativas preliminares apontam que 18 milhões de ucranianos podem ser afetados do ponto de vista humanitário e que cerca de 4 milhões deixem o país.
Dados da ONU apontam que, até o momento, 368 mil pessoas entraram em nações vizinhas vindas da Ucrânia.
As autoridades da Eslováquia disseram que em 24 horas cerca de 10 mil pessoas entraram no país vindas da Ucrânia.
Mais de 43 mil ucranianos fugiram para a Romênia nos três dias desde a invasão da Rússia; mais de 150 mil pessoas foram para a Polônia.
Brasileiros fogem da Ucrânia
O Itamaraty informou que 80 brasileiros conseguiram até o momento sair da Ucrânia e entrar nos países vizinhos, especialmente Polônia e Romênia.
"Ainda constam cerca de 100 brasileiros, registrados na lista da embaixada brasileira em Kiev, que permanecem em solo ucraniano", afirmou o comunicado divulgado na noite de domingo.
Estima-se que, no total, haja 500 brasileiros no país.
Ainda segundo o Itamaraty, há funcionários da embaixada brasileira em Chernivtsi, perto da fronteira ucraniana com a Romênia.
"Diplomata da embaixada do Brasil na Romênia também se deslocou para a fronteira para auxiliar o traslado, em ônibus providenciado pela Embaixada, de brasileiros para a capital Bucareste."
Bolsonaro: 'Brasil será neutro no conflito'
Em coletiva dada à imprensa do Guarujá, em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou que o Brasil adotaria um posicionamento neutro no conflito, para evitar "prejuízos para o Brasil".
"O Brasil depende de fertilizantes", declarou o presidente.
Segundo o portal G1, Bolsonaro disse ter falado por duas horas ao telefone com Putin e afirmou que o povo ucraniano "confiou em um comediante".
"O comediante que foi eleito presidente da Ucrânia, o povo confiou em um comediante para traçar o destino da nação. Eu vou esperar o relatório da ONU para emitir a minha opinião."
BBC Brasil