Publicado em 9 de janeiro de 2022 por Tribuna da Internet
Gabriel Shinohara
O Globo
O ex-ministro da Defesa Raul Jungmann disse neste sábado que há possibilidades de distúrbios caso o presidente Jair Bolsonaro perca as eleições deste ano, como aconteceu nos Estados Unidos com a invasão do Capitólio por militantes republicanos, incentivados pelo então presidente Donald Trump.
Ouvido pelo Globo, o ex-deputado e ex-ministro da Defesa ressaltou que não é de hoje que o presidente Jair Bolsonaro tenta levar as Forças Armadas a apoiar suas ações. Ele lembrou o episódio em que os três comandantes das Forças Armadas entregaram os cargos após Bolsonaro destituir o então ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva.
VACINAR A TROPA – Segundo Jungmann, a recomendação publicada pelo Exército sobre necessidade de vacinação dos militares e seus familiares é “absolutamente de cunho administrativo e não tem nenhum viés político”, ressaltando que cabe ao comandante do Exército proteger a tropa na volta ao trabalho presencial.
“Essa decisão da vacina é uma atitude que revela responsabilidade do comandante do Exército com a tropa e evidentemente que isso desagrada o presidente, mesmo que o então comandante Edson Pujol, o anterior que foi demitido, tenha publicado uma diretriz praticamente semelhante, e mesmo que o atual ministro da Defesa, Braga Netto, também tenha tomado decisão semelhante” — disse o ex-ministro.
POSTURA GOLPISTA – Jungmann afirmou ainda que esse episódio pode significar uma volta do presidente Bolsonaro ao comportamento que tinha até as manifestações do 7 de setembro de 2021, incentivadas por ele com posições de ataque ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e às eleições.
“O que nós estamos vendo é um retorno à escalada. Eu inclusive escrevi sobre isso, conversei com ministros que têm proximidade no Supremo e outras autoridades para os riscos que vamos ter em 2022. Infelizmente eu acredito que todos nós temos que estar prontos para a possibilidade de nós convivermos aqui com conflitos” — afirmou.
E continuou: “O motor disso tudo é exatamente a ambição do Presidente da República de se reeleger mesmo que isso represente cometer um ato de absoluto desrespeito não apenas ao TSE, ao sistema eleitoral, mas a própria democracia” — ressaltou Jungmann.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Não vai haver distúrbios nas eleições. A filial Brazil é muito diferente da matriz U.S.A. e temos outro tipo de reação. Ao contrário do que aconteceu nos Estados Unidos, o Exército brasileiro vai estar nas ruas e sufocar qualquer movimentação golpista. Se Bolsonaro bobear, pode acabar em cana, acredite se quiser. (C.N.)