Matheus de Souza e Sofia Aguiar
Estadão
Ao contrário do que disse Bolsonaro, o Estadão mostrou que o Palácio do Planalto se envolveu diretamente na eleição pelo comando do Congresso. Ao longo da campanha entre os deputados e senadores, o governo federal liberou R$ 3 bilhões em verbas extras a 285 parlamentares.
Às vésperas da eleição, Bolsonaro liberou R$ 504 milhões em emendas para os redutos eleitorais de deputados e senadores até o dia 26, valor superior a quantidade paga no mês inteiro em qualquer ano anterior. As vitórias de Lira e Pacheco, candidatos apoiados pelo Planalto, gerou protestos entre parlamentares da oposição, que afirmaram haver compra de votos.
INTERFERÊNCIA – Durante a corrida para a presidência das Casas, Bolsonaro atuou particularmente pela vitória de Lira contra o candidato de Rodrigo Maia (DEM-RJ), Baleia Rossi (MDB-SP). O presidente chegou a cobrar apoio de parlamentares da bancada ruralista a Lira, justificando que o agronegócio “nunca teve um tratamento tão justo e honesto” quanto em seu governo.
Em outro episódio, durante uma cerimônia organizada para promover a liberação de tráfego da nova ponte sobre o Rio São Francisco, na BR-101, na última quinta feira, dia 28, o presidente chegou a falar que “se Deus quiser, segunda-feira, 1º, teremos o segundo homem na linha hierárquica do Brasil eleito aqui no Nordeste pela Câmara dos Deputados. O deputado Arthur Lira. Se Deus quiser, o nosso presidente”.
Na manhã de segunda-feira, em conversa com apoiadores, o presidente afirmou que tudo ia “dar certo”, em referência à vitória de Lira e Pacheco. Após a votação da presidência da Câmara, Bolsonaro postou nas redes sociais uma foto ao lado de Pacheco e dando aperto de mão em Lira, celebrando a vitória de ambos.
ALIANÇA – Bolsonaro também voltou a falar sobre a fundação do partido Aliança pelo Brasil, que tenta tirar do papel desde que deixou o PSL, em 2019, após uma série de desentendimentos com o presidente da sigla, Luciano Bivar (PE).
O presidente disse que “dificilmente” irá conseguir formar um partido para as próximas eleições em 2022, e que em março terá que decidir o que fazer, inclusive uma das possibilidades é escolher outra legenda para abrigar seu nome. Apesar disso, o presidente ainda não desistiu da criação de sua sigla. “Vamos continuar fazendo”, disse durante conversa com apoiadores nesta terça-feira.
ADVERSIDADES – Na segunda, o presidente sinalizou a apoiadores que estaria tendo adversidades para formar seu partido por causa de “problemas burocráticos”, mas que nesta terça-feira, após as eleições no Congresso Nacional, já iria retomar a discussão sobre o assunto.
Em outro momento da conversa, Bolsonaro repetiu que até março buscará um novo partido, mas não abandonou o projeto do Aliança pelo Brasil, que ainda não obteve a quantidade de assinaturas necessárias para impulsionar a ideia. Diante da imprevisibilidade, partidos como Progressistas, PSL, Republicanos, PTB, Patriota e PL já acenaram interesse no nome do presidente.