Publicado em 28 de fevereiro de 2022 por Tribuna da Internet
Luiz Felipe Barbiéri
G1 Brasília
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (28) que o Brasil concederá vistos humanitários para receber ucranianos que deixarem o país em razão da guerra motivada pela invasão do país pela Rússia. Segundo ele, até esta terça-feira, será publicada uma portaria conjunta dos ministérios da Justiça e das Relações Exteriores que permitirá acolher ucranianos em fuga da guerra.
“Vamos abrir a possibilidade de ucranianos virem para o Brasil através do visto humanitário, que é a maneira mais fácil de vir para cá”, declarou o presidente em entrevista ao vivo para a rádio Jovem Pan. “Estamos dispostos a receber ucranianos”, afirmou.
FUGA EM MASSA – Segundo informações da Organização das Nações Unidas (ONU), 422 mil pessoas deixaram a Ucrânia desde o início da invasão russa, há cinco dias. Na entrevista à rádio, Bolsonaro não informou o número de ucranianos que admitirá receber.
Bolsonaro ainda não disse se é contrário à invasão da Ucrânia pelos russos, embora o embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho tenha votado a favor da resolução que condena a Rússia pela conflito.
Neste domingo (27), em entrevista no Guarujá, onde passa o feriado de carnaval, o presidente afirmou que o Brasil adotará um posicionamento “neutro” em relação ao conflito.
DIPLOMATA CRITICA – Nesta segunda-feira, a declaração foi objeto de comentário do encarregado de negócios da embaixada da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, para quem Jair Bolsonaro “está mal informado”.
Em entrevista à GloboNews, o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, disse que, ao falar em “neutralidade”, Bolsonaro queria dizer “imparcialidade”. “Não é no sentido de indiferença. A posição do Brasil é uma posição balanceada”, afirmou França.
O diplomata Tkach afirmou que “seria interessante” Bolsonaro conversar com o presidente ucraniano “para ver outra posição e ter uma visão mais objetiva”.
NÃO TEM CONVERSA – Na entrevista à rádio, Jair Bolsonaro afirmou que não tem o que conversar com Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia.
“Nós temos que ter equilíbrio. Vamos resolver o assunto, não vai ser na pancada. Afinal de contas, você está tratando com uma das maiores potências bélicas nucleares de um lado. Do outro lado, está a Ucrânia, que resolveu abrir mão de suas armas no passado. Alguns querem que eu converse com o Zelenski, o presidente da Ucrânia. Eu, no momento não tenho o que conversar com ele”, declarou.
Na semana anterior à do início do conflito, Bolsonaro fez uma visita à Rússia e se encontrou com o presidente Vladimir Putin, a quem manifestou solidariedade.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O chanceler Carlos França é bem diferente de seu antecessor, o americanófilo Ernesto Araújo, de triste memória. França usou uma expressão adequada, ao citar “imparcialidade”, ao invés de “neutralidade”, para amenizar as críticas a Bolsonaro, que, de forma surpreendente, está agindo corretamente na política internacional, pela primeira vez. Como se dizia nos bons tempos, antes tarde do que nunca. (C.N.)