Posted on by Tribuna da Internet
Vicente Limongi Netto
Na falta do que fazer de melhor pela coletividade, o governo Bolsonaro alimenta, com admirável fervor cívico, campanha de protesto contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, por declarar que o Ministério da Saúde, em quadra perigosa da pandemia da covid-19, não poderia jamais ser ocupado por um general. É perda de tempo. É gestão de enxugar gelo. Está formada a pantomima contra Mendes.
Tanques, canhões, bazucas, aviões, submarinos, todos a postos contra o enfático Gilmar Mendes. Os agora desafetos do ministro do STF pretendem, a meu ver, é jogar a opinião pública contra magistrados da Suprema Corte.
DESVIANDO O FOCO – Tática patética, medonha e desprezível. Choram pitangas contra Mendes na tentativa de desviar o foco das atenções para problemas infinitamente mais graves que assolam o Brasil.
O imoral desmatamento é um deles. Nos envergonha perante o mundo. Também foi melancólica a maneira desastrada como o governo tirou os médicos do comando do Ministério da Saúde.
Os generais querem tirar o couro do ministro Gilmar. Não consigo ver, nem com telescópio da Nasa, onde Gilmar teria ofendido as briosas e patrióticas Forças Armadas.
DEVIA TER DESENHADO – Se Mendes soubesse que suas declarações causariam tantas mágoas e choradeira, deveria ter desenhado: em tempos da pandemia, o correto seria o ministério da Saúde ser comandado por um médico. Por um profissional do ramo. Médico sanitarista, por exemplo.
Em nenhum país, nesta quadra sombria, o Ministério da Saúde é comandado por um general. Nessa linha, portanto, o Brasil colocou no Ministério da Saúde o homem errado no lugar errado. Por mais condecorações que ostente com orgulho.