Publicado em 5 de janeiro de 2022 por Tribuna da Internet
Deu na IstoÉ
Estadão Conteúdo
Ao pedir autorização do Superior Tribunal e Justiça (STJ) para fazer buscas contra o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), na Operação Ptolomeu, a Polícia Federal levantou suspeitas sobre o uso de agentes das Forças de Segurança para movimentar valores em espécie com origem supostamente irregular. A investigação, aberta em julho, identificou duas ocasiões em que policiais militares foram encarregados do transporte de dinheiro vivo, o que para a PF é indicativo de um modus operandi.
“Causa extrema inquietação que o chefe do Poder Executivo estadual esteja instrumentalizando agentes armados do Estado para fins pessoais”, afirma a Polícia Federal.
DINHEIRO VIVO – “Ao contrário da maioria da população comum que evita circular com quaisquer valores em espécie, face aos riscos de tornar-se vítima de crimes patrimoniais; aparentemente, o governador Gladson Cameli utiliza recursos humanos e materiais do próprio Estado para esta finalidade”, diz outro trecho do documento.
O primeiro episódio, que acendeu o alerta nos investigadores, aconteceu em fevereiro de 2020, no segundo ano de mandato do governador. De acordo com o documento, um policial militar esteve em uma agência bancária com R$ 160 mil em espécie para pagar boletos do cartão de crédito de Cameli. A própria instituição financeira comunicou o fato às autoridades.
No segundo caso, em fevereiro de 2021, outro PM esteve em uma concessionária para recolher R$ 70 mil em dinheiro vivo que, segundo a PF, teriam “sobrado” de uma negociação “aparentemente fraudulenta”.
LAVAGEM DE DINHEIRO – A compra de veículos de luxo subfaturados é apontada na investigação como uma das estratégias possivelmente usadas pelo governador para lavar dinheiro. Em 2018, quando concorreu ao cargo, Cameli declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) R$ 202 mil em automóveis. O patrimônio aumentou mais de 800% desde então, chegando a mais de R$ 1,6 milhão, mostram os cálculos da Polícia Federal.
O governador é investigado desde julho pela Polícia Federal, que vê indícios de um suposto esquema de propinas em troca do direcionamento de licitações, contratações superfaturadas e a confirmação de recebimento de mercadorias não entregues e de serviços não prestados na área da Saúde e em obras públicas.
Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que deu o pontapé na investigação, apontou vinte comunicações de movimentações financeiras suspeitas envolvendo o governador, no valor de mais de R$ 828 milhões. O documento mostra ainda, entre janeiro e agosto de 2019, o pai dele, Eládio Cameli, movimentou R$ 420,4 milhões em uma conta bancária.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Muito importante a reportagem enviada pelo comentarista José Antonio Perez, de Brasília. O mais incrível é a desfaçatez da defesa, ao dizer que o governador é inocente e a Polícia Federal estaria tentando, em vão, “criar um vínculo espúrio entre o governador e contratações lícitas realizadas pelo Estado, esmerando-se em levantar suspeitas sobre as finanças do governador”. A defesa, como se vê, é tipo Piada do Ano. (C.N.)