A prisão de Massimov foi anunciada pelo Comitê de Segurança Nacional
Por Olzhas Auyezov e Tamara Vaal
Almaty (Cazaquistão) - O ex-chefe da inteligência do Cazaquistão foi preso sob suspeita de traição, informou neste sábado a agência de segurança estatal, enquanto a ex-república soviética reprime uma onda de agitação e começa a atribuir culpa.
A detenção de Karim Massimov foi anunciada pelo Comitê de Segurança Nacional, chefiado por ele até ser demitido pelo presidente Kassym-Jomart Tokayev na quarta-feira, após protestos violentos que varrem o país da Ásia Central.
De acordo com o gabinete de Tokayev, ele teria dito por telefone ao presidente russo, Vladimir Putin, que a situação estaria se estabilizando.
"Ao mesmo tempo, persistem focos de ataques terroristas. Portanto, a luta contra o terrorismo continuará com total determinação", disse ele.
O Kremlin disse que Putin apoiou a ideia de Tokayev de convocar uma videochamada de líderes da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO), sob cujo guarda-chuva a Rússia e quatro outras ex-repúblicas soviéticas enviaram tropas ao Cazaquistão para ajudar a restaurar a ordem. Não estava claro quando isso aconteceria.
Dezenas de pessoas foram mortas, milhares foram detidas e prédios públicos em todo o Cazaquistão foram incendiados na semana passada na pior violência vivida no produtor de petróleo e urânio desde que se tornou independente, no início dos anos 1990, quando a União Soviética entrou em colapso.
Reuters / Agência Brasil
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Cazaquistão prende ex-chefe de inteligência por "traição"
Ex-república soviética é há dias palco de distúrbios. Governo diz que forças de segurança mataram 26 manifestantes e prenderam mais que 4.400. Moscou rebate crítica dos EUA a envio de tropas.
O ex-chefe do Conselho de Segurança Nacional do Cazaquistão, Karim Massimov, foi preso sob suspeita de alta traição, informou o órgão neste sábado (08/01), em meio a dias de violentos protestos que se alastraram por diversas cidades do país.
A prisão foi anunciada pelo próprio Comitê de Segurança Nacional, responsável por contraespionagem e combate ao terrorismo, e que ele havia chefiado até ser demitido nesta quarta-feira pelo presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev.
O país tem enfrentado dias de distúrbios na maior onda de manifestações desde que o país se tornou independente, no início da década de 1990, durante o desmantelamento da União Soviética.
Mais de 4 mil presos
O Ministério do Interior do país informou também neste sábado que forças de segurança mataram 26 manifestantes e que 18 policiais morreram nos confrontos dos últimos dias. Mais que 4.400 pessoas foram presas.
Neste sábado, não houve nenhum relato imediato de distúrbios em Almaty, mas a polícia dispersou uma manifestação e fez detenções na cidade de Aktau, enquanto tiros esporádicos foram ouvidos em Kyzylorda, de acordo com a agência de notícias russa Sputnik.
A pedido de Tokayev, a Organização do Tratado de Segurança Coletiva, uma aliança militar liderada pela Rússia de seis ex-estados soviéticos, enviou cerca de 2.500 soldados, principalmente russos, para o Cazaquistão como "força de pacificação".
Parte da força está guardando instalações do governo na capital Nur-Sultan, que "possibilitou a liberação de parte as forças das agências de aplicação da lei do Cazaquistão e redistribuí-las a Almaty para participar da operação antiterrorista'', disse uma declaração do escritório de Tokayev.
Tokayev autorizou na sexta-feira as forças de segurança a atirar para matar aqueles que participam de distúrbios.
"Situação se estabilizando"
Em telefonema com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, Tokayev disse que a situação no país está se estabilizando. "Ao mesmo tempo, focos de ataques terroristas persistem. Logo, a luta contra o terrorismo prosseguirá com plena determinação", teria dito o chefe de Estado, segundo informação divulgada por seu escritório.
O Kremlin disse que Putin apoiou a ideia de Tokayev de convocar uma videochamada de lideranças da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), aliança militar liderada pela Rússia. A OTSC, enviou tropas ao Cazaquistão para ajudar a restaurar a ordem no país. Não ficou claro quando a chamada aconteceria.
Também neste sábado, Moscou classificou de "grosseiros" os comentários do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que havia alertado na sexta-feira que seria "muito difícil" para o Cazaquistão conseguir que os militares russos deixem o país. "Uma lição da história recente é que uma vez que os russos estão em sua casa, às vezes é muito difícil fazê-los sair", afirmou Blinken.
Deutsche Welle